domingo, 21 de março de 2021

Dia Mundial da Poesia - Desafios de autores para autores

Terminadas as votações temos vencedores, plural! Os poemas "Brinde à Primavera" e "Nua" tiveram o mesmo número de votos e, sendo nós mãos largas, entendemos não desempatar, pelo que os autores Florentino Mendes Pereira e Dulce Sousa receberão, muito em breve, um exemplar do livro "Desses Poetas por aí..."
Parabéns aos dois!
Muito obrigada a quem votou e a todos, muitos, que vieram ler Poesia. No próximo dia 10 de Abril, recorrendo ao número da sorte do Totoloto, premiaremos um dos votantes.
Próximo desafio: Liberdade (a publicar a 25 de Abril).


No mês da Poesia (e do início da Primavera), os autores foram desafiados a enviar um poema (inédito ou já publicado), para colocarmos no nosso blogue, celebrando, assim, a efeméride.
Até 31 de Março de 2021 quem visitar o blogue (Notícias das Nuvens) poderá votar no poema favorito. – Não há limites para as votações, que serão feitas no próprio blogue, nos comentários. (Lembramos que nos nossos blogues os comentários são monitorizados – para evitar spam, vírus e pessoas desocupadas… - pelo que só depois de aprovados os comentários é que eles ficam visíveis no blogue). Os autores podem fornecer links para o blogue aos seus contactos e nas suas redes sociais.

De que cor são os teus olhos, poeta?

- De que cor são os teus olhos, poeta?
- São de uma cor que é só minha... Por acaso, sabes qual é essa cor?
- Desconheço...
- Desconhecemos sempre aquilo que procuramos não conhecer, preferindo, simplesmente, supor ou adivinhar.
- Mas, então, e tu poeta? Conheces ou supões?
- Suponho que conheço tão bem a cor dos meus olhos que, às vezes, chego a confundir-me com ela, preferindo, nesses momentos, adivinhar o que me diz...

@ana.paotrigo
#PoetisadePéDescalço


Um dia...


Um dia, quis crescer
E cresci!
Um dia, quis chegar ao topo
E cheguei!
Um dia, quis viver sem limites
E vivi!
Um dia, quis desafiar e inércia
E desafiei!
Um dia, quis ser psicóloga
E consegui!
Um dia, quis ser poetisa
E escrevi!
A vida: dias, momentos,
Intentos constantes
Na busca de uma qualquer coisa!
Já quis casar com o amor da minha vida
E casei! Naquele dia!
Já quis ser mãe
E fui e sou...
Todos os dias!
Já plantei uma árvore,
Já escrevi um livro,
Já me embriaguei com alma,
De amor... vários dias!
Já me incendiei com paixões
Diversas, em dias e momentos.
Um dia, até quis pintar
E pintei!
Um dia, fui feliz.
Num outro dia, também.

Hoje, sou!
Mas um dia!... Ah! Um dia...
Um dia vou ser mesmo
Feliz,
Todos os dias!

Ana Pão Trigo in
Poetisa de Pé Descalço


Primavera 1


Há um perfume no ar…
Esvoaça a vida
Viaja a cantiga
Convida a sonhar!
Nos verdes rebentos
As hastes se enfeitam
Nos muros se deitam
Adejam com os ventos!
Na candura… lassidão!
O verde da promessa
Esvoeja sem pressa
Atapeta o chão!
Salta a vida com fulgor
Tudo é renovação!
Linda estação!
É tempo de amor!

Dulce Sousa

Primavera 2


Corre um perfume no ar
Viaja a cantiga
Esvoaça a vida!
Os verdes rebentos se enfeitam
com a magia da cor!
Evola-se o odor
O sonho! …
A promessa da renovação!
O Amor!
O sentimento se veste
Na força da emoção!
Até a lua e o sol, em uníssono,
trauteiam igual canção!
Noite de estrelas no firmamento
Convidam ao sonho! Ao momento!
De onde vem tanta magia,
Vestida de enorme alegria?
É a vida a pulsar!
A força da renovação!
É a primavera a chegar!

Dulce Sousa

Primavera 3


Chegaste com tal fulgor
Aspergiste a beleza!
A cor, o brilho, o sabor
Trazes em ti a surpresa!

Pintaste a bela paisagem
Com salpicos multicores!
Entre o verde da borragem
Boninas de lindas cores!

