sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

AMOR: Desafios de Fevereiro - TEXTO VENCEDOR -

 


Mais um ano, mais Desafios e mais, esperamos sempre que mais, AMOR. A melhor maneira de arrancarmos mais um ano de trabalhos é assim, cheia de amor - todo e qualquer amor, incluindo, naturalmente, o amor pela vida. Vamos aceitar pequenos contos e poesia (em todas as formas que pretenderem, incluindo quadras).

Os trabalhos são publicados neste blogue a 14 de Fevereiro, Dia Mundial do Amor, do Casamento e dos Namorados (S. Valentim). Depois, e até ao dia 28, teremos uma votação a decorrer para encontrar o texto favorito dos leitores.
Como habitualmente, as votações serão feitas usando a caixa de comentários (já sabem que tem moderação pelo que os comentários/votos não ficam visíveis de imediato), não há limite para o número de vezes que podem votar ou em quem votar, apenas se espera algum bom senso.
O texto mais votado receberá um exemplar de um livro dedicado ao amor (a partir de uma lista, que incluirá poesia e prosa, que forneceremos ao vencedor) + caneca também dedicada à temática do amor;  e sortearemos um dos comentários/votos para receber um exemplar de um livro nos mesmos termos dos do autor vencedor. - Só serão elegíveis tanto para este sorteio como para o trabalho vencedor, os comentários/votos que nos forneçam uma forma de contacto (podem permanecer anónimos no voto, se nos solicitarem isso, apagaremos do comentário o contacto antes de o publicarmos). -


Feliz Dia de S. Valentim! (Dia Mundial do Amor, do Casamento e dos Namorados)

E após uma votação que fez os corações baterem até ao final temos um texto vencedor: "Breve ausência", de Bastos Vianna. Ao vencedor os nossos parabéns!
Muito obrigado a todos os autores pelas suas participações.
Brevemente o vencedor receberá o catálogo para escolher um livro sobre a temática do amor, a que se juntará também uma caneca.
Dia 1 de Março será sorteado um votante para também receber uma lembrança.
A todos agradecemos a leitura e a votação.

Já foi sorteada a chave do Totoloto deste sábado, 1 de Março, e o número da sorte foi o 4. Sendo assim, os votantes com o número 4 e números terminados em 4, ficaram elegíveis para o nosso sorteio. 
O número sorteado foi o 4 e pertence a IPA. Muitos parabéns!
Muito em breve vai receber o nosso catálogo para escolher um livro.


(13) Sozinho em dia de São Valentim

Adão era um homem muito especial, passava a vida a ajudar os outros. Tinha mil e uma atividades: andou em aventuras pela Europa fora com grupos musicais, fazia teatro, escrevia para revistas, jornais e outras coisas tais. Fazia exposições de fotografia em que gostava de partilhar a sua magia. Tinha um grande problema: O trabalho diário consumia-lhe toda a energia num muito intenso dia-a-dia.
Tinha um grande amor pelas artes e uma enorme paixão por tudo o que era cultura. Amava muito a sua família mas prematuramente foram desaparecendo e formando estrelas no céu.
Amava todos os que sempre estiveram do seu lado e que em certas alturas da vida o ajudaram. Amava tanto a vida e era extremamente sensível. Tão sensível, mas tão sensível que quando alguém lhe contava alguma alegria, ficava sempre com uma lágrima de felicidade a escorrer pela face.
Andava sempre de sorriso aberto, e todos os que o conheciam diziam que ele deveria ser uma pessoa a quem a vida lhe correria muito bem.
Com quem no passado com ele privaram, pensavam que com tantas atividades andava sempre rodeado de amigos e que nunca lhe deveria faltar companhia.
Mas… Sofria por dentro e muitas vezes o que chorava era o coração. Sofria por dentro porque afinal não tinha companhia. Sofria por dentro porque lhe faltava uma companheira de cumplicidade. Sofria por dentro porque faltava o grande amor da sua vida.
No dia de São Valentim fazia questão de ir jantar sozinho, porque amor é: Saber viver com o amor-próprio. Amor é: Amar a vida como ela é. Amor é: Amar à distância e lembrar-se dos mais necessitados com quem ao longo da sua vida teve oportunidade de os amar nem que fosse por um breve instante e com simples gestos e atitudes.
14 de Fevereiro de 2025… Venha mais um jantar sozinho cheio de amor no coração.



Aníbal Seraphim

(12) Vida de amor


Acordar e ser grato por mais um dia
Tomar o pequeno-almoço em boa companhia
Sair de casa para aproveitar o sol em harmonia
Caminhar pelo jardim e ver as crianças cheias de energia
Regressar a casa pleno de satisfação
Almoçar sendo grato pela refeição
Refletir sobre uma vida de trabalho e agora viver da pensão
Dar graças por chegar à reforma e ter cumprido uma missão
Pensar no verão que está a chegar
Começar a refletir para onde se irá viajar
Ir de carro para a serra ou ir de barco em alto mar
Será a escolha que o destino ditar
Dar mais um passeio com a velha companheira
Dando-lhe sempre a mão para atravessar a passadeira
É-lhe grata por ter sido uma cúmplice à maneira
Ter sido o seu sol no nabal e a chuva na eira
Anoitece e sente-se grato por mais um dia
Ficando no sofá a ler um livro em boa companhia
Deitam-se sob uma luz romântica em harmonia
Fazem amor como dois jovens cheios de energia



Aníbal Seraphim


(11) A CANDEIA


Por ti a candeia deixei à janela,
Cuidando que da montanha a verias
- Pouco mais que uma pequenina vela
Face às trevas, ao vento, às brumas frias.

Terno e frágil coraçãozito aceso
Do triste fogo da minha tristeza,
Que todo o meu querer deixei eu preso
À humilde chama da candeia acesa.

Sobre meus olhos a noite desceu,
Cessaram as lágrimas e secaram;
Nos meus lábios poisou um beijo teu,

Muito leve tuas mãos me acariciaram;
E à janela a candeia estremeceu
Quando em sonhos os corações se amaram.

