sexta-feira, 11 de novembro de 2022

NOVEMBRO (S. Martinho) - Desafios de autores para autores -VENCEDORES-

 


Parabéns ao autor Bastos Vianna cujo texto "S. Martinho" foi o mais votado.
E parabéns à votante com o número 2, o número sorteado, Gina Cardoso.
Na próxima semana ambos os premiados vão receber a lista de livros de Natal de onde poderão escolher um exemplar.

No momento em que vamos acolhendo o frio e os dias mais curtos, reciclámos o desafio dos  passados anos para o mês de Novembro, simbolicamente chamado de S. Martinho.

Simbolicamente, o S. Martinho marca uma última oportunidade para festas de exterior antes de entrar o frio e o Inverno. O desafio era, pois, escrever ou sobre os últimos dias de bom tempo ou sobre os primeiros dias de frio, ou sobre os dois, ou memórias de S. Martinho.
Prosa ou poesia, memórias ou ficção. Estilo livre.

Haverá prémios para o trabalho mais votado e para um dos votantes (desde que devidamente identificado nos termos que têm vindo a ser usuais: têm que deixar uma forma de contacto; podem votar anonimamente e podem pedir para o contacto ser retirado antes de o voto ser validado). 
Prémios: O autor do texto mais votado e o votante sorteado receberão uma lista de livros de Natal de onde poderão escolher o título que mais lhes agradar e ainda 5 postais de Natal iguais à capa do livro escolhido.
O autor recebe também uma caneta.

(5) Novembro outonal



Novembro outonal
Frutos secos, diospiros
Marmelos de compota
Nesta bonita festa sazonal

Logo chega o São Martinho
Vestido de castanhas, pão e vinho
Torresmos na mesa, tudo bem quentinho
Pede com alegria o avozinho

Já lá vai o tempo

Do púcaro ao borralho
No dia de São Martinho
Onde eram cozidas as castanhas com vinho

Depois da sobremesa comida
Torna-se uma festa acalorada
Pela jeropiga melosa, ingerida
Que se bebeu despercebida



Ilda Pinto Almeida
 

(4) OUTONO INDISTINTO

 
Não me lembro jamais
De Outono assim teimoso
Parece que não há mais
Chuva nem viveiro mimoso…
 
Acalmia na Natureza
Sem água, neve, ventania
Talvez tal estranheza 
A desperte qualquer dia…
 
O sol aquece o planeta
Gentes há, mostram indiferença
Outras olham fixa a natureza
Notam vazio e plural carência…
 
Vento, chuva e árvore desfolhada
Integram os meses de Outono
Das várias sementeiras, a azafamo
Alegra o tempo e vitaliza o corpo.
 
O lavrador vive do presente e futuro
De cada período aguarda o seu ritmo
Há variante além do mês de Julho
Incerteza sobre o centeio e trigo…
 
A Natureza até parece que parou
O seu ritmo é sol, mais sol, sem chuva
Parou a árvore de folha caduca,         
O sol, a diário, a aquecer, estacou…
 
Até se julga que os humanos adormecem
Inconscientes do que daí pode advir
De dia e de noite todos se divertem
Outono e Inverno, nova vida a emergir…
 
02-10-2022
Florentino Mendes Pereira
 

(3) O Outono emudeceu…

  
De tarde
O horizonte emudeceu…
Sopra aragem de chuva
Húmida e véu cinzento
E vem mesmo do Sul
Corrente que traz aguaceiro…
 
A Natureza
Continua queda
Como alguém da rua
Conhecida e rotineira
Antes da Primavera…
 
Expectativa imensa
Do agricultor e do pastor:
De momento contempla
Os rios sem corrente
As fontes sem água
As barragens, a descer
Pastagem seca, sem verde…
 
Também árvores
Fruteiras e do campo
Aguardam chuva intensa
Que as assista de vez
A mudar o traje usado
E prepare nova seiva
Na próxima Primavera.
 
Lamentam-se
Das raízes a secar
E a tentar buscar mais fundo
Humidade e fôlego
Na expectativa sensata
De que o Outono
Vai em breve chorar
E a abastecer todo Povo
De água pura, a brotar
E nova lauda cantar...
 
