sábado, 13 de julho de 2024

Hoje é o nosso aniversário!

Hoje celebramos o nosso 17º aniversário. Parabéns a todos os que têm feito parte da família Tecto de Nuvens.




E lembramos que estamos a festejar este aniversário com o lançamento da colectânea "Uma viagem de férias", nada mais a propósito para um mês tradicionalmente de férias...


E não ficamos por aqui e há muitas coisas boas para ler e para usar à fresca, veja na nova actualização do nosso catálogo de Verão 
No nosso aniversário queremos mesmo celebrar a vida, venha celebrar connosco!

Postal de férias - desafio de Julho

 

Em pleno Verão e no mês do nosso aniversário, nada mais simpático do que enviarmos postais das nossas férias uns aos outros...
Podiam usar uma foto de férias passadas, com uma breve legenda ou comentário; podiam expressar um voto de férias; falar de umas férias de sonho (já realizadas ou em projecto - sim, mesmo que seja a Marte ou à Lua); contar um episódio de férias. Usando imagens, podendo escrever em prosa ou em verso, o desafio deste mês servia de caixa de correio à disposição dos autores para enviarem os seus postais.
A leitura e votação dos postais vai ocorrer até ao final de Agosto.
Os nossos leitores serão os juízes e escolherão, a partir dos  postais de cada autor, qual o destino de férias favorito.
E como é mês de aniversário, as mãos estão mais que largas com as prendas...
O autor do destino de férias mais premiado recebe o livro "Uma manhã na praia".
De todos os votos recebidos até 31 de Julho sortearemos um para também receberem o livro..
De todos os votos recebidos entre 1 e 31 de Agosto de 2024, sortearemos um votante para receber o  livro "Na areia de uma praia qualquer".
Mas... o troféu que é almofada emoticon está disponível para todos, autores e votantes que usando os comentários (pode ser em simultâneo com o voto) nos digam para que local de férias (real ou imaginário, contemporâneo, do passado ou do futuro) levariam a almofada de férias (vai convosco, naturalmente). O comentário mais original será o premiado.
E pode ser que ainda haja mais umas menções honrosas...

- Já sabem, votam usando os comentários (são supervisionados, terão que esperar que um humano - que não esteja de férias - os valide). Podem votar mais do que uma vez (desde que com moderação) e se, por engano votarem duas vezes, deixem ficar o voto, não o retirem depois de publicado. É que quando é publicado o voto já foi atribuído e contabilizado. Identifiquem os votos pelo local de férias. - 

Ah! E boas férias!

Nota: Um problema com o servidor externo ligado às contas de email do site fez com que vários emails tivessem sido devolvidos, por esse motivo, para sermos justos, vamos aceitar trabalhos (postais) que nos cheguem até ao final da tarde de 15/07/2024.
Os postais 1 a 3 foram enviados do mesmo local, isto é, contam uma única história, mas não podemos esticar postais houve mesmo necessidade de dividir. Sendo assim, os votos para 1,2 ou 3 serão sempre considerados como votos para Aswan (aliás os votos deverão, idealmente, indicar o local de férias, não o número ou o autor).

Terminado o primeiro período de votações (31/07/2024) não foi necessário fazer nenhum sorteio para atribuir o livro "Uma manhã na praia", dado só ter havido um voto. O livro vai para Aníbal Seraphim. Parabéns!
O prémio será enviado em data a combinar.
Esperemos que haja mais votos durante este segundo mês de votações e, claro, mais sugestões sobre o local onde a almofada emoticon deve ir passar férias.

Começou torto e terminou torto o período de apresentação de trabalhos e de votações, talvez por não termos usado os correios para o envio dos postais, acabamos por ficar à mercê dos caprichos dos emails... Não sabemos até que ponto isso afectou as votações ou se as férias fizeram adiar o voto e a sugestão de um destino para a almofada, mas é o que temos...
Assim, o texto vencedor é "Boas férias! (Na Alemanha) de copo na mão!", de Aníbal Seraphim. Parabéns!
E a almofada vai para o único destino que lhe foi proposto, que na verdade, para sorte dela, era uma longa viagem com início no Japão, com passagem depois pelo Mali, seguido do Butão, a caminho do Peru. Boa viagem almofada, numa primeira fase ao encontro do seu guia turístico Aníbal Seraphim. Parabéns e esperamos fotos dessas viagens...
Ainda esta semana sortearemos qual votante recebe o prémio de Agosto. 

Com apenas dois votos nesta segunda fase do Desafio, optamos por colocar os dois números a sorteio, bem agitado, o número que saiu foi o 2. Parabéns à Alexandra Carneiro!
Na próxima semana serão enviados os prémios.

6) Boas férias! (Na Alemanha) de copo na mão!