Ana Ferreira da Silva


(10) (Des)amor

Por detrás dos óculos escuros e do jornal da tarde, João observava. Era uma tarde quente, típica do mês de Agosto. Deitou um olhar invejoso aos banhistas que, a poucos metros da esplanada, se refrescavam nas ondas. A areia, dourada e escaldante, parecia implorar ao mar que a inundasse, acalmando assim tanto calor. Só ele não podia, num mergulho, refrescar o corpo transpirado. Não se encontrava na praia para gozar banhos de mar. Estava ali para ver a mulher com o amante. Tinha de ver com os próprios olhos, de contrário não seria possível acreditar.
Um telefonema que recebera horas antes, no escritório, informara-o do comportamento indigno de Ana, na sua ausência. A pessoa amiga (como se intitulara ao telefone) convidara-o a deslocar-se à esplanada, na praia de S. João, onde Ana – a sua Ana – iria encontrar-se com o amante. João não acreditara. Ou, pelo menos, não quisera acreditar. A mulher com quem casara oito anos atrás não seria capaz de uma traição. No entanto… Não lhe dissera Ana que não estaria em casa naquele dia? Onde tinha dito que iria? À praia com uma amiga. Qual a amiga, na verdade? Ela não especificara. E a dúvida começara a atormentá-lo. Por fim, decidira-se e ali se encontrava agora, sob a sombra protectora do guarda-sol colorido, com a garrafa de água já vazia, encoberto pelo jornal (como nos filmes de detectives que ele tanto apreciava), tentando descobrir a figura graciosa da mulher.
Sentia a garganta seca e dispunha-se a pedir nova bebida quando a viu. Encolheu-se por detrás do vespertino. Ana aproximava-se, movendo-se com a elegância habitual,
na companhia de um homem alto, louro e atraente, que João não reconheceu. O vestido leve que Ana usava moldava-lhe as formas esbeltas que João bem conhecia.
Escolhida a mesa, sentaram-se ambos e pediram qualquer coisa que João não pôde ouvir. O vento agitava o cabelo negro de Ana e os seus olhos verdes (como o mar) pareciam a João mais verdes e mais brilhantes. O louro deitava-lhe olhares ardentes, apaixonados. Tocava-lhe o rosto com uma familiaridade chocante. Falava-lhe ao ouvido. João conseguia imaginar o que dizia. Palavras doces, de amor… Não precisou de ver mais. Levantou-se bruscamente e, atirando uma nota para cima da mesa branca, afastou-se a passos largos.
Sentia uma raiva surda, uma dor forte no peito, uma desilusão profunda que lhe dificultava a respiração. Entrou no carro e dirigiu como louco. Como era possível que Ana o enganasse? Não lhe jurara ela fidelidade? Não prometera amá-lo e honrá-lo?
João sentia-se magoado, humilhado, traído.
Entrou no escritório, rubro de indignação. A secretária, morena e bonita, aproximou-se num andar sinuoso.
- Aconteceu alguma coisa, querido?
O olhar suavizou-se-lhe de imediato.
- Um pequeno contratempo, meu amor.
Lígia Dantas


(9) Primeiro Amor

Nascia a manhã.
Espreguiçando seus braços abertos abria o começo.
Teimosa apresentava-se por entre as nuvens do céu, aclarando levemente o céu.
Mas, tal como todos os inícios, germinava lentamente, envolvida em mistério inebriante de um denso nevoeiro espesso escondendo o desabrochar do dia cobrindo os vultos de cinza. 
Imperceptível a olho nu, as plantas recolhiam as gotículas de orvalho fresco e os cães faziam suas caminhadas matinais. As rotinas habituais afloravam: as lojas preparavam- se para abrir, os alunos seguiam seu rumo para a escola… 
Pela rua abaixo, de perninhas frágeis, seguia cabisbaixo de olhos fixos no chão. Revoltado com a vida, dava pontapés em todas as pedrinhas que ia encontrando. Até que se começou a deslumbrar aquela casa. Seu corpo começou a tremelicar, seu coraçãozito começou a aquecer e um rubor inundou-lhe as faces. Não percebeu o que se passava com ele. O que seria aquilo que sentia?...
À medida que se foi aproximando, seu coração acelerou ainda mais…fazendo brotar de dentro dele sentimentos desconhecidos. Uma incomodativa interrogação não parava de bailar no seu pensamento:
- Será que a vou ver?...
Ao passar em frente da casa, desacelerou o passo. À sua lembrança vinha a sua imagem. Era algo muito precioso que fazia seus olhos ficarem encadeados de amor.
Impressionado com a sua beleza, seus olhos ficavam ofuscados mal a via. Sonhava em olhá-la tempo sem fim… 
E fez o que sempre fazia quando por ali passava. Do bolso, gentilmente retirou a maçã docinha. Com a manga da camisola de lã limpou-a carinhosamente até ficar bem luzidia. Esticou-se nas pontas dos pés, esticou o pescoço ampliando seu campo de olhar… e, tremelicante, esticou o braço por cima do pequeno muro para pousar a maçã no lugar ideal para aquela que era a luz dos seus olhos, sussurrando baixinho: “AMO-TE”!
Porém, no preciso momento em que ia pousar a maçã, pressentindo passos na sua
direção, atrapalhou-se e espalhou-se pelo chão. Depressa se recompôs e, ainda atabalhoado, prosseguiu ligeiro, muito encolhidinho e enrolando-se nos livros que levava, temeroso que alguém se apercebesse da sua presença e pior, que soubessem dos seus sentimentos que sentia por ela. “Ai, se houvesse um buraco onde me pudesse esconder…” pensava ele pelo caminho.
- Espera aí…
- Não fiz nenhum mal, não ia roubar nada…- Apressou-se a balbuciar antes que o acusassem.
- Eu sei…apenas queria agradecer-te a amabilidade de dares todos os dias uma maçã.
E a conversa progrediu amena, amável…
Ao verem-no chegar à escola acompanhado, os colegas admirados foram-se aproximando. Toda a turma o rodeou. Sempre o tinham visto aos pontapés e maldisposto insultando todos.
Mas hoje, ele estava diferente!
Da sua boca, só saíam agora palavras de ternura, todas as que possam imaginar… enquanto aconchegava e acariciava com carinho a sua companhia. Verem-no ter aqueles gestos de meiguice e de ternura surpreendeu todos. Pensavam-no incapaz disso...
Era a primeira vez!
A primeira vez que sentia afeto… Inebriado e inundado por essa emoção que transbordava de dentro do seu coração, ele deixou pela primeira vez transparecer a todos o seu sentimento sem medo.
Perante a admiração geral, a ave de um quilo e de quase um metro de altura pousada no ombro dele, abriu a beleza da sua plumagem e fez o seu grito típico “RRAAAK”, articulando de seguida a palavra humana:
- “AMO-TE”!
Um enorme sorriso ternurento se abriu em todos e em coro exclamaram:
- Oh... que amor!
Essa sensação deliciosa de amar que mudou suas vidas.
Por incrível que pareça, desta vez não houve os risinhos habituais de troça que causavam desconforto: “ Estão apaixonados, nha, nha, nha….!” nem sequer a expressão: “Ui, que nojo…” Desta vez, todos se derreteram perante a companhia por
quem ele sentia afinidade e empatia!
- É uma arara-canindé! São das araras mais populares como animais de estimação e eram sinal de riqueza na época dos reis. Foi-me oferecida por uma família brasileira que vai regressar ao Brasil e não tinha com quem a deixar! É oriunda de uma comunidade indígena, diz a lenda que esta espécie animal foi criada pela deusa Arara Encantada que ensinou música, dança, a fala e todo o saber. É dócil e muito inteligente, aprende tudo o que lhe ensino! Basta ouvir uma vez uma palavra para a dizer logo. - Acrescentou o rapaz que tudo sabia sobre ela, visivelmente feliz e com o coração repleto de AMOR!

