sexta-feira, 27 de março de 2020

Poemas sobre a temática "Esperança"

Confinados às quatro paredes físicas ou psicológicas dos tempos que correm, que podem limitar-nos a liberdade de movimentos, mas jamais a liberdade do pensamento ou de uma imaginação sem limites, aproveitamos para nos desafiarmos em exercícios de criatividade e de alimento para nós e para os outros.
O desafio em vigor é o do poema sobre a "Esperança".
Não temos prémios instituídos, mas aceitamos tanto sugestões/ofertas como o vosso feedback. Usem os comentários (desta vez, uma só participação para dar a vossa opinião, sugestão, uma saudação aos autores. Os comentários são monitorizados, não precisam de os repetir, só têm de aguardar que passem pelo moderador e sejam publicados. - Pode solicitar a notificação da publicação/resposta para que fiquem mais tranquilos sobre a entrada do comentário. -).
Aos autores, o nosso agradecimento pela participação.


A FLOR (DE ESPERANÇA)

De olhos verdes e pele tisnada,
Pelos sóis de verão e de inverno,
Alto e meio desengonçado,
Detinha uma voz doce, grossa e meio rouca,
Circulava pelos passeios daquela rua antiga,
Movimentada, corrida, um pouco ensurdecedora
A determinada hora,
a outras De sabor a bolos e cafés,
Onde Sras. corriam de compras, tabletes, smartphones nas mãos.
Desligadas.
Interrompia-as.
Vendia-lhes flores, personalizadas.
Surpreendia-as na fácil verborreia.
Não demorava.
Sorria malandreco.
Rosa vermelha para…não Rosa Branca por tanta inocência e beleza,
Tulipas para o Amor eterno,
Girassóis pela sua felicidade,
Lírios pela pureza e inteligência,
Jarros para a tranquilidade no futuro,
Gerberas pela Alegria de viver…
Ninguém sabia o seu nome…
o nome do homem que vendia flores!
Um dia engasgou-se na mudez.
Perdeu nos lábios o sorriso que ganhou no olhar iluminado,
Esticou a mão…ofereceu uma orquídea!
Não precisou de dizer nada.
Ela sabia.
Ela sentiu…que era de sensibilidade, desejo, amor que aquele gesto
trazia num hino à feminilidade!
A rua continuou a mesma.
O sabor do café e dos bolos também.
A idosa sorria, sempre, e vendia as flores e os sonhos que haviam sido
dele (com ele).

Bastos Vianna



ESPERANÇA

Porque esperas esperança
Que mais queres se tudo está em teu regaço
Que buscas tu com o teu olhar cravado no infinito
A quem estendes tu teu corpo eterno

A perseverança a partir de ti puxa pela utopia
a ti confia o pouco que resta deste querer
gotas de suor lavram testa, sujam cara, pisam o chão trilhado
teu rosário outra prece pede
tua dor confronta sem fim

A ti o eco vai buscar a voz em desassossego, vida inquieta
de ti o silêncio acomodado num gesto sumido de nada
Incompreensão em espera retalhada, em noite sem aurora
fatiaste o diferente na diferença que és

Vem até aqui com a tua pressa em dia
daqui arranca temeridade e medo
sê por aqui fadiga criativa, alma ao devir entregue
que o jeito do teu sorriso por cá deixe caridade
a fé é depósito teu que entregas sem rodeios
e um ror de pranto em ti padece

Como aguentas até mais sim
quando eu quero que a morte avance e vença
Tu bem o sabes, eles ficam assim
tu continuas em esperança, sem esgoto
Eu a ti me agarrado, percorro a espera
Tu assim me deixas, nem cá nem lá
minha entrega em nem fica
Tu sacodes minha vida e meu olhar
meu peso para ti é leve, para mim é tormento
sei lá quantas vezes o consideras a mais, um estorvo
Aceita pelo menos minha dádiva
e vem só, sem nó nem dó, sem jeito, sem ninguém
apenas tu para uma esporádica visita, para um leve olhar
Afinal já me tens em ti
Traz, traz e leva-me a navegar pelo amanhã
Eu estou em desespero, desesperado me encontro
Mão estendida, dedo flácido que se aproxima, dedo rígido que se afasta
chega até aqui e, se queres
toca-me
Manuel Martins


num rio de esperança

o sol não entristece a noite,
é os nossos dias com borboletas,
                                                               de jasmim, e trotinetes,
as estrelas que dão luz,
                                                               que precisamos, para
que o rio desague nas águas límpidas,
onde os golfinhos aparecem.

