Terminadas as votações, o texto mais votado foi "Maravilhoso!" de Dulce Sousa. À autora os nossos parabéns, receberá brevemente o exemplar de capa dura do livro "Olhar de Amor".
Como os comentários/votos foram uma ínfimazinha parte das muitas leituras, decidimos simplesmente colocar todos os números dos votos validados num saco, agitar bem e tirar um papelinho à sorte. O feliz contemplado foi o número 5, de Manuel José. Também a este votante será enviado o prémio (uma caneca "Be My Valentine") muito brevemente.
A todos os que participaram, votaram, leram, reencaminharam ficam tanto os nossos parabéns, como os nossos agradecimentos.
Fica já, para todos, o convite para o Desafio do mês de Março, dedicado ao Dia Mundial da Poesia, cujos pormenores serão fornecidos ainda esta semana.
nas minhas mãos, as tuas mãos
e quando vires nevar, os ventos em fortes redemoinhos,
as nossas mãos entrelaçam-se,
não do frio, nem do calor,
mas da brutalidade de seres uma violeta,
sabias,
as fortes mãos são de azevinho,
da fraternidade vivida,
do suor dos rostos, que nos hospitais,
mas também nos lixeiros,
(sim, daqueles que recolhem o lixo que fazemos),
está o amor, do entrelaçar as mãos,
se algum dia vires escurecer a vida,
lembra as mãos das lágrimas choradas,
por um amor, que não é teu,
mas nosso,
nas mãos do caminheiro, nos olhos
vidrados, de quem faz vida com as nossas mãos,
de quem vive amor, nas nossas mãos,
mãos dadas, braços cruzados,
e pandeiretas pelo caminho,
adivinhando, sabes lá,
a festa da alegria, das tuas mãos,
nas minhas.
Joaquim Armindo
VIAJAR CONTIGO
Apenas queria sonhar
e voar nas asas do vento
e amar
amar até à exaustão
nessa viagem
onde é permitido sonhar
e ao despertar
não fosses apenas paixão
nem tão pouco ficção
porque essa desaparece num radar
de pouca dimensão
Viajarei contigo...
Ilda Pinto Almeida
Maravilhoso!
Amor! (I)
Amor (II)
Amor (III)
É Amor.
A Banca do Amor
E eu ganhei o Euromilhões.
Investi-o no Amor,
E recebi-o em juros
Arrebatadores:
Tesouros de alegria
Certificados de magia,
Depósitos a curto e longo prazo
Ações para a eternidade
Certificados de cumplicidade,
Fundos de investimento
No mais belo relacionamento.
Agora o Amor bate mais forte.
Não há bancarrota possível,
A banca do Amor é invencível.
Reina na escola da aldeia movimento e alegria!
O recreio é animado e cheio de gritaria!
Há rapazes e meninas sempre em grande confusão;
Quem não está com o líder, espere um empurrão...
- Quem quer brincar aos reis e às rainhas?
Pergunta agora a Licínia sacudindo as trancinhas.
- Eu! Eu! - Respondem muitos em coro, braços erguidos no ar.
Salta o Zé e rodopia: quer ser sempre a mandar.
Acalma-se o vozear e distribuem-se os papéis:
Elas serão as rainhas e os rapazes serão reis.
Cada qual tem o seu nome: João, Sancho, Manuel…
Leonor, Mafalda, Teresa, ou rainha Isabel…
Mas há dois que não escolhem, por terem nomes reais:
É o Carlos e a Amélia que superam os demais.
E lá vai dizendo o líder sempre que o jogo inicia:
Vai casar o Rei D. Carlos com… a rainha Sofia!
- Não! Não! Isso não! - Reclamam todos à uma:
Ou casa com dona Amélia, ou não casa com nenhuma.
E lá vão de braço dado, como em marcha nupcial,
A Amélia coradinha com seu Carlinhos leal.
… …
Trouxe o tempo outros jogos: aqueles do coração…
E vemos entrar na Igreja a Amélia e o Carlão!
Tantas e tantas vezes, em brincadeira casaram,
Que à força de brincar, ambos se enamoraram.
Um e outro, que beleza! Que belos noivos vistosos!
Uniram as suas vidas com laços maravilhosos.
Nasceu mais uma família das cepas que os geraram;
Formaram um novo ninho e a terra mãe não deixaram.
A bela Amélia e o Carlos, que bela conjugação!
Servem-se do mesmo copo e comem do mesmo pão.
Logo brotaram os frutos, sendo uma só alma os dois:
Nasceu primeiro o Pedrito e outros vieram depois.