Era o nascer do Amor…

Nina Pianini

(8) uma estória

era assim. num ano longínquo. há muitos anos. um rapaz entrava num comboio. mas antes perante olhares dos circunstantes. dava um abraço. a uma pessoa que era especial. muitas palmas. porque o abraço foi mesmo apertado. era mesmo um abraço de amor. embora não declarado. na próxima vinda do comboio haveria de ser declarado. com um beijo. lá pelos pinhais e eucaliptos. sim junto a essa escola. e daí começaram as cartas. sim. as cartas do correio. para lá. para cá. quando chegava o comboio namoravam. que é como se diz. levaria três ou quatro meses. até que deixaram de chegar as cartas. do correio. sim senhor.
numa se dizia. nada nem ninguém nos separará. não foi assim. não senhor. 
houve alguém que separou. fosse porque fosse. mas separou. e as cartas deixaram de chegar. para que conste não deixou de existir amor. só que foi interrompido. ele era pobre. ela não o era. haveria outro casamento para ela. aprazado. e foi assim que foi interrompido o namoro. como se chamava.
passaram-se anos. ela viúva. voltaram-se a encontrar. ele casado. já não existiam flores no bosque. nem camélias a florescer. os pinhais e os eucaliptos desapareceram. as cartas não chegaram pelos carteiros. carteiros como se chamavam. os senhores que entregavam cartas. só uma coisa nunca desapareceu. nem a um. nem a outro. o amor que sempre os ligou. fica como estória. ou história. no dia dos namorados de dois mil e vinte e cinco.
joaquim armindo




(7) as rosas duma videira


rosas e uvas não são rios e mares,
mas as rosas dão seiva
                                       às uvas,
as uvas dão sabor
                                       às rosas,
assim é o amor, dos namorados.

joaquim armindo

(6) O Amor

De manhã, durante a minha habitual caminhada no jardim da minha rua, cruzei-me com um casal de idade avançada. Encontravam-se ambos junto a um dos aparelhos de exercícios, que felizmente existem um pouco por toda a parte, quando passei por eles em passo apressado para tentar manter a forma e os níveis de colesterol. Consegui ver-lhes o sorriso cúmplice e, quase sem dar por isso, abrandei. Disfarçadamente, observei-os. A senhora erguia para o homem um olhar brilhante, com a cabeça ligeiramente inclinada, num gesto deliciosamente coquete. Riu-se, numa gargalhada breve, suave e inesperadamente jovial. Compreendi que o que lhe provocara o riso tinha sido a atenção que o homem lhe dedicava. Rodeava-a com braços cuidadosos, ainda firmes, e olhar terno, ao mesmo tempo que lhe recomendava carinhosamente para ter cuidado. Ela riu-se novamente, no seu riso de menina, e depois sorriu-lhe. Ele sorriu-lhe de volta. Sem conseguir conter-me, sorri também. Prossegui a minha marcha, mas a minha atenção ficou por lá. Perguntei-me quantos anos teriam de casados. Perguntei-me se a sua união teria sido sempre assim. Encurtei o percurso para poder cruzar-me novamente com o casal, atraída pela cumplicidade que deixavam transparecer. A senhora abandonou o aparelho, com o companheiro ainda a segurá-la e os risos de ambos a chegarem até mim. Vi-lhes o toque carinhoso, os rostos muito próximos. No momento em que, com relutância, decidi voltar a casa, vi-os, surpreendida, despedirem-se. "Até amanhã, minha querida"; disse-lhe ele. "Até amanhã, meu amor", respondeu-lhe ela. Vi-o beijar-lhe o alto da cabeça. Vi o abraço que deram, o último olhar encantador, as mãos que se tocaram, o sorriso à despedida. Vi-os dirigirem-se, separadamente, para a saída. Ela subiu as escadas, devagar, a olhar para trás de quando em vez, a acenar-lhe sempre, até desaparecer pelo portão de ferro forjado. Segui atrás dele, na direcção daquela que seria também a minha saída, na extremidade oposta do jardim. Ao passar pelo homem, olhei-lhe para a mão esquerda. Vi claramente duas alianças, a dele e a de viuvez. Senti o coração amolecer. Pensei que o amor pode assumir muitas formas, que não é afinal exclusivo da juventude, que é possível que aconteça em qualquer fase da vida, sem 
perder a beleza e o encanto.
Cheguei a casa e só então percebi que trazia os olhos húmidos.

