domingo, 5 de novembro de 2023

Teresa Teixeira, autora de "Líria e Dálio" - conto vencedor do Prémio de Conto Infanto/Juvenil Tecto de Nuvens, 2023 -, em entrevista

 

"Teresa Teixeira levou-nos a sonhar, levou-nos à fantasia e depois ensinou-nos a realidade com o bom e o mau e tudo o que vai de um ao outro. Ensinou-nos o amor na sua forma mais singela e mais pura e alargou-nos o horizonte para lá de um monitor…
E o mundo voltou a ficar grande, observável a olho nu, e próximo o suficiente para ser tocado.
É a magia da escrita, para a vivência da leitura!
É uma justa vencedora deste prémio e merece os nossos maiores parabéns!"

Este excerto é retirado da parte final do prefácio do livro "Líria e Dálio - Uma história para entender o amor -"que foi o vencedor do primeiro Prémio de Conto Infanto/Juvenil Tecto de Nuvens. Um prémio concebido em tempo de confinamentos, em que o mundo era visto através de um monitor e a realidade avaliada em números de testes positivos e de mortos... O prémio pretendia histórias que permitissem que as crianças e adolescentes o pudessem voltar a ser, reaprendessem a sonhar e a imaginar...
Teresa Teixeira foi uma das muitas pessoas que respondeu ao nosso repto e acabou por ser a vencedora. Nesta entrevista, a autora, mãe e avó, de 63 anos, fala-nos deste seu livro.
Teresa Teixeira, por sua voz e na primeira pessoa...

·        Esta primeira pergunta é 100% original, nunca a tínhamos perguntado a ninguém… Foi a primeira vencedora do Prémio de Conto Infanto/Juvenil Tecto de Nuvens, qual foi a sensação não só de ter sido o seu conto o escolhido, mas também de saber que será sempre a primeira pessoa a ganhar este prémio? 

Ah, a emoção das primícias!... 
Ser “o primeiro” concede sempre a quem o é, por acaso ou escolha, um lugar nos pergaminhos da História, seja ela do Grande Mundo ou dum pequeno e aconchegante Tecto de Nuvens. Mas também implica responsabilidades, aventura, incertezas, aprendizagem - tudo boas coisas, portanto...   
Estar “no primeiro (lugar)” traz sempre, por sua vez, uma certa aura de satisfação pessoal, orgulho e (à partida justa) recompensa, não podemos negar. É, ao fim e ao cabo, uma distinção almejada, um reconhecimento de talento e de trabalho prévio - tudo coisas ainda melhores! Sou grata por isso. 


 ·        Conte-nos como e porquê começou a escrever, por paixão ou por necessidade? 

Quase arriscaria dizer necessidade, se a paixão não estivesse colada a ela... A escrita, já o disse muitas vezes - por mera redundância, porque todos os que escrevem o sabem - pode ser um escape: ora refúgio, ora janela. Para mim foi, mais que tudo, “uma escadinha para chegar ao céu”. Um exercício de alma, na tentativa de viajar no tempo (a um certo Natal que me roubou uma menina) e no espaço (ao Céu onde me vive um Anjo). Sem esforço - porque foi aí que entrou a paixão. Quando há paixão, o esforço verga-se à emoção, às palavras escolhidas, à musicalidade do poema, à concertação do enredo. À criação artística e imaginativa. À transcendência. 

·        Qual o papel que a escrita ocupa na sua vida? 

Tenho que sorrir e brincar com as palavras... Na minha vida seria mais: tanta escrita para ocupar tão pouco papel!   
Na verdade, já escrevi mil livros, dentro da minha cabeça. Desde que me lembro como gente. 

·        Sempre sonhou publicar um livro? 

Sim, um livro é a materialização de um sonho, para quem guarda tantos na cabeça. É legado. É património, mesmo que pequeno, que nos sobrevive. 

·        Qual é a sensação que tem ao ver, agora, o seu livro nas mãos? 

Ter um livro nosso, pela primeira vez, nas mãos é sempre o coroar duma expectativa, a materialização dum sonho, o desvendar das páginas, onde bailam palavras nossas. Impressas. É sempre muito gratificante. 

 ·        Tem algum projecto a ser desenvolvido, actualmente? Pensa publicar mais algum livro? Continua a sentir vontade de escrever

Tenho vários, a maior parte deles na vertente Poesia. Ultimamente não tenho escrito muito (já o fiz quase compulsivamente, houve tempos...). Mas tenho muito material em gavetas - virtuais, principalmente. Posso até dizer que o projecto mais premente seria colectar e organizar tudo o que tenho escrito. 

·        Fale-nos um pouco sobre o seu livro. 

