sexta-feira, 30 de junho de 2023

Voto de pesar: Florentino Mendes Pereira - 1929 - 2023

É com muito pesar que comunicamos o falecimento do nosso autor, e grande amigo, Pe. Florentino Mendes Pereira. 

Uma vida longa e sempre muito lúcida, deixa muitas saudades pela sua amizade, pelas suas palavras carinhosas com que sempre se despedia em cada email, a sua generosidade nos elogios para com todos os membros da equipa, conhecesse-os ou não. 
Orientou e aconselhou muita gente, fez muito trabalho de investigação. 
O seu talento para os versos nunca o abandonou e nada houve que não o tivesse inspirado a escrever. Foi colaborador inspirado e incansável dos nossos Desafios, desde que fossem em verso.

À família, amigos e aos Claretianos (a cuja congregação pertencia) endereçamos os nossos muito sentidos pêsames e oferecemos as nossas orações.

Para aqueles que não conheciam deixamos aqui a sua extensa bibliografia: 


Biografia Documentada, Rita Lopes de Almeida, (colaboração histórica e literária) Ed. Jornal da Beira, Viseu, 1996
Testamento Espiritual da Ir. Maria Josefa, Sergipe- Ribeirópolis, 1997
Autobiografia de Madre Rita, comentada, Editora Paulinas, 2002
A Mulher do Povo e o Dragão, Paulinas, Editora 2006
Memórias do meu Existir (Autobiografia) 2009 (Edição reservada).
Beata Rita, Itinerário Espiritual, Paulinas Editora, 2010
O Segredo da Pessoa Humana, (Contributo à Psicologia do Inconsciente), Paulinas Editora, 2010
Análise Crítica da Vida e Obra de Madre Rita, Paulinas Editora
Cenários do Meu Existir, Tecto de Nuvens, 2010
Saltos no escuro, Tecto de Nuvens, 2012
Voz, Olhar e Fogo, Tecto de Nuvens, 2013
Ecos do Centenário da morte da Beata Rita Amada de Jesus 1913-2013, Tecto de Nuvens, 2013
Sonhos, Certezas e Martírios, Editora Paulus, 2015
Murmúrios Plurais, Tecto de Nuvens, 2015
O Segredo da Pessoa Humana II; Paulinas Editora, 2017
Plateia em Verso – Familiares e mais… -, Tecto de Nuvens, 2017
Aventura Bíblica (poesia); Difusora Bíblica, 2019
O Corpo Humano – O Melhor Computador; Paulinas Editora, 2019
Versos Distraídos – Natureza, Homem, História -, Tecto de Nuvens, 2019
ROSTO E Expressões; Tecto de Nuvens, 2020
Últimos raios…; Tecto de Nuvens, 2021
Homens Livres… Limitados; Tecto de Nuvens, 2021
Os Poemas de Natal, Tecto de Nuvens, 2021
Suspiros finais, Tecto de Nuvens, 2022
Mensagem sem fim, Tecto de Nuvens, 2022

Participação

Vamos Celebrar! – Colectânea de Poesia de Natal, Tecto de Nuvens, 2016
Olhar de Amor – Colectânea de Poesia -, Tecto de Nuvens, 2017
As Flores do Meu Lindo Jardim – Colectânea de Poesia – Tecto de Nuvens, 2020
Um cheirinho a Natal - Colectânea de Poesia de Natal, Tecto de Nuvens, 2020
Desafios de autores para autores – o livro – Volume I – Tecto de Nuvens, 2021
Na areia de uma praia qualquer – Colectânea de Poesia; Tecto de Nuvens, 2021
Desafios de autores para autores – o livro – Volume II – 2021; Tecto de Nuvens, 2022
Um postal de Natal! - Colectânea de Poesia -, Tecto de Nuvens, 2022


quinta-feira, 29 de junho de 2023

Melissa de Aveiro, autora do livro "Inês e o mistério do Monstro das Meias", em entrevista

