sexta-feira, 16 de maio de 2025

Nina Pianini, autora de "Como uma moeda muda a vida", em entrevista

 

Nina Pianini (pseudónimo), 63 anos, tem um novo livro!

Já não é a primeira vez que conversamos com a autora que, sempre muito generosamente, partilha connosco as suas ideias, experiências e emoções. - Veja no final como aceder às outras entrevistas. - 
Voltamos a falar para que ela nos apresente o seu mais recente livro "Como uma moeda muda a vida". 
Neste seu novo livro para os mais novos (os novos com mais de 20 anos também o vão apreciar...) aborda valores, sejam, literalmente, os da moeda, sejam outros que não tem preço, mas são de uma grande riqueza.
E o valor desta entrevista não fica só pela apresentação do livro, a saúde física e neurológica e a recuperação também estão presentes e são uma fonte de conhecimento/informação pertinente, vindo de quem recupera de outro AVC. A leitura e a escrita são, sem dúvida, ferramentas preciosas para o nosso bem-estar.

Nina Pianini, de voz própria e na primeira pessoa:

 

  Este seu novo livro aborda uma questão interessante, seja no sentido literário seja no literal: o dinheiro (a moeda) e sua importância (muita ou pouca) no desenrolar da vida das pessoas. Conte-nos como e porquê resolveu escrever este livro, que é um conjunto de contos, e qual o impacto que pretende que tenha nos mais novos, e também, já agora, nos menos novos que também entrem em contacto com ele?


  O livro “Como uma moeda muda a vida” foi escrito há alguns anos atrás e ficou guardado junto com os outros milhares de rascunhos escritos à mão durante um longo período de cama. Mais tarde, após AVC, vi-me forçada a ter de reiniciar de novo e a fazer cópias, contribuindo imenso esse simples treino diário para a minha recuperação. Peguei nas diversas folhas soltas dos contos já escritos e passei-os um a um para o computador. À medida que fui melhorando, senti que este livro era determinante para a conjuntura atual de uma sociedade em que o dinheiro prevalece e que, vive muitas vezes, em função do poder do dinheiro. Por tal, era essencial que estes contos fossem lidos. Quando surgiu a iniciativa lançada pela Tecto de Nuvens da Campanha promocional de Natal, não tive dúvidas que tinha chegado a hora de dar vida àquelas palavras. Numa época em que publicar um livro exige um investimento elevado, não se pode perder a oportunidade quando uma editora nos abre as portas e nos facilita condições invejáveis de publicação. Por isso, agradeço à Tecto de Nuvens todo o seu apoio e orientação sempre constante em todas as fases deste livro desde a edição à publicação. Sem esse acompanhamento e colaboração, poderia pôr em risco a sua qualidade. Daí que, acarreta igualmente da nossa parte uma maior responsabilidade na seleção de: qual o livro a publicar? qual o tema mais interessante para o leitor? Qual o texto que terá a melhor qualidade literária exigida?...etc. São imensas as questões que se colocam ao autor porque não queremos falhar nem muito menos desiludir o leitor com um livro que não satisfaça os seus interesses ou os requisitos literários. Assim, quando já temos muitos livros prontos a publicar, torna-se muito mais fácil decidir qual deles. Foi o que aconteceu, e, imediatamente, soube logo que era este o livro que tinha de publicar, quer pela atualidade do tema como pelo estilo narrativo.

Este conjunto de contos apresentados no livro “Como uma moeda muda a vida” refletem como as diferentes personagens se posicionam perante o valor ou o tipo de simbologia que o dinheiro assume na sua vida. Não constituindo um livro de julgamentos ou de opinar sobre “como deve” ou “não deve ser”, despoleta, no entanto,  forte impacto ao induzir ao que está subentendido atrás das palavras. Assim este livro, poderá ter um impacto muito significativo no leitor ao fomentar a introspeção podendo contribuir para a formação do seu próprio desenvolvimento global individual e, consequentemente, coletivo ao implicar na sua participação ativa.

 

  O livro, sem querer revelar demasiado, não é um tratado de economia e finanças, mas é um livro sobre valores, nem todos quantificáveis em somas de dinheiro. Passando do literal, em que cada vez mais se fala da necessidade de uma literacia financeira e de poupança; para o literário, valores e momentos marcantes na vida de uma pessoa, qual a mensagem (ou mensagens) que pretende passar?


