“Liberdade… Se meus olhos falassem”:
No teu seio, Liberdade
Liberdade (1)
Quero viver livrementeComo ave em céu azul!
Ter asas de alvura
Voo de candura
E assim docemente …
Viver a dubiedade
Sem pressa, sem idade!
Ansiar a vida! O momento!
Prenhe de encantamento!
Como é bom não pensar!
Viver a sonhar…
Num misto de ternura
Fulgir a loucura!
Fazer da vida canção
Sorrir com o coração
E na doce melodia
Sugar cada minuto do dia!
Na sinfonia da incerteza
Devorar cada surpresa!
Liberdade (2)
Palavra sonante!...
Fresca, bela, … a liberdade!
Às vezes vive distante
Sem estatuto ou idade!
Por momentos, boicotada
Mas por tantos almejada!
Nas prisões há homens livres
Mas fora, em sociedade,
Tantos vivem acorrentados
Por preconceitos errados
Iludindo a liberdade!
Livre é o que possui
Espírito solto, aberto,
Atento! Sabe pensar!
Não se deixa enganar
Por crenças, opiniões,
Preconceitos e questões…
Só servem p’ra atrapalhar!
É livre o que sabe ouvir
Escutar com atenção
Filtra e consegue pensar
Tem a própria opinião!
Não vai atrás da manada
Ninguém o pode deter! Nada!
É um ser inteligente
Que sabe questionar!
Escutar-se! Avaliar!
E decidir, porque é “Gente”!
Liberdade (3)
Tira-me tudo o que quiseres
O doce encanto da saudade!
Tira-me as rosas, malmequeres
Mas não me tires a liberdade!
Tira-me o verde dos espaços
A luz da meiga lua sem idade!
Tira-me a doçura dos abraços
Mas não me tires a liberdade!
Tira-me a brisa que perpassa
Alheia à fugaz realidade
Tira-me a candura que enlaça
Mas não me tires a liberdade!
Tira-me esse beijo abrasador
Promessa de maior lealdade!
Tira-me teu riso arrebatador
Mas não me tires a liberdade!
Tira-me o som dos teus passos
Que me levam à vã irrealidade!
De tantos sonhos e cansaços
Mas não me tires a liberdade!
Tira-me tudo o que é meu!
Só uma coisa pode ter sentido
Sem liberdade não sou eu!
Sem liberdade estou perdido!
Liberdade
colhem-te em pedaços de interesses, esmagam-te em burocracia
elegem-te tecnocrata, fazem de ti um brinquedo retórico
eloquência de gravata vestida, discurso a necessitar de tradução
Entrega este recado ao devir, este lenço de adeus a acenar
vê, sua cor é vermelha, seu sinal ergue a luz que a noite apaga
é a independência a chorar, é a dor a resistir ainda
é a alegria traída pelo favor conspirado, é o pensamento exilado
Um tudo-nada de cor a cantar ajoelhou-se aquela esquina
do alto a que te erguem olhas, pareces sem força, estás manietada
esperas pelas próximas eleições entre ais de sons que adiam
e o espanto do mal em hino alicerça nacos de desencontros eleitos
Ao terem uma desculpa: a do povo em vontade suprema
fazem de ti trilho a calcar regulamento vão, cega ao desterro de quem caminha
enchente de turnos vazios de significância opulenta, és a sentença da ocasião
sentam-te em cadeirões seguros espetados em ondas de amanhãs pagos
Liberdade, quem te criou pintou-te em ode mão a dar destino além
és horizonte a achar o desconhecido em abraço de confraternização
quem te quer, na luta se abriga, ao relento viaja a rebentar diferença
quem te ama eleva-te sem de ti se apartar, carrega a verdade que busca
Vindo de longe, teu convite agreste é o jeito que chega abrigado pelo frio
na companhia do eco tua mensagem crava as unhas a desfazer regalo
e tu, plena, acompanhas este olhar irreverente que em ti se alonga ainda mais
e depois, da profundidade do querer surge o cante a cantar a canção da coragem
Liberdade, o sim e o outro sim, a independência entregue ainda antes dos tempos
Liberdade, o trabalho cumprimento social abnegado, dignidade perene, graça sem lei
Liberdade, a escolha capaz no infinito das opções, a opção magnânima
Liberdade, que trazes tu contigo ao ponto de te encaixarem no bolso do desdém
O dom da liberdade
Pode levar do direito à loucura;
Ser livre é perceber o meu limite
E direito igual de toda a criatura…
Difícil ser justo, até justo comigo,
Frágil, ao melindre do direito alheio;
Visão escrava e exótica no seu tino
Medir a liberdade só a meu respeito.
