segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Carlos Varela em entrevista



No passado dia 13 de Julho a Tecto de Nuvens celebrou mais um aniversário, o nosso 13-º, não que precisássemos de pretextos para convidar os autores a escrever, mas ainda assim não perdemos a oportunidade de lançar um desafio vagamente inspirado no nosso nome. Os autores puderam dissertar, livremente, sobre “tecto”, “céu”, “limites”, “infinito” e tudo o mais o que o nome lhes inspirasse.
Após uma renhida votação o poema “A noite dos sentidos”, de Carlos Varela ganhou o prémio de texto favorito dos leitores. O poema, que pertence ao livro “Puro Amor” que a Tecto de Nuvens publicou em 2009 é um excelente pretexto para revisitamos o livro e o seu autor, Carlos Varela,49 anos.
Aqui ficam as suas palavras...

 

        Conte-nos como e porquê começou a escrever, por paixão ou por necessidade?

Antes da Escrita, veio uma necessidade, um impulso inquieto, uma curiosidade insaciável: A leitura! A minha Madrinha Fernanda Morais, dava explicações a crianças e eu infiltrei-me no grupo. Com 5 anos queria saber decifrar aquele código estranho nas páginas dos livros, que os adultos transformavam em histórias, cheias de fantasia. Aprendi a ler e ninguém me parava. A minha mãe ficou tão preocupada, que me tirava das mãos tudo o que tinha letras: revistas, crónicas, jornais, livros… Mas o meu impulso leitor, contornou essa vã tentativa da minha mãe, levando-me a ler debaixo da mesa. Só com 6/7 anos comecei a sentir o verdadeiro prazer da escrita, através das redacções na escola, dos pequenos poemas… Com 12/13 anos com mais uns livros que devorei com fascínio, comecei a refinar a escrita.

        Qual o papel que a escrita ocupa na sua vida?

A escrita é uma forma de me expressar que me dá simultaneamente prazer e é um exorcismo das minhas inquietações e ansiedades.  Através das mais variadas formas, consigo expressar sentimentos, emoções, que oralmente não consigo.

 

        Sempre sonhou publicar um livro?

Não, sempre escrevi por prazer e para expressar sentimentos, mas a dada altura, amigos insistiram comigo e levaram-me a ganhar coragem para dominar o fantasma que era expor-me perante o mundo.

        Qual é a sensação que teve ao ver o seu livro nas mãos?/O que significa para si ter o texto favorito dos leitores?

Foi a materialização de um sonho, foi uma sensação de vitória que me levou a pensar que com persistência e fé e muito trabalho, conseguimos aquilo a que nos propomos.

 

        Tem algum projecto a ser desenvolvido, actualmente? Pensa publicar mais algum livro? Continua a sentir vontade de escrever?

Tenho alguns projectos, mas ainda não defini tempos. A vida tem sido demasiado preenchida com trabalho que me subtrai imensa energia. Acabo por dedicar o restante( pouco)  tempo à família.

 

        Fale-nos um pouco sobre o seu livro.

O meu livro é um resumo de alguns estados de alma, os quais senti necessidade de exprimir sob a forma de poemas ou cartas de amor. Por isso decidi chamar-lhe Puro Amor, por ter trazido ao mundo, sob a forma escrita, um misto de emoções que vivenciei ao longo de alguns anos de forma genuína e sentida.

 

            O que inspirou o seu texto?

     O poema que apresentei neste concurso foi inspirado pelo amor. Por aquele amor não  correspondido que nos leva a ficar na companhia da natureza. Olhei para o Céu num dia em que as estrelas pareciam olhar-me e confortar-me na dor que sentia. E pude sentir então que não estava sozinho. Deus acariciava-me a Alma, as estrelas olhavam para mim e por mim e a imensidão do céu dizia-me que haveria um outro amanhã.

         Existe alguma parte do livro, em particular, que goste mais. Porquê?

Há tantas… Mas o texto escolhido para o concurso poderia ser um deles, por ser enigmático e profundo. Mas em cada poema e recado açucarado existem enigmas para revelar, histórias para encarnar e emoções para sentir. Não é possível ler o mesmo texto duas vezes sem sentir algo diferente de cada vez. A Descoberta será diferente para cada leitor…

 

        Indique as razões pelas quais aconselharia as pessoas a ler o seu livro? O que acha mais apelativo no seu livro?

Quem estiver predisposto a viajar pelo mundo dos sentidos e sentir-se arrebatado por emoções fortes e profundas, deve embarcar nesta leitura. O mais apelativo no Puro Amor é a ingenuidade e pureza com que os sentimentos brotam, a efervescência interior que rapidamente cresce, alcançando o Universo, lembrando o que dizia Fernando Pessoa: “ Eu sou do tamanho do que vejo, não sou do tamanho da minha altura…”

 

        Qual é o seu estilo de escrita ou que tipo de mensagem gosta de passar no que escreve?

O estilo da minha escrita? É uma pergunta interessante. Nunca pensei na escrita como um estilo, sempre escrevi ao correr da pena, por isso, pensando dessa forma, acredito que é um estilo livre, emotivo e apaixonado…

         Qual o papel das redes sociais na vida e na divulgação da obra de um autor? E na sua?

As redes sociais são importantes na divulgação de uma obra e com os devidos filtros, poderão ter um impacto positivo, chegando aos potenciais leitores. Se estivermos empenhados na venda do livro, a nossa vida, a nossa filosofia estarão interligadas com o sucesso ou insucesso da obra. 

        Gosta de ler? Que tipo de leitor é que é?

Adoro ler! Sou um leitor que quando pode e se a obra me cativar,  devora um livro num ápice.


Puro Amor, Carlos Varela

68 páginas, capa mole, Tecto de Nuvens, 2009

PVP: 8,07€






Livro disponível na nossa loja online ou pelo email: loja@tecto-de-nuvens.pt