  O livro “Como uma moeda muda a vida” abre asas para o desconhecido sobre a problemática do dinheiro na vida das pessoas. Não pretendendo apresentar ou sublinhar mensagens construídas, nem pretendendo formatar pensamentos a uma única forma de pensar ou voz, no livro opta-se por levar o leitor a decidir por si, apresentando um leque de posturas que induz à reflexão do leitor e, dá-lhe liberdade para ponderar por si próprio sobre o que leu.

É rico em expor situações que revelam diversidade de posturas, desmascarando-as numa paleta de vivências que, implicitamente, levam o leitor a refletir e a se interrogar sobre a sua própria postura e a dos outros.

 

  Existe alguma história, em particular, que goste mais, mais inspiradora ou mais baseada em experiências próprias? Qual e porquê?

  Ao escrever dá-se luz às ideias desencadeadas pela nossa criatividade. E este conjunto de contos refletem precisamente, a borbulhante imaginação que surgiu à volta da temática que aborda o livro. Mas, por vezes, inconscientemente ocorre algum tipo de sublimação em processos psicológicos nem sempre diretamente visíveis. Foi o caso do “Conto XXVII – A Despedida” com que termino o livro. Este conto retrata uma situação vivida muito pessoal. Sempre que leio este conto, desato sempre a chorar pela carga emocional que tem e confesso que me foi difícil fazer a sua correta correção linguística, pois cada vez que o relia, as lágrimas escorriam-me pela cara sem conseguir conter. Decidi posicioná-lo de forma premeditada como o último conto do livro, sendo a homenagem dedicada aos meus falecidos avós a quem devo o amor pelos livros.

 

  Indique as razões pelas quais aconselharia as pessoas a ler/comprar o seu livro? O que acha mais apelativo nele?


  Assumindo-se a relevância da temática do dinheiro como uma problemática que exige reflexão nos dias de hoje, salienta-se aqui que, a estratégia adoptada pela Tecto de Nuvens foi fundamental ao permitir-me total liberdade na seleção desta temática. Agradeço-lhes imenso terem-me oferecido essa possibilidade, pois a maioria das outras editoras limitam-se a exigir temas de acordo com tendências de mercado como de “moda” se tratasse. Inclusive, alguns agentes literários até forçam autores a escreverem sobre temas polémicos bastante controversos para venderem mais e assumindo o poder do dinheiro como preponderante no mercado editorial. Por isso, ter a liberdade de escolher o tema, deu-me a possibilidade de publicar o livro “ Como uma moeda muda a vida” que, para mim, permite uma intervenção ativa e formadora na participação social pela importância na atualidade da problemática tratada nos contos. O recurso a um escrita que induz o leitor a seguir pistas que vão sendo semeadas ao longo da narrativa e o uso de uma linguagem bastante visual facilita a leitura, mesmo do pequeno leitor, despertando a curiosidade em saber como termina cada conto. Para além disto, a magnífica capa produzida pela Tecto de Nuvens  que, embora não seja capa dura, é de um material bastante aliciante e resistente tornando o livro muito apelativo. Em relação ao conteúdo temático: Cada conto permite ao leitor visualizar diferentes questões e posturas perante o dinheiro. Leva o leitor a questionar-se qual a sua postura em relação ao dinheiro e a refletir sobre a sobrevalorização do dinheiro. A problemática de saber lidar com o dinheiro constitui nos dias que correm uma prioridade de relevância crescente à medida que o dinheiro assume na sociedade um papel preponderante. Qual o educador/professor ou pai/mãe que pode desperdiçar não orientar o seu filho(a) para que perceba o valor do dinheiro  e o risco(s) que corre no uso mal gerido do dinheiro? Levantar questões, promover o debate  e fazer crescer é o que se propõe neste livro de contos. Assim, este livro assume um carater educativo essencial para todas as crianças e um papel provocador para o adulto confrontando-o na forma como lida com o dinheiro, pondo em questão o valor e tipo de postura no uso do dinheiro.

Podia-se perguntar à Rede de Bibliotecas Escolares: Quantos livros dedicados a esta temática têm integrado nas suas listas de livros recomendados do Plano nacional de leitura?; Questionar os Coordenadores de Português: “Quantas obras desta temática são usados em situação de debate inter -turmas?; E, até se poderia perguntar aos diretores de turma: “As problemáticas deste tema são tratados com os seus alunos?”...Se a escola pretende dar resposta às necessidades atuais terá que abrir horizontes e integrar obras como o livro “ Como uma moeda muda a vida”, permitindo que os valores inerentes ao perfil do aluno sejam promovidos.

 

  Esta pergunta foge um pouco ao habitual, mas como é que sugeriria a um educador, a um professor, pais, avós, a abordagem a este livro? Como é que o abordaria se fosse ao encontro do seu público-alvo para uma sessão de leitura e discussão?