Lígia Dantas

(5) PERFUME

Ele é o perfume que envolve minha alma
Um aroma doce que nunca se dissipa
Seu toque é o óleo essencial que me faz amar
Sua voz é a nota musical que me faz sonhar

Ele é a essência pura, o extrato de amor
O perfume que me faz sentir, a pérola
Seu beijo é a aplicação suave de candor
Sua presença é o aroma que me faz sentir em casa

Ele é o perfume que me faz vencer
Ele é o ser que me faz sentir amada
O aroma que me faz querer
O perfume que me faz sentir desejada

 

Ilda Pinto Almeida

(4) REENCONTRO

Tinha acabado de me sentar à mesa da esplanada diante de uma chávena de café reconfortante, o saco das compras na cadeira ao lado, a praia pejada de casalinhos em t-shirt e pés descalços saudando a fresca glória do sol da manhã luminosa de
Fevereiro, quando deparei com a Madalena, minha antiga colega do liceu, enfiada num fato de treino em tons de rosa, lilás e verde que, não lhe disfarçando a silhueta um tanto roliça, lhe conferia um ar bastante agradável e feliz, acentuado pelas belas cores do rosto e pelo longo rabo de cavalo alourado preso com uma banda estampada de malmequeres.
Levantei-me e chamei-a.
- Oh! – exclamou a minha amiga, correndo para me abraçar. – Tu por aqui! Caramba, já não te via desde o almoço de fim de curso! Estás na mesma! Era capaz de te reconhecer no Pólo Norte ou numa ilha da Papuásia! Uns quilinhos a mais e umas branquitas aqui e ali, está certo, que o tempo não perdoa, mas de resto, és mesmo tu!
- Tu também não mudaste grande coisa, para além do estilo! Lembras-te dos dias em que criticavas os meus jeans coçados nas rochas da praia e pejados de patches e a minha cabeleira selvagem, tu que não dispensavas as saias de xadrez e o penteado de caracolinhos? Anda, senta-te um minuto e conta-me o que tens feito! Posso mandar vir um café para ti, ou preferes um chá detox ou qualquer outra bebida estranha?
- Um café cai às mil maravilhas! Mas conta lá, que tens feito? Sempre casaste com o teu espanhol? Tens filhos? Não tinhas ido viver para a cidade? Conta-me tudo, vá!
- Credo, Inácia de Loyola! – trocei. - Devagar com o interrogatório! Casei, sim, tenho dois miúdos já crescidos, claro, e sim, ainda vivo na cidade, mas não consigo ficar muito tempo longe do mar! Vim fazer umas compras para os meus pais, que ainda moram no mesmo sítio...
- Levas-lhes alguma coisa para o Dia dos Namorados?
- Para além de uma série de refeições pré-fabricadas, que fazem parte da nossa rotina quinzenal, comprei-lhes uma caixa de chocolates em forma de coração, uma orquídea e um ursinho de peluche.
- Uma orquídea e um ursinho de peluche?! Mas que estranho!
- É uma tradição lá de casa! Sabes, antes de se comemorar o S. Valentim cá pelos nossos lados, o meu pai costumava oferecer uma orquídea à minha mãe pelo aniversário dela, e ela retribuía-lhe com um bonequinho de peluche no aniversário dele. O S. Valentim deslocou essa rotina para esta data, obrigando-os a ser mais criativos quanto às prendas de aniversário. Hoje vou eu oferecer-lhes a orquídea e o
ursinho, como prova de estima e reconhecimento por todas as cenas desconfortáveis da minha adolescência.
- Os teus pais são muito românticos! Lembro-me de que os meus nos levavam todos os anos a visitar o mosteiro onde casaram, lá no norte, e até onde sei, cumpriram essa bendita rotina até adoecerem, há dois anos; portanto, mesmo depois de nós termos saído todos do ninho, os velhotes mantiveram o hábito da “peregrinação de Setembro”, como nós lhe chamávamos... 
- Lembro-me tão bem de nos falares disso, no regresso às aulas!...
- Sim! Vocês perguntavam-me sempre onde tinha passado as férias, antes da peregrinação de Setembro!... Bons tempos descuidados!... E vocês, que vão fazer hoje para além de um jantar à luz das velas e um passeio à lua cheia com o cachorro?
- Como sabes que tenho um cachorro?
- Tens todo o tipo de quem não pode passar sem um cachorro! Quando namoravas  o espanhol tinhas um pastor alemão, que vos acompanhava para todo o lado; depois
disso, com crianças, deves ter-te justificado com os argumentos psicopedagógicos do costume; e entretanto, com os miúdos crescidos, novamente sozinha com o teu mais-que-tudo, não consigo imaginar-vos sem um “cãopanheiro” que vos acompanhe para todo o lado!
- É verdade, agora temos um serra da Estrela que nos enche de pêlos a casa toda! Mas agora, fala-me de ti! Com quem casaste, de todos os teus pretendentes?
- Olha, fiquei para tia! – Madalena deitou uma olhadela furtiva em redor, talvez para dissimular alguma nota de tristeza. – Mas em compensação, fiz todas aquelas coisas que planeávamos fazer juntas, lembras-te? Viajar, fazer anos e anos de voluntariado e semi-voluntariado um pouco pelo mundo fora, viver aqui e ali segundo os costumes locais, ensinar, semear, plantar, construir... Na verdade, fui coleccionando famílias adoptivas! Tenho montes de fotografias desses tempos, fiz imensos amigos que me escrevem pelos anos e pelo Natal... Hás-de vir a minha casa ver as minhas curtas-metragens!
- Fantástico! – exclamei, rechaçando uma certa pontinha de inveja.
- Sim, foi muito bom! Mas tudo tem o seu tempo, e agora eis-me de regresso, professora de Educação Física e Trabalhos Manuais num colegiozito; miúdos do primeiro ciclo, estás a ver?
- Nesse caso, tens sobrinhos de sangue e várias turmas de sobrinhos adoptivos!
- Isso mesmo! – Madalena assentiu com a cabeça, mais animada.
- Vais passar o dia com os teus pais?
- Os meus pais já cá não estão – o olhar da minha amiga toldou-se novamente. – Primeiro foi ele, com uma pneumonia, e ela, como não podia deixar de ser, morreu passados dois meses; e ninguém me tira da cabeça que não foi de desgosto! Vou visitá-los ao cemitério depois do almoço, e levo-lhes uma coroa de flores em forma de coração.
- Feita por ti?
- Claro!
- Entretanto, queres vir comigo almoçar a casa dos meus pais? Eles iriam adorar ver-te e escutar o relato das tuas aventuras; eles que passavam a vida a dizer-me: “Devias seguir o exemplo da Madalena, tão boa aluna e sempre tão atinadinha!” Madalena soltou uma gargalhada fresca, que ecoou na minha voz e nas minhas recordações dos belos dias da adolescência.
- Combinado! – respondeu por fim. – Depois do almoço vens tu visitar os meus, e logo à noite, depois do vosso jantar romântico, espero-vos em minha casa com umas bebidas, uns salgadinhos e as minhas fotos e as curtas-metragens! E não se esqueçam de trazer o patudo, que uns pêlos espalhados aqui e ali não me fazem confusão!