O poeta mais dotado
E sensível no sentir
Ainda que afamado
Conseguir-te-á exprimir?

Dulce Sousa

Nua!


Bela, doce, misteriosa
Mui esbelta! Primorosa!
Adornada em formosura!
Ímpar é tua beleza
Tua graça e candura!
Eleita em tantas mil!
Alegre, fresca, airosa
Passeias-te mui vistosa
Com ternura, singeleza
Transpiras tua pureza
Desnuda, maravilhosa!
Nua!
Cântico do criador!
Generosa inspiração!
Sem qualquer ostentação
De um brilho encantador!
Carregas doce magia
Despertas tanto amor!
Crias em mim fantasia
Acrescentas mais valor!
A sorrir ou estremunhada
Tocas o meu coração!
Elevas a minha pena
Canto a tua canção!
No doce rodopiar
Viajo a imaginar …
Belo é o teu luar!
Dulce Sousa

das minhas mãos a paz


leitos de formigas passeando, à procura
da vida, do dormir e descansar,
mas o meu pé é mais forte,
esmaga os carreiros do pentecostes,
esmagando a páscoa das amêndoas,
e amendoeiras em flor.

sou um construtor da desordem, das filas certinhas,
e tenho mãos, capazes
de abater qualquer indício de paz.

caminha que caminha, anda que anda,
são os formigueiros,
que lutam com suas mãos,
(as formigas têm mãos!)
o arranque de viver, o sonho do amanhã.

destas mãos, onde nascem os calos,
se cultiva a desordem,
sem parar, sem parar,

se eu fosse formiga, dava as minhas mãos,
às formigas, par a par,
a paz não haveria de se esconder.


Joaquim Armindo


QUERO-TE

Quero-te nu
Abraçado a ti mesmo
Esquecido do tempo
Despido da mentira e do medo
Quero-te inteiro
Belo perfeito
Potro bravio
Nas curvas do teu corpo
Quero-te meu
Sem hora
Sem leito
Quero-te ter
Na flor do meu peito
E quero-te ainda
Pl'o alvorecer
Ao meio-dia à tarde
Ao anoitecer
Quero-te sempre
Presente
Dormente na dor
Eterno
Berrante
Doente de amor
Quero-te
Envolto em corais
Pérolas raras
Safiras esmeraldas
Em murais
Em vitrais.

Quero-te nu
E ter-te
Demais.


Margarida Haderer

ÁUREA GLOSA

Beija-me com teus beijos
Amado meu
No abraço supremo de teu desejo
Onde meu corpo entrelaça o teu

Leva-me tu à tua recâmara sedosa
Aí nos regozijaremos
E do amor nos lembraremos
Da paixão vivida na áurea glosa

Sou morena e agradável
Como uvas são meus seios
Minhas coxas doce afável
Que despertam teus devaneios

Dá-me amado meu, teu perfume
Que eu te dou minha flor
Para te deleitares até ao cume
No intenso rubro do amor

Ilda Pinto Almeida



ÁGUA NUA

Toma-me, ó rio, nos teus abraços
E rega a minha magreza
Eu sou chão aplastado
Que minto e finjo o verde prado
No lamento dos meus cansaços

Minhas entranhas bramam, o abraço
Em teu leito fresco e alongado
Rega-me o ventre já lasso
E fecunda este solo ávido

Sou pragana lançada no sequio
Se não me visitas com teu cio
Quero ser tua predileta

Em teus braços sucumbir
Ser terra grávida a florir
Neste sedutor acasalamento


"Prémio Escriba 2015"
Ilda Pinto Almeida


Poema da desilusão


Vim em busca de memórias
e de passado
Encontrei um labirinto
Desafiei o minotauro
Perdi-me de Teseu

Vim em busca de vozes
que pairavam e eram de ouro
Encontrei uma mensagem na garrafa
em papel rude e amarrotado

Antes que te tornes mais
humana e mulher perdida
Encarna o sonho de Ícaro
Voa o mais alto que puderes
Para fugires, cerce
ao arremesso da pedra

Machico, 10/4/2014
Maria Saraiva de Menezes



Brinde à Primavera


Correio de nova brisa e sol madrugador
Abre sorrisos e gestos de simpatia
Estende alcatifas de sombra e sol
A embelezar vale, montanha e colina…