Gosto de lugares inusitados, que pelo comum dos lusitanos não são visitados. Vai daí, e após vários anos consecutivos a visitar as feiras de natal da Alemanha, resolvi fazer umas férias estivais germânicas e de copo na mão, que é como quem diz, explorando novas castas, com moderação.
Destino Rio Mosel!
Os seus 560 quilómetros estendem-se desde o nordeste da França, passa pelo Luxemburgo e percorre a região oeste da Alemanha. A parte principal da viagem foi percorrer o serpentear desde Trier até Koblenz. Pelo caminho, fui provando o famoso vinho servido bem fresquinho, um branco com um sabor de espanto. Espanto e admiração por cada gole de degustação!
Riesling é a principal casta, que se bebe sem se conseguir dizer basta. Se não fosse o facto de não se ouvir a falar Português e o pouco teor alcoólico que não causa embriaguez, havia momentos que parecia que estava em casa, a percorrer o Rio Douro, com os seus socalcos, que são um patrimonial tesouro.
E o odor? Hummmmm um cheiro a mosto que ao sentirmos durante a manhã, levantar até dá gosto.
A paisagem é deliciosa e cheia de harmonia, com as suas suaves curvas a embalar-nos como se estivéssemos em sintonia, uma sintonia contagiante, pois avistamos belos castelos a cada instante, ou majestosas ruínas que denunciam um passado de mansões finas.
As joias da coroa da viagem foram para Cochem e a apaixonante Bernkastel-Kues, local onde pernoitei e me disseram, em bom alemão, que fui o primeiro hóspede Português a dormir lá…
Se o que me disseram foi verdade, fez-me sentir lisonjeado, mas não me posso esquecer que nessa noite cheguei a andar de lado, porque após as várias provas da tarde na pequena vila de Zell me fizeram ter uma alucinação, pois vi um gato com um copo na mão.
Que dizer dessas já distantes férias? Que foram umas belas cargas etílicas e que se traduziram numas férias idílicas. Passear de copo na mão? Porque não? Não é para todos, eu sei. Mas também gosto do inusitado e de viajar por todo o lado.


Aníbal Seraphim

5) Boas férias! "cheias de livros."


uma mão cheia de livros. não uma mala. quero dizer. são livros de tantos meses. não tive tempo de ler. agora vou ter. mas existem os livros do ano passado. o tempo não é para os livros. ano a ano. são as férias. que nos convencem a fazer o que devíamos ter feito. ler. ler os livros. eles nos ensinam a saborear a vida. e as férias também. os livros saboreiam o mar. ou as montanhas. por isso sempre de férias. vão todos os livros que não li. os do ano passado. os deste ano. e todos. para virem certamente muitos que não li. por não ter tempo. afinal também nas férias há o tempo. teimando em não me deixar
ler. dizem-me os livros são os melhores amigos. alguém célebre escreveu na sua biblioteca. se os livros são os melhores amigos. os melhores amigos não se emprestam. toda a razão. o depósito dos livros a ler é grande. não cabe na mala de férias. depois nas férias há mais que fazer. os livros deixamos sempre para quando puder. mas quase sempre não podemos. olha. fica para as férias. grandes dizemos nós. nas pequenas nunca podemos. mas as pequenas nunca temos. elas não existem.

lembro-me tantos anos. em que levava tantos livros para ler. como os trazia de volta sem ler. afinal pensava. leio durante o ano. mas durante o ano não podia. leio durante as férias. mas nas férias não lia. talvez por que o rio ou a praia me diziam mais. também os filhos. é verdade. tenho tempo para tudo. menos para ler. nas férias tomo o pequeno almoço. como almoço. como janto. deveria ser como ler.

está bem. não leio nas férias. mas leio sempre durante o ano. afinal é como a alimentação. então vai ser assim. nestas férias. vou ler. quando não estiver de férias. vou ler.
em férias. é assim. cheia de livros. mas não faço férias dos livros. comprometido.
Joaquim Armindo

4) Boas Férias! De Petra, Jordânia


 


Petra uma viagem de sonho que não estava nos meus planos, mas que aconteceu por via diplomática, e montados em Jeep, numa viagem de várias horas lá se iniciou um trajeto com saída da Palestina atravessando toda a parte desértica de Israel, até à Jordânia, a terra rosa, passando por fronteiras inimagináveis onde se é descortinado até ao osso, com o passaporte mais querido de um povo e mais odiado do por outro povo, acompanhado de um sotaque que trazia perguntas, mas que na descoberta desse inglês cantado me entregava um welcoming sorriso de orelha a orelha e uma vênia de bem vinda.
Petra, uma das sete maravilhas do mundo, o grande tesouro- Al-Khazna, impressionante! Um templo de 40 metros de altura por 30 de largura esculpido num único bloco de pedra (areia). Uma cidade onde as palavras são escassas para descrever esse passado. As fotos não dão para ter a verdadeira noção. Um lugar fotogénico, cenográfico e todos os nomes que lhe queiramos dar. Sabe-se ainda que o reino se tornou muito rico, pois ficava num ponto estratégico do Oriente Médio onde cruzavam as rotas das caravanas que transportavam incenso, especiarias e mirra, entre a antiga Mesopotâmia e o Egito. Incenso, ouro e mirra que foram levados de presente pelos Três Reis Magos quando nasceu Jesus.
Mirra é a resina extraída de uma planta rara usada desde a Antiguidade com fins medicinais. É considerada valiosa e tem propriedade antisséptica e adstringente. A mirra representa a pureza, a cura e a proteção espiritual. Os beduínos guardam como tesouro em pequenos baús. Eles dizem que 1 grama de mirra chega a valer mais do que 10 gramas de ouro.
Uma viagem que perdurará na minha memória.
Ilda Pinto Almeida


3) Boas Férias! De Aswan, Egipto (III)

Se já ia nervosa, pior fiquei. Se não tivesse o meu corpo tão rígido pelo medo, com os tendões mais tensos que cordas de viola, aposto que me debruçava e lhe dava uma de Tadinha naquela pele mais rija que casca de Carvalho. Ai dava, dava, só para se lembrar que eu ia em cima dela.
Foi então que comecei a gritar. Já não era possível continuar a suportar tanta desfaçatez de um animal regido por tal indiferença. Virei-me então para o rapaz: “Pára esta coisa! Eu quero descer! Este bicho é maluco e vai dar cabo de mim! Manda-o ajoelhar para eu descer.” Mas ele, nada! Era como se estivesse a escutar a música que mais lhe agradava.
Tal camelo, tal guia! Mas eu não parei de gritar! É que linda figura que eu fiz:
“-Não ouves? Quero descer! Este bicho vai atirar-me ao chão! Eu quero ir para o chão! Eu quero ir a pé!”
Talvez porque já não aguentava o meu disparate, o rapaz resolveu falar:
“Não medo, Madame! Não medo!”
“Tenho medo, sim! Abaixa o camelo! Se eu cair, a culpa é tua! Tenho medo, tenho! Deixa-me sair!”
“Não medo, Madame! Não medo!” - ia repetindo calmamente como se me cantasse uma doce canção de embalar. Eu é que não conseguia resignar-me.
No seu ritmo sempre certo, a viagem prosseguiu e eu só me imaginava toda em pedaços numa cama de hospital onde só se falava árabe. Só me imaginava toda partida numa terra estranha e tão distante do meu país para onde os meus companheiros regressariam deixando-me entregue a desconhecidos. O que iria ser de mim?
De repente, quando parecia ter acalmado um pouco, entra-se numa estreita descida ladeada por altos muros e umas tantas curvas pela frente. Não havia santo que conseguisse dar-me segurança interior e exterior em tal situação.
Já quase me sentia em agonia! O bicho aumentou mesmo a velocidade. Não conseguia segurar-me e só pensava: “é agora! Ai, meu Deus, que vai ser agora! O que vai ser de mim? É agora! É agora!"
E foi!
Naquele preciso momento, apareceu uma recta com menos declive. Foi no fim dessa recta que o rapaz deu ordem ao animal para ajoelhar, o que ele fez prontamente e com a mesma indiferença que sempre tinha manifestado. Dentro de mim, gritei aliviada: "estou salva! Estou salva! Salva é inteirinha!".
Finalmente tinha-se acabado o pesadelo.
Para tentar ser simpática com o rapaz, pedi-lhe para tirar uma fotografia com a suposta camela que se mantinha de joelhos, talvez arrependida pela pouca gentileza com que me tratou. E não é que a maluca continuou de cara virada para o lado?
Pobre animal! Onde estará escrito que tenham de passar a vida a carregar pessoas? Porque não lhes será concedida uma vida mais feliz?
Dessa viagem trouxe comigo uma pontinha da planta que agonizava junto ao museu das múmias. Não ficou múmia: ela reverdeceu e multiplicou-se em mimosas pequenas flores branquinhas que continuam a apresentar-se aos pares. Já lhes ouvi chamar "bem cansadinhos".
Ambas sobrevivemos. Mas, camelo, nunca mais!

 


Maria Lucília Teixeira Mendes

2) Boas Férias! De Aswan, Egipto (II)


Imperturbável, o meu querido transporte seguia como se nada se passasse. Cheguei a pensar que, em vez de um camelo, deveria ser uma camela vaidosa, porque se mandava toda em trejeitos que na minha terra se chamariam peneirentos. Virava a cabeça para um lado, virava-a para o outro, sem se fixar no caminho. Tenho a certeza que o conhecia de cor. Sempre de gargalo esticado, lá seguia vaidosa a pavonear-se como se fosse a maior das beldades.
A um certo ponto, gritei-lhe:
“- Olha para o caminho! Vê o que vais a fazer ou queres atirar-me de quinhentos metros de altura?”
Alheia aos meus gritos amedrontados, a paletta, assim lhe chamei muitas vezes, aproximou-se demasiado da margem e começou a pavonear-se ainda mais.
“-Sua burra! Gritei-lhe de novo- queres mandar-me para o rio?” - mas ela, nada. Havia um alto poste de madeira à esquerda, precisamente do lado do Nilo. Dentro de mim, pensei: "distraída como é, queira Deus não vá contra o poste. Se isso acontecer, é o meu fim". Pois a criatura até pareceu ter lido o meu pensamento. Sempre a olhar para todos os lados, menos para o estreito carreiro que se ia desenhando na areia já pisada pelos animais anteriores, não é que se aproximou o mais que pôde do maldito do poste que também achou que não devia desviar-se nem um centímetro que fosse? "Meu Deus! É agora!" - pensei. "Vou ficar para aqui toda partida e não há egípcio que consiga colar estes ossos todos aos bocadinhos".
Foi por um triz que tal não aconteceu. O bicharoco gigante a gozar comigo, passou tão tente ao poste que por pouco não lhe bati com o joelho.

 


 Maria Lucília Teixeira Mendes


1) Boas Férias! De Aswan, Egipto (I)


