quarta-feira, 24 de abril de 2024

Maria João Amaral Graça, autora dos contos "Chico, o bom samaritano" e "Ester, o Anjo do Orfanato", em entrevista

 




Maria João Amaral Graça é licenciada em Comunicação e trabalha como assistente administrativa numa empresa de energia eléctrica.
Foi uma das autoras cujo trabalho concorreu ao nosso Prémio de Conto Infanto/Juvenil, 2023, e teve direito à publicação do mesmo na colectânea "Heróis e Heroínas da Bíblia - Como tu". Para essa colectânea ao conto do Prémio: "Chico, o bom samaritano" juntou também, a convite, o conto "Ester, o Anjo do Orfanato". 
Participou, igualmente, na nossa colectânea do Natal 2023 "Memórias de Natal", com os contos: "Um Natal Mágico" e "O Presente de Natal Misterioso".

Despertou para a escrita ainda muito nova e continua essa prática diariamente, em vários estilos, nomeadamente no seu blogue, cuja visita recomendamos.
Mas deixemos que seja esta autora, de 47 anos, a explicar as suas experiências pelos vários géneros, à procura do seu próprio, nomeadamente nos dois contos inseridos em "Heróis e Heroínas da Bíblia - Como tu -". Maria João Amaral Graça, de voz própria e na primeira pessoa:

   Conte-nos como e porquê começou a escrever, por paixão ou por necessidade?

A escrita entrou na minha vida aos quinze anos, quando comecei a escrever poemas rimados sobre o que observava à minha volta, mantendo sempre esse registro até entrar na faculdade, onde, felizmente, conheci  as crônicas de António Lobo Antunes, na disciplina de  Literatura Portuguesa, cuja escrita sarcástica e crítica em relação a situações do quotidiano me deixou completamente rendida e com vontade de escrever as minhas próprias crónicas. Apesar de ter escrito muitas, guardadas até hoje na gaveta, foi somente aos vinte e três anos, quando tive a minha filha, que me interessei  verdadeiramente pela escrita ficional. O que eu gosto mesmo é de criar personagens, tramas, inventar diálogos, escrever uma história com um princípio, um meio e um fim, que possa ser apreciada por outras pessoas. Sejam histórias infantis, de suspense, ou mesmo de terror, eu adoro um bom desafio.

  Qual o papel que a escrita ocupa na sua vida?

 Eu escrevo todos os dias.  Mesmo que não esteja com nenhum texto em mãos para participar em algum concurso literário, ocupo-me com o Blogue - https://mariajoaoamaralgraca.wixsite.com/aquihahistorias/blog  ou com a página que criei no  Instagram - https://www.instagram.com/mariajoaoamaralgraca/ . Eu adoro qualquer trabalho que exija o uso da escrita, misturada com a criatividade.

 Sempre sonhou publicar um livro? /Publicar um texto num livro?

Sim. Eu tenho esse sonho desde que comecei a escrever histórias. Adorava ver uma obra minha exposta na vitrine de uma livraria, um dia. Penso que é o sonho de qualquer escritor, o de partilhar com outras pessoas um pouco de si próprio, que é revelado através da sua imaginação.

 Qual é a sensação que tem ao ver, agora, o livro nas mãos?

De missão cumprida. A sensação de que me comprometi a realizar algo, e que levei esse compromisso até ao fim.

 Tem algum projecto a ser desenvolvido, actualmente? Pensa publicar mais algum livro? Continua a sentir vontade de escrever?

Eu tenho sempre vontade de escrever. Tudo à minha volta me dá ideias, seja uma passagem de um filme, ou o excerto de um livro que esteja a ler no momento, ou situações que acontecem quando vou à rua, conversas que ouço à minha volta. Atualmente, estou a escrever contos para participar em concursos que vão abrir ou que já estejam a decorrer, e estou a escrever um conto para submeter à Fábrica do Terror. E, claro que desejo voltar a publicar um livro, se entretanto surgirem oportunidades.