 Melissa de Aveiro é mais do que um nome que fica no ouvido, é mulher de múltiplos talentos, natural dos Açores, onde ainda reside. Por agora, vamos deixar de lado a enfermeira e a cantora, e vamos concentrar-nos na escritora e ilustradora, dois papéis que executou com toda a maestria, no nosso mais recente livro infantil "Inês e o mistério do Monstro das Meias", lançado no passado dia 25 de Junho.
Sobre o que a inspira e sobre o que mais (muito mais!) podemos esperar dela, deixemos que seja Melissa de Aveiro, 33 anos, a dizer-nos, na primeira pessoa...

 

  †  Conte-nos como e porquê começou a escrever, por paixão ou por necessidade?

Escrever surgiu de forma inata. Em criança, ao aprender a falar, a minha mãe conta que quando eu dizia uma palavra errada, que me autocorrigia de seguida. Lembro-me de sempre gostar de pesquisar sinónimos para a mesma palavra, de descrever espaços e lugares. Sempre foi mais fácil, para mim, expressar-me por texto escrito do que oralmente. Um livro, nas minhas mãos, era um tesouro! Na escola, por vezes, ganhava destaque sobre os colegas, com os meus textos. Essa vertente nunca foi estimulada. Só aos dezasseis anos, ao passar por um período “menos bom” da adolescência, me foquei na escrita – uma espécie de escape da realidade.

   Qual o papel que a escrita ocupa na sua vida?

Tal como referido, a escrita acabou por ser um escape. O que ainda se mantém confesso! É, na escrita, que encontro paz e equilíbrio mental. Quando estou ansiosa ou triste, escrevo poemas e textos soltos (por vezes público alguns na plataforma Tumblr)

              Sempre sonhou publicar um livro? /Publicar um texto num livro?

Sempre vi os livros como lugares mágicos, mundos pequenos onde nos podemos perder da realidade. Não sabia que, um dia, teria capacidade de escrever algum. Atualmente, com quatro livros publicados, e outros tantos guardados… descubro que era algo que deveria ter feito toda a vida. Posso dizer que é um sonho, tornado realidade.

   Qual é a sensação que tem ao ver, agora, o seu livro nas mãos?

Costumo dizer que, o primeiro livro é sempre um erro! É um “pequeno ser” que tem imensos defeitos. Só depois, após a escrita evoluir, é que conseguimos compreender isso. No entanto, ter um livro nosso, nas nossas mãos e nas mãos dos outros, é algo surreal, no bom sentido.
Este livro “Inês e o mistério do Monstro das Meias”, em particular, faz-me sentir realizada! Quando abri o caixote e o vi, pela primeira vez, “ao vivo e a cores”, superou as minhas expectativas! A imagem da capa, as ilustrações juntas com o texto, em livro… fenomenal.

   Tem algum projecto a ser desenvolvido, actualmente? Pensa publicar mais algum livro? Continua a sentir vontade de escrever?

Sim. Tenho! Tenho livros à espera da minha decisão, de os publicar. A vontade de escrever surge sempre, de forma inesperada, como um cogumelo que brota do chão, no lugar menos apropriado. Quando há essa ânsia descontrolada, de passar o sentimento para o papel, escrevo textos e poemas soltos – tenho imensos… nunca os contei! O sentimento acontece, o pensamento vem, paro e escrevo. Chego a acordar a meio da noite ou a parar o carro para apontar o que precisa sair! Em situações mais abalantes sinto necessidade de escrever livros, histórias com personagens! Sou capaz de escrever um livro de duzentas páginas em duas semanas, como uma espécie de epifania. Não é por opção… é, simplesmente, o que acontece ou tem de acontecer… Só acontece quando acontece. Não é algo que possa decidir, que vai acontecer.

   Fale-nos um pouco sobre o seu livro: não só o escreveu, como também o ilustrou, como foi isso?

“Inês e o mistério do Monstro das Meias” foi uma ideia. Aproximava-me do aniversário da Inês, filha de uma das minhas melhores amigas e, uma vez que, felizmente, é uma menina que tem um pouco de tudo, fiquei sem saber o que lhe oferecer. A ideia de elaborar um texto original, baseada na sua figura, surgiu espontaneamente. O mistério das meias foi para onde o texto quis fluir (um assunto bastante sério, esse o das meias… - faço reparo, a rir). 
A parte da ilustração veio posteriormente. Sempre gostei de pintar e desenhar – algo que faço com imensa frequência. Decidi então, numa experiência, tentar ilustrar o livro, em tentativa e erro. Inicialmente, usei aguarela e os desenhos não ficaram como pretendia. Comprei então uns lápis profissionais e refiz as ilustrações. Quando dei conta tinha os desenhos prontos. Posteriormente “tropecei” na vossa Editora através de um concurso. Terá sido o destino?

              Existe alguma parte do livro, em particular, que goste mais. Porquê?

Gosto do poema inicial! Foi escrito com um tempo muito curto, “à pressão” e fiquei orgulhosa do mesmo.

             Indique as razões pelas quais aconselharia as pessoas a ler o seu livro? O que acha mais apelativo no seu livro?

Todos são convidados a ler o livro. Não só por ser um tema que a todos diz respeito: quem nunca perdeu uma meia? E, porque, é uma história engraçada de perseverança. As ilustrações foram elaboradas de forma carinhosa e dedicada, sendo isso, talvez, que o torna ainda mais apelativo.

   Qual é o seu estilo de escrita ou que tipo de mensagem gosta de passar no que escreve?

A minha escrita foi descrita como leve e simples, de fácil leitura. Gosto, sobretudo, de escrever romances contemporâneos, que tenham um mistério envolvido, uma lição de vida ou algo que deixe o leitor a refletir. Escrever um livro infantil foi uma estreia, da qual não sabia ter capacidade. 

   Qual o papel das redes sociais na vida e na divulgação da obra de um autor? E na sua?

As redes sociais, quando bem utilizadas, são uma plataforma de partilha. É por lá que partilho as minhas pinturas, alguns textos e divulgação das obras. Acabam por ser limitativas na medida em que as publicações só chegam a um X número de pessoas, exigindo republicações… Utilizo-as basicamente para isso – divulgação pessoal.

   Gosta de ler? Que tipo de leitor é que é?


Gosto muito de ler! Tenho imensos livros, dos quais não me consigo desfazer. Por falta de espaço, tenho livros guardados em duas casas – a minha e a dos meus pais. Ainda tenho livros de quando era criança. Gostava de ter mais tempo para ler! Aonde quer que vá, levo sempre um livro comigo. Por vezes nunca o consigo chegar a abrir… mas vai comigo na mesma, como uma companhia, um escape para onde posso entrar em qualquer momento de monotonia. Sou o tipo de leitor que adora o cheiro dos livros novos e velhos, que não gosta de emprestar livros aos outros com medo de que, tal como acontece com as marmitas, nunca o possam devolver ou estragar e ainda perder. Que compra livros ainda tendo bastantes na estante, por ler… Que corrige as gafes que encontra nos livros, que tem sempre um livro no carro, que gosta de oferecer livros, que adora livrarias e bibliotecas. Que aprecia capas mas que não julga o livro pela capa. Que tentou ler o pequeno livro da Alice no País das Maravilhas e que não encontrou sentido algum na história.

 

Inês e o mistério do Monstro das Meias; Melissa de Aveiro (texto e ilustrações). Tecto de Nuvens, 2023 (Junho)
56 páginas, ilustrações a cores. PVP: 8,99€

“De todos os grandes mistérios, existe um por desvendar. Quando se vai dobrar a roupa, há sempre uma meia sem par!
Inês, ao preparar-se para o seu primeiro dia de aulas, descobre que só tem uma meia na gaveta! Onde andará a outra? Um grande mistério!"