Era o dia 22/01/2020.
Diante de nós, podia-me ver uma certa quantidade de camelos, uns de pé, outros em posição de descanso com os seus humanos ao lado de cada um.
Percebi, então, que esses animais seriam o meio de transporte que nos levaria a uma pequena aldeia muito antiga e muito típica da região de Aswan.
Um grande camelo ajoelhou a meu lado, vestido de indiferença nos gestos e no olhar. Nem para mim olhou. Pelos vistos, eu era mais um ser de outra raça que ele teria de carregar, quer quisesse, quer não.
Subi, sim! E senti-me uma grande dama! Quase achei ser uma das raras mulheres Faraó, talvez a Hatshepsut ou outra das suas comadres...
Às ordens do guia, o animal levantou-se delicadamente, muito seguro e muito devagar. Percebi logo que um e outro se entendiam muito bem e que, assim sendo, eu nada teria a recear.
E lá estava eu sentada naquele altíssimo trono, direita e senhora de mim, mais que confiante, com uma perna para cada lado, o saco com alguns recuerdos bem apertado numa das mãos, não fosse ele cair. Com a outra levantado no ar, saudei quem já estava também assim elevado e despedi-me de quem aguardava a sua vez. Com os cabelos despenteados pelo vento e um rasgado sorriso, parecia a pessoa mais feliz do mundo! Aquilo é que haveria de ser uma viagem!... E foi!
O moço disse-me para me segurar numa pequena saliência que parecia de madeira e se encontrava diante de mim no dorso do camelo. Eu assim fiz. Logo o enorme bicho arrancou, começando a meter mudanças, uma atrás da outra.
À medida que a velocidade ia aumentando, eu sentia-me menos segura. Então, não confiando apenas na segurança da mão que se agarrava à frente e descobrindo que atrás de mim também havia algo a que pudesse agarrar-me, muito a medo e já toda a tremer, desloquei para lá a outra mão.
O sorriso dos meus lábios apagou-se e os cabelos espetaram-se ainda mais para o ar. Comecei a sentir-me tensa, cada vez mais tensa, como se me fosse transformando num bocado de aço. O bicharoco ia seguindo o seu caminho, nada preocupado com quem levava em cima. Levar sobre si esta rainha ou levar uma mosca, para ele parecia indiferente. A alta velocidade atingida é que tanto me apavorava, não deveria exceder em muito a de uma tartaruga.
Comecei a tremer, a tremer sem parar... cada vez tremia mais. Olhava para baixo e parecia-me estar numa varanda sem vedação num quadragésimo nono andar de um prédio qualquer em Nova Iorque.



Maria Lucília Teixeira Mendes

 

quarta-feira, 10 de julho de 2024

Novo livro de Joaquim Armindo em pré-lançamento: "a florzita amarela"

 




PROMOÇÃO PRÉ-LANÇAMENTO

Válida até às 23h59m do dia 21/07/2024

 

a florzita amarela  – Poesia e Textos -; Joaquim Armindo
PVP 16,00€; 294 páginas, capa mole; Tecto de Nuvens, 2024

Recolha de textos e de poesias dispersos, escritos ao longo de mais de 5 décadas; uns já publicados, outros inéditos. Um percurso biográfico, reflexivo e de reflexo da vida e da personalidade do autor.
“Por outro lado, estes textos que enchem este livro são também um sinal: a da necessidade de espalhar uma boa nova. (…)
O que são estes textos deste livro se não uma forma de fixar discursos, de falar para os outros?” (Do Prefácio)

 Desconto promocional sobre o PVP. (Não inclui portes). = 16€ 12,00€

 

 Packs promocionais:

Pode comprar 2 ou mais livros com desconto de 30% e ofertas de portes (para Portugal Continental) em compras superiores a 25€.

 

 Para encomendar e/ou pedir informações envie email para: loja@tecto-de-nuvens.pt

Novo livro em pré-lançamento: "Uma viagem de férias"

 



Uma viagem de férias – Colectânea de férias – Vários autores
96 páginas, capa mole; Tecto de Nuvens, 2024 (Julho), PVP 10,00€


Os nossos autores prepararam-nos um guia de viagens diversificado e para todos os orçamentos. Com eles viajamos ao passado tanto em caminhadas, como em meios de transporte míticos, sem esquecer os típicos acampamentos de férias. Vemos a praia, vemos a montanha, o mar, o rio…
E pronto, apresentados os nossos itinerários é caso para dizer: “Srs. Leitores, todos aos seu lugar, a nossa viagem de férias começa em três, dois, um…"
Boas férias e melhores leituras!


Packs promocionais válidos até 12 de Julho 2024:


Pack de 10 livros (40% de desconto) = 100€ - 60,00€
Pack de 5 livros (30% de desconto) = 50€ -35,00€
1 livro (25% de desconto) = 10€ - 7,50€



Aproveite ainda o desconto de 25% nas outras colectâneas dedicadas a viagens e a férias + oferta dos portes para Portugal Continental.




Para encomendar e/ou pedir informações envie email para: loja@tecto-de-nuvens.pt

domingo, 30 de junho de 2024

Desafios de autores para autores: Julho - Postal de Férias -

 Depois de nos termos divertido tanto o ano passado, reciclamos este Desafio, bem apropriado para as férias.


Em pleno Verão e no mês do nosso aniversário, nada mais simpático de enviarmos postais das nossas férias uns aos outros...
Podem usar uma foto de férias passadas, com uma breve legenda ou comentário; podem expressar um voto de férias; falar de umas férias de sonho (já realizadas ou em projecto - sim, mesmo que seja a Marte ou à Lua); contar um episódio de férias. Usem imagens, escrevam em prosa ou em verso, a nossa caixa de correio está à vossa disposição para enviarem os vossos postais.
Recebemos os postais desde já, a distribuição, que é como quem diz, a postagem, será feita no nosso aniversário, 13 de Julho (dia que vai ser de grande actividade no blogue, fica já o convite para estarem atentos). A leitura e votação dos postais vai ocorrer até ao final de Agosto.
Os nossos leitores serão os juízes e escolherão, a partir dos vossos postais, qual o destino de férias favorito.
E como é mês de aniversário, as mãos estão mais que largas com as prendas...
Por agora ficam as imagens, depois diremos como as vamos distribuir.