É um livrinho simpático, que, com uma linguagem lúdica e acessível nos conta a história de Líria, uma menina-de-brincar (não é boneca, é uma menina que vive num reino em que tudo é a brincar, até ela própria). Com ela, vamos descobrindo o mundo real, ousar escolhas e assumir responsabilidades, cimentar valores, viver as peripécias do caminho (nem sempre fácil)... até ela encontrar o Dálio, um jovem lenhador.... e mais não digo, senão estrago a emoção da leitura.  

 ·        Existe alguma parte do livro, em particular, que goste mais. Porquê? 

Gosto dele todo, e ele também gosta muito de mim, já nos abraçámos tantas vezes, que fazemos parte um do outro. 😊 Sei lá, escolho a parte em que a Líria acorda e não sabe que chamar ao seu embaraço, ao descobrir-se observada pelo Dálio. E, de repente, esquece tudo e salta da cama numa aflição, ao descobrir que...

·        Indique as razões pelas quais aconselharia as pessoas a ler o seu livro? O que acha mais apelativo no seu livro? 

Numa narrativa leve e engraçada, particularmente em certas passagens, o livro ajuda a cimentar valores. Fala, sobretudo, de aprender a viver: a descobrir o mundo, o medo, a necessidade, a compaixão, a partilha, entre outras emoções... A entender o amor, enfim. 

·        Não resisto a perguntar isto: os nomes. Existem os nomes de flores “Dália” e “Lírio”, como é que acabámos com uma Líria e um Dálio? Brincadeira? Inspiração? 

Não lhe chamarei brincadeira...  Ficarei com a inspiração, e juntar-lhe-ei originalidade, singularidade, troca-de-letrinhas (como em troca-de-alianças). Imaginação, também fica bem. 😉  

·        Qual é o seu estilo de escrita ou que tipo de mensagem gosta de passar no que escreve? 

Gosto de pensar que sou eclética, toco em todos os estilos. Sou atrevida, sobretudo - ouso além do que sei, mas não entrego trabalho descuidado. Sou perfeccionista, na escrita, e não dou uma obra por feita sem lhe pesar a transcendência, lhe ouvir a música, lhe sentir o coração... É claro que, apresentando assim as coisas, fica óbvio que me movo mais na Poesia.  

Mensagem.... Mais que mensagem, o poema é um caminho. Mais que um caminho, um descobrimento. Às vezes começo a escrever e são as palavras que me guiam, me revelam verdades, ou se servem de mim para servir o leitor. A mensagem começa e acaba fora de mim - um estímulo; então, as palavras, atravessando a minha alma, as minhas mãos, o meu espanto; depois o poema que se abre para o mundo: e cada leitor lhe dará a interpretação que lhe servir. 

·        Qual o papel das redes sociais na vida e na divulgação da obra de um autor? E na sua? 

Posso dizer que, para mim, foi muito importante. Foi nesse “mar” que eu ousei aprender a navegar e ir além - não do Bojador, mas de tantas coisas. Foi aí que eu me testei. Me fortaleci, me galvanizei, me enriqueci, me tornei melhor, como autora. O estímulo dos leitores, a partilha mútua, são muito gratificantes. E, de repente, parece-nos vital e tão vasto, o "mar” das redes sociais. É claro que estou a falar particularmente na criação/publicação online. Já na divulgação de obra feita, comercial, não deixando de ser um meio útil e precioso, não garante grandes descobrimentos...  
  

·        Gosta de ler? Que tipo de leitora é que é? 

Gosto muito de ler, a leitura foi, para mim, uma escola. E continua a ser.  
Sou “absorvível” - quando um livro me “apanha”, não me deixa largá-lo, até à ultima página.  

 

 


 Líria e Dálio Uma história para entender o amor – Teresa Teixeira

54 páginas, capa mole; Tecto de Nuvens, 2023 PVP: 7,50€

(…) E chegamos a este conto, que é “uma história para entender o amor”, que é o sonho e a fantasia e o aprender da realidade. É a delícia de um sono que conta uma história de embalar, da fantasia que quis conhecer o real, da princesa boneca que se torna menina; do calejado lenhador que afinal se mostra um príncipe…(…) Jovem leitor, deixa que também a ti o sono conte esta bonita história.


Livro com lançamento oficial a 13 de Novembro de 2023.

Se quiser receber informações sobre os preços especiais da campanha de pré-lançamento envie-nos email para informacoes@tecto-de-nuvens.pt


1 comentário:

  1. Adorei a entrevista! "A escrita, já o disse muitas vezes - por mera redundância, porque todos os que escrevem o sabem - pode ser um escape: ora refúgio, ora janela(...)" - Faz bastante sentido. Parabéns e votos de muito sucesso!

    Melissa

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