domingo, 14 de fevereiro de 2021

AMOR - Desafios de autores para autores

 


Terminadas as votações, o texto mais votado foi "Maravilhoso!" de Dulce Sousa. À autora os nossos parabéns, receberá brevemente o exemplar de capa dura do livro "Olhar de Amor".

Como os comentários/votos foram uma ínfimazinha parte das muitas leituras, decidimos simplesmente colocar todos os números dos votos validados num saco, agitar bem e tirar um papelinho à sorte. O feliz contemplado foi o número 5, de Manuel José. Também a este votante será enviado o prémio (uma caneca "Be My Valentine") muito brevemente.

A todos os que participaram, votaram, leram, reencaminharam ficam tanto os nossos parabéns, como os nossos agradecimentos.

Fica já, para todos, o convite para o Desafio do mês de Março, dedicado ao Dia Mundial da Poesia, cujos pormenores serão fornecidos ainda esta semana.


Para abrir mais um ano de desafios, resolvemos começar da melhor forma: com AMOR (todo e qualquer amor, incluindo, naturalmente, o amor pela vida). 
Aceitámos pequenos contos e poesia.

Publicamos os trabalho hoje, 14 de Fevereiro, Dia Mundial do Amor, do Casamento e dos Namorados (S. Valentim). 
Até ao dia 28, teremos uma votação a decorrer para encontrar o texto favorito dos leitores.
Como habitualmente, as votações serão feitas usando a caixa de comentários (já sabem que tem moderação pelo que os comentários/votos não ficam visíveis de imediato), não há limite para o número de vezes que podem votar ou em quem votar, apenas se espera algum bom-senso.
O texto mais votado receberá um exemplar de capa dura do livro "Olhar de Amor" e sortearemos um dos comentários/votos para receber uma caneca "Be My Valentine" (só serão elegíveis para este sorteio os comentários/votos que nos forneçam uma forma de contacto - podem permanecer anónimos no voto, se nos solicitarem isso, apagaremos do comentário o contacto antes de o publicarmos).
Podem ver uma imagem dos prémios em: 


nas minhas mãos, as tuas mãos


e quando vires nevar, os ventos em fortes redemoinhos,
as nossas mãos entrelaçam-se,
não do frio, nem do calor,
mas da brutalidade de seres uma violeta,
sabias,
as fortes mãos são de azevinho,
da fraternidade vivida,
do suor dos rostos, que nos hospitais,
mas também nos lixeiros,
(sim, daqueles que recolhem o lixo que fazemos),
está o amor, do entrelaçar as mãos,
se algum dia vires escurecer a vida,
lembra as mãos das lágrimas choradas,
por um amor, que não é teu,
mas nosso,
nas mãos do caminheiro, nos olhos
vidrados, de quem faz vida com as nossas mãos,
de quem vive amor, nas nossas mãos,
mãos dadas, braços cruzados,
e pandeiretas pelo caminho,
adivinhando, sabes lá,
a festa da alegria, das tuas mãos,
nas minhas.

Joaquim Armindo


VIAJAR  CONTIGO

 
Apenas queria  sonhar
e voar nas asas do vento
e amar
amar até à exaustão
nessa viagem 
onde é permitido sonhar
e ao despertar
não fosses apenas paixão
nem  tão pouco ficção
porque essa desaparece num radar
de pouca dimensão
 
Viajarei  contigo...

Ilda Pinto Almeida


Maravilhoso!


Abrir o coração
Resgatar o temor
Dar voz à emoção
Bordar o amor!...
Sentir o êxtase
E nele irmanado
Tocar o divino
Sabor elevado!
Festim constante
Que dilui o “Ser”
Dá mote ao viver!
Enleia, estonteia,
Os enamorados!
Na força do amor
Esse turbilhão,
É fogo! É paixão!
Exulta a beleza
De toda a criação!
Com a alma gémea
Delícias sem fim!...
É o paraíso!
O amor é assim!