Confusão enorme gera a liberdade:
Entre paz e bem e rejeição do mal;
Sentir-se livre na provável verdade
Pois a mente egoísta, tende a enganar…
Ser livre é dar espaço a quem fala
Abrir o coração à queixa e entender;
A liberdade que alguém vê escassa
Acorde na prudência e aprenda a conviver…
Solidão e liberdade
Quem entender a liberdadeComo mando seu e ordem sua,
Tal estilo pensar e à vontade
Isola a pessoa em casa e na rua…
Não é ele igual a seu semelhante?!
Ou liberdade muda para cruel egoísmo!
Ser livre, é ser irmão, amigo tolerante
E, não só Eu, os demais a meu serviço…
A liberdade, é alerta à essência humana
Luz para o homem aprender a conviver;
Se o ser livre não olha a luz soberana
Devém escravo, nimbo de jerico sem saber…
A liberdade egoísta, pode acabar em gueto:
Quando se sente superior a qualquer igual
Então a minha liberdade feliz é que rejeito
De viver e sorrir até de quem me olha mal…
O estilo de ser livre não é para o egoísta
A gozar de quem se humilha à sua frente;
Liberdade é tolerar também a quem precisa
Em vez de o considerar mero servente…
RiquezaE loucura da liberdade
Este dom superior e ao homem essencial
É abastança de vida de alto preço
Mas pode sepultá-lo, de vez, sem pensar
Persuadido que apenas ele tem direito…
Se assim for a liberdade desaparece
Por fugir ao direito que o outro possui;
Julgando que sem lei ela amadurece
Torna-se prisioneira, em edifício que rui…
A liberdade sem lei enlouquece
Como a lei sem liberdade escraviza…
Mas a lei e a liberdade enriquecem
Se o ser humano aprender a justiça.
Pregão da liberdade
Ânsia de liberdade, para todos:Pobres e ricos, casados, solteiros;
Nações da terra, todos os povos
Todos, todos, iguais em direitos.
Que é isto? Jamais houve na história
Tanto crime, corrupção, abusos sem nome;
Se houve crimes, escritos para memória
Hoje, ser livre, tem sujeição por sobrenome
Há contra a liberdade, tanta ideologia
Vulgarmente chamada ditadura;
Os ditadores até gostam dessa utopia
Só que os factos descrevem cerviz dura…
Tirania não é a lei ao serviço do povo
É o povo a servir a quem a Lei promulga;
Se ela existe para satisfazer o meu sonho
Enterrei a liberdade e eu ando na lua…
A experiência fala da nobreza da liberdade
E também dos sobressaltos que ela provoca
Bem atento, deve estar quem tem autoridade
Para que não escravize, quando abre a boca…
Que é ser livre?
Não é fazer o que quero
E, também não o que gosto;
Posso fazer isto e devo
Caso não ofenda o próximo…
Há quem confunda a liberdade
Com o seu gosto de ocasião
Assim a vida é tão só ruindade
A mesa de serviço é de glutão…
Ser livre, é cumprir o que devo
E ajudar o outro no que posso;
Deixar alguém em seu segredo
E ouvi-lo, se me solicitar apoio.
Não me obrigar ao que não sei
Só para ser agradável, na altura;
Se disser não, vou sentir-me bem
A verdade, é ser livre, com ventura…
Não te deixes ferir na tua liberdade
Fala claro, próximo, frontal, directo;
Se o outro se abrir a toda a verdade
Pura liberdade e em caminho certo.
Aprendiz da liberdade
A liberdade não é fortuna presente
Mas aprendizagem do meu agir agora
Se, na decisão, te julgas omnisciente
Cautela! Podes esbarrar e chorar a hora…
A escuta atenta do locutor ou da acção
De per si é já excelente sabedoria;
Para não errar ou duvidar, se sim ou não,
A liberdade gera a fortuna da paz e alegria…
Cantar pelos cantos e praças que és livre
Cuidado! Podes colidir no ângulo a seguir
Sê sábio, escuta também qualquer melindre
Não te fies de alguém, que quer, por ti, decidir
Sê livre até ao fim, se o eras antes da decisão
Se depois tens a lamentar a pressa e o arrojo
Sê livre, a solicitar paz e desculpa a teu irmão
Segue a via da liberdade, alegre e sem enjoo….