Já à venda nas principais lojas e plataformas online.

sábado, 24 de junho de 2023

Desafios de autores para autores: Julho - Postal de Férias -

 


Em pleno Verão e no mês do nosso aniversário, nada mais simpático de enviarmos postais das nossas férias uns aos outros...
Podem usar uma foto de férias passadas, com uma breve legenda ou comentário; podem expressar um voto de férias; falar de umas férias de sonho (já realizadas ou em projecto - sim, mesmo que seja a Marte ou à Lua); contar um episódio de férias. Usem imagens, escrevam em prosa ou em verso, a nossa caixa de correio está à vossa disposição para enviarem os vossos postais.
Recebemos os postais desde já, a distribuição, que é como quem diz, a postagem, será feita no nosso aniversário, 13 de Julho (dia que vai ser de grande actividade no blogue, fica já o convite para estarem atentos). A leitura e votação dos postais vai ocorrer até ao final de Agosto.
Os nossos leitores serão os juízes e escolherão, a partir dos vossos postais, qual o destino de férias favorito.
E como é mês de aniversário, as mãos estão mais que largas com as prendas...
Por agora ficam as imagens, depois diremos como as vamos distribuir.

Livro: Uma manhã na praia

Almofada emoticon

Caneca "Uma manhã na praia"


segunda-feira, 5 de junho de 2023

Novo livro infantil prestes a chegar... "Inês e o mistério do Monstro das Meias"

 Muito, muito em breve, vamos poder saber se a nossa Inês conseguiu resolver um intrigante, e muito actual, mistério...


Clique aqui


Inês e o mistério do Monstro das Meias
; Melissa de Aveiro (texto e ilustrações). Tecto de Nuvens, 2023 (Junho)
56 páginas, ilustrações a cores. PVP: 8,99€
Conto infantil.


"De todos os grandes mistérios
Existe um por desvendar
Quando se vai dobrar a roupa
Há sempre uma meia, sem par!

Vasculhamos, vasculhamos....
Mas nada se encontra!
Existe somente uma meia
Onde andará a outra?

Será que ganhou pés?
Onde foi que se escondeu?
Será que foi de viagem?
Ou foi um monstro que a comeu?

Usar meias sem par
É sempre muito complicado!
Um dos pés fica quentinho
E o outro? Gelado."


Preste atenção às promoções de pré-lançamento, muito em breve...


quinta-feira, 1 de junho de 2023

Junho - Infância_ Desafios de autores para autores - TEXTO VENCEDOR-


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Desafio Infância. O Desafio deste mês podia ser uma memória própria, uma ficção, podia ser sobre a infância do autor ou um trabalho dirigido às crianças de hoje, a única condição é que começasse por: "Ser criança é..."

Durante todo o mês de Junho ficarão abertas as votações para o melhor trabalho.(pode ver os prémios em: https://tectonuvens.blogspot.com/2023/05/desafios-de-autores-para-autores-junho.html).
Devem deixar-nos uma forma de contacto (podemos apagá-la antes de publicar ou aguardar que vos seja atribuído um número e depois seguem as indicações para se identificarem e poderem receber o prémio se forem os premiados). Queremos realmente saber o que pensam e qual o texto que mais vos tocou. Como habitualmente, os comentários/votos são monitorizados pelo que não aparecerão de imediato, em particular fora do expediente.

Encerradas as votações à meia-noite o vencedor foi o conjunto de fotos e poema da Ilda Pinto Almeida, numa votação muito participada e com resultados muito próximos. Parabéns à Ilda Pinto Almeida e aos restantes autores participantes.
A quem votou/deixou comentários, fica também o nosso agradecimento,
O sorteio do número da sorte do Totoloto de 1/07/2023 determinará qual o votante (dos identificados) será o vencedor.
Depois autor e votante receberão uma lista dos nossos livros infantis, de onde poderão escolher um título. Com o livro receberão um puzzle Dani e um voucher para a colecção "Petizes Felizes!".