Dulce Sousa

Amor! (I)


Amor é nobre mistério
Como o compreender?
É enigma denso, etéreo
Difícil de descrever!

Poderoso sentimento oculto
Possui mais que uma dimensão!
Se correspondido o amor é culto
Se o não for…pura apoquentação!

Amor… perfume que inebria
Flor que alegra o nosso olhar
Mel que adoça e que sacia
Torrente… num eterno avassalar!

Fonte que refresca e sedenta
Luz que aquece e ilumina
Rio que transborda e adentra
Sol que acaricia e fascina!

Se é pleno em harmonia
Tudo é vida, poesia, cor
É a expressão da alegria
Belo e doce é o Amor!

Dulce Sousa


Amor (II)


O Amor é poesia
Música que faz vibrar
Força, poder, magia
Caudal a avassalar!

É fino como pozinho
Que se infiltra num Ser!
Tem um sabor a divino
É a razão p’ra viver!

O amor é o perfume
O retoque essencial
Aquece! Pode ser lume!
Ser brisa ou vendaval!

Só ele tem o poder
De dar vida, acalentar!
Quem tem amor pode ter
Muitos sonhos p’ra sonhar!

Dulce Sousa

Amor (III)


Terno, doce sentimento
Como a mais bela flor!
É carinho, é alento
É lenitivo na dor!

Ele é força potente
Capaz de tudo curar
Frágil, mas resistente!
Tanto pode suportar!

Carece de mui atenção
Para não adoecer!
Cuida a alma e o coração
Dá sentido ao viver!

Tudo crê. Tudo suporta!
Alimenta com ardor!
A razão? Não importa!
Assim é o Amor!

Dulce Sousa

É Amor.


É Amor que me corre nas veias. É Amor que por dentro me incendeia. É Amor que o meu corpo alimenta. É Amor que a minha alma ostenta.
Quando Ele me toma, eu tomo de força. Ameno as tempestades, calo vulcões e rasgo os ventos. Sou leoa a mostrar a minha raça, e calo a desgraça. Subo e desço a montanha, quantas vezes forem precisas.
Quero arrancar-lhe um sorriso. Encho-me de dopamina, e ganho asas para voar sobre as barreiras. O Amor não tem fronteiras. Sou toda poderosa. Sou toda generosa. Porque o Amor é assim.

Maria José Moura de Castro

A Banca do Amor


A vida juntou os nossos corações,
E eu ganhei o Euromilhões.
Investi-o no Amor,
E recebi-o em juros
Arrebatadores:
Tesouros de alegria
Certificados de magia,
Depósitos a curto e longo prazo
Ações para a eternidade
Certificados de cumplicidade,
Fundos de investimento
No mais belo relacionamento.
Agora o Amor bate mais forte.
Não há bancarrota possível,
A banca do Amor é invencível.

Maria José Moura de Castro



D. Carlos e Dona Amélia

Reina na escola da aldeia movimento e alegria!
O recreio é animado e cheio de gritaria!
Há rapazes e meninas sempre em grande confusão;
Quem não está com o líder, espere um empurrão...

- Quem quer brincar aos reis e às rainhas?
Pergunta agora a Licínia sacudindo as trancinhas.
- Eu! Eu! - Respondem muitos em coro, braços erguidos no ar.
Salta o Zé e rodopia: quer ser sempre a mandar.

Acalma-se o vozear e distribuem-se os papéis:
Elas serão as rainhas e os rapazes serão reis.
Cada qual tem o seu nome: João, Sancho, Manuel…
Leonor, Mafalda, Teresa, ou rainha Isabel…

Mas há dois que não escolhem, por terem nomes reais:
É o Carlos e a Amélia que superam os demais.
E lá vai dizendo o líder sempre que o jogo inicia:
Vai casar o Rei D. Carlos com… a rainha Sofia!