sabes,
para dizer aos homens e às mulheres,
                                                               do meu país,
                                                               do nosso país,
                                                               que somos de aljubarrota.

ai, ai, ai, poemas do nosso tempo,
onde as águas correm pelas cruzes,
                                                               que pegamos,
                                                               que transportamos,

ai, ai, ai, a esperança de que a criação,
saiba perdoar, quando esmagamos,
                                                               as formiguitas,
                                                               e os sapos,
                                                               e as begónias,
as oliveiras produzem o azeite,
                                                               da nossa esperança.

Joaquim Armindo



Foge a esperança a cada dia
Ao navegar pela internet que comove
É tanta a notícia vadia
Sobre o COVID-19

O mundo está afligido
E reza com esperança
De um novo dia cingido
De boa-aventurança

Serão os vírus a herança
De um mundo sem oração
Mas haverá sempre esperança
Se orarmos de coração 

Ilda Pinto Almeida




Teresa Cunha



Próximos desafios (um por semana): usando uma fotografia vossa (isto é, tirada por vós), que depois enviareis com o trabalho, escrevam um poema, uma quadra, poesia, se quiserem simplificar, inspirada pela foto.
Para os que preferem prosa, fica o desafio de escrevem um máximo de 300 palavras de um texto, conto, experiência, etc., começando, obrigatoriamente, pelo originalíssimo: "Era uma vez...".
Continuamos a aceitar as vossas sugestões.
Bom trabalho!
Os trabalhos deverão ser enviados por email para geral@tecto-de-nuvens.pt ou tectodenuvens@hotmail.com

quarta-feira, 25 de março de 2020

Desafio de autores para autores - Esperança

Nos últimos dias tenho trocado impressões com alguns autores e, de um modo geral, encontram-se em casa e com disponibilidade para escrever. Sendo assim, comentou-se que seria interessante ter alguns desafios para estimular a criatividade e, sobretudo, para que o nosso cérebro tenha oportunidade de processar mais algumas palavras para além das quais que actualmente nos são repetidas incessantemente a cada hora do dia...
Estes desafios são informais, mas vamos tentar apresentar as novas ideias às sexta-feiras ou ao sábado e receber trabalhos até à sexta-feira seguinte.
Queremos que estas iniciativas sejam dinâmicas, por isso, divulguem-nas, aceitem e façam-nos sugestões e propostas. Vamos ser criativos e não obsessivos!
Vamos aceitar sugestões para outros desafios em prosa e em verso, no entanto recomendo que as propostas em prosa sejam para textos com 200 a 300 palavras no máximo, para facilitar as leituras no esquema do blogue.
Para iniciar trago um desafio emprestado de um site exclusivamente para autores: poemas sobre a Esperança – uma excelente palavra, e um melhor conceito, para contrabalançar com tudo aquilo que ouvimos e lemos por estes dias. – Com ou sem rimas, numa apresentação mais clássica ou mais moderna, fica ao vosso critério. Podem participar com quantos quiserem.


O desafio em vigor é o do poema sobre a "Esperança" para o qual receberemos os trabalhos até ao meio-dia da próxima sexta-feira, dia 28 de Março. Entre o final do dia de sexta-feira e sábado serão colocados no blogue os poemas.
Entretanto, ficam mais sugestões para as próximas semanas: usando uma fotografia vossa (isto é, tirada por vós), que depois enviareis com o trabalho, escrevam um poema, uma quadra, poesia, se quiserem simplificar, inspirada pela foto.
Para os que preferem prosa, fica o desafio de escrevem um máximo de 300 palavras de um texto, conto, experiência, etc., começando, obrigatoriamente, pelo originalíssimo: "Era uma vez...".
Continuamos a aceitar as vossas sugestões.
Bom trabalho!
Teresa Cunha, editora


Os trabalhos deverão ser enviados por email para geral@tecto-de-nuvens.pt ou tectodenuvens@hotmail.com

sábado, 21 de março de 2020

Dia Mundial da Poesia - Poemas para os leitores

Estão encerradas as votações e contados os votos. Os nossos parabéns à autora Ana Pão Trigo e o nosso obrigado a todos os (muitos) que por aqui passaram a  ler os poemas e ainda mais aos que participaram na votação.
Continuem a visitar-nos, continuaremos a publicar bons textos para boas leituras!



