sábado, 21 de março de 2020

Dia Mundial da Poesia - Poemas para os leitores

Estão encerradas as votações e contados os votos. Os nossos parabéns à autora Ana Pão Trigo e o nosso obrigado a todos os (muitos) que por aqui passaram a  ler os poemas e ainda mais aos que participaram na votação.
Continuem a visitar-nos, continuaremos a publicar bons textos para boas leituras!



Em resposta ao desafio lançado para este dia, alguns dos nossos autores enviaram-nos poemas. Cabe aos leitores lerem e divulgarem esta iniciativa. Têm ainda a oportunidade de expressarem a vossa opinião votando no vosso poema favorito (veja as instruções no final); o autor do poema mais votado receberá um exemplar em capa dura do livro que hoje lançamos: "As Flores do Meu Lindo Jardim - Colectânea de Poesia -".
Boas leituras!




DE POESIS



De poesis
Despertar da fantasia
Cheiro de maresia
Brotar da nova aurora
Sem pressa
Sem nódoa
Amanhecer
Anoitecer
Grito de sentir
Amar chorar ou rir
De poesis
Varanda ao mar exposta
Onda altaneira e bela
Janela do viver
e da palavra
Pregão
Solidão de mão na mão
Arauto do alento e da ternura
Afago lento lento
De poesis
POESIA


Margarida Haderer


LIBERDADE

Independência, alternativa
corpo em movimento, opção
madrugada clareada pela luta
espaço aberto, tempo espontâneo, responsável, fraterno
razão colhida na verdade
buraco por onde espreita o ódio
pedra, ferro, aço

arco íris
Roubada
Refazeste
em dor e sofrimento
agasalhada no livre arbítrio
furas
teus limites estabeleces em senso
és palma estendida pela utopia, busca da igualdade
palimpsesto primeiro que permanece desde do dia da criação

Em hinos te constróis, em estátuas te edificas
em ofertas te refazes, em guerras te pronuncias
do sangue brotas, de temor ressurges
escondida te encontro
em discursos andas, em retóricas te esmagam, em marchas te propõem
por sagas te querem, em conceitos te elegem, a murmurar te traem
és desprezo de déspotas, paixão de abnegados, palavrório de instalados
verde é tua cor, em castanho te abrigas, à chuva e ao sol
ao frio te proteges, ao fogo te lanças
o vento te trouxe, o ar te recolhe, a todo o ensejo te prestas

Num canto te metem, num albergue te encerram, no parlamento te anunciam
a falar te acenam, no restaurante te gargalham, no regulamento te enfiam
no doirado te acariciam, em viagens te negoceiam, em impostos te suportam
em esperanças te alimentam, no limite permaneces, em limites te esperam
tua vontade impõe-se, elegem-te em evo e tu
sorte a nossa
andas
no caminho encontras compromisso e desencontro, zanga
desabrigo
estás alerta
chega-te aqui

tua resistência é eterna


Manuel Martins

Ontem fui alguém



Ilda Pinto Almeida



Embondeiro

Embondeiro
Quando me for,
Quero ser cremado.
Quero as cinzas (in)plantadas numa raiz.
Quero a Alma a renascer num Embondeiro.

E serei, novamente, feliz!
Alimentar-me-ei de seu cálcio, ferro, proteínas e lípidos.
Da sua madeira escutarei Músicas,
De instrumentos secretos,
Feitos de fibra, polpa e cerne.

E silenciarei nos pores-do-sol vermelhos.
Serei, finalmente, o gigante protetor.
Terei filhos e amadas nas suas folhas,
De Maio a Agosto.

E numa noite mágica,
Serena e ciclicamente,
Todos os anos me renovarei,
Em Paixão de Viver, em paixão pela Vida.

Serei eterno, então, imortal,
Como acreditava em menino.
Ou pelo menos milenar.
E quem me amar pode sempre vir abraçar-me.
Não me faltará água da vida.
E os sussurros de África – “Mãe Terra”,
Serão constantes. E o olhar e sorriso das crianças,
E as chuvas, torrenciais, no chão vermelho,
E as cores das capulanas esvoaçando.

Quero o Cofre, dentro de um Embondeiro!

Imagem Nacion.com

Bastos Vianna
In MARmúrios, Tecto de Nuvens, 2018

Olá vida, estavas aí? 