Livro: Uma manhã na praia


Almofada emoticon


Livro: Na areia de uma praia qualquer

sábado, 1 de junho de 2024

Infância - Desafio de Junho

 


Este era um Desafio para ser respondido em prosa, em verso, em foto, numa frase, como entendessem. Podia ser uma memória própria, uma ficção, podia ser sobre a vossa infância ou um trabalho dirigido às crianças de hoje, a única condição é que começasse por: "Ser criança é..."
Durante todo o mês de Junho ficarão abertas as votações para o melhor trabalho.
Como habitualmente, as votações serão feitas usando a caixa de comentários (já sabem que tem moderação pelo que os comentários/votos não ficam visíveis de imediato), não há limite para o número de vezes que podem votar ou em quem votar, apenas se espera algum bom senso (e apesar de aceitarmos que no blogue as votações ficam anónimas, só validaremos os votos após recebermos por email a identificação do votante e forma de contacto, assim que lhe atribuirmos um número).
O prémio para o texto mais votado e para o comentário/voto sorteado será um livro infantil escolhido a partir de uma lista disponibilizada por nós +  1 puzzle Dani e 1 voucher com desconto de 10% em qualquer dos livros da "Colecção Petizes Felizes!". 

E encerradas as votações a vencedora é autora do texto 10, Sofia d'Almeida Oliveira. Muitos parabéns! - Brevemente receberá o nosso catálogo infantil para fazer a escolha do prémio. -
Durante a semana sortearemos um comentário para ser premiado.
E com o Número da Sorte do Totoloto de 03/07/2024, que foi o número 1, levámos a sorteio os números 1 e 11. Saiu o 11. Os nossos parabéns ao votante!
Pedimos a ambos os premiados atenção aos seus emails pois vão receber o nosso catálogo infantil, de onde poderão escolher o seu prémio.

11) Ser criança é...


A criança é um botão
Donde brota a imaginação
Do faz de conta num delírio
De felicidade e magia

É mergulhar nas expectativas
E navegar no transbordar
De ilusões de um mundo
Disposto a sonhar

Sofia d’Almeida Oliveira


10) Ser criança é...


Ser criança é poder ser sem medo de perder.
É chorar, receber um abraço carinhoso e seguir caminho.
É receber amor incondicional.
É imaginar um mundo mágico e poder partilhá-lo sem medo do ridículo.
É abraçar o absurdo.
É poder ser tudo a qualquer momento.
É querer muito alguma coisa e a seguir mudar de ideias.
É poder dizer o que se pensa.
É saber que haverá sempre apoio no caminho.
É estar confiante de que se cair haverá ajuda para se levantar.
É ser-se curiosa e experimentar.
É ficar fascinada.
É poder gritar quando se fica frustrada.
É amar para a seguir odiar.
É odiar para a seguir amar.
Quantos de nós já fomos crianças?

Sofia d'Almeida Oliveira

9) Ser criança é...




Ser criança é andar no mundo da lua
Jogar à bola toda a noite na rua
Ver muitos desenhos animados
E ver os adultos a correr para todos os lados

Que saudades de ser criança
Ter sempre presente muita esperança
Em vez de ser um adulto cansado
Viver como se estivesse num triste fado

Ai ai,,,
Como é bom sonhar
Que seria criança outra vez
Desejar o sol alcançar
E ter o mar a meus pés

Aníbal Seraphim

8) Ser criança é...


"Ser criança é ter um lápis de grafite e acreditar que, se lhe pedirmos com muito jeitinho, ele poderá colorir os nossos desenhos!"

Ana Ferreira da Silva

7) Ser criança é não ter bombas


as bombas semeiam o medo. e a morte. ainda nestes dias ouvimos isso. crianças dilaceradas. mortas. a criança não tem defesa. mas é morta. tantas vezes sacrificada. e é assim. a criança não é morte. por isso não tem bombas. nem as conhece. sabe que elas matam. sentem no seu corpo. que é pequenino. tantas vezes pensam que é brincar. é que alguns dos que sabem dão armas de madeira. sei lá de plástico também. ensinam o que dizem ser a brincar. a lidar com armas. e a disparar para matar o outro. que nem sequer é o inimigo. mas talvez um amigo. ou amiga. quando ouvem as armas. a sério. sabem que é para matar. então fogem. não querem brincar assim. receiam os adultos que lhes enviam as bombas. ou lhes ensinam a disparar. com armas de madeira. ou plástico. sei lá. mas ser criança é estudar. aprender a cultivar a criação. brincar a sério. ao esconde-esconde. ao bate marra. a dançar também. pode ser a saltar a corda. ou com os carrinhos. ou as bonecas. com os meninos e as meninas. mas todos. a criança não distingue como nós as pessoas. como nós adultos. manhosos e sofisticados. as flores não têm bombas. só as conhecem quando as matam. é como as crianças. não as querem.
preferem outras coisas menos civilizadas. para nós menos civilizadas. preferem não ter bombas. nem espingardas. preferem ser como são. correr. saltar e lanchar. tão simples como isto. não querem ser bombas. nem tiros. ir para a escola. poder ter escola. poder rir. às vezes chorar porque se magoou. mas passa. os homens ou mulheres. poderosos e poderosas. não sabem isso. as crianças sim. sabem que melhor é não ter bombas. nem tiros. já. e agora.

joaquim armindo

6) Ser criança é criança ser

ser criança é ser. um ser de identidade ontológica. mais que um tempo de vida. é um ser continuo. e continuado. somos crianças sempre. quem não é como criança não pode ser homem. nem mulher. ou melhor. quem não sabe brincar como criança não compreende o amor no mundo. brincar como uma criança é muito sério. mas é necessário saber ser criança. e saber brincar como criança. porque é sério aqueles que se dizem adultos pensam que não a sério. ser criança é compreender o outro. que não é criança. por isso a criança não adjetiva nada. para ela ser criança é um estatuto de construção. por isso brincar é muito sério. o adulto que não é como criança não entende a construção. entende a destruição. mas a criança é construção. como disse. as crianças não enfrentam guerras. a não ser que o adulto lhe ensine a enfrentar as guerras. mas isso não é brincar. é um somatório de aprendizagens de quem não sabe ser criança. para o mundo ter beleza é necessário ser criança. isso não é imitar. é ser criança. o que custa. a criança é flor no regato. o adulto não respeita a flor. arranca-a para seu belo prazer. ou pensa ser belo. mas não é. por isso ensina a quem é como criança a necessidade de não existirem crianças. não considera o belo no seu lugar. por isso arranca a flor do riacho. e consigo leva a criança. que quer brincar. mas ele não deixa. exerce um poder colonial sobre a criança. quem encarna ser como criança não tem poder. assim caminha para um cosmos feliz. e todos podem ser crianças. e brincar como crianças. ser criança é criança ser.

joaquim armindo

5) Ser criança é...


