sexta-feira, 10 de novembro de 2023

Denisa Sousa, autora de "O Pássaro da Asa de Ferro", em entrevista

 

Denisa Sousa, 47 anos, jornalista de formação, escolheu o dia 16 de Novembro, Dia Internacional da Tolerância para dar a conhecer ao mundo o seu livro: "O Pássaro da Asa de Ferro".

O protagonista do seu livro tem um início de vida complicado: "Um infortúnio afastou-o da mãe à nascença e, vítima da crueldade alheia, acaba com uma incapacidade permanente. Sobrevive graças à solidariedade de toda uma comunidade; é salvo pela intervenção da família. Mas é graças ao engenho e determinação do pai que consegue superar-se, tornar-se forte e ser um membro respeitado da comunidade.
António Azulinho é um pássaro, mas podia ser um qualquer outro ser…"

Sobre esta história, que é para todas as espécies e para todas as idades, fala-nos, a autora, de vida voz, na primeira pessoa:

  Conte-nos como e porquê começou a escrever, por paixão ou por necessidade?

Se interpretarmos a palavra “necessidade” como algo emocional, então terei de responder ambas.  Comecei a escrever muito cedo, a ler ainda mais cedo, por um lado como uma forma de extravasar sentimentos, por outro como algo a que não conseguia resistir, pois os meus pais sempre foram leitores assíduos e colecionadores de clássicos. Isso não quer dizer que não fosse também uma fã dos livros de  “Os Cinco”, de “Uma Aventura”, do “Astérix e Óbelix”, no entanto lia Jorge Amado, Júlio Verne, o que me viesse à mão.

   Qual o papel que a escrita ocupa na sua vida?

Não sei viver sem escrever. Escrevo para mim, para os outros, até escrevo durante os sonhos. Textos e poemas que tento lembrar quando acordo, mas já não consigo. Por vezes, ainda fico com uma frase ou outra que me inspiram outros enredos.

   Sempre sonhou publicar um livro?

Penso que todas as pessoas vocacionadas para a escrita têm esse sonho/objetivo. Mas aquelas que se sentem verdadeiras escritoras vão adiando esse projeto porque gostariam de começar logo com algo perfeito. Esperam tempo demais e tornam-se exigentes. Não tem de ser assim, a vida não é assim. É preciso começar, lançar uma  ponte, por mais simples que seja.

   Qual é a sensação que tem ao ver, agora, o seu livro nas mãos?

A sensação de que desbloqueei algo, que vinha a travar há muito tempo. É uma sensação agradável. Ter o livro, o primeiro que posso realmente dizer que é meu, veio de surpresa, com tudo o que isso tem de maravilhoso e assustador.
 
  Tem algum projecto a ser desenvolvido, actualmente? Pensa publicar mais algum livro? Continua a sentir vontade de escrever?

Tenho sempre projetos e ideias. No meu íntimo, o Pássaro da Asa de Ferro, por parecer pequeno e de leitura fácil, não é tão leve no conteúdo quanto possa parecer. É um livro sobre animais, cheio de emoções, que abriu uma passagem, sem euforias, de continuar a publicar, em vez de continuar a guardar os livros que já escrevi.

   Fale-nos um pouco sobre o seu livro.

É um livro que fala do medo da diferença, mas sobretudo de solidariedade, entreajuda, gratidão e família. Começa com uma parte forte, de um passarinho que a mãe rejeita por não lhe parecer seu devido à cor e vai progredindo, algo tenso, devido a um predador que o quer como troféu. Tudo isto envolto num clima de algum receio de que as coisas possam correr mal, a qualquer momento, devido à maldade que faz parte da vida. Mas não gosto de livros que acabam mal, portanto, com a devida ajuda, o passarinho, de nome Azulinho, ultrapassa tudo, mesmo com muitos momentos difíceis.

   Existe alguma parte do livro, em particular, que goste mais. Porquê?

Gosto, sobretudo, de quando os filhos de uma das personagens principais se juntam à mãe, sem ela contar, para procurar o irmão desaparecido. Dá-se aqui a redenção materna, que se apercebe de que cometeu um erro, por ignorância. E a justiça dos seus dois filhos, que se unem a ela para a ajudar. Há vários momentos marcantes no livro. Destaco também o momento em que o pai desconhecido destes dois pássaros e  de Azulinho, de nome Júpiter, aparece num momento crucial e muda o curso desta odisseia.

   Indique as razões pelas quais aconselharia as pessoas a ler o seu livro? O que acha mais apelativo no seu livro?

Não sendo um livro moralista, creio que relembra as pessoas da importância do essencial, que é o que nos preenche e faz felizes.  Este livro não teria saído das primeiras páginas se ninguém tivesse ajudado o Azulinho, depois de abandonado à sua sorte. Apelativo nos livros e na vida é ajudar a fazer os outros felizes, facilitar-lhes a existência com gestos, palavras, sorrisos, abraços... Neste conto, todos os animais que habitam a floresta têm um papel preponderante, no fundo são uma metáfora de uma comunidade.
 
   Qual é o seu estilo de escrita ou que tipo de mensagem gosta de passar no que escreve?

Não tenho um estilo muito rígido, mas sei que os meus livros têm muita acção, herança dos tempos de jornalista. Escrever muito em pouco espaço. Mas tanto escrevo livros a tender para o dramático/suspense, como mais para o cómico; às vezes uma mistura de ambos. Mas inevitavelmente, não consigo escrever algo que não contenha uma ou outra mensagenzinha “escondida”.

   Qual o papel das redes sociais na vida e na divulgação da obra de um autor? E na sua?

Têm um papel essencial na divulgação para editoras e parceiros e facilidade nos contatos com pessoas que estão mais longe e às quais podemos propor a aquisição do livro. Facilita tudo, embora exija o mesmo trabalho de diplomacia e personalização enquanto se trate de livros de autores desconhecidos.

  Gosta de ler? Que tipo de leitor é que é?

Gosto imenso de ler e leio de tudo. Já estive inscrita em duas bibliotecas ao mesmo tempo e trazia os livros maiores que encontrava. Mas trazia prioritariamente aqueles que sabia que eram bons, mesmo que complicados. Quando tenho mais tempo leio até o que o críticos dizem não gostar para, se for o caso, poder criticar com argumentos. Já li tanto, tanto, mas o Universo de livros não tem fim... e ainda bem!




O Pássaro da Asa de Ferro – Uma aventura de abandono e coragem; Denisa Sousa
PVP: 8,99€
64 páginas, capa mole; Tecto de Nuvens, 2023


Ilustrações de Melissa de Aveiro


Livro com lançamento oficial a 16 de Novembro de 2023.

Se quiser receber informações sobre os preços especiais da campanha de pré-lançamento envie-nos email para informacoes@tecto-de-nuvens.pt

5 comentários:

  1. Não posso esquecer de mencionar o trabalho méritorio da ilustradora Melissa de Aveiro, que coloriu e abrilhantou o meu livro com os seus desenhos lindos, amorosos... Muito obrigada.

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  2. A minha querida Isa… Há pessoas que nunca saem da nossa vida, mesmo antes de as conhecermos, mesmo enquanto nos desencontramos….
    Este livro, tenho a certeza, por conhecer a qualidade da tua escrita e por perceber a tua sensibilidade, traz com ele todo o Céu azul, apesar das nuvens, apesar das chuvas, apesar dos terra que se nos cola aos pés, depois das lamas. E muito Amor, ah, e não é o Amor a origem de tudo? - sonho, semente, lição, memória.
    Muito sucesso para ti, quero, com certeza, voar com o teu pássaro de asa de ferro: leve, leve, leve…

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    1. Nunca pensei reencontrar-te aqui quando li a tua feliz entrevista. Imaginaria eu que eras a vencedora do concurso. A vida tem coisas maravilhosas. Obrigada pelo teu carinho e quanto à escrita, tu és uma inspiração, imagino a história fantástica que escreveste! Beijo e abraço

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  3. Ilustrar este livro, em particular, foi um desafio e, ao mesmo tempo, uma surpresa ao dar vida às personagens, tentando que ficassem próximas da realidade.
    Gostei imenso da entrevista. Consigo, pelas entrevistas, perceber que todos os autores têm sempre alguma coisa em comum. " Escrevo para mim, para os outros, até escrevo durante os sonhos. Textos e poemas que tento lembrar quando acordo, mas já não consigo." - também me acontece sonhar com histórias e depois, ao acordar, tudo se dissipar... infelizmente, sem dar tempo de as registar.

    Desejo que este livrinho seja um sucesso, nas asas fortes do azulinho!
    Boa sorte.

    Melissa de Aveiro

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