A TODOS, UM DIA DE S. VALENTIM CHEIO DE AMOR E BELAS RECORDAÇÕES!
Ana Ferreira da Silva

(3) Manhã de S. Valentim

Clara manhã de Fevereiro,
Dia de S. Valentim,
Arrulham apaixonados
Poemas de rosas e jasmim,
Juras de amor verdadeiro;

Em Junho o Santo Antoninho
Ao altar os levará;
Que sejam bem casados,
E o Céu os abençoará
Com borrifos e manjerico cheirosinho.

Ana Ferreira da Silva

(2) Amor


Foi o olhar que atraiu a minha atenção. O olhar cúmplice. Não um olhar de amigos, companheiros de uma vida, mas um olhar brilhante, de amantes, amados. Discretamente, observei-os. Os pormenores. A mão na mão. O sorriso íntimo. A proximidade dos corpos. Os joelhos que se tocavam, nas cadeiras estofadas da sala de espera do hospital. Teriam ambos mais de 70 anos, mas olhavam-se com o fulgor da juventude. Percebi que ele estava doente. Percebi que ela o tranquilizava. A mão sobre a mão dele. A voz baixa, confiante. Ao nome dele, levantaram-se ambos. Avançaram de mão dada. Julguei ver medo nos olhos dela. Tive a certeza de ver amor.

Lígia Dantas


(1) Breve Ausência


É de manhã, bem cedo
Que estico o braço e minha mão
Cheia de nada
Procura o teu corpo,
Enquanto os olhos tardam em abrir
E com eles a mente a voltar de uma outra constelação
Onde estás presente.

Na ausência de teu corpo e alma,
Esmaga-se-me o peito,
A palavra saudade.

Abro a janela, entram raios de Sol,
Aquecendo o meu grito, mudo,
Que teu nome projecta.
Buscando uma escada
Cujos degraus me levem até ti.
Depressa corro para tarefas,
Necessárias ou inventadas,
Ocupando o tempo
Para que a tua falta não me subjugue.

Alimento-me porque sim,
Como quem toma vitaminas
Para a esperança e fé.
Fé na tua força intrínseca.
Na tua inteligência social e emotiva.
Acreditando, inabalável, que
Mais uma vez, irás vencer
E em breve caminhar comigo.

Logo à noite, enrolo-me
No teu olhar e sonho.
Viagens realizadas e por fazer
Sol, Praia e Mar-
Mãos entrelaçadas e risos.
Pedaladas e correrias estradas fora.
Silêncios cúmplices.
Iguarias partilhadas.

Naquelas horas de breu
Em que só eu vejo Luz.
Por breves instantes consigo entrar
Nesse mundo só teu.

Até, ao início do madrugar, amor
E a minha mão procurar a tua.
Tudo repetindo.
Certo que, juntos, o nosso amor
Será sempre mais forte.

Bastos Vianna

sábado, 8 de fevereiro de 2025

Novo livro de Joaquim Armindo em pré-venda

 


PROMOÇÃO PRÉ-LANÇAMENTO

Válida até às 23h59 m do dia 20/02/2025


Desconto promocional sobre o PVP. (Não inclui portes). = 19€ 14,25€

 Packs promocionais:

Pode comprar 2 ou mais livros com desconto de 30% e ofertas de portes (para Portugal Continental) em compras superiores a 40€.



águas agitadas porque turvas- crónicas publicadas no jornal “O Primeiro de Janeiro” (2003 a 2008) -; Joaquim Armindo

326 páginas, capa mole; Tecto de Nuvens, 2025 PVP: 19€

“Uma escrita feita de palavras simples, mas que valem e se impõe pela força da mensagem que nelas coloca, pela intransigente defesa dos valores do ser, sem atender aos valores do ter. Para o Autor poder parar a admirar uma flor do campo, a que tantas vezes se refere nos seus textos, é uma dádiva de uma entidade superior, e é algo muito mais importante do que o património que cada um possa ter. (…) Diria, pois, que a escrita do Joaquim Armindo é, antes de mais, um hino à beleza das coisas da vida, um convite a vivermos o presente sem o hipotecar, em nome de um futuro que não sabemos se será nosso, um desafio para nunca abdicarmos das convicções em que verdadeiramente acreditamos."