Olá vida, estavas aí? 
Nem demos conta… 
Estávamos ocupados a trabalhar 
Horas a fio, sem parar. 
Olá vida, estavas aí? 
Nem demos conta… 
Tínhamos pouco tempo para as crianças, 
Para os nossos filhos, 
Para brincadeiras, jogos e danças. 
Olá vida, estavas aí? 
Nem demos conta…
Estávamos nas redes sociais, 
A viver uma vida fingida, 
Que parecia tão feliz e colorida… 
Olá vida, estavas aí? 
Nem demos conta… 
Tínhamos chamadas no telemóvel, 
Não vimos, eram os nossos pais. 
Olá vida, estavas aí? 
Nem demos conta… 
Estávamos a carregar sacos de compras, 
Com objetos e roupas tontas! 
Olá vida, estavas aí? 
Nem demos conta… 
Estávamos aqui sozinhos 
E não conhecíamos os nossos vizinhos. 
Olá vida, estavas aí? 
Nem demos conta… 
Não vimos os telejornais… 
Olá vida, estavas aí? 
Nem demos conta de ti… 
Não demos conta dos demais… 
Tiramos selfies geniais, 
A nós próprios e ao nosso egoísmo, 
Envoltos num individual despotismo, 
Numa alegria vazia, irreal, 
Que nos estava mesmo a convencer… 
Olá vida, estavas aí? 
Desculpa! 
Tínhamo-nos esquecido de viver! 
E agora vida? 
Ainda aí estás? 
Fica por favor! Não vás! 
Estamos juntos, em família, 
Já temos tempo para brincar, 
Para estar com as crianças! 
Saltar, cantar e dançar! 
Dizer olá ao vizinho, à janela! 
Oh! Como era bela a natureza! 
O carro está na garagem… 
Acabou-se o consumismo selvagem! 
E estamos isolados, 
Mas estamos mais juntos, 
Mais dados uns aos outros! 
Estamos fechados, em casa… 
Mas abertos para o mundo, 
Para a sociedade… 
Que vá para longe a vaidade! 
Para fazermos tudo de novo, 
De uma outra forma! 
Sim, estamos fechados em casa! 
Para pensarmos mais! 
Para amarmos mais! 
Para fazermos de ti, vida, 
Uma tábua rasa… 
Olá vida, estás aí? 

Ana Pão Trigo 







Votações: Até dia 31 de Março de 2020 pode votar no seu poema favorito. O número de votações por pessoa é ilimitado.
Para votar basta usar os comentários, siga as instruções do blogger e depois escreva o título do seu poema favorito. Tome em atenção que os comentários neste blogue são controlados, pelo que pode demorar horas a validar os votos. Saberá que o seu voto foi contabilizado quando este aparecer no blogue com a resposta "voto validado".
Pode aproveitar, se assim o desejar, para deixar um pequeno comentário à iniciativa ou aos próprios poemas, uma saudação aos autores. - Tudo com correcção e educação, de outro modo o voto não será validado.

30 comentários:

  1. Voto em "Olá vida, estavas aí?" de Ana Pão Trigo

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  2. Um bem haja a todos estes autores pela inspiração.
    Voto no Embondeiro de Bastos Vianna.

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  3. Voto em "Olá vida, estavas aí?" de Ana Pão Trigo

    Tiago

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  4. Voto em "Olá vida, estavas aí?" de Ana Pão Trigo

    Tiago

    ResponderEliminar
  5. Voto em "EMBONDEIRO" de Bastos Viana.

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  6. Voto em "Olá vida, estavas aí?" de Ana Pão Trigo
    Os seus poemas são como conversas estimulantes para com os nossos pensamentos...

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  7. Estamos aqui Ana:
    Contigo,
    Com os outros,
    Cada um em sua casa como tem de ser.
    E a vida continuará... Certamente.
    Gostei muito do teu poema.
    Beijos, Felisberto

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  8. Olá vida, estavas aí?
    Segue o meu voto para este poema, porque a vida está sempre connosco se a soubermos viver...
    E adorei o poema.
    Bjs

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  9. Olá vida, estás aí?
    Ana Pão Trigo

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  10. Olá vida, estás aí?
    Ana Pão Trigo

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  11. Voto em "Olá vida, estás aí?".
    É a vida a acontecer. Parabéns Ana Pão Trigo!

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  12. Voto em "Olá vida, estás aí?".
    É a vida a acontecer. Parabéns Ana Pão Trigo!

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