- Não! Não! Isso não! - Reclamam todos à uma:
Ou casa com dona Amélia, ou não casa com nenhuma.
E lá vão de braço dado, como em marcha nupcial,
A Amélia coradinha com seu Carlinhos leal.

… …

Trouxe o tempo outros jogos: aqueles do coração…
E vemos entrar na Igreja a Amélia e o Carlão!
Tantas e tantas vezes, em brincadeira casaram,
Que à força de brincar, ambos se enamoraram.

Um e outro, que beleza! Que belos noivos vistosos!
Uniram as suas vidas com laços maravilhosos.
Nasceu mais uma família das cepas que os geraram;
Formaram um novo ninho e a terra mãe não deixaram.

A bela Amélia e o Carlos, que bela conjugação!
Servem-se do mesmo copo e comem do mesmo pão.
Logo brotaram os frutos, sendo uma só alma os dois:
Nasceu primeiro o Pedrito e outros vieram depois.

Maria Lucília Teixeira Mendes

 

AMOR É SOLIDÃO


Esse teu jeito de ser assim, com disparos de língua e um sonho curto. Essa paz que enjeitou a tranquilidade traz consigo a vontade de uma lágrima que se derrama com alegria. Que dizer quando te vejo segura na insegurança que te ofereço. Que afirmar quando te apanho atrapalhada na canseira de agradar. E esse teu silêncio matinal rotina feita às avessas de quem aceita um dia de cada vez. Sabes o significado e o sabor da palavra e o quanto te custa pronunciá-la. Dás sentido ao que ouves e conheces o lugar do desconforto. Preferes ficar, permanecer na esperança que a espera desaconselha. Agarras e libertas com força a ânsia do amanhã. Depois, a caminhar o caminho desfaz-se para se refazer logo a seguir.
Recriar o contrafeito é o defeito de quem ama. Teimosa insistes apesar da ingratidão.
Teu pequeno gesto é esse que me remete para o universo. Queres desconhecer a minha fraqueza, recebes o desencontro do desamparo. Sem demora, com a certeza de quem cuida, chegas a tempo do abraço. És o sol que jamais encontra ocaso.
Rejeitas folhear a vida. A tua cara por vezes fica triste e, apesar da interrogação, a garganta cala a resposta num olhar carregado de sonhos. Até parece que me estou a contradizer.
Sonhos curtos e sonhos que vão para além do horizonte. Levas contigo esses pedaços que caminham sobre as agitadas águas do mar. Que andam por longe, por muito longe, por infinitos de eternos feitos e que te trazem essa busca por quem está cá, bem perto, muito perto de ti. Teu olhar nunca sobra, é arrebol permanente, é princípio que se iniciou por aí, sem começo. E ficas bela a contemplar o teu porquê. Há sempre um novo para além do último. Cansaço é palavra proibida.
Há muito o sabes e reservas para ti, num íntimo de solidão, o segredo desta vida. Fica-me a interrogação. Talvez gostasses que fosse diferente, que eu levasse a vida a sério. Impossível.
Talvez por isso a tua ternura, em meiguice tornada, transporte uma tristeza tão profunda pronta a descarregar e o desabafo, inimigo inteiro, é o teu amigo daquele instante. Fica sem doer a dor que doí.
O trabalho caminha ao lado, sempre. Vives o dia na noite do teu querer. Noite clara de luar. Vagos sons imperfeitos traduzidos na oferta de quem aparece e te diz: ainda bem, ainda bem que um dia por aqui passei e tu aqui estavas. Tu recolhes o recado no encanto dos olhos que contemplas.
E o futuro aqui tão perto. Basta a tranquilidade de quem espera sem esperança. Regaço único, colo amigo que te leva. Nunca o futuro bate à porta. Entra com mansidão turbulenta e aproveita para aparecer. Tu estás preparada nessa quietude irrequieta que o devir constrói.
Há de ser o que será porque já assim o é. A porta abre-se, é ele, vamos recebê-lo. E nós vamos. E tu vais. E tu és. E tu perguntas: porque levaste tanto tempo a chegar?