09-10-2022
Florentino Mendes Pereira
 


(2) O cair da tarde…

  
Sinto mal, a Natureza viúva
Triste, de cabeça baixa
Calada, em amargura,
Sem canto algum de chuva
Sem o alento da brisa
Sem trovões, nem profecia…
 
Por nuvens tapada     
Abafadas sem chorar
Pesada, às escuras…  
Carregadas de lutos
Mudas, sempre mudas
Sem dizer palavra…
 
Talvez, levem muitas lágrimas
Para supermercado na cidade
Ou abastecimento de barragem
Muito mais além da nossa vista
Em longínqua paragem…
 
Olho tanta vez,
De perto e a perder de vista,
O horizonte e véu celeste
Na esperança, talvez,
De ver chuva forte
Ou também levezinha
A cair sobre as árvores
A regar a terra ressequida…
 
Dias, semanas, meses
Tarde, manhã, ao meio-dia
Ao escurecer e de madrugada
Cansado de tanta monotonia
A aguardar a beleza da vida
Com alteração atempada
De vento forte ou aragem fria…
 
Anúncio de neve, gelo, trovoada
Que altere, de vez,
Em plena noite ou meio-dia
O cansaço e a monotonia
Da Natureza sedenta
E ansiosa, à espera do dia
Que as correntes de água
Das ladeiras da serrania
Gerem lindos parques de vida. 
 
                        16-10-2022
Florentino Mendes Pereira

(1) S. Martinho

Diz a lenda que S. Martinho de Tours se encontrou com um mendigo durante uma tempestade de neve e, com a sua espada, cortou o seu manto ao meio para partilhar com o pedinte e resguardá-lo da chuva] Nessa mesma noite, Martinho sonhou com Jesus vestido com a metade da sua capa e que, apontando para um grupo de anjos, lhe disse: "Foi São Martinho catecúmeno quem me agasalhou".
Daí que não dissociamos o dia de S. Martinho dos conceitos de partilha, amizade, aconchego - dar sem pensar em receber. Abnegação.
Todos que viveram em África sabem que a Castanha de África era a de caju - picante, salgada - dura e amarelo acastanhada. Um petisco acompanhado por uma boa cerveja Manica, Laurentina ou 2M dependendo da geografia e bairrismo.
Onze de Novembro era o dia da Cidade de Maputo (Lourenço Marques) em Moçambique e nada tinha de S. Martinho ou Magusto.
Mas a população ida do continente e da Metrópole, sempre conseguia reunir-se e encontrar forma de fazer o dito Magusto acompanha com Jeropiga ou vinho novo.
Era motivo para reunirem amigos e família, cavaquearem e divertirem-se um pouco ao som de música brasileira e marrabentas num Verão que se aproximava.
Anos mais tarde, regressariam a Portugal, retomariam os valores, a tradição ora comprando cartuxos aos vendedores de rua em Lisboa, Porto, Coimbra...ora reunindo familiares e amigos ao final da tarde para saborear umas castanhas assadas no forno se chovia ou na terra se era Verão de S. Martinho contando histórias, partilhando sorrisos e preparando o Inverno que chegaria em breve.
Também havia quem as fizesse cozidas e depois as apresentasse abrindo um pano sobre a mesa de onde todos as tiravam e iam, dificilmente descascando. Os Srs. a descascar para as Sras.
António viveu tudo isso. Preferia as assadas, de fácil, descasque, quentes, salgadas, disputadas com amigos, irmãos e irmã, primas, tios e tias, avós...um dedal de jeropiga caseira, à lareira ou ao borralho da cozinha.
Invariavelmente, depois ia sair à noite para festejar o aniversário de um dos seus melhores amigos que faz anos nesse dia.
Não esquece as castanhas de dia 11 de Novembro saboreadas em pequenas festas dos escuteiros ou distribuídas no Liceu.
Mais tarde passou a herança aos filhos e a festa reduziu o numero de presentes à mesa na proporção que aumentou a alegria e sorrisos até os filhos saírem de casa para percorrem os seus trilhos de vida.
Hoje, António, telefona ainda ao amigo para o felicitar e assa um pequeno tabuleiro para marcar o dia enquanto as saboreia com a mulher em conversas amenas saborosas de Vida!


Bastos Vianna

7 comentários:

  1. Respostas
    1. Muito obrigada. Foi-lhe atribuído o nº 1. Temos o seu contacto em ficheiro.
      Boa sorte!

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  2. Voto no Texto 5 Ilda Pinto. Achei os versos deveras apropriados ao tema! Parabéns!

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    1. Muito obrigada. Foi-lhe atribuído o nº 2. Temos o seu contacto em ficheiro.
      Boa sorte!

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  3. Voto em Bastos Vianna S.Martinho - larasscunha@yahoo.com

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    1. Muito obrigada. Foi-lhe atribuído o número 3.
      Para validar o seu voto para o sorteio deve fornecer os seus dados para envio do prémio. Envie email para geral@tecto-de-nuvens.pt ou tectodenuvens@hotmail.com, indicando no assunto: Votante nº3.
      Muito obrigada.

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