O conto Automá-á-á-á-tico-o-o-o!.. da autoria de Maria Lucília Teixeira Mendes é o vencedor da votação dos (muitos) leitores que participaram neste passatempo. À autora, os nossos parabéns!
O nosso grande agradecimento a todos os que votaram e a lembrança que é já no próximo sábado que vamos saber quem tem o número a sortear como número da sorte no totoloto.
Os nossos parabéns também para os autores que ficaram em segundo e terceiro lugar (desempate quase ao photo finish...), respectivamente Ilda Almeida Pinto com "Léria" e Pedro Forte com "Gil e a Águia".
Para os que ainda não tiveram oportunidade de ler este conto fica aqui um pequeno excerto.
Automá-á-á-á-tico-o-o-o!..
Não há infâncias iguais. A
minha foi diferente de todas. Naturalmente.
Na
impressora virgem dos poucos anos vividos, aberta ao inesperado, à surpresa, ao
sempre novo, sem preocupações nem regras limitativas, há factos nunca apagados,
normais, simples, sem importância, mas que, sem que ninguém se apercebesse, iam
moldando cada vida a crescer.
Retratam um tempo, um
lugar, uma cultura, uma gente e um modo de estar na vida cujas preocupações
quase se resumiam às sementeiras e colheitas, ao bom ou mau tempo, aos animais
a comprar ou a vender, à comida a pôr na mesa… E pouco mais. Claro que, os
deveres do bom cristão comandavam e eram regra de vida para velhos e novos. Mais
para os primeiros do que para os segundos! O sino da igreja marcava também os
ritmos deste povo crente.
A liberdade de brincar, de
correr, saltar e gritar, era infinda. Havia apenas o cuidado de que nenhuma
criança caísse nalgum daqueles poços redondos, estreitos e fundos em cuja água
vi, um dia, a boiar, o corpo inchado da cadela amarelada do senhor Custódio.
Coitadinha!
Carros, poucos havia. O
comboio não metia medo: chegava devagar e devagar partia, depois de curta
paragem no apeadeiro aonde iam passear as raparigas com fatos domingueiros. Mas
partia zangado por não o deixarem estar mais tempo a observar a gente:
arrancava a espumar ruidosamente, para o chão e para os lados, água fumegante e
a ferver que fazia saltar quem estivesse por perto.
Era também para o
apeadeiro, de que apenas resta a tabuleta, que na altura ostentava o nome da
sede de freguesia, - Figueiredo das Donas - que corriam as crianças, depois de
aberta, como de gaiola, a porta da escola. Todos queriam chegar primeiro.
Infalivelmente, em bicos de pés e olhos esbugalhados para a janela da carruagem
do correio, gritavam em coro:
- Químicos, tabuletas,
lapiseiras e canetas!
Logo se assomava um rosto
redondo e corado, com um enorme sorriso bonacheirão. E lá vinham, janela fora,
umas tabuletas de encomendas antigas, ainda com endereços escritos a que
ninguém ligava, uns químicos usados e mais nem sei já o quê. (...)
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