Manuel José Martins

INFIEL


É duro, muito rude o que tenho para te dizer. Despedi-me de ti com a sinceridade que me foi possível. Abri-te as portas do meu coração e impedi-te de entrares. Vou repetir por escrito o que te disse quando falamos. É uma mistura perversa de sentimentos o que sinto.
Sem dor nem piedade quero mostrar-te o rosto do meu descontrole. Tenho de o mostrar-te porque sinto que jamais esquecerei o peso do meu pesar. Sinto a traição da memória e a amizade da lembrança. Sinto que o teu olhar é e será a única fonte capaz de alimentar a minha alegria.
A vida é uma escolha. Escolhi. É impossível regredir, espero que seja possível regressar.
Talvez, quem sabe um dia, além. Enquanto dura a espera quero longe de mim o teu desgosto, a tua tristeza. Vou magoar-te, eu sei que sim. Vou magoar-te a ti, magoar o amor que tens por mim, magoar o amor que tenho por ti, magoar o nosso amor, magoar o amor com que os outros nos vêm, magoar-me a mim próprio. É-me impossível resistir. Podem-me chamar depravado, libertino, Dom Juan, o que entenderem. Sou-o e por isso afasto-me de ti para que tu, liberta e livre, sigas o teu caminho.
Escolhi e a minha escolha abre-se à infidelidade. Talvez me perdoasses. Sei que lutarias até o conseguires e sei que o teu interior é a tal ponto bonito que os teus braços estariam abertos para me receber. Mas também sei que avançaria na devassidão e que a minha infâmia é torpe. Sem te idealizar como um poço de virtudes ou de elevar a tua decência, confesso que não aguento olhar para ti e sentir a dor que em ti provoquei. Não me sinto merecedor do teu ânimo. Quantas vezes tu me levarias a prometer o nunca mais e outras tantas vezes eu sei que faltaria à minha promessa.
Sinto a dureza deste golpe. A sua urgência evita dor. Amo-te e amar-te-ei mas, é mais forte que eu, não consigo obedecer ao amor nem apagar-me. Sou infiel! Não me reproves nem me leves em teu coração. Segue a tua vida. Eu vou para longe. A opção está feita e a minha vida profissional apresenta segurança. Sei que não te esquecerei e a ti nada te peço ou melhor, deixo-te esta única, uma única súplica: quando por ventura nos cruzarmos, na eventualidade de isso acontecer, seja em que circunstância for, no pior ou no melhor da ocasião, sem nunca me procurares, não desvies os teus olhos dos meus, permite que o meu o teu olhar encontre e, espero que te seja possível, releva. É esse teu olhar carregado de
pena que levo comigo e a meiguice que a profundidade dos teus olhos me transmite é balsamo para o meu andar. Jamais esquecerei a áurea do teu rosto e, quando o meu olhar se cruzar com o teu, minha alegria ganha alento e dá significado à tristeza.
Despeço-me com a saudade do beijo que guardo para ti. É teu e só teu esse afago. Talvez, um dia, quem sabe, o tempo seja nosso e a lágrima lave o que agora perco.