Para encomendas e esclarecimentos contacte-nos pelo email: loja@tecto-de-nuvens.pt


quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

Voto de pesar: Augusto Pires da Mota (1927-2025)

É com muito pesar que comunicamos o falecimento do nosso autor, e grande amigo,  Augusto Pires da Mota, de 97 anos.
À família, em particular à viúva e aos seus dois filhos, Manuel e Joana, deixamos as nossas mais sentidas condolências. 
Uma vida longa e sempre muito lúcida, deixa muitas saudades pela sua amizade, sagacidade e visão crítica e atenta da realidade; bem como pela sua inabalável Fé. 
Deixa vasta obra publicada e outra tanta ainda por publicar.
Deixamos aqui uma breve passagem por alguns momentos chaves de tão vasta e rica vida, incluindo a (muito fugaz) entrevista que deu para este blogue faz alguns anos.


Augusto Pires da Mota nasceu em Couto de Ervededo, Chaves, em Dezembro de 1927; concluiu o Curso Teológico, em 1952, no Seminário de Vila Real. Ordenado Sacerdote, nesse mesmo ano, foi professor naquele estabelecimento de ensino e pároco em Vila Marim e Mondrões, nos subúrbios de Vila Real. Concluiu o Curso de Pastoral, em Madrid e a licenciatura, na Universidade Católica. Licenciou-se em História, na Universidade do Porto e lecionou em três liceus daquela cidade. Dedicou-se, intensamente, à pregação e foi Director Espiritual dos Cursos de Cristandade e militante do Renovamento Carismático Católico do Porto.
 
Obras publicadas:

«De Babel a Sião», 1º volume;
«Missão, o Grande Desafio»; 200 páginas, capa mole, Tecto de Nuvens, 2010
«Horizontes da Felicidade», 196 páginas, capa mole; Tecto de Nuvens, 2011
«Crise em Portugal, na Europa e no Mundo»; 260 páginas, capa mole; Tecto de Nuvens, 2015
«Vida, Essência de Deus e Elevação do Homem»; 240 páginas, capa mole; Tecto de Nuvens, 2017
«Jesus – Paixão e morte de Jesus Cristo -»; 240 páginas, capa mole; Tecto de Nuvens, 2019.
«Jesus – Redenção -», 132 páginas, capa mole; Tecto de Nuvens, 2019
«Jesus – O Sofrimento à luz da Teologia – »; 172 páginas, capa mole; Tecto de Nuvens, 2022
«Jesus – A Pastoral do Sofrimento » 106 páginas, capa mole; Tecto de Nuvens, 2022
 
Participação em:

«Vamos Celebrar! – Colectânea de Poesia de Natal», Tecto de Nuvens, 2016
«As Flores do Meu Lindo Jardim – Colectânea de Poesia -»; Tecto de Nuvens, 2020

Releia a entrevista aqui.

domingo, 26 de janeiro de 2025

Daniel Almeida, autor de "Apóstolos do meu amor - A mensagem missionária de Medjugorje -", em entrevista

  Nem todos os projectos literários são ficção, biografia, ensaios... muitos são simplesmente uma grande vontade de partilhar experiências marcantes; mensagens transformadoras; reflexões. Foi o caso de Daniel Almeida que sentiu necessidade de partilhar com outros as suas vivências nas peregrinações feitas a Medjugorje, transmitindo as mensagens e reflexões sobre as aparições marianas ocorridas no local.
Mas ninguém melhor do que o autor, de 41 anos, para explicar as suas motivações e o que o leitor pode encontrar no livro...
Daniel Almeida por voz própria e na primeira pessoa: 

  Conte-nos como e porquê começou a escrever, por paixão ou por necessidade?

Comecei a escrever pouco tempo depois da minha última peregrinação a Medjugorje, na Bósnia e Herzegovina. Foi em Agosto de 2024. Desde 2016, tenho ido lá practicamente todos os anos. Sobretudo, ao Mladifest, que é o maior Festival católico de jovens da Europa. É um festival incrível! Senti que tinha de divulgar umas mensagens muito específicas da Rainha da Paz. Comecei a desenhar, a usar as fotos que tinha das peregrinações como fundo… e depois a escrever sobre o assunto. A “coisa” começou a ter forma e daí optei por escrever o livro. Essas mensagens, já as tinha em mente, há cerca de um ano antes de iniciar o processo de escrita.

   Qual o papel que a escrita ocupa na sua vida?

            Não tem ocupado.

  Sempre sonhou publicar um livro?

Não necessariamente.

  Qual é a sensação que tem ao ver, agora, o seu livro nas mãos?

É uma boa sensação. Parece que fica sempre algo por dizer. Quanto à estrutura, a ideia original não está totalmente espelhada no resultado final. Penso que por um lado é normal porque o processo vai se adaptando à realidade. No entanto, a mensagem está lá. O propósito foi cumprido e espero que o leitor faça a experiência proposta no livro, de livre e espontânea vontade, tal como se tivesse ido a Medjugorje. Pelo menos, entender o que realmente lá se vive, e o porquê desse lugar ser muito especial, na transformação de milhões de pessoas desde 1981.

  Tem algum projecto a ser desenvolvido, actualmente? Pensa publicar mais algum livro? Continua a sentir vontade de escrever?

Sim. Também sobre uma temática específica de mensagens de Medjugorje.
Penso talvez fazer uma segunda edição do livro “Apóstolos do meu amor” com um novo capítulo no qual se pode enquadrar muito bem. Vai depender da recepção e da apreciação do livro pelos leitores.

   Fale-nos um pouco sobre o seu livro.

É um livro sobre o nosso tempo e os últimos. Sobre onde está a ocorrer a maior transformação da Humanidade e como fazer parte dela.
Nossa Senhora Rainha da Paz, usou durante cerca de 10 anos, a expressão “apóstolos do meu amor” e traduzo o significado profundo e urgente dessa denominação. Traço um perfil de “apóstolo de amor” segundo as mensagens e faço um paralelismo sobre os “apóstolos dos últimos tempos” profetizados por São Luís Maria Grignion de Montfort.
É o apelo de uma Mãe aos seus filhos para serem apóstolos de amor no nosso tempo em que o Amor, a Fé, a Paz e a Verdade são imprescindíveis para a missão. A mensagem traz muita paz e sentido para a vida.

   Existe alguma parte do livro, em particular, que goste mais. Porquê?

