quinta-feira, 29 de junho de 2023

Melissa de Aveiro, autora do livro "Inês e o mistério do Monstro das Meias", em entrevista

 Melissa de Aveiro é mais do que um nome que fica no ouvido, é mulher de múltiplos talentos, natural dos Açores, onde ainda reside. Por agora, vamos deixar de lado a enfermeira e a cantora, e vamos concentrar-nos na escritora e ilustradora, dois papéis que executou com toda a maestria, no nosso mais recente livro infantil "Inês e o mistério do Monstro das Meias", lançado no passado dia 25 de Junho.
Sobre o que a inspira e sobre o que mais (muito mais!) podemos esperar dela, deixemos que seja Melissa de Aveiro, 33 anos, a dizer-nos, na primeira pessoa...

 

  †  Conte-nos como e porquê começou a escrever, por paixão ou por necessidade?

Escrever surgiu de forma inata. Em criança, ao aprender a falar, a minha mãe conta que quando eu dizia uma palavra errada, que me autocorrigia de seguida. Lembro-me de sempre gostar de pesquisar sinónimos para a mesma palavra, de descrever espaços e lugares. Sempre foi mais fácil, para mim, expressar-me por texto escrito do que oralmente. Um livro, nas minhas mãos, era um tesouro! Na escola, por vezes, ganhava destaque sobre os colegas, com os meus textos. Essa vertente nunca foi estimulada. Só aos dezasseis anos, ao passar por um período “menos bom” da adolescência, me foquei na escrita – uma espécie de escape da realidade.

   Qual o papel que a escrita ocupa na sua vida?

Tal como referido, a escrita acabou por ser um escape. O que ainda se mantém confesso! É, na escrita, que encontro paz e equilíbrio mental. Quando estou ansiosa ou triste, escrevo poemas e textos soltos (por vezes público alguns na plataforma Tumblr)

              Sempre sonhou publicar um livro? /Publicar um texto num livro?

Sempre vi os livros como lugares mágicos, mundos pequenos onde nos podemos perder da realidade. Não sabia que, um dia, teria capacidade de escrever algum. Atualmente, com quatro livros publicados, e outros tantos guardados… descubro que era algo que deveria ter feito toda a vida. Posso dizer que é um sonho, tornado realidade.

   Qual é a sensação que tem ao ver, agora, o seu livro nas mãos?

Costumo dizer que, o primeiro livro é sempre um erro! É um “pequeno ser” que tem imensos defeitos. Só depois, após a escrita evoluir, é que conseguimos compreender isso. No entanto, ter um livro nosso, nas nossas mãos e nas mãos dos outros, é algo surreal, no bom sentido.
Este livro “Inês e o mistério do Monstro das Meias”, em particular, faz-me sentir realizada! Quando abri o caixote e o vi, pela primeira vez, “ao vivo e a cores”, superou as minhas expectativas! A imagem da capa, as ilustrações juntas com o texto, em livro… fenomenal.

   Tem algum projecto a ser desenvolvido, actualmente? Pensa publicar mais algum livro? Continua a sentir vontade de escrever?

Sim. Tenho! Tenho livros à espera da minha decisão, de os publicar. A vontade de escrever surge sempre, de forma inesperada, como um cogumelo que brota do chão, no lugar menos apropriado. Quando há essa ânsia descontrolada, de passar o sentimento para o papel, escrevo textos e poemas soltos – tenho imensos… nunca os contei! O sentimento acontece, o pensamento vem, paro e escrevo. Chego a acordar a meio da noite ou a parar o carro para apontar o que precisa sair! Em situações mais abalantes sinto necessidade de escrever livros, histórias com personagens! Sou capaz de escrever um livro de duzentas páginas em duas semanas, como uma espécie de epifania. Não é por opção… é, simplesmente, o que acontece ou tem de acontecer… Só acontece quando acontece. Não é algo que possa decidir, que vai acontecer.

   Fale-nos um pouco sobre o seu livro: não só o escreveu, como também o ilustrou, como foi isso?

“Inês e o mistério do Monstro das Meias” foi uma ideia. Aproximava-me do aniversário da Inês, filha de uma das minhas melhores amigas e, uma vez que, felizmente, é uma menina que tem um pouco de tudo, fiquei sem saber o que lhe oferecer. A ideia de elaborar um texto original, baseada na sua figura, surgiu espontaneamente. O mistério das meias foi para onde o texto quis fluir (um assunto bastante sério, esse o das meias… - faço reparo, a rir). 
A parte da ilustração veio posteriormente. Sempre gostei de pintar e desenhar – algo que faço com imensa frequência. Decidi então, numa experiência, tentar ilustrar o livro, em tentativa e erro. Inicialmente, usei aguarela e os desenhos não ficaram como pretendia. Comprei então uns lápis profissionais e refiz as ilustrações. Quando dei conta tinha os desenhos prontos. Posteriormente “tropecei” na vossa Editora através de um concurso. Terá sido o destino?