Ser criança é ter uma namoradita
como eu tive, pequenita
a minha chamava-se Luar

Certa vez, levei-a a passear
e dei-lhe um perfume de jasmim
com um laço encantador
para se lembrar sempre de mim
e desse nosso amor

também, lhe escrevi um papelito
com uma frase bem pateta
ela riu-se de tanta ânimo
que me fez sentir o maior poeta

Ilda Pinto Almeida


4) Ser criança é...


Ser criança é
brincar na terra
remexer a lama
correr descalço
trepar como hera
baloiçar a cortina
dormir na cama
contrariar o percalço
de nossa disciplina

bulir a vida
saltar o tempo
sorrir amanhã
desfazer brida
possuir mundo
em advento
da alegria a campeã
nossa atenção de cada segundo

amar em frenesim
sem preconceito
um instante em desassossego
neste outro sim
já acolá
único é o jeito
feito aconchego
no colo que há

torna sem fim
corpo nu
amanhece cedo
é mesmo assim
parte de abalada
nosso olhar és tu
frenético quedo
boxer de nossa balada

partir a taça
virar a mesa
gargalhar companheiro
e o mais que faça
chega travão
de gente tesa
isto é guerreiro
a desfiar chavão

lágrima airosa
a peregrinar
ter confiança
nisto da rosa
feito é ardor
mãe, pai, andar
vês, sou criança
sou o teu amor

Ser criança é
crescer
apontar
construir
amanhecer
disrupção
sonhar
bulir
erupção

Manuel José


3) SER CRIANÇA

Ser criança é ser feliz, não ter barreiras, saltar, brincar, tropeçar, cair e levantar. Ser criança, é sorrir com alegria, é chorar, é saber olhar o sol, as estrelas e perguntar. Quem colocou tantas luzes no céu. Ser criança, é dar os primeiros passos, com cautela, e com um sorriso rasgado caminhar, muitas vezes com medo. Ser criança é não ver obstáculos à sua frente. Ser criança, é colher belos ramos de flores, no jardim, no campo, essas belas margaridas, amarelas, que fascinam o seu olhar. Ser criança, é a beleza, a força da natureza, que envolve todo o seu ser. Como é belo ser criança, ter os braços maternos, para dar o mimo, para dar um abraço, cheio de carinho. Ser criança, é ter um coração inocente, olhar transparente. Ser criança, é ser divino, puro, tão puro como o luar.

Adosinda Ferreira Dias

2) Ser criança é...

ser criança é ser feliz.
em fadas acreditar,
querem histórias contadas,
são o mais belo tesouro,
que Deus na terra plantou
como Jesus as abraçou
não podemos abandonar
são um coração de ouro.

Ser criança é ser flor,
quer aconchego e amor
fascinadas por histórias,
sempre pedem para contar
são as mais belas flores,
no jardim a desabrochar
são promessa são vitórias
são sonhos para abraçar.
Ser criança é ser traquina
nas palavras a dizer
e desde bem pequenina,
tantas vezes inspirada
correndo aqui além,
anda sempre descalçada
ser criança é o melhor
o melhor que o mundo tem

Adosinda Ferreira Dias

1) Ser criança é...




Ser criança é ter 8 anos, saber desenhar o sistema solar com os planetas todos, conhecer a história da Laika (desconhecendo-lhe o final), ter por heróis o Super Rato, o Yuri Gagarin e a Valentina Terechkova, inventar um gás de levitação à base de terra e plantas do pinhal (cujo recipiente, uma espécie de aquário, nos esquecemos de tapar...), e acreditar que “os homens da NASA” hão-de vir buscar-me para fazer de mim uma grande astronauta do Projecto Apolo.
Ser criança nunca deveria ser não ter espaço para sonhar.

Ana Ferreira da Silva

sábado, 25 de maio de 2024

Alexandra Carneiro, autora de "Melinda", em entrevista

 



Alexandra Carneiro é licenciada em Língua e Cultura Portuguesas e esteve ligada à docência durante vários anos. Foi uma das autoras cujo trabalho concorreu ao nosso Prémio de Conto Infanto/Juvenil, 2023, e teve direito à publicação do mesmo na colectânea "Contos Contados e Encantados...". Participou, igualmente, na nossa colectânea do Natal 2023 "Memórias de Natal" (com o conto "Encanto de Natal").
A autora é defensora da fantasia, dos caminhos da descoberta para a felicidade, do sonho ilimitado, bem sedeados na infância e nas boas recordações que guarda dela. Não é por acaso que a sua "Melinda" anseia, acima de tudo, voar, que será a representação mais eficaz da liberdade, da ausência de limites físicos e do perfeito misturar de fantasia e realidade.
Mas deixemos que seja esta talentosa escritora, de 42 anos, a falar da sua escrita, de voz própria e na primeira pessoa...

  Conte-nos como e porquê começou a escrever, por paixão ou por necessidade?

