segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Pedro Forte em entrevista


No dia em que lança oficialmente o seu primeiro livro "Uma Pluma no Natal e outros contos" estivemos à conversa com Pedro Forte, 44 anos, que tem a particularidade de também ter sido um dos vencedores da votação do texto favorito por parte dos leitores das nossas colectâneas. Ganhou com a sua participação na nossa colectânea de Natal do ano passado ("A Árvore de Natal e o Presépio") com o conto que agora dá título ao seu primeiro livro "Uma Pluma no Natal".
      É sobre ambos os seus trabalhos (livro e texto vencedor) que nos vai falar.



Conte-nos como e porquê começou a escrever, por paixão ou por necessidade?
A escrita apareceu por necessidade de organizar as ideias. Apercebi-me que por vezes no decurso de uma discussão de ideias me faltavam os argumentos, nomes ou datas para defender uma posição. Ao passar para o papel os tópicos acerca de determinados temas do meu interesse, percebi que, para além de me ajudar a memorizar, conseguia dessa forma organizar melhor as ideias. De pequenas sínteses, para consumo próprio, passando por artigos de caráter político, até aos contos, fiz o percurso da necessidade até chegar à escrita por paixão.

Qual o papel que a escrita ocupa na sua vida?
A escrita de um conto traduz-se num exercício de prazer. No entanto, ocupa um espaço muito reduzido na minha vida, infelizmente…
Vai-se colocando à frente do prazer todas aquelas obrigações diárias, trabalho, obrigações domésticas, etc…

  Sempre sonhou publicar um livro?/Publicar um texto num livro?
Na realidade até publicar o meu primeiro conto, nunca tinha pensado em fazê-lo! A experiência surgiu como resposta a um desafio que me foi feito.

Qual é a sensação que tem ao ver, agora, o seu livro nas mãos?/O que significa para si ter o texto favorito dos leitores?
No meu quotidiano sou normalmente muito racional. Tento que todas as minhas ações se justifiquem com um propósito. Mas quando estou dedicado à escrita de um conto dou mais liberdade ao lado emocional. Passo dias a pensar nas minhas personagens e na minha cabeça consigo vê-las, e até mesmo ouvi-las! Eu sei como elas são e até conheço a sonoridade da sua voz! O conto desenvolve-se, tem avanços e recuos. Procuro a simplicidade e ao mesmo tempo fluidez na leitura. Tento conferir-lhe um determinado ritmo.
Saber que um texto ao qual eu me dediquei bastante, dias a fio, a pensar nele, a dar-lhe substância, a empolgar-me com a sua ação, transformar-se depois em algo que agradou a quem o leu é, para mim, uma grande satisfação!

 Tem algum projecto a ser desenvolvido, actualmente? Pensa publicar mais algum livro? Continua a sentir vontade de escrever?
Tenho algumas coisas na minha cabeça, outras já começadas, mas estão longe de poderem ser publicadas.
Escrever é uma coisa que me dá prazer fazer. No entanto, para escrever é necessário estarem reunidos uma série de requisitos. Tenho que ter a minha cabeça limpa de grandes preocupações, preciso de recolher a “um cantinho”, colocar os auscultadores, ouvir a “minha” música e deixar-me levar… E essas condições nem sempre se conjugam!

  Fale-nos um pouco sobre o seu livro. /texto.
Uma Pluma no Natal e outros contos, surge após o conto que deu nome agora a este livro, quando foi publicado, a primeira vez, numa coletânea em que participaram vários autores, ter sido votado como o que mais agradou aos leitores dessa mesma coletânea. 
Juntando o conto em questão, com um outro também já publicado, o "Gil e a Águia", e que foi também bem acolhido pelos leitores, acrescentei-lhe dois inéditos, "O Fabuloso Segredo do Sr. Bonifácio" e " O Tozé e o Bernardo", formando-se assim um conjunto de contos que se pretende que sejam de leitura fácil para pequenos e graúdos. 
Os contos encerram em si personagens que vivem simultaneamente aventuras emocionantes, e ao mesmo tempo, são confrontados com dilemas sempre tão atuais e presentes na vida de todos nós. 
Ao longo das aventuras destes contos, os personagens são confrontados com o que é essencial e com o que é acessório na vida de uma pessoa, com o estereótipo da família convencional, com o dilema do envelhecimento e como a sociedade em geral o encara, e com a clivagem existente em estratos sociais opostos. 
Foi minha intenção não apresentar respostas, não fazer afirmações do que é certo e do que é errado, mas sim expor as fragilidades de muitas teorias acerca da vida, que se ouvem a cada esquina, e que por vezes podem constituir certezas muito vazias ou cruéis!