              Existe alguma parte do livro, em particular, que goste mais. Porquê?

Gosto do poema inicial! Foi escrito com um tempo muito curto, “à pressão” e fiquei orgulhosa do mesmo.

             Indique as razões pelas quais aconselharia as pessoas a ler o seu livro? O que acha mais apelativo no seu livro?

Todos são convidados a ler o livro. Não só por ser um tema que a todos diz respeito: quem nunca perdeu uma meia? E, porque, é uma história engraçada de perseverança. As ilustrações foram elaboradas de forma carinhosa e dedicada, sendo isso, talvez, que o torna ainda mais apelativo.

   Qual é o seu estilo de escrita ou que tipo de mensagem gosta de passar no que escreve?

A minha escrita foi descrita como leve e simples, de fácil leitura. Gosto, sobretudo, de escrever romances contemporâneos, que tenham um mistério envolvido, uma lição de vida ou algo que deixe o leitor a refletir. Escrever um livro infantil foi uma estreia, da qual não sabia ter capacidade. 

   Qual o papel das redes sociais na vida e na divulgação da obra de um autor? E na sua?

As redes sociais, quando bem utilizadas, são uma plataforma de partilha. É por lá que partilho as minhas pinturas, alguns textos e divulgação das obras. Acabam por ser limitativas na medida em que as publicações só chegam a um X número de pessoas, exigindo republicações… Utilizo-as basicamente para isso – divulgação pessoal.

   Gosta de ler? Que tipo de leitor é que é?


Gosto muito de ler! Tenho imensos livros, dos quais não me consigo desfazer. Por falta de espaço, tenho livros guardados em duas casas – a minha e a dos meus pais. Ainda tenho livros de quando era criança. Gostava de ter mais tempo para ler! Aonde quer que vá, levo sempre um livro comigo. Por vezes nunca o consigo chegar a abrir… mas vai comigo na mesma, como uma companhia, um escape para onde posso entrar em qualquer momento de monotonia. Sou o tipo de leitor que adora o cheiro dos livros novos e velhos, que não gosta de emprestar livros aos outros com medo de que, tal como acontece com as marmitas, nunca o possam devolver ou estragar e ainda perder. Que compra livros ainda tendo bastantes na estante, por ler… Que corrige as gafes que encontra nos livros, que tem sempre um livro no carro, que gosta de oferecer livros, que adora livrarias e bibliotecas. Que aprecia capas mas que não julga o livro pela capa. Que tentou ler o pequeno livro da Alice no País das Maravilhas e que não encontrou sentido algum na história.

 

Inês e o mistério do Monstro das Meias; Melissa de Aveiro (texto e ilustrações). Tecto de Nuvens, 2023 (Junho)
56 páginas, ilustrações a cores. PVP: 8,99€

“De todos os grandes mistérios, existe um por desvendar. Quando se vai dobrar a roupa, há sempre uma meia sem par!
Inês, ao preparar-se para o seu primeiro dia de aulas, descobre que só tem uma meia na gaveta! Onde andará a outra? Um grande mistério!"

Já à venda nas principais lojas e plataformas online.

5 comentários:

  1. Parabéns pela entrevista! Gostei e identifiquei-me com o que escreveu sobre livros (sobre ter livros, que para escrever não tenho talento...), pensei que eu pertencia a uma raça em vias de extinção, é bom saber que os mais novos ainda gostam de livros. Imagino que seja a mesma Melissa de Aveiro do texto do Dia da Infância, adorei, teve o meu voto.
    Tenho pena de já não haver crianças na família e nos amigos, ou compraria o livro. Ainda assim, quem sabe... Mas, se me permite a sugestão, não faça só ilustração para livros infantis. Eu gosto tanto de capas ilustradas e é algo que se vê tanto no Reino Unido em Editoras mais clássicas como a Penguin ou a Simon & Schuster passando pelas mais modernas como a Avon. É tão refrescante ver algo que tem mesmo a ver com o livro e foi feito de propósito para ele! Estou cansada de ver as mesmas fotografias pelas capas para adultos, há uma de uma mulher de costas que eu já vi em três ou quatro livros diferentes... Fica a sugestão.
    Mais uma vez, parabéns! Ah! E cá esperarei pelos seus romances contemporâneos, os meus favoritos...

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    1. Muito obrigada pelo seu comentário. Certificar-nos-emos de que a autora o lê. - É tão genuíno que eu vou deixar passar a publicidade à "concorrência"... -

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    2. Boa tarde

      Muito obrigada pelo seu comentário e o seu conteúdo. Li com bastante atenção. Agradeço as "dicas" para os livros futuros... é sempre muito bom saber a opinião dos leitores para tomarmos um rumo. Boas leituras!

      Melissa.

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  2. Parabéns Melissa e força

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