Comecei a escrever por necessidade. Nasci e cresci numa aldeia minhota. Vivia numa casa cheia de muitas conversas e de histórias cruzadas e amadurecidas entre gerações, com muitas gargalhadas, muita azáfama à boa maneira do Norte: numa dinâmica muito própria, de muita partilha, de muita interação com os vizinhos, uma vida muito vivida uns com os outros, sem monotonia ou falta de companhia e muito menos de conversas. No momento em que me caso, sigo outro caminho e vou viver para outra cidade, onde não conheço ninguém, sobram palavras, mas faltam pessoas. Percebo, assim, no meio deste silêncio e desta solidão que eu sou a minha melhor companhia. Embora não tenha com quem conversar, descubro muitas histórias dentro de mim a brotarem, a quererem ganhar vida. Estiveram lá desde sempre, desde a infância e eu só precisei deste encontro comigo e com este lugar despovoado das minhas pessoas para as ouvir. Por isso, a escrita começa com esta necessidade de encontrar uma companhia para mim e com a precisão de me ouvir e de me redescobrir, ao permitir ter acesso a este acervo interior e a esta viagem ao que sou e tenho. E a partir daí, inicio esse registo e começo a dar-lhes vida através das minhas palavras.

  Qual o papel que a escrita ocupa na sua vida?

A escrita tem sido uma forma tão profunda quanto honesta de estar comigo.  Escrevo aquilo que eu sou e que tenho dentro de mim. A palavra escrita é uma companheira, testemunha, confidente e terapia em vários momentos da minha vida, seja em celebrações, em fases menos bonitas ou até trágicas, mas que encontro no registo escrito esta cumplicidade e esta profundidade. É, da mesma forma, legado e eternidade, pois tenho na palavra escrita a mais bela herança que deixarei ao meu filho.

   Sempre sonhou publicar um livro? /Publicar um texto num livro?

Não. Sempre gostei muito de ler. A leitura foi a minha primeira paixão e uma companhia insubstituível em diversos momentos da minha vida. Nunca ambicionei escrever um livro, pois achava que esse dom estava destinado a seres superiores, entidades quase divinas; alguém que já tinha vivido muitas vidas e que, por isso, teria muito para contar, para dizer aos outros. Eu estaria noutra categoria: a dos leitores, aqueles que se deslumbravam, sonhavam e deleitavam com as palavras e histórias que tinham sido escritas, até ao dia em que escrevi também eu uma história e alguém a leu. Muitos leitores a ouviram e tantos outros sentiram exatamente o mesmo que eu tinha sentido em relação a outros autores, deixando-se levar e sonhar através das minhas palavras. Aí, sim, percebi que havia público para a minha história e que ela merecia um livro.

  Qual é a sensação que tem ao ver, agora, o livro nas mãos?

Ao ter um livro meu nas mãos, sinto que posso partilhar com os outros o melhor que tenho e sou, o que mais gosto de fazer, como se fosse um tributo à vida e a tudo o que tenho vivido, aprendido, sonhado e que passa a estar ao dispor de outras pessoas, através desse objeto tão vivo, belo, sério, requintado e eterno: um livro. Um livro será sempre a materialização de um sonho.

   Tem algum projecto a ser desenvolvido, actualmente? Pensa publicar mais algum livro? Continua a sentir vontade de escrever?

Continuo a sentir vontade e necessidade de escrever. Tenho muitas palavras guardadas no coração, no computador e em cadernos avulsos de muitas páginas manuscritas. Gostaria, naturalmente, que essas palavras dessem origem a histórias que chegassem ao coração de muitas pessoas, embora não tenha, por agora nenhum projeto definido.

  Fale-nos um pouco sobre o(s) seu(s) texto(s)

ü  «Melinda»: Trata-se de um conto infantojuvenil que aborda a persistência, o sonho e a imaginação como as grandes alavancas da infância. Nele ecoa aquele querer desmedido, sem limites nem fronteiras e a luta e perseverança para a sua concretização. «Melinda» é uma voz infantil que nos fala ao coração e que nos vem confirmar o que dizia Walt Disney: «se é possível sonhar, é possível realizar». Melinda, a personagem que dá nome ao livro, é essa voz firme. Esta personagem é também o símbolo da infância no seu estado mais puro e primitivo, no contacto próximo e genuíno com a natureza e com a sua aldeia, a comunidade envolvente que participa e enriquece esta história vivamente.

ü   «Encanto de Natal»: Este conto de Natal é um texto profundamente marcante e comovente para mim. Escrevê-lo significou regressar à escrita e ao conforto de um tempo muito feliz, inocente e pueril (o passado), durante um período de dor implacável causada pela perda da minha mãe e pela vivência desse luto (presente). Mais uma vez aqui, a escrita a firmar-se como um momento terapêutico, catártico e um pretexto precioso e necessário para fazer essa viagem de regresso à felicidade e à magia da infância e do Natal em todo o seu esplendor. Esta narrativa nasce de um lugar de conforto pela presença doce e sublime da minha mãe durante todo este processo criativo. Além disso, é uma história que nos transporta para a década de oitenta, em que o mundo era um lugar bem diferente do de hoje: a felicidade nascia de tanta espontaneidade e simplicidade, que quando aparecia sob a forma de uma construção era o resultado de muito esforço, trabalho e abnegação. O pouco transformava-se em muito; em tudo, até. A valorização desse esforço, o espírito de união, de conquista, o encantamento que se aconchega num lar em época natalícia são valores que iluminam este texto. É pelos olhos graciosos (e também algo cobiçosos!) de uma criança que somos convidados a eternizar estas memórias simples de um Natal verdadeiramente feliz.

 

  Existe alguma parte do texto, em particular, que goste mais. Porquê?