Manuel José Martins


"Dizer-te assim"

Dizer-te assim: gosto de ti             com companheiros e amigos
Abraçar esse teu brincar                foste tu que o descobriste
A felicidade está aqui                    a sorrir por entre perigos


Minha alma andava sozinha           Agora que aqui estás
no firmamento insegura                e o vento é nosso amigo
tu vieste devagarinho                   vou mandar recado ao tempo
procurar-me neste aventura          pra ficar a sós contigo

Tuas mãos são desafio                  O desconhecido ronda
Tua paz é alegria                          anda longe e anda perto
Olho o teu rosto e fico                  É o futuro a acontecer
em ondas de maresia                   tua presença em aberto

Conhecer-te é esse íman              Amante, amigo eterno
porta aberta num instante            teu marido e companheiro
Esta vontade de entrar                 Nasce o dia, vem a noite
e de ser o teu amante                  és claridade em luzeiro

Fragância do meu querer              Rainha de bem ordenar
Um deleite de esbelteza                quero abraçar teu regaço
Embelezas a cidade                      A minha alma clama alto
com toda a tua nobreza                Ocupa tu meu espaço

Atenta sempre comigo                  E tu calma amadureces
embelezas o meu voar                  és a ternura a acolher
Meus olhos buscam abrigo            Vens, com cânticos apareces
encontram-no no teu estar            Minha prenda oh amanhecer

Tuas palavras suavizam                E o dia clareia a noite
minha fúria, minha paixão            com os beijos do nosso amor
Teus gestos vêm procurar             Em ti encontra o alento
o repouso em meu coração           que torna rotina em ardor

Somos o pecado a queimar           Mas a luz mora no além
ignomínia sem perdão                  e a claridade é cega
Vida intensa, voz profunda           Tua lágrima vertida
tapete de incompreensão             nossa mãe nossa refrega

Regamos a vida é mesmo assim
sem querer saber daquele depois
que a muitos preocupa
e renova todos os sois

                                                  Dia seguinte é termo-nos
                                                  Mãos dadas olhares vários
                                                  Reencontro de momentos
                                                  nesta sina de lendários

Manuel José Martins



Olhar íntimo de Amor    (01) 

Linguagem intuitiva, sem balbucio
Em olhos que se cruzam sem falar;
Nem palavra, nem gesto, nem desafio,
Feriu o coração só por aquele olhar…

Quando, assim, no silêncio do meu ser,
Aquele olhar, eu comunico em vibração
Fico a olhar a tensa espera do acontecer,
Entro na nuvem, com o olhar do coração…  
 
Afinal, foi profundo, único e ansioso sim
Anuir feliz ao sorriso singelo a vibrar
As pupilas, desfiam aroma de alecrim
E triunfa, por fim, o olhar íntimo de amar.

22-01-2021
Florentino Mendes Pereira


Olhar compassivo de amor (02)

 
Doente acamado, algum tempo já
Tanta vez ao dia, o fito com amor;
No olhar vejo que retorno não há
Fico de olhar preso, a fitá-lo na dor…
 
Talvez esse tom compassivo de dor,
Ao deixá-lo a sós, após servi-lo a olhar
E, de longe, de novo, fito-o com amor,
Para sentir, se meu olhar, o pode aliviar.    
 
Até parece que velou a luz do olhar
E escondeu a leitura do seu amor
Se atinassem, quem gostaria de amar,
Topariam a opulência afável da sua dor…
 
 
22-01-2021
Florentino Mendes Pereira
 
 

Olhar de amor gratuito (03)


Oh se lembro bem aquela menina
De 6 anos apenas, oriunda do Alentejo;
Olhar de amor da enfermagem atraía
Ela, por sua vez, longe do amor e cortejo…

Daquele Serviço Médico era o enlevo:
Ria e corria sem espreitar tanto amor;
Indiferente ao olhar gratuito e meigo
De quem a via já e sempre, ao sol-pôr…

Sobrevivia, a cada crise, sob olhar clínico
Transfusão frequente era tudo normal…
Plena de simpatia voltava ao princípio
Gratuidade de amor e olvido do seu mal…

Saiu para a família a celebrar a Páscoa
Dia e meio, apenas, perdeu o nosso olhar…
Só que do pessoal clínico ficou a mágoa
Abalou… a brindar o dom gratuito de amar…

23-01-2021
Florentino Mendes Pereira


Cola de Maresia

N`areia da praia uma marca tem.