No Totoloto de 1 de Julho o número da sorte foi o 3, a sorteio foram os votantes 3 e 13 (dado o 23 e o 33 não se terem identificado). Saiu o nº 3, pertencente a Gonçalo Menezes. Parabéns!

Por favor, verifiquem onde estão a votar! O voto deve ficar na postagem que tem os textos e não na postagem que anuncia o Desafio. A partir de hoje (03/06) vamos deixar de transferir os votos.
Resolvemos dar uns dias de tolerância, mas continuam os votos no local errado e não vamos transferir mais nenhum.
E, por favor, não apaguem votos ou atribuição de números de votante. Se votaram está votado, não há número limite e os votos são contados antes de serem postados. Tentar apagá-los pela atribuição do número só nos dá o trabalho acrescido de os continuar a recolocar.

(4) Ser criança


Caro Adulto,

Ser criança é tudo menos aquilo que sou. Tu não deixas! Vivo presa ao teu mundo. Certamente, já nasceste com essa altura toda e com com tantos "Ses", "Olha ques", "Sai daí!", "Não grites!", "Não faças isso!", "Não corras!"....
Foste criança? Eu acho que não!
Seria fixe poder brincar! Sei lá... nesta idade deve ser mais divertido! Correr, saltar, rebolar na lama, sujar-me, molhar os pés, comer o resto do bolo da tigela, lambuzar-me com um gelado, jogar à bola (com bola, sem bola) e fingir que posso voar numa vassoura! Mas tu não deixas! Trabalho mais horas do que tu: são as 7h de escola e as fichas para fazer para lá do tempo inteiro, mais fichas nas férias, lições para ler e decorar, como quem decora tudo e não aprende nada! Pelo menos, nada do que é importante! Podia aprender a chorar! Deixas? Só uma vez? Parece-me importante chorar. É quando te digo que estou triste! Já sei, vais dizer-me que não suportas ouvir-me chorar e vais dar-me o telemóvel para a mão! Ou talvez aprender a rir! A rir com verdade! Ai se tivesses tempo para me fazer cócegas, eu iria rir sem parar! Iria saber, finalmente, que ser criança é mais do que pensar num futuro que desconheço e que tu queres para mim.
Já escolheste o castigo de hoje? Se for longo, tens mais tempo para ti, para descansares, porque trabalhas muito... Já eu, trabalho pouco! Ando na escola! E tu achas pouco! Olha, parece-me que a escola não deveria ser um trabalho (como tu dizes)! Eu gostava de gostar da escola!
E, já agora, já escolheste o diagnóstico? No outro dia, ralhaste com a Dra. e disseste que não podia ser aquilo que ela disse. Tu leste na internet, por certo não seria!
Vamos fazer os dois terapia?
Ou preferes, simplesmente, deixar-me ser criança?
Não sei o que pensas, mas eu... Eu gostava de experimentar!

Assinado: Criança em vias de extinção.

Ana Pão Trigo




(3) Ser criança






Ser criança
é ver a magia sem a haver
é ser grande sem o ser
é gostar sem importar
é dizer o que pensa
porque acredita





Ser criança é sentir
que o amanhã é hoje,
que ontem é hoje
e que hoje é brincar.