Gosto muito de cada história minha como um todo. Olho para elas com uma visão integrada e integradora daquilo em que eu acredito, até porque reconheço esta coesão e coerência entre os vários momentos que as constituem e que se alinham com a forma como eu olho para a vida, penso e escrevo as histórias.  Esta harmonia baseia-se, sobretudo, na verdade que existe entre Melinda e aquilo que eu sou: a menina que continua a tentar, a tentar, a lutar; a menina que sonha e parte em busca de alcançar o seu objetivo, de dar verdade ao seu sonho, fruto da determinação, otimismo e persistência. Posso, ainda, destacar a referência/ a analogia que encontramos com a mitologia grega e com a lenda de Ícaro. Finalmente, este texto tem a capacidade de realçar este desejo antigo de o ser humano almejar a proeza de voar, de se elevar nos céus. Melinda é a metáfora da força empreendedora que quero continuar a ter para elevar os meus sonhos ao digníssimo estatuto de realidade. No caso do texto «Encanto de Natal», aprecio a envolvência tão doce e tão pura que atravessa esta narrativa. Não posso deixar escapar, porém, um conjunto de tradições natalícias que aqui são recuperadas e, portanto, revividas através de um retrato fiel do Natal da minha infância. E havia Natal mais bonito…? Seguramente que não.

 

  Indique as razões pelas quais aconselharia as pessoas a ler o seu texto? O que acha mais apelativo no seu texto?

Esta é uma resposta muito difícil e de grande responsabilidade…  

Aconselharia as pessoas a lerem os meus textos porque apelam sempre à descoberta de um caminho feliz, tendo como fonte de inspiração a minha infância, as minhas emoções, o meu olhar sobre o mundo, sobretudo, o mundo interior. Ler os meus textos é simplesmente fazerem este caminho comigo, ouvirem a minha voz, mesmo que não me conheçam. É relembrarem o poder do sonho, abrindo o seu coração e deixando-se abraçar por este encantamento que vive em nós e que tantas vezes é esquecido porque somos um lugar de histórias bonitas e os meus textos levam-nos até lá.

   Qual é o seu estilo de escrita ou que tipo de mensagem gosta de passar no que escreve?

Gosto de escrever para a infância e quero acreditar que o faço, independentemente da idade de quem lê os meus textos. Gosto de convocar os meus leitores para a sua infância. Por isso, o meu objetivo será sempre despertar nos corações que me leem ou que me ouvem essa vontade consciente ou inconsciente de regressarem a um lugar que os provoca, que os incita, interpelá-los a algo, seja através do resgate de memórias, de um sorriso no rosto, da reprodução de um momento... Não tenho a pretensão de passar uma mensagem, mas antes apelar à reflexão, à evasão e talvez (se possível) à alienação dos problemas perturbadores do momento presente. Gosto de escrever histórias felizes, bem-humoradas, por vezes, descabidas e inesperadas, de ser autora de mundos possíveis, de experiências de contentamento, de dar passos silenciosos com as palavras, mas que ecoem de forma profunda no ser humano, seja criança ou adulto. E penso tê-lo conseguido nos livros e textos da minha autoria já publicados «Lucas no mundo da lua» (2020); «Amor a meias» (2023); «Melinda» (2023) e «Encanto de Natal» (2023).

   Qual o papel das redes sociais na vida e na divulgação da obra de um autor? E na sua?

Considero inegável o papel das redes sociais na divulgação e promoção da obra de um autor. Além disso, as redes sociais proporcionam o contacto e uma conexão muito positiva entre interesses comuns, seja autores e leitores, seja entre autores, apenas, ou editoras e autores, por exemplo. É um mundo de informação e partilha que está à nossa disposição e do qual poderemos tirar proveito.

Alguns leitores contactam-me através das redes sociais, dando-me conta de que exploraram uma obra minha em determinado contexto, o que me deixa muito muito feliz e prestigia o meu trabalho, sem dúvida. Também enquanto leitora, gosto de o fazer e, por diversas vezes, já usei as redes sociais para parabenizar um autor pela sua obra. A última vez que estabeleci contacto foi com a autora da obra «Gustavo e a oficina mágica», de Marta Coruche, um conto infantil da Editora Tecto de Nuvens que muito apreciei. Esta interação e aproximação entre autor e leitores e vice-versa é evidentemente muito positiva e enriquecedora. Também aproveito as redes sociais para publicar e divulgar atividades que eu vou dinamizando à volta dos livros (literalmente). Sendo assim, é na conta de instagram m.alexandracarneiro que me poderão encontrar.

   Gosta de ler? Que tipo de leitor é que é?

Sim, gosto muito de ler e privilégio literatura infantil ou os autores clássicos. Não leio tanto como gostaria nem com uma continuidade regular, até porque não olho para a leitura como uma obrigação ou como uma lista que tenha de seguir para cumprir metas ou objetivos. Nada disso, para mim ler é entregar-me a outras vidas, a outros enredos. Gosto de terminar um livro e ficar a morar na história, a desfrutar do deleite que aquela experiência provocou em mim. 



 

Contos Contados e Encantados – Contos Infantis -Vários autores

PVP: 12,00€
178 páginas, capa mole; Tecto de Nuvens, 2023

Jovem leitor, esta prenda é para ti, 6 bonitas histórias para leres e releres ao longo da tua vida.(…) E que sonhes, sempre! Sonha um mundo bom, com gente que se ama, se respeita e se ajuda e estarás mais perto de o tornar realidade.
E que estes Contos sejam muitas vezes Contados e sejam sempre Encantados.


Livro disponível nas principais plataformas nacionais e internacionais e na nossa loja online.

Pode encomendar enviando email para loja@tecto-de-nuvens.pt