Entraste… saíste… sonhaste… voltaste…
Quiseste… voaste… desejaste…
Estiveste onde? Perguntei-te eu…
Mas tu nunca me respondeste!
E, no entanto, o teu lugar continua vazio.
Foste mais longe: choraste…
Mas nunca me disseste o porquê?
E eu na expetativa: urgia,
No envolto silêncio que nos envolvia.
Eu, simplesmente sentia-me só,
Porque tu nunca te revelaste
E, nunca me deste espaço para te amar,
Porque simplesmente o teu lugar continua vazio.
Mas, em mim algo gritava,
Algo em mim tentava explodir
Porque tu nunca te propuseste revelar teu mistério,
E, eu continuava carente, na expetativa:
De um amor sonhado um dia!
Porque simplesmente, o teu lugar, ainda continuava vazio.
Gritei, rasguei meu peito nas ondas do mar,
Rebelde eco de um novo nascimento
Em que o som se revelava no batimento de nossos corações!
Crentes irmãos de alma e de coração…
Sangue após sangue, do mesmo sangue,
Onde tu te revelaste a mim
E, em segredo me estendeste a mão
E, sorrindo um para o outro, sentimos nela o vazio do vento,
Que se emaranhava na terra batida de nosso olhar…
Porém, o teu lugar ainda estava vazio.
Disse ao silêncio: és meu amigo!
E, à música: és minha companheira!
Porque nesta estrada de longo caminho
Aprende-se a discernir tudo o que de bom
O mundo tem para nos dar, e nós ao mundo!
E, se eu ao teu corpo ceder,
Até o meu coração correr sem parar,
Faz-me nos teus braços, encontrar o meu lugar!
Vejo no céu o horizonte, no mar o desejo
Quando olho a tua boca, pretendendo dar-lhe um beijo…
Deixando para trás meu lugar
Em que apenas repousa o corpo de uma alma nua!
Porque à lua entrego as lágrimas de meu coração
Na esperança que ela me ouça, e me tenha por irmão…
Timóteo Pernas