Regadas com o orvalho de boas vindas
Acordam boninas em raias campestres
Mimos de árvore a cores e harmonias
Erguem casario entre arbustos silvestres…

O Sol levanta-se muito cedo,
A espalhar luz e activar a seiva:
Ganha nova vestidura o arvoredo
E, no pavimento, linda colcha de relva…

Os novos frutos já têm flor
E, da colmeia, a laboriosa abelha
Acorda antes do nascer do sol
Toma o pólen e a flor venera…

Insectos e pássaros de cor
Lutam por seus parceiros;
Escolhem o seu o par a primor
E exibem-se, os pares, como eleitos…

Abençoada e original Primavera
Que enche o hemisfério de luz e beleza;
Vestindo-se de folhagem escoteira
Oferta às gentes toda a sua riqueza…

A opulência da Primavera
É vida de todo o planeta
Poupe o homem a sua pureza
Da poluição mortal e incerteza…

Florentino Mendes Pereira
17-03-2021

Porque escrevo,
Nem sei…


Gosto tanto de escrever!
Mais me revelo original
E fé inteira, em Deus crer,
Meu ser é já eternal…

Logo que me determino
Sai o título ex-abrupto;
Logo, as asas de passarinho
A adejar, sem dizer tudo…

Até parece, a luz divina
De cada homem, unidade;
Se a Deus tem por guarida
É já reflexo, da Divindade

Parece que vivo assim
Do Senhor, a infinita paz;
É Ele que mora em mim:
A Palavra de que sou capaz.

Por isso o Verbo Eterno
É fonte inesgotável:
Coração de vida aberto
A quem sente o Inefável.

Cada qual é imagem divina
Riqueza absoluta em seu ser
Da ruindade nunca necessita
Possui tudo quanto é e quer.




Florentino Mendes Pereira
11-11-2020



Do livro "Poesia aos Quatro Ventos"


Por de trás da tua frágil
Silhueta de mulher
Encontro um ser de férteis desejos
Férteis de âmbitos quereres singelos
Que me comportam para a plenitude da vida
Percorro os sinais do nosso entendimento
Como se os dias fossem
O respirar das nossas almas
Transpirando o desejo
Da nossa ternura efémera.
Agora direi aos quatro ventos
Que não é para admirar
Nem tão pouco para homenagear o nosso desejo
Encontrarei o lugar que dará asas
À nossa existência de encanto.


12 de setembro de 2011
Quito Arantes


MARmúrios


A onda do teu ser
Toca em espuma meu sentir
Acaricio a areia húmida
Desenhando letras para apagares
Liberto-me no círculo mágico
Distendido como o Homem D`Vinci
Receando não saber reincorporar
Hipnotizado pela melodia de teu bailar
De peito em quilha
Mergulho rumo ao futuro
Do que serei sempre
Nadando nu
Regresso com teu verde em meu olhar
Emergindo sem escamas
Ansiando sol
Tua imensidão meu Templo
Teu Deserto minha Igreja

Escrevo em meu peito
Os poemas que reclamas
Em MARmúrios que escuto.


Bastos Vianna


Esperamos que as leituras tenham sido do seu agrado. Não se esqueça de votar e de divulgar esta iniciativa.
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26 comentários:

  1. De que cor são os teus olhos, poeta? Ana Pão Trigo

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  2. Ana Pão Trigo
    De que cor são os teus olhos poeta

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  3. Ana Catarina Pão Trigo Poetisa de pé descalço ❤️��

    Vera Almeida

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  4. Primavera vem agora
    e traz contigo o amanhã
    ontem? dia tão distante
    Sulco que encaminha, estou cá



    Voto: Brinde à Primavera de Florentino Mendes Pereira

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  5. Voto no poema "Nua" de Dulce Sousa

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    Respostas
    1. Voto validado. (8)

      Para se poder habilitar ao prémio terá de nos fornecer uma forma de contacto. Por favor, dê como referência o número que lhe foi atribuído.

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    2. Voto 8 validado.
      Ana

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    3. Muito obrigada. O voto está validado, mas agradeço que, quanto antes envie um email para geral@tecto-de-nuvens.pt e forneça um endereço de email, que é para o caso de ser a vencedora do público.

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  6. "Brinde à Primavera", de Florentino Mendes.

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  7. O meu voto vai para "Brinde à Primavera" de Florentino Mendes Pereira.

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