Em resposta ao desafio lançado para este dia, alguns dos nossos autores enviaram-nos poemas. Cabe aos leitores lerem e divulgarem esta iniciativa. Têm ainda a oportunidade de expressarem a vossa opinião votando no vosso poema favorito (veja as instruções no final); o autor do poema mais votado receberá um exemplar em capa dura do livro que hoje lançamos: "As Flores do Meu Lindo Jardim - Colectânea de Poesia -".
Boas leituras!




DE POESIS



De poesis
Despertar da fantasia
Cheiro de maresia
Brotar da nova aurora
Sem pressa
Sem nódoa
Amanhecer
Anoitecer
Grito de sentir
Amar chorar ou rir
De poesis
Varanda ao mar exposta
Onda altaneira e bela
Janela do viver
e da palavra
Pregão
Solidão de mão na mão
Arauto do alento e da ternura
Afago lento lento
De poesis
POESIA


Margarida Haderer


LIBERDADE

Independência, alternativa
corpo em movimento, opção
madrugada clareada pela luta
espaço aberto, tempo espontâneo, responsável, fraterno
razão colhida na verdade
buraco por onde espreita o ódio
pedra, ferro, aço

arco íris
Roubada
Refazeste
em dor e sofrimento
agasalhada no livre arbítrio
furas
teus limites estabeleces em senso
és palma estendida pela utopia, busca da igualdade
palimpsesto primeiro que permanece desde do dia da criação

Em hinos te constróis, em estátuas te edificas
em ofertas te refazes, em guerras te pronuncias
do sangue brotas, de temor ressurges
escondida te encontro
em discursos andas, em retóricas te esmagam, em marchas te propõem
por sagas te querem, em conceitos te elegem, a murmurar te traem
és desprezo de déspotas, paixão de abnegados, palavrório de instalados
verde é tua cor, em castanho te abrigas, à chuva e ao sol
ao frio te proteges, ao fogo te lanças
o vento te trouxe, o ar te recolhe, a todo o ensejo te prestas

Num canto te metem, num albergue te encerram, no parlamento te anunciam
a falar te acenam, no restaurante te gargalham, no regulamento te enfiam
no doirado te acariciam, em viagens te negoceiam, em impostos te suportam
em esperanças te alimentam, no limite permaneces, em limites te esperam
tua vontade impõe-se, elegem-te em evo e tu
sorte a nossa
andas
no caminho encontras compromisso e desencontro, zanga
desabrigo
estás alerta
chega-te aqui

tua resistência é eterna


Manuel Martins

Ontem fui alguém



Ilda Pinto Almeida



Embondeiro

Embondeiro
Quando me for,
Quero ser cremado.
Quero as cinzas (in)plantadas numa raiz.
Quero a Alma a renascer num Embondeiro.

E serei, novamente, feliz!
Alimentar-me-ei de seu cálcio, ferro, proteínas e lípidos.
Da sua madeira escutarei Músicas,
De instrumentos secretos,
Feitos de fibra, polpa e cerne.

E silenciarei nos pores-do-sol vermelhos.
Serei, finalmente, o gigante protetor.
Terei filhos e amadas nas suas folhas,
De Maio a Agosto.

E numa noite mágica,
Serena e ciclicamente,
Todos os anos me renovarei,
Em Paixão de Viver, em paixão pela Vida.

Serei eterno, então, imortal,
Como acreditava em menino.
Ou pelo menos milenar.
E quem me amar pode sempre vir abraçar-me.
Não me faltará água da vida.
E os sussurros de África – “Mãe Terra”,
Serão constantes. E o olhar e sorriso das crianças,
E as chuvas, torrenciais, no chão vermelho,
E as cores das capulanas esvoaçando.

Quero o Cofre, dentro de um Embondeiro!

Imagem Nacion.com

Bastos Vianna
In MARmúrios, Tecto de Nuvens, 2018

Olá vida, estavas aí? 