Ilda Pinto Almeida



(2) Ser criança…


É atravessar o mar num barco de papel,
Em busca de um melhor destino e acreditar que sobrevive;
Saber que é de seu direito a educação, nutrição e vida,
Mas ter o ventre inchado de fome e farinha de mandioca ou arroz.
Sorrir aninhado no colo da mãe
E enfrentar desafios e problemas psicológicos, económicos e ambientais.
Escutar o pai discutindo com a mãe,
As dificuldades do dia a dia,
Ou brincar, num silêncio mudo, horas a fio,
No telemóvel ou na consola.
Aprender com a inteligência Artificial, assistindo à greve de professores,
Ou escutando os ensinamentos dos anciões, sentado em toros de madeira
À sombra do imbondeiro.
Ter autonomia, personalidade e opinião própria, mas também precisar de orientação, afeto e limites.
Ou sobreviver aos dias criando brinquedos de restos de lixo e correndo, descalço nas poças de água sobreviventes às inundações.
Ter acesso à internet e à informação, desenvolver o autoconhecimento e a inteligência socio-emocional, mas ter um olhar perdido de atenção e carinho.
Ser autêntico, criativo e curioso, mas também respeitar a diversidade e a convivência.
Trocar o pião, berlinde, a macaca, os polícias e ladrões por tempos infinitos frente a um écran.
Ter a sorte de nascer aqui e não ali.
Adorar as histórias contadas pelo pai para adormecer
Ou juntar-se ao bando, perdendo o rumo voo.
Exigir brinquedos e roupas de marca
Ou agradecer a roupa e a comida na mesa.
Crescer depressa perdendo a infância ou ficar preso a um complexo de Pinóquio.
Esperar pelo convívio de Natal e rejubilar-se
Ou estar ansioso pelas prendas que abre depressa e são rapidamente esquecidas
No sótão.
Caminhar de mão dada com os irmãos
Ou sofrer com ciúme da atenção dada aos mais novos.
Ir de carro topo de gama para a escola,
Ou percorrer quilómetros a pé ou de bicicleta estejam as condições meteorológicas que estiverem.
Cair e levantar-se seguindo, ou ficando a chorar no caminho.
Soletrar, ler, tocar, desenhar ou nem saber da carta e declaração de direitos.
Abrir os olhos de espanto e tocar a lua
Ou ter o olhar perdido, embaciado, revoltado, sem esperança.
Construir-se na Luz ou quedar-se na Sombra.
Ter a certeza dos pais e avós ou a incerteza do dia seguinte.
Ouvir falar de uma guerra ou falecer com os escombros de uma cidade destruída.
Ter a pele tisnada de sol, sal e mar jorrando sorrisos alvos de Liberdade
Ou obedecer a horários rígidos de atividades extracurriculares.
Começar por sobreviver ao parto num sistema de saúde em franca desgovernação,
À moda do parto caseiro e à circunstância da falta.
Aprender cedo a lutar e a dar valor ou
Acreditar que a tudo tem direito e lhe cairá do céu.
Entender o seu mundo global
Ou restrito ao bairro ou ao acampamento de refugiados de guerra ou migrantes.
Entender o não e sonhar gigante pedalando pelas areias húmidas da praia.
Ser criança no seculo XXI é estar mais focada no bem-estar, menos nos pais, mais independente e com opinião própria e acesso a aprendizagem em metadados,
É ter o propósito de ser simplesmente feliz.

Bastos Vianna


(1) Ser criança...

Ser criança? É ser feliz!
É acreditar em tudo o que se diz!
É ser livre e poder dançar
Sem ter importância se estão a olhar.

É ter sonhos e ir à descoberta
Contar histórias, de mente aberta!
Desvendar o mundo, a cada instante
E não ter tempo de se sentir errante.

Ser criança? É ser verdade.
Ser traquinas, sem maldade
Perguntar, sem ofender.
E tudo querer saber!

É calçar sapatos ao contrário
Inventar palavras sem dicionário
Correr muito, sem parar
Rir depois de se chorar

É ver o mundo de outro prisma
E manter sempre o carisma
Ser-se um poço de esperança
Aliádo à confiança.

Ser criança é crescer
E criança? deixar de ser.
Isso não é bem, verdade!
Somos crianças! Em qualquer idade.

Melissa de Aveiro