         As mensagens da Rainha da Paz. São uma doçura. Aproveita-se cada palavra. Dá para ler e reler vezes sem conta, meditar… São mensagens que mexem comigo, que interpelam, que ajudam a viver estes tempos e a encontrar o bem mais precioso que é a Paz no coração, a paz de Deus. É uma autêntica escola de amor divino. As mensagens falam ao coração e o objectivo é sermos instrumentos de amor, de paz neste mundo que anseia pela paz. Também prepara-nos e leva-nos para a acção, para momentos concretos da nossa vida.

  Indique as razões pelas quais aconselharia as pessoas a ler o seu livro? O que acha mais apelativo no seu livro?

Quem tiver em busca de Paz e de sentido para a vida, sim este é um livro indicado. Ainda mais no nosso tempo!
É um livro para quem já ouviu falar de Medjugorje e não sabe bem o que é. Penso que é uma boa surpresa. Também, para aqueles que conhecem e já lá foram, dá para aprofundar as mensagens da Rainha da Paz meditando-as.
O mais apelativo do livro é o apelo do Céu a sermos “Apóstolos de amor” e que ao sê-lo ajudamo-nos a nós próprios e aos outros. Encontramos verdadeiramente um caminho que leva à Salvação.

   Qual é o seu estilo de escrita ou que tipo de mensagem gosta de passar no que escreve?

O meu estilo é informal, acessível e com linguagem simples. Para que todos compreendem.

  Qual o papel das redes sociais na vida e na divulgação da obra de um autor? E na sua?

Totalmente imprescindíveis. Ter bons contactos faz muita diferença para o conhecimento de uma obra. No digital, não estar onde as pessoas estão várias horas por dia é como não ter televisão quando todos a tinham.
Na minha vida, que sou um autor desconhecido e sem contactos no mundo literário, é igualmente de extrema importância. A partir daí desenvolvemos tudo. Em Coimbra, tive um professor de Mestrado de Gestão e Programação do Património cultural que afirmava frequentemente que “aquilo que não é comunicado, não existe”. É uma afirmação válida para tudo. Divulgar a minha obra é dar a conhecer que existe e que está disponível. É marcar presença e passar uma mensagem.

   Gosta de ler? Que tipo de leitor é que é?

Sim, bastante. A temática espiritual, histórica, cultural, científica... A leitura tem de trazer algo de novo e ser edificante.
Gosto de ler todos os dias. Nem que seja só um trecho.



Apóstolos do meu amor - A mensagem missionária de Medjugorje -; Daniel Almeida
PVP 9,00€
136 páginas, capa mole; Tecto de Nuvens, 2024

“Vivemos tempos de profundas transformações espirituais e desafios que clamam por uma resposta de fé, amor e coragem. No meio das tribulações do mundo atual, um convite celestial ecoa: ser Apóstolos do Amor nos últimos tempos. Este chamamento, nascido do coração da Rainha da Paz e iluminado pela espiritualidade profética de São Luís Maria Grignion de Montfort, é o alicerce deste livro, Apóstolos do Meu Amor.”.
In Prefácio





Livro disponível nas principais plataformas online nacionais e internacionais e na nossa loja online.

 


Votação para o texto favorito do livro "Na noite de Natal"

 Vote no seu texto favorito e ganhe um conjunto de duas canecas com a ilustração da capa e 1 conjunto de 10 postais iguais à capa do livro…



Acompanhe a votação em: https://tectonuvens.blogspot.com/p/votacao-para-o-texto-favorito-do-livro_26.html

Para votar recorte esta página e envie para: Tecto de Nuvens, Rua Camilo Pessanha, 152; 4435-638 Baguim do Monte.

Por sms (terá de incluir os seus dados completos para receber o prémio) para 960131916.
Por email para geral@tecto-de-nuvens.pt com o título: Melhor texto colectânea de Natal.
Aceitamos votações até 15 de Fevereiro de 2025 (data do email, sms ou carimbo do correio). A todas as participações será atribuído um número, por ordem de chegada. – Serão excluídas as participações que não tragam os dados necessários para o envio do prémio -.
O vencedor do melhor texto será anunciado no blogue “Notícias das Nuvens” e nas redes sociais de todos os autores participantes nesta colectânea.
O vencedor do passatempo será aquele cuja participação tiver o número (ou terminação de número) igual ao do número da sorte do sorteio do Totoloto de 22 de Fevereiro de 2025.
- A seguir ao sorteio do Totoloto será sorteado um participante de entre todos os que tiverem número ou terminação de número (caso haja mais do que um) igual ao sorteado para o Totoloto, e esse será o vencedor. -
A todos os participantes que nos facultarem o endereço de email comunicaremos o número atribuído à chegada. Tentaremos fazer o mesmo com os sms, mas é mais prático com endereços de email.
Também o vencedor deste passatempo será anunciado no nosso blogue e nas redes sociais dos autores, a partir da segunda-feira seguinte ao sorteio do Totoloto.
Obrigada pela sua participação.

Desafios de autores para autores: AMOR



Mais um ano, mais Desafios e mais, esperamos sempre que mais, AMOR. A melhor maneira de  arrancarmos mais um ano de trabalhos é assim, cheia de amor - todo e qualquer amor, incluindo, naturalmente, o amor pela vida. Vamos aceitar pequenos contos e poesia (em todas as formas que pretenderem, incluindo quadras).

Os trabalhos serão publicados neste blogue a 14 de Fevereiro, Dia Mundial do Amor, do Casamento e dos Namorados (S. Valentim). Aceitaremos trabalhos até ao final do dia 13 de Fevereiro de 2025. Depois, e até ao dia 28, teremos uma votação a decorrer para encontrar o texto favorito dos leitores.
Como habitualmente, as votações serão feitas usando a caixa de comentários (já sabem que tem moderação pelo que os comentários/votos não ficam visíveis de imediato), não há limite para o número de vezes que podem votar ou em quem votar, apenas se espera algum bom senso.
O texto mais votado receberá um exemplar de um livro dedicado ao amor (a partir de uma lista, que incluirá poesia e prosa, que forneceremos ao vencedor) + caneca também dedicada à temática do amor;  e sortearemos um dos comentários/votos para receber um exemplar de um livro nos mesmos termos dos do autor vencedor. - Só serão elegíveis tanto para este sorteio como para o trabalho vencedor, os comentários/votos que nos forneçam uma forma de contacto (podem permanecer anónimos no voto, se nos solicitarem isso, apagaremos do comentário o contacto antes de o publicarmos). -


Podem enviar os trabalhos e/ou solicitar informações complementares pelos emails: geral@tecto-de-nuvens.pt e tectodenuvens@hotmail.com
Bom trabalho!