   Fale-nos um pouco sobre o(s) seu(s) texto(s)

 Ao escrever os textos “Chico, o Bom Samaritano” e  “Ester, o Anjo do Orfanato" tentei que ambos passassem uma mensagem importante, a de que deveria existir mais empatia entre crianças, o que, infelizmente, não acontece nos dias de hoje, por diversas razões. Nunca é demais realçar a importância da bondade, da humildade e da generosidade,  princípios que deveriam ser sempre seguidos nas escolas, ou outras instituições, embora saiba que é a função dos pais incutir nas crianças esses valores. No caso de “Chico, o Bom Samaritano” resolvi criar uma história que certamente deverá acontecer com imensas crianças nas escolas do mundo inteiro, que por terem menos que as outras sofrem bullying por parte dos colegas, incapazes de se colocarem na pele de quem menos tem. Já em “Ester, a Anjo do Orfanato”, tentei mostrar através de uma criança de 12 anos, que aqueles que têm a sorte de serem abastados deveriam ser mais generosos,  ajudando os mais carenciados. Graças a Deus, existem muitas pessoas que o fazem, contudo, nunca é demais lembrar que devemos ser bondosos e generosos para com os outros.

 Existe alguma parte do texto, em particular, que goste mais. Porquê?

No caso de Chico, o Bom Samaritano é a parte final que diz “é bom fazer o bem ao próximo, todavia, é ainda mais gratificante observar a felicidade de quem é ajudado”. Eu própria já tive essa sensação, e é maravilhosa. Sentimo-nos bem ao ajudar quem necessita, porque assim o devemos fazer, caso tenhamos essa possibilidade, e sem estarmos à espera, a pessoa retribui com lágrimas de gratidão. É porque tocamos o coração da pessoa, e isso é indescritível. Já no texto de Ester, o Anjo do Orfanato, gostei bastante do papel da avó Madalena na história, e como a revelação do seu triste passado contribuiu para alterar a forma de pensar do filho. Às vezes, julgamos primeiro e só depois é que ouvimos, quando deveria ser o contrário.

Indique as razões pelas quais aconselharia as pessoas a ler o seu texto? O que acha mais apelativo no seu texto?

 Tive imenso prazer em escrever ambos os textos, porém, confesso que gostei bastante mais de Ester, a história de uma menina pobre, que de um momento para o outro, vê-se rodeada de luxos com que nunca sonhou. E, ao invés de se adaptar à sua nova vida, ela não descansa enquanto não encontra forma de melhorar também a dos seus amigos no orfanato. A minha intenção talvez fosse mostrar que a ajuda vem de quem menos se espera, e no caso de Ester, vem de uma avó que escondia um passado bem triste, e que foi obrigada a revelá-lo para ajudar a sua neta adotiva.

 

 Qual é o seu estilo de escrita ou que tipo de mensagem gosta de passar no que escreve?

Considero que ainda não encontrei o meu estilo, aquele que possa dizer “É Meu”. Sei que cada escritor escreve de forma diferente, contudo, ainda estou naquela fase de aprendizagem, em que me limito a dar vida às minhas histórias, seguindo a voz de um ou outro autor com quem me identifico mais. Adoro qualquer desafio de escrita, seja para adultos ou crianças, apesar de me sentir mais inclinada para a escrita de horror/terror, talvez consequência do meu fascínio pelo sobrenatural. Mas acredito que também eu  hei-de encontrar a minha própria voz literária.

 Qual o papel das redes sociais na vida e na divulgação da obra de um autor? E na sua?

É escusado negar que, hoje em dia, as redes sociais são uma ferramenta essencial para que o nosso trabalho alcance um maior número de pessoas. Criar um blogue, um site, uma página no Facebook, no Instagram ou qualquer outra plataforma que nos ligue a outras pessoas torna-se, sem dúvida, necessário para que o nosso trabalho seja conhecido.

 Gosta de ler? Que tipo de leitor é que é?

Confesso que gostaria de ter mais tempo para ler. É uma prática essencial para nos tornarmos bons escritores, por isso, todos os meses me comprometo a ler um livro. Claro que, muitas vezes, não consigo acabar no tempo estipulado, mas pelo menos obrigo-me a pegar nele e a ler, nem que seja uma página por dia. Desta maneira, não perco o hábito da leitura, que considero que todos deveriam ter.

 

  


Heróis e Heroínas da Bíblia – Como tu… - Contos – Várias autoras
PVP: 13,00€
192 páginas, capa mole; Tecto de Nuvens, 2024

Desde sempre que os feitos dos heróis e heroínas foram divulgados, contados e recontados; celebrados, perpetuados sob inúmeras formas (…) O nosso propósito é fazer algum paralelo entre as situações vividas pelas personagens bíblicas e aquela que pode ser a vida de “personagens contemporâneas”;(…) os contos foram enriquecidos com as ilustrações da Melissa de Aveiro.


Livro disponível nas principais plataformas nacionais e internacionais e na nossa loja online.

Pode encomendar enviando email para loja@tecto-de-nuvens.pt

Sem comentários:

Enviar um comentário