† O melhor conselho seria sempre: “pôr em contacto com o livro” para que o leiam saboreando as palavras e visualizando-as à sua maneira. A leitura é um ato individual que promove realizar a sua própria introspeção e descobrir por si próprio o que o livro lhe diz. Quando lemos, o nosso interior entra em conexão com o que está escrito, identificamo-nos, tiramos ilações e, crescemos ao acrescentarmos às nossas vivências as que o autor nos apresenta. Portanto, mais nenhuma outra estratégia resulta tão bem como possibilitar a sua leitura seja em livro analógico ou digital.
Através da leitura individual num local confortável à sua escolha na hora que sentir vontade de o fazer. Esta é e, será sempre, a mais simples e mais eficaz estratégia! Levar o leitor a interiorizar o que lê e fazer a assimilação ou mutação que ela pode motivar. O que importa é o processo que decorre da própria leitura em si! Isso é que deixa raízes e nos faz mudar. Aliás, em relação a encontros de escritores nem sempre são producentes e, por vezes, leva a um distanciamento perante a leitura. Por vezes, trata-se de uma atividade em que se destaca mais o dinheiro envolvido (quer pela exigência de contributo de percentagem por parte de autores para se deslocarem à escola ou da aquisição de uma quantidade mínima de livros) monopolizando outros interesses que nem sempre ajudam efetivamente a conhecer verdadeiramente a obra de que se fala. Esta realidade contamina a essência do que se pretende de facto: ler o livro! De que adianta fazer encontros ou propor atividades se não se leu o livro?
Muitas vezes, autores testemunharam este facto quando pedem para que lhes façam perguntas e, habitualmente, surge o longo silêncio entre a audiência, todos a olhar para o lado, incomodados sem saber que perguntar, simplesmente porque estão ali para cumprir programação! A maioria das vezes, ninguém leu o livro! E o encontro transforma-se mais numa atividade de divulgação de apresentação do livro sem acrescentar nada mais: aqui está o livro, aqui está o autor e agora comprem o livro!…E, com um bocadinho de sorte, pode ser que não apareça a professora de matemática a resmungar que está na hora da sua aula e os faça depressa esquecerem do livro que acabou de ser apresentado. Embora não sendo a regra, há professores dedicados e esmerados que escrevem com a turma o guião das perguntas ao autor monopolizadas pela “visão do adulto”, encarregando, em geral, os ditos “ melhores da turma” a lerem pela ordem previamente estipulada. Quem fica de fora? os que mais precisam, os que mais necessitam de ler para desenvolverem as suas competências. “Esse aí é melhor não, porque lê muito devagar as perguntas…” pelo medo de deixar mal vista a turma, deixando de lado a genuína curiosidade em querer saber sobre a obra e permitir que os mais fracos tenham uma verdadeira participação.
Portanto, por vezes, resulta melhor chegar ao leitor quando ele é confrontado com a leitura do livro físico sem pressões, apenas porque lhe despertou a atenção ou até porque seguiu o conselho de um colega, professor ou bibliotecário que conhecia o livro. A palavra puxa a palavra funciona. E, numa época de redes sociais a partilha de livros entre pais serve perfeitamente para alimentar boas escolhas para seus filhos, assim como entre jovens ao conversarem nas aulas sobre o que leem e porque o leem.
Em relação à exploração pedagógica deste tipo de obras em ambiente de sala de aula, pode-se lançar propostas úteis, nomeadamente a utilização do debate como melhor estratégia para confrontar ideias e expor dúvidas e dificuldades perante as problemáticas dos contos apresentados. A discussão entre grupos fará os alunos adquirirem noções e desenvolverem competências constantes no Perfil do Aluno.
Por estas simples questões, se poderá ver o que este livro pode oferecer: Mudar o paradigma da escola e trazê-la para a atualidade, aproximando a escola da sociedade!
Poderá sempre integrar-se o livro no âmbito do plano nacional de leitura, ou de projetos educativos que estimulem a educação financeira ou de cidadania, mas realça-se que a metodologia a aplicar é que faz a diferença. Apresenta-se aqui uma proposta sugerida para modelo de Estrutura Pedagógica de exploração do livro num debate:

Tema de Debate: Reflexão sobre o verdadeiro significado do dinheiro na vida das pessoas

Introdução: Apresentação das questões em debate. Seleção pelos grupos das Propostas de questões a analisar/pesquisar para debate

Questão 1: Psicologia do Dinheiro

• O impacto das crenças sobre dinheiro desde a infância.

• A relação entre dinheiro, felicidade e bem-estar.