Afinal, que liberdade?
Muito tarde acertei:A liberdade, é dom meu?
Sim, sim, confirmei;
Mas só amadureceu
Apreendi sem labéu:
A liberdade é dom meu e teu…
Ser capaz de Ser Eu
Cada qual, livre, Eu e Eles
E, no convívio de cada dia,
A liberdade de Ser Eu,
Ser livre, sempre livre.
Apto para desdobrar o ser livre
Na ajuda livre a quem precise.
Ser livre não é escravizar
Mas ser capaz de construir
Com os humanos livres
A liberdade de a todos sorrir
E conviver feliz e servir…
Na sociedade, em geral,
A liberdade, a ecoar,
Seria a capacidade de Eu mandar
A toda a gente, a bem ou a mal,
E a minha voz dominar…
A liberdade que julgaria ter
Não passaria de egoísmo atroz
Servir-me do outro a meu bel-prazer
Em atitude feroz
Sem direito qualquer
Para o meu igual sorrir
Alvitrar e comigo construir…
E assim a liberdade
Não seria mais do que escravidão
Trocando a beleza e sabedoria
E o dom da autonomia
Em atrocidade da vida:
Isolado e prisioneiro
Da demência e mentira…
Ser livre
É ser capaz de sentir-se,
Em cada instante do dia,
Sempre igual a si
Sempre senhor de si
Ciente da amplitude de si
Das suas qualidades e limites
E no sábio agir do momento
Ajudar a todos a ser felizes…
A voz da liberdade
Ouço falar muito de mimE há quem diga o que não sou;
Independente, eu não nasci,
Sou até igual a quem me libertou
Há quem me use muito mal
E fale de mim muito à vontade;
Só para o seu igual subjugar
À luz até falsa da liberdade…
Nasci para a qualquer ajudar
No convívio livre e de vero respeito
A paz e a alegria crescem a par
Face à beleza do mútuo direito…
De mim há também quem se valha
Para ao seu próximo prejudicar;
O valor da liberdade não é malha
Para alguém incauto, eu pescar…
O meu dom é recamado de amor
Sinto que escassos o vivam assim…
Se alguém é subjugado por rancor
Murcho, fere-me demais a mim…
Sou dom para a raça humana,
Igual em direitos e em mesteres;
És livre, jamais violência tirana,
Para tornar feliz a quem te serve…
Voo da liberdade
E percorrer montes, vales e planícies
Fascinou-me a paisagem de faixas sombreadas
E casinhas no monte, a feirar carícias…
Riqueza soberana, o voo da liberdade
Tanto da criança, do jovem ou adulto;
Ninguém é livre, a voar sem a sua arte
E a respeitar as leis de voo seguro…
O direito de voar, igual é para qualquer
Mas nem todos se sentem bem a voar;
Rastejam, sem a arte do voo enaltecer
A vida no azul do céu, não é de arriscar…
Nem ave, nem peixe, nem criatura humana
Desfruta na vida quanto nela almeja:
Se alguma delas quer dominar soberana
Guerra, sem paz, face a quem quer que seja…
Assim é a beleza e a riqueza da liberdade
A paz e a justiça, é o voo azul de amigo;
Nem há outro valor, em qualquer parte
Que vença, na honra, tão bom desafio…
Via segura da Liberdade
Se sonhas em ser livre deverasSelecciona deveras caminho certo;
Prefere sempre o bem às guerras
Sorri, se alguém te limita no sucesso…
Na mente, acção e coração,
Prefere sempre o bem ao mal;
O bem inclui ainda a compaixão
Para o Infeliz, do ódio serviçal…
Permite-lhe a experiência do ódio
E consciencializar, de vez, a escravidão
Talvez um dia abandone o pódio
Ao ver o teu livre sinal de compaixão…
Que triste a liberdade para o mal
Escraviza deveras a beleza da pessoa
Quando na hora para o bem acordar
Louvará a sorrir essa hora tão boa…