  Existe alguma parte do livro, em particular, que goste mais. Porquê?
O livro como é constituído por quatro contos, eu destacaria que em cada um deles há uma parte em que as personagens sentem um revés na sua vida e essa parte, supostamente marcante na vida delas, será aquela que mais destacaria.

 Indique as razões pelas quais aconselharia as pessoas a ler o seu livro/texto? O que acha mais apelativo no seu livro/texto?
O livro apresenta uma escrita que se pretende proporcionar uma leitura fluída, aquilo a que eu classifico como uma leitura de ritmo corrido.
Há momentos em que se documentam tradições que, entretanto, praticamente se perderam e que seguramente as gerações mais novas já não conhecem e desta forma, com a sua leitura, vão tomar conhecimento da sua existência.
Por outro lado, descrevem-se lugares, paisagens, que não existindo rigorosamente como são descritas, são baseadas em lugares que eu já visitei e que me marcaram profundamente. Por exemplo no “Gil e a Águia” o Parque Natural do Douro Internacional está em boa parte lá descrito, ou no caso do “Fabuloso Segredo do Sr. Bonifácio” temos um largo poeirento da estação ferroviária, igual a muitas existentes no interior do nosso país e que, infelizmente, já não chegam lá quaisquer comboios…
No fim, o leitor terá tido oportunidade de viver as aventuras dos personagens, umas divertidas, outras não, e será levado a fazer-se algumas questões para si mesmo…

Qual é o seu estilo de escrita ou que tipo de mensagem gosta de passar no que escreve?
Eu não tenho um estilo definido, até porque não sou um veterano nas andanças da escrita. No entanto, neste livro que agora se publica, eu identificaria um estilo aproximado nos três primeiros contos, com uma narrativa mais romanceada, com alguma atenção dada à utilização de figuras de estilo que permitam ao leitor aproximar-se da ação e inclusivamente sentir a ansiedade vivida pelos personagens.
No conto “O Tozé e o Bernardo” o estilo é intencionalmente orientado para a leitura em voz alta, com uma sonoridade e ritmos muito próprios, imaginando que alguém está a ler par um filho ou para um neto.

 Qual o papel das redes sociais na vida e na divulgação da obra de um autor? E na sua?
Atualmente as redes sociais dominam a sociedade dita ocidental. Se bem dominadas as técnicas de comunicação através delas, estas redes são muito úteis a divulgar a obra de um autor. No meu caso, posso dizer que não uso muito estas plataformas de comunicação devido ao facto de sentir que elas absorvem muito o tempo das pessoas não lhes deixando ocuparem-se com outras atividades que, entretanto, foram colocadas em segundo plano.
O que eu vejo hoje, são as pessoas com o seu smartphone na mão, a percorrerem o dedo no display a ver não sei o quê, horas a fio, e atividades como a ida ao teatro ou cinema, a visita de um museu, a leitura de um romance, a visualização de um documentário na televisão, a fotografia, a pintura, a tapeçaria, e muitas mais atividades, ficaram esquecidas.

 Gosta de ler? Que tipo de leitor é que é?
Sim. Gosto. Tenho sempre livros na minha mesinha de cabeceira que estão a ser lidos.

Jornais e revistas também fazem parte das minhas leituras. Só não leio mais porque o tempo não o permite!


A Árvore de Natal e o Presépio - Colectânea de Contos – Vários autores

128 páginas, capa mole; Tecto de Nuvens, 2017
PVP 12,00€
Dez autores e dezasseis contos para celebrar o Natal, feliz e colorido tenha saído das memórias, sido baseado em acontecimentos reais ou sendo completamente ficcionado.
Um Natal alegre mesmo quando as circunstâncias não o parecem augurar.
Um livro para ser lido dos avós aos netos e escrito por netos (o mais novo com 9 anos) e alguns avós… É a história da magia que se repete em família no tempo de antes, no de agora ou no de faz-de-conta, porque o Natal é mágico e acontece em todos os tempos.

 Uma Pluma no Natal e outros contos; Pedro Forte
86 páginas, