segunda-feira, 11 de novembro de 2024

"Caem as folhas" e "S. Martinho" - Desafios de Novembro - TEXTO VENCEDOR -

 



 Estão de volta os Desafios...

 "Caem as folhas" continua a ser o nome do desafio que anda à volta destas folhas, sejam as das árvores ou outras, que caem e se renovam: Outono, a inspiração, os ciclos da vida, etc.
O desafio voltou a incluir as opções conto (pequeno), fotografia/desenho e a poesia. 
E sendo hoje dia de S. Martinho, também fica uma homenagem ao santo e às tradições deste dia.

Do dia 11  até ao dia 30 de Novembro 2024 estarão abertas as votações para o trabalho favorito. O vencedor receberá um prémio.
Só contaremos os votos dos votantes que se identificarem, podem votar como anónimos mas depois deverão enviar um email para um dos endereços fornecidos e indicando o número que lhes foi atribuído. Os votantes entrarão num sorteio para receberem uma lembrança.

E os prémios...
Vamos oferecer livros! As nossas folhas favoritas...


O autor premiado e o votante sorteado poderão escolher a partir de uma lista que vamos fornecer o título que mais lhe agradar.

E o texto vencedor é : "O Esquilo e a Cigarra" da autora Ana Ferreira da Silva. Muitos Parabéns!
Em breve vai receber o nosso catálogo de onde poderá escolher um livro.
E por sorteio, a votante nº 3, também vai receber um livro à escolha. Parabéns!
E os nossos agradecimentos tanto aos autores participantes como aos leitores que tiraram um momento para votar.
Esperamos por todos um pouco mais acima no nosso Calendário de Advento.

9) As folhas nascem

As folhas nascem
E as folhas caem
Todos os anos na sua época
- O tempo passa, o tempo recua, o tempo para!?
A vida é como um barco quando navega no mar de ondas!
As folhas caem… a árvore fica de pé
Ontem andava vestida, amanhã está nua
As folhas caem-lhe!
Na próxima primavera há muitas folhas viçosas de esperança
Depois, depois, mudam de cor
E tudo volta ao mesmo


Ilda Pinto Almeida

8) no outono da vida das folhas a caírem

se virmos como se vestem as árvores,
de folhas verdejantes e encobridoras dos sóis,
somos bafejados pelo querer e ser
                     do cheiro primaveril,
                     da sua virilidade,
e lembramos,
                     oh, se lembramos,
das suas vidas, como se fossem nossas,
lembramos o crepúsculo lapidador
                        das suas folhas,
                        que caiem, como se mortas,
nas lembranças dos outonos passando por elas,
o vigor das suas querenças,
                   leva-as a florir,
logo a seguir, viçosas e lindas,
o outono é como a vida,
                  lindo que nos amarra,
                  ao som das cores imanando
as sinfonias dos grilos no verão,
e o renascer em cada primavera,
assim é o outono.

Joaquim Armindo


7) No dia de São Martinho vai à adega e prova o vinho


Sabia que faltam apenas 50 dias para o final do ano? Pois bem, a data que se assinala hoje tem vários significados e um deles é esse, que num pequeno salto, estamos a comer as 12 passas e a beber champanhe, ou branco de Lafões.
Mas daqui até lá ainda há imenso tempo para saborear, viver e reviver várias sensações festivas.
Uma delas é a que se realiza hoje um pouco por todo o lado e nas nossas casas: O dia de São Martinho, com os seus tradicionais magustos.
Em Portugal é feriado municipal em Alijó, Mêda, Penafiel, Pombal e Torres Vedras. Um dos mais afamados realiza-se em Penafiel e que abriu as festividades ontem, dia 10, e prolonga-se até ao dia 21 de Novembro. Já lá estivemos e a festa é de arromba.
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História do São Martinho

Reza a lenda, e as liturgias atestam, que São Martinho de Tours terá nascido na Hungria por
volta do ano 316 desta Era. Terá sido um soldado romano, que renunciou à milícia e recebeu
baptismo, tendo rumado a França e fundando um mosteiro.
O milagre que lhe é atribuído foi, segundo a lenda, que ao ver um mendigo ao frio num dia de tempestade de neve, cortou o seu manto ao meio e partilhou-o com o mendigo. Deste acto, diz-se que recebeu uma bênção de três dias de sol, advindo daí a expressão “verão de São Martinho”, que habitualmente nestes dias do ano o tempo fica soalheiro.
O etnógrafo português José Leite de Vasconcelos, afirmou que esta festividade representa um sacrifício em honra dos mortos, em que no passado a celebração era de forma diferente da que em Portugal se comemora a data, em que era usada a tradição de acender as fogueiras para que à meia-noite fosse preparada uma mesa com castanhas, que simbolicamente serviriam para oferendar aos familiares que já partiram deste mundo.
Talvez por este motivo alguns locais da Escandinávia é celebrado no dia de véspera, dia 10,
iniciando um período de recolhimento antes do Natal e fazendo desse jantar, o último grande jantar do ano. Na Suécia, esse jantar consiste em sopa, ganso assado e bolo de maçã.

O nosso magusto

Por cá já a história de comes e bebes é outra: Castanhas assadas e vinho. Vinho que pode
muito bem ser o vinho novo, a água-pé ou jeropiga.
Aliás, no caso do vinho já terá um outro significado a ter em conta, sendo o primeiro dia do qual deve ser degustado o vinho novo, já que a maturação do vinho do ano atinge o seu ponto ideal para ser provado.

Em todo o caso, temos sempre o provérbio popular: “No dia de São Martinho vai à adega e prova o vinho”.
Só nos resta desejar uma boa noite de São Martinho com castanhas assadas e boa prova do
novo vinho, água pé ou jeropiga.

Aníbal Seraphim
(Publicado originalmente em: Notícias de Lafões nº, 584 - Página 14 - 11/11/2021)

6) No dia de S. Martinho



Aníbal Seraphim

5) A peneira da vida


Ai outono outono
Porque me fazes sempre isto?
Passo o inverno a sonhar
Com os pássaros a chilrear
E com os dias à beira mar a passear
Finalmente a primavera regressa
Com os dias a crescer mais depressa
Sinto-me mais vigoroso
Deixando de ser preguiçoso
Aí vai chegando o verão
Mas que maravilhosa estação
Que ao ver as donzelas a passar
Fico logo com o coração a palpitar
Certo dia vi uma Deusa de cabelo doirado
Ficando imediatamente apaixonado
Voltando a sensação de me sentir amado
No meio da natureza desenhamos corações
Com juras de amor em todas as estações
Em Setembro vivemos um tórrido equinócio
Augurando um excelente início
O renascer da felicidade
Em tão tardia idade
Certo dia aconteceu o inesperado
Ela foi viver para outro lado
Dizendo que tudo estava terminado
Deixando-me completamente desolado
E logo no regresso da nova estação
Que traz melancolia e pouca fé
Em que árvores ficam em pé
Mas as folhas caem ao chão

Ai outono outono
Porque me fazes sempre isto?

Aníbal Seraphim

3) Outono sem se ralar...



Aníbal Seraphim



3) O ESQUILO E A CIGARRA


Andava a cigarra atarantada enterrando as patitas na terra amolecida pelas primeiras chuvas daquele Outono particularmente ameno. Tão ameno fora até então aquele Outono, que a cigarra nem se dera conta de que a azáfama das formigas – sempre tão rigorosas em questões de calendário – terminara havia duas boas semanas, e todos os formigueiros do bosque se encontravam já de portas fechadas na expectativa dos grandes frios. A cigarra foi, assim, apanhada desprevenida, sem comida em casa e, para dizer a verdade, sem casa, pois o buraquito onde costumava abrigar-se para dormir, escavado sob uma raiz de sobreiro, tinha sido alagado por essas mesmas inesperadas chuvas, obrigando-a a proteger-se do mau tempo sob o chapéu de um grande cogumelo branco que uma rabanada de vento acabara por arrancar.
Chorando a sua desdita, foi a cigarra batendo à porta de cada formigueiro conhecido; mas o resultado era sempre o mesmo...
- Formiga, amiga formiga, sou eu, a cigarra do bosque! – implorava, a voz cada vez mais enrouquecida – Todo o Verão cantei para a tua família! Terás por aí algumas migalhinhas que possas dispensar, que estou cheia de fome?
- Tenho muita pena, cigarra – respondia-lhe sem emoção a formiga, do outro lado da porta fechada. – Não te avisámos nós mil e uma vezes que te acautelasses, que a vida não pode ser passada só em cantorias? Não te aconselhámos nós mil e uma vezes a encher a despensa para o Inverno? Vocês, cigarras, não ganham emenda! Todos os anos é a mesma coisa! Passam o Verão a divertir-se, a troçar do nosso trabalho, e depois quando chega o frio, é aqui d’el-rei, que temos fome!
- Eu nunca trocei do vosso trabalho, formiga! – protestou a cigarra na sua voz lamuriosa – Apenas vos disse que devíeis aproveitar um pouquinho a beleza dos dias longos e a suavidade das noites de Verão, em vez de trabalhardes sem parar!
- Pois sim, cigarra; mas aqui não há nada para ti! A nossa comida está calculada para durar todo o Inverno! Somos muitas, e ao contrário de ti, que passaste o tempo a vadiar, temos crianças para alimentar! Além disso, as portas do formigueiro já estão todas trancadas, e só abrimos na Primavera! Vai andando!
E lá se ia arrastando a cigarra de formigueiro em formigueiro, cada vez mais faminta e cansada. A terra amolecida começava a ceder lugar à lama pegajosa à medida que a chuva fininha ia refrescando a terra, emprestando brilhos cristalinos à erva viçosa.
Quando chegou o crepúsculo, a cigarra enfiou o corpo dorido sob um monte de folhas húmidas que o vento arrancara às árvores do bosque, e desatou a chorar.
- Que se passa, cigarra?
A cigarra abriu os olhos, entre admirada e assustada. Tinha diante de si um enorme focinho ruivo que se havia insinuado sob o monte de folhas. Nem o calor da respiração daquele grande nariz escuro a reconfortou, julgando que ia ser comida.
- Por favor – implorou num fio de voz -, não me faças mal, deixa-me morrer em paz!
- E tu queres morrer?! Mas que ideia estranha!
O esquilo – pois de um belo esquilo ruivo se tratava – escavou o monte de folhas, deixando a descoberto o corpo definhado da pobre cigarra.
- Pois não eras tu que cantavas de manhã à noite aquelas intermináveis canções?
A cigarra endireitou as costas ao reconhecer um dos esquilos que moravam num buraco do seu sobreiro.
- Sim, era eu... Desculpa se não vos deixei dormir! Estou tão arrependida!...
- Ora essa! Fizeste aquilo para que Deus te criou, que é espalhar alegria pelo bosque! Mas agora não me parece que te sintas muito feliz! Diria que estás doente...
- É verdade, amigo esquilo, quase perdi a voz! Morro de frio e de fome!
- Porque não subiste a bater à nossa porta?
- Olha, não sei, acho que tive vergonha... Além disso, sempre julguei que as formigas não se importariam de me ajudar.
- As formigas lá têm as suas manias – descartou o esquilo. – Consegues trepar para as minhas costas?
- Para onde me levas?
- Para casa, naturalmente! A nossa toca é quentinha, vais recuperar num instante! Os miúdos vão adorar ouvir-te cantar de novo! Além disso, temos a despensa cheia de bolotas, e quando acabarem, sempre podemos descer a buscar mais algumas! Parece-te boa ideia, vires morar connosco durante o Inverno?
A cigarra desatou a soluçar, comovida.
- Não sei como te agradecer, amigo esquilo...
- Não quero que me agradeças. Deus inventou o Outono para nos ensinar a sermos previdentes, mas acima de tudo, para aprendermos a ser uns para os outros! Vamos! Tens de te por boa para nos cantares canções de Natal!
Dito e feito. E assim, ao longo de todo aquele Inverno, o bosque ressoou com o canto da cigarra, feliz no aconchego do lar da família Esquilo, vizinha do primeiro andar.

Ana Ferreira da Silva


2) caem as folhas, brotam as castanhas


no brilho constante do mar,
nasce uma nuvem de fumo
                       do castanheiro
                       assando as castanhas,
e brilhando no instante
                       de quentes e boas
aí vão os cartuchinhos a soprar a maré.

não muito longe,
amarelas ou avermelhadas
                        ou de outras cores,
                        (que até não existem, no nosso imaginário),
das suas proprietárias, as árvores
são abrasadas pelos ventos
deixando-as como nuas,
e sem que a moral interfira na sua nudez,
vão despejando folha a folha
                         no chão,
os pinheiros, não,

são necessários para o natal.

castanhas e folhas, são a correr
os nossos caminhares,
no outono, ao virar das avenidas,
                        paralelas e brilhantes,
encontramos o devir.

mas ficam as folhas das árvores
e as castanhas assadas, nos imemoriais
                         desta caminhada.
Joaquim Armindo


1) CHEGOU O OUTONO


É Outono.
De fulvas cores se veste a Natureza,
Tons quentes de lareira acesa;
Bailam ramos ao namoro do vento,
Mil delicadas folhas chovem num momento.

É Outono.
Regressam da escola os meninos,
Cortam a fresca aragem seus risos cristalinos;
Das folhinhas que volteiam colhem braçadas
Muitas e muitas, nas mochilas guardadas.

- Quem fará a maior grinalda,
E a mais bela, para a sala de aula?
- Grande surpresa faremos à mestra!
- Na escola amanhã, será dia de festa!

É Outono.
Já sobre o mar o Sol boceja,
E a Terra a adormecer preguiçoso beija;
E pelo bosque úmbrio, em cada cantinho,
Bolotas e cogumelos nos acenam, e castanhas para o S. Martinho.

Ana Ferreira da Silva


15 comentários:

  1. Voto no meu conto "O esquilo e a cigarra" - nº3

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  2. As folhas são as vestes das árvores de que algumas nem sempre necessitam. Voto no texto 9 da Ilda Pinto. As árvores são deveras importantes para o planeta Terra.

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  3. Texto 9 Ilda Pinto. Obrigada

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    1. Muito obrigada. Foi-lhe atribuído o número 3. O seu voto só será validado quando fornecer, via email, uma forma de contacto. Envie, por favor, um email com o assunto "Votante nº 3" para o endereço geral@tecto-de-nuvens.pt ou tectodenuvens@hotmail.com

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    2. O seu voto foi validado. Usaremos o endereço de email fornecido em caso de vitória no sorteio. Muito obrigada.

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    1. Muito obrigada. Foi-lhe atribuído o número 4. O seu voto só será validado quando fornecer, via email, uma forma de contacto. Envie, por favor, um email com o assunto "Votante nº 4" para o endereço geral@tecto-de-nuvens.pt ou tectodenuvens@hotmail.com

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  5. Voto no conto 3 - Esquilo e a Cigarra

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    1. Muito obrigada. Foi-lhe atribuído o número 5. O seu voto só será validado quando fornecer, via email, uma forma de contacto. Envie, por favor, um email com o assunto "Votante nº 5" para o endereço geral@tecto-de-nuvens.pt ou tectodenuvens@hotmail.com

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    2. O seu voto foi validado. Usaremos o endereço de email fornecido em caso de vitória no sorteio. Muito obrigada.

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  6. Difícil escolha entre dois dos mais votados. Vou optar pelo elaborado e estruturado nº. 3 "O esquilo e a cigarra"

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    1. Muito obrigada. Foi-lhe atribuído o número 6. O seu voto só será validado quando fornecer, via email, uma forma de contacto. Envie, por favor, um email com o assunto "Votante nº 6" para o endereço geral@tecto-de-nuvens.pt ou tectodenuvens@hotmail.com

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    2. O seu voto foi validado. Usaremos o endereço de email fornecido em caso de vitória no sorteio. Muito obrigada.

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