Olá vida, estavas aí? 
Nem demos conta… 
Estávamos ocupados a trabalhar 
Horas a fio, sem parar. 
Olá vida, estavas aí? 
Nem demos conta… 
Tínhamos pouco tempo para as crianças, 
Para os nossos filhos, 
Para brincadeiras, jogos e danças. 
Olá vida, estavas aí? 
Nem demos conta…
Estávamos nas redes sociais, 
A viver uma vida fingida, 
Que parecia tão feliz e colorida… 
Olá vida, estavas aí? 
Nem demos conta… 
Tínhamos chamadas no telemóvel, 
Não vimos, eram os nossos pais. 
Olá vida, estavas aí? 
Nem demos conta… 
Estávamos a carregar sacos de compras, 
Com objetos e roupas tontas! 
Olá vida, estavas aí? 
Nem demos conta… 
Estávamos aqui sozinhos 
E não conhecíamos os nossos vizinhos. 
Olá vida, estavas aí? 
Nem demos conta… 
Não vimos os telejornais… 
Olá vida, estavas aí? 
Nem demos conta de ti… 
Não demos conta dos demais… 
Tiramos selfies geniais, 
A nós próprios e ao nosso egoísmo, 
Envoltos num individual despotismo, 
Numa alegria vazia, irreal, 
Que nos estava mesmo a convencer… 
Olá vida, estavas aí? 
Desculpa! 
Tínhamo-nos esquecido de viver! 
E agora vida? 
Ainda aí estás? 
Fica por favor! Não vás! 
Estamos juntos, em família, 
Já temos tempo para brincar, 
Para estar com as crianças! 
Saltar, cantar e dançar! 
Dizer olá ao vizinho, à janela! 
Oh! Como era bela a natureza! 
O carro está na garagem… 
Acabou-se o consumismo selvagem! 
E estamos isolados, 
Mas estamos mais juntos, 
Mais dados uns aos outros! 
Estamos fechados, em casa… 
Mas abertos para o mundo, 
Para a sociedade… 
Que vá para longe a vaidade! 
Para fazermos tudo de novo, 
De uma outra forma! 
Sim, estamos fechados em casa! 
Para pensarmos mais! 
Para amarmos mais! 
Para fazermos de ti, vida, 
Uma tábua rasa… 
Olá vida, estás aí? 

Ana Pão Trigo 







Votações: Até dia 31 de Março de 2020 pode votar no seu poema favorito. O número de votações por pessoa é ilimitado.
Para votar basta usar os comentários, siga as instruções do blogger e depois escreva o título do seu poema favorito. Tome em atenção que os comentários neste blogue são controlados, pelo que pode demorar horas a validar os votos. Saberá que o seu voto foi contabilizado quando este aparecer no blogue com a resposta "voto validado".
Pode aproveitar, se assim o desejar, para deixar um pequeno comentário à iniciativa ou aos próprios poemas, uma saudação aos autores. - Tudo com correcção e educação, de outro modo o voto não será validado.

sábado, 14 de março de 2020

Nova colectânea de Poesia



Com a Primavera a aproximar-se e a dar já os primeiros sinais do seu florido colorido, volta a inspiração e renovam-se os sentidos. Aproveitamos, então, o dia 21 de Março, Dia Mundial da Poesia e também Dia Mundial da Árvore (e da Floresta) como pretexto para escrever poemas, celebrando a Poesia e com ela tudo o que nos rodeia.
10 autores responderam ao desafio e o resultado é um ramalhete de 23 poemas que nos despertam todos os sentidos.


As Flores do Meu Lindo Jardim - Colectânea de Poesia – Vários autores
68 páginas, capa mole; Tecto de Nuvens, 2020 (Março), PVP 9,00€

Os nossos autores debruçaram-se sobre a natureza, e sobre todas as naturezas. A Primavera desviou-lhes o olhar para vida e para as cores que nos rodeiam, nos alegram, nos renovam e, por consequência, nos inspiram; a Poesia deu-lhes a capacidade única de analisar os sentimentos, de sentir as emoções do que nos rodeia e do que nos inspira e move.
O leitor dispõe, pois, de um percurso de emoções, que vai do embargar da voz e do chegar das lágrimas aos olhos; passando por viagens sonhadoras para destinos vários; ao suspirar apaixonado; chegando à serena meditação e até à franca gargalhada (a Poesia também tem sentido de humor!).

Preços promocionais até 21 de Março de 2020:

Pack de 10 livros (40% de desconto) = 90,00€ = 54,00€
Pack de 5 livros (30% de desconto) = 45,00€ = 31,50€
Livro com desconto de 25% = 6,75€



Encomendas e pedidos de informação para loja@tecto-de-nuvens.pt ou pelos telefones 224807820 e 960131916

Desafio especial Dia Mundial da Poesia




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