Um bocadinho de inspiração de S. Valentim de anos passados...






terça-feira, 7 de janeiro de 2025

Laura Ramos, autora do livro "A ditadura das árvores" em entrevista


Já tínhamos tido oportunidade de falar com a autora aquando da sua participação na colectânea "Heróis e heroínas da Bíblia - como tu-" em que participou com o conto «Pedro Regueifas e o sonho que muda tudo» baseado na história de José do Egipto. Desta vez falamos com ela a propósito do romance contemporâneo "A ditadura das árvores" lançado aquando do solstício deste inverno.
Deixamos então que seja a autora, nascida em Viseu há 55 anos, a explicar-nos a escolha do tema e o que podemos esperar desta leitura e, em particular, qual a resposta para a pergunta colocada na capa do livro "O que acontece quando as árvores se resolverem vingar?".
Laura Ramos, por voz própria e na primeira pessoa:

  Fale-nos um pouco sobre o seu novo livro.

Trata-se de um livro deste tempo e para este tempo. Vivemos tempos desafiadores em que a Natureza dá sinais de exaustão e a humanidade continua a não fazer as mudanças necessárias para apaziguar esses sinais.

É uma história de amizades, encontros e desencontros, de famílias e interacção entre meios sócio-económicos diferentes, mas com um denominador comum: a distração de todos, ou melhor, de quase todos, em relação aos sinais da natureza.

 

  Indique as razões pelas quais aconselharia as pessoas a ler (ou dar a ler) o seu livro?

É um livro de fácil leitura, adequado a quase todas as idades, actual e que lembra o leitor sobre a importância de estar atento às questões ambientais e, ao mesmo tempo, explora a condição humana nas relações interpessoais.

   Este livro aborda questões muito pertinentes na contemporaneidade: ecologia, natureza, vida na cidade, vida no interior… Acha que a reflexão tem lugar no entretenimento; a literatura pode continuar a ser um escape mesmo quando nos faz pensar em questões sérias? E sem adiantar muito da história, relendo agora o livro, também fica com medo desta “vingança das árvores”?

A literatura, para mim, além do entretenimento e relaxamento que proporciona, pode servir para evocar as características da época em que a história se desenvolve, servindo de testemunho de modos de vida de um tempo e fazer o leitor pensar sobre questões relevantes como as que hoje se nos deparam.
Temos de começar a pensar que o progresso tecnológico não pode servir propósitos de mera ganância ou a humanidade corre o risco de pagar um preço elevado. Tem de se abandonar a expectativa de que determinados erros apenas vão atingir alguns, como por exemplo a exploração desenfreada de minérios que, numa primeira linha, afecta as populações das imediações, mas posteriormente acaba por atingir a alimentação de todos os demais, ou seja, temos de aprender a procurar o Bem comum.
Sim, também temo que a natureza se vingue da humanidade e nos confronte com situações cada vez mais perigosas e sobretudo estranho esta forma automática de o ser humano percorrer um caminho destrutivo sem conseguir parar ou reverter. 

  O romance contemporâneo, com o seu olhar para questões sociais, políticas e outras, é algo que lhe agrada? É um género a que tenciona voltar?

Não faço questão de enveredar, nos meus livros, por questões políticas como objectivo, mas sim de encarar com o máximo possível de bom senso as problemáticas que hoje atormentam a humanidade, independentemente dos juízos políticos que possam suscitar.
A minha observação é mais primordial, na medida em que prefiro observar a realidade à luz da dicotomia entre o Bem e o mal e não de ideologias políticas.

   Tem mais projectos para livros? Actividades?

Tenho uma Trilogia da qual escrevi apenas o primeiro volume, mas de momento não penso continuar.

Tenho um conto cuja edição se tem atrasado por conta de ilustrações e questões práticas.

Gostava de escrever uma biografia de alguém com visibilidade no mundo.

Sem prejuízo de poder vir a fazer uma abordagem diferente à escrita, por ora, só penso escrever quando tiver uma história suficientemente forte que justifique ser transposta para livro, ou seja, não criar personagens para elaborar uma história, mas deixar que a história me encontre ou que as personagens surjam de modo livre, sem o meu pré-determinismo. Essa liberdade, essa espontaneidade, é o que mais aprecio quando passo para o papel.



A ditadura das árvores – romance contemporâneo -; Laura Ramos; 214 páginas, capa mole; Tecto de Nuvens, 2024, PVP: 16,00€

Para quase todos nós a natureza “simplesmente” está lá, algures no seu sítio, estática, presente; não reparamos nela enquanto andamos preocupados com os estudos, as profissões, os relacionamentos, o estatuto social, as frivolidades... Tal e qual como as personagens de “A ditadura das árvores”, que nem mesmo com os avisos refletiram sobre a natureza, os seus problemas, os abusos que sofre… E não foi por falta de alertas fossem da própria natureza, de uma criança que afirma que as árvores e os elementos falam com ela; de um jovem pastor que lê a natureza como se fosse um livro; ou de um jovem sacerdote, de uma aldeia do interior, que tenta alertar os seus paroquianos para os muitos atentados contra a natureza e contra a humanidade. Tudo foi ignorado, tudo foi alvo de chacota e divertimento. Até ao dia em que as árvores se resolveram vingar...

Livro disponível nas principais plataformas online nacionais e internacionais e na nossa loja online.

Leia ou releia a outra entrevista com a autora aqui.