• Como o dinheiro afeta a autoestima e as relações interpessoais.

Questão 2: Comportamento Financeiro

• A influência das emoções na tomada de decisões financeiras.

• O fenómeno da aversão à perda e a mentalidade de escassez.

• Como hábitos financeiros refletem aspetos psicológicos profundos.

Questão 3: O Dinheiro e a Sociedade

• O papel do dinheiro na construção da identidade pessoal.

• Comparação social e pressão financeira.

• Como a cultura impacta nossa relação com o dinheiro.

Questão 4: Estratégias para uma Relação Saudável com o Dinheiro

• Como desenvolver inteligência emocional financeira.

• Técnicas para evitar decisões impulsivas e manter controle financeiro.

• O dinheiro como ferramenta de crescimento pessoal.

Conclusão: Apresentação do resumo final

• Por que esse tema é importante?

• Como o dinheiro influencia nossas emoções e decisões?

• O conceito de valor subjetivo do dinheiro.

Encerramento com sugestões de leituras adicionais e exercícios práticos.



  Não resisto a perguntar (tipo não há dois sem três…): há potencial para mais livros dentro deste género? Que novos projectos tem em mãos?


  Como deve acontecer a muitos outros autores, não me contive a escrever apenas os contos presentes no Livro “ Como uma moeda muda a vida”. Na fase em que escrevi estes contos, tornou-se difícil para mim conter a avalanche de ideias que, todos os dias surgiam. Por tal, escrevi muitos mais contos desta temática que não integrei neste livro para evitar de tornar o livro bastante extenso para quem o lê.

Quem escreve, tem sempre dificuldade em conter a veia criativa, por isso muitos outros contos foram escritos desta e de outras temáticas. O treino da escrita constitui uma terapia essencial para o desenvolvimento global e bem-estar. Espero que, no futuro, os médicos compreendam o quanto se deve valorizar a terapêutica de ler/escrever. Aliás, o conceito da biblioteca como “farmácia da alma”, vem do tempo dos faraós, infelizmente, perdeu-se no tempo. Independentemente de tudo, tenho sempre projetos a decorrer. O que importa é escrever, por isso escrevam. Não tenham receio do julgamento dos outros. Usem a escrita como ferramenta de comunicação para se exprimirem, assim garantem um bom funcionamento mental sempre ativo. Não deixem morrer o vosso cérebro. Leiam, escrevam!

Como deve acontecer a muitos outros autores, não me contive a escrever apenas os contos presentes no Livro “ Como uma moeda muda a vida”. Na fase em que escrevi estes contos, tornou-se difícil para mim conter a avalanche de ideias que, todos os dias surgiam. Por tal, escrevi muitos mais contos desta temática que não integrei neste livro para evitar de tornar o livro bastante extenso para quem o lê.

Quem escreve, tem sempre dificuldade em conter a veia criativa, por isso muitos outros contos foram escritos desta e de outras temáticas. O treino da escrita constitui uma terapia essencial para o desenvolvimento global e bem-estar. Espero que, no futuro, os médicos compreendam o quanto se deve valorizar a terapêutica de ler/escrever. Aliás, o conceito da biblioteca como “farmácia da alma”, vem do tempo dos faraós, infelizmente, perdeu-se no tempo. Independentemente de tudo, tenho sempre projetos a decorrer. O que importa é escrever, por isso escrevam. Não tenham receio do julgamento dos outros. Usem a escrita como ferramenta de comunicação para se exprimirem, assim garantem um bom funcionamento mental sempre ativo. Não deixem morrer o vosso cérebro. Leiam, escrevam!


Mais informações sobre o livro aqui



Pode ler ou reler as outras entrevistas da autora aqui e aqui.

Desafios de autores para autores: Junho - Infância

 

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Desafio Infância. Em prosa, em verso, em foto, numa frase, como entenderem. Pode ser uma memória própria, uma ficção, pode ser sobre a vossa infância ou um trabalho dirigido às crianças de hoje, a única condição é que comece por: "Ser criança é..."

Podem participar com mais do que um trabalho.
Receberemos trabalhos até ao final da tarde do dia 31 de Maio. Os trabalhos serão publicados no blogue no dia 1 de Junho, Dia Mundial da Criança. Durante todo o mês de Junho ficarão abertas as votações para o melhor trabalho.

O prémio para o texto mais votado e para o comentário/voto sorteado será a colectânea infantil: "Contos Contados e Encantados". + 1 voucher com desconto de 10% em qualquer dos livros da "Colecção Petizes Felizes!". 



(Pode saber mais sobre o livro aqui)