Tem um vazio de pedra.
Na rebentação o vazio
Preenche-se de espuma da onda.

N`areia do deserto
Um lugar mais tem.
Tem uma pedra nova.

Pedra dura,
Triste pedra,
Solitária no seu querer,
Perdida dentro de si.
Brilha na noite,
Banhada de lua,
Solta do calor do dia,
Que a aqueceu.
Superfície lisa,
Renovada no vento cortante,
Fria no seu âmago,
Dupla em si.

O mar vem e vai
Procurar a pedra.
Sobe n`areia,
Até ao cordão dunar.
Regressa sozinho,
Verde-esmeralda,
Na lágrima de calipso.

Seca a pedra
Até partir,
Se não regada,
Como a Rosa do Deserto.

Quando quebrar…
Junta-lhe os cacos em concha,
Coloca-os à beira-mar.

O Amor tem
Cola de Maresia!

Bastos Vianna

domingo, 7 de fevereiro de 2021

Vencedor de entre os votantes do texto favorito do livro "Um cheirinho a Natal"

Já foi feito o sorteio do Totoloto de 6 de Fevereiro de 2021 e o número da sorte foi o número 4. Sendo assim, seleccionámos para o nosso sorteio o número 4 e todos os números terminados em 4. O número vencedor foi o 34 e feliz contemplada chama-se Maria Fernanda Monteiro.

Os nossos parabéns à vencedora e os nossos agradecimentos aos participantes desta votação. O prémio será entregue muito em breve.



Frente e verso da caneca

Postal A6

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Colectânea "Um cheirinho a Natal" - texto vencedor


Contados os votos, numa votação muitíssimo cerrada, o poema "Burrinho do Natal" acabou por se destacar sobre a linha da meta... Os nossos parabéns à autora Maria Lucília Teixeira Mendes por, mais uma vez, ter conquistado o voto do público.
Em segundo e terceira lugar, e também com os nossos parabéns, ficaram Noémia Silva Dias e Ilda Pinto Almeida com, respectivamente, "O melhor presente de Natal" e "Natal na terra em luto".
Porque as votações foram mesmo próximas fica ainda um destaque para os autores que ficaram empatados em quarto lugar: Maria do Rosário Cunha e António Jesus Cunha.
Muito em breve os prémios serão entregues.
Para ler, ou reler, fica o poema vencedor.

 Burrinho do Natal

Porque acordei hoje tão cedo, noite escura
E, passo a passo, eu caminho sem cessar
Com os meus donos, neste frio em tremura?
Aonde é, que apressados, vão chegar?

O cansaço não me invade. Quem diria?
Nem mesmo a fome, frio, sede ou calor.
Algo me diz que em meu dorso, com Maria,
Transporto o Eterno, o Divino, o Senhor.

É como um Ó seu ventre enorme, redondinho.
Se bem que burro, essa letra, eu conheço:
Com ela falo, grito e canto em tom baixinho;
Louvo o Senhor, nesse sacrário, áureo berço.

Em cada pedra já tropeça o seu esposo;
Mal o ampara forte cajado em sua mão.
Agarradinho, desfalecido, ao meu pescoço,
Sinto o bater do seu nobre coração.

À cidade de David, eis-nos chegados,
O rei famoso, cepa antiga de onde vem.
Não se encontra onde ficarem abrigados.
Está tudo cheio! Não há lugar para ninguém.

Na escuridão, a Luz Eterna está pra brilhar.
Chegou a hora, aquela hora que só Ele sabe!
Envolto em panos, na manjedoira O vão deitar.
Vejo esse Sol, esse Menino, Deus de verdade.

Sou o burrito mais ditoso de entre os povos.
Estou vaidoso, feliz, contente, mais que os meus!
Em zurros altos, sem me cansar, eu conto a todos:
Esta notícia há-de ecoar em terra e céus!

Maria Lucília Teixeira Mendes