Conte-nos quando é que começou a desenhar e
quando é que começou a usar o desenho para ilustrar algo?
Desde o 3º ano de escolaridade
que sempre me interessei por desenho. Canetas, lápis de cor… tudo o que fosse
colorido chamava à minha atenção para utilizar na “arte”. No início dos anos
letivos adorava comprar material novo para utilizar nos desenhos… Por vezes
isso trazia-me alguns problemas pois os colegas pediam emprestado e eu, com
medo que pudessem gastar ou estragar, não emprestava… causando certos
constrangimentos, confesso! É que o material para além de caro, era muito
precioso e por mim estimado.
Gosto muito de criar! Mesmo quando não o faço, na
realidade, há sempre alguma coisa que me inspira a criar posteriormente um
desenho ou uma pintura! É assim que me entretenho nas poucas horas vagas: a
ler, a escrever ou a pintar/desenhar e a criar coisas.
Como é que faz a ilustração de um livro? É
um processo “técnico” (no sentido de regras, equilíbrios…) ou mais
intuitivo/emocional (do género “consigo visualizar esta cena”)?
É um processo mais visual. Leio o
texto e tento recriar o que imagino, perante a leitura.
Falando especificamente dos livros “A
Florzinha Vaidosa”; “O Pássaro da Asa de Ferro”; “Gustavo e a Oficina Mágica” e
“Contos Contados e Encantados”, qual é a sensação que tem ao ver, agora, os
livros, já prontos, nas mãos?
É bastante engraçado. Ver as
imagens conjugadas com o texto e saber que foram colocadas naquele exato lugar
escolhido para elas.
Fale-nos um pouco sobre o ilustrar de cada
um destes livros. Foi fácil, intuitivo?
Ilustrar um livro escrito por nós
é diferente de ilustrar um livro de outro autor. Existe, obviamente, uma
responsabilidade diferente… na medida em que é necessário perceber bem o que o
autor pertente, de maneira que as ideias se conjuguem para se chegar a algum
lado. Por vezes foi fácil, outras vezes mais desafiante.
Gustavo e a Oficina Mágica de
Marta Coruche remeteu-me para um tempo mais antigo e nostálgico, culminando com
uma ceia de Natal familiar. Tentei que isso se transmitisse nas ilustrações
desenhadas à mão e na escolha das cores utilizadas.– Este livro vem com um
marcador recortável de árvore de Natal
A florzinha vaidosa, de Ana
Ferreira da Silva, é um livro dedicado a um público mais novinho, tem um traço
mais infantil, colorido e ternurento. Aborda a questão das relações entre
irmãos, por vezes conflituosas pelas diferentes personalidades e interesses,
mas também de entreajuda.
O Pássaro da Asa de Ferro foi o
mais desafiante. Denisa Sousa escreveu um conto mais adulto, dedicado a todas
as idades, onde aborda temas como resiliência, bullying e superação. Tem como
personagens uma família de pássaros! Sendo que os desenhos são dentro do
ornitológico, um pouco realistas, também coloridos em algumas ilustrações,
predominando os tons azuis pela personagem principal de nome “Azulinho”.
Sobre a coletânea de contos
infantis, onde ilustrei 4 dos 6 contos, cada história teve o traço que mais se
adequou à narrativa que cada um dos autores criou.
Cada história é uma aventura
diferente. Cada conto tem uma lição a aprender. As ilustrações tornam os livros
mais apelativos.
A imaginação, a arte e a literatura
têm a capacidade de nos transportar para outros lugares, mesmo que não se saia
da cadeira de onde se está sentado. É para isso que a arte serve, para nos
fazer sonhar acordados… fugir da realidade para lugares (possivelmente)
melhores.
Considera a arte, neste caso não apenas na perspectiva de um apreciador, mas de alguém que “produz” algo, seja um bordado, uma
colagem, pintura, desenho, tocar um instrumento, etc., como sendo sempre uma
actividade (até na perspectiva de “escape”) recomendável e positiva? Ou é apenas
se a pessoa for boa na sua realização? Ou pode ser benéfico mesmo que o
resultado final não seja digno de ir para o Museu? Acha que há mérito no
processo por si só?
Na minha perspectiva, o importante é criar! Por vezes
costumo realizar workshops de pintura e há sempre alguém que descobre que
“afinal até sou bom nisto”. Em contrapartida, é sempre uma maneira de
desanuviar o stress, como uma terapia! Nunca me apercebi de alguma desvantagem
em criar alguma coisa artística sem ser, por vezes, o custo de alguns
materiais! Mas até com reciclagem se consegue fazer alguma coisa.
Livros disponíveis nas principais plataformas nacionais e internacionais e na nossa loja online.
Pode encomendar enviando email para loja@tecto-de-nuvens.pt
A Melissa é multifacetada e isso é uma maravilha. Quem me dera saber desenhar. Mas, confesso, gosto que me surpreendam com as suas maneiras de "ler" o que escrevo. Concordo com o que diz que cada forma de arte pode ser uma boa terapia, vendável ou não; pode surgir um talento escondido, importa é que as pessoas encontrem a expressividade como um escape. Beijinhos e parabéns por tantos livrinhos, cada um desafiante à sua maneira.
ResponderEliminarMuito obrigada pelas suas palavras. Um grande beijinho.
EliminarMelissa A.
Muito obrigada pela entrevista e pela oportunidade de poder ilustrar livros de outros autores... ajudando-os a tornar sonhos em realidade!
ResponderEliminarMelissa A.
Também nós temos que agradecer o seu talento e o facto de o estar a partilhar tanto com outros autores como com os seus leitores e os leitores dos outros. Enriquece-nos a todos.
EliminarE num tempo de tudo artificial, tudo montado a partir de referências arquivadas, é bom ter alguém que lê uma história, a entende, a interpreta e depois a transforma em imagens únicas, exclusivas e personalizadas.