Maria Lucília Teixeira Mendes
AMOR É SOLIDÃO
INFIEL
"Dizer-te assim"
Dizer-te assim: gosto de ti com companheiros e amigos
Abraçar esse teu brincar foste tu que o descobriste
A felicidade está aqui a sorrir por entre perigos
Minha alma andava sozinha Agora que aqui estás
no firmamento insegura e o vento é nosso amigo
tu vieste devagarinho vou mandar recado ao tempo
procurar-me neste aventura pra ficar a sós contigo
Tua paz é alegria anda longe e anda perto
Olho o teu rosto e fico É o futuro a acontecer
em ondas de maresia tua presença em aberto
Conhecer-te é esse íman Amante, amigo eterno
porta aberta num instante teu marido e companheiro
Esta vontade de entrar Nasce o dia, vem a noite
e de ser o teu amante és claridade em luzeiro
Fragância do meu querer Rainha de bem ordenar
Um deleite de esbelteza quero abraçar teu regaço
Embelezas a cidade A minha alma clama alto
com toda a tua nobreza Ocupa tu meu espaço
Atenta sempre comigo E tu calma amadureces
embelezas o meu voar és a ternura a acolher
Meus olhos buscam abrigo Vens, com cânticos apareces
encontram-no no teu estar Minha prenda oh amanhecer
Tuas palavras suavizam E o dia clareia a noite
minha fúria, minha paixão com os beijos do nosso amor
Teus gestos vêm procurar Em ti encontra o alento
o repouso em meu coração que torna rotina em ardor
Somos o pecado a queimar Mas a luz mora no além
ignomínia sem perdão e a claridade é cega
Vida intensa, voz profunda Tua lágrima vertida
tapete de incompreensão nossa mãe nossa refrega
Regamos a vida é mesmo assim
sem querer saber daquele depois
que a muitos preocupa
e renova todos os sois
Dia seguinte é termo-nos
Mãos dadas olhares vários
Reencontro de momentos
nesta sina de lendários
Olhar íntimo de Amor (01)
Linguagem intuitiva, sem balbucio
Em olhos que se cruzam sem falar;
Nem palavra, nem gesto, nem desafio,
Feriu o coração só por aquele olhar…
Aquele olhar, eu comunico em vibração
Fico a olhar a tensa espera do acontecer,
Entro na nuvem, com o olhar do coração…
Afinal, foi profundo, único e ansioso sim
Anuir feliz ao sorriso singelo a vibrar
As pupilas, desfiam aroma de alecrim
E triunfa, por fim, o olhar íntimo de amar.
Olhar compassivo de amor (02)
Doente acamado, algum tempo já
Tanta vez ao dia, o fito com amor;
No olhar vejo que retorno não há
Fico de olhar preso, a fitá-lo na dor…
Talvez esse tom compassivo de dor,
Ao deixá-lo a sós, após servi-lo a olhar
E, de longe, de novo, fito-o com amor,
Para sentir, se meu olhar, o pode aliviar.
Até parece que velou a luz do olhar
E escondeu a leitura do seu amor
Se atinassem, quem gostaria de amar,
Topariam a opulência afável da sua dor…
Olhar de amor gratuito (03)
Oh se lembro bem aquela menina
De 6 anos apenas, oriunda do Alentejo;
Olhar de amor da enfermagem atraía
Ela, por sua vez, longe do amor e cortejo…
Daquele Serviço Médico era o enlevo:
Ria e corria sem espreitar tanto amor;
Indiferente ao olhar gratuito e meigo
De quem a via já e sempre, ao sol-pôr…
Sobrevivia, a cada crise, sob olhar clínico
Transfusão frequente era tudo normal…
Plena de simpatia voltava ao princípio
Gratuidade de amor e olvido do seu mal…
Saiu para a família a celebrar a Páscoa
Dia e meio, apenas, perdeu o nosso olhar…
Só que do pessoal clínico ficou a mágoa
Abalou… a brindar o dom gratuito de amar…
23-01-2021Florentino Mendes Pereira
Cola de Maresia
N`areia da praia uma marca tem.Oh se lembro bem aquela menina
De 6 anos apenas, oriunda do Alentejo;
Olhar de amor da enfermagem atraía
Ela, por sua vez, longe do amor e cortejo…
Ria e corria sem espreitar tanto amor;
Indiferente ao olhar gratuito e meigo
De quem a via já e sempre, ao sol-pôr…
Transfusão frequente era tudo normal…
Plena de simpatia voltava ao princípio
Gratuidade de amor e olvido do seu mal…
Dia e meio, apenas, perdeu o nosso olhar…
Só que do pessoal clínico ficou a mágoa
Abalou… a brindar o dom gratuito de amar…
Tem um vazio de pedra.
Na rebentação o vazio
Preenche-se de espuma da onda.
N`areia do deserto
Um lugar mais tem.
Tem uma pedra nova.
Pedra dura,
Triste pedra,
Solitária no seu querer,
Perdida dentro de si.
Brilha na noite,
Banhada de lua,
Solta do calor do dia,
Que a aqueceu.
Superfície lisa,
Renovada no vento cortante,
Fria no seu âmago,
Dupla em si.
O mar vem e vai
Procurar a pedra.
Sobe n`areia,
Até ao cordão dunar.
Regressa sozinho,
Verde-esmeralda,
Na lágrima de calipso.
Seca a pedra
Até partir,
Se não regada,
Como a Rosa do Deserto.
Quando quebrar…
Junta-lhe os cacos em concha,
Coloca-os à beira-mar.
O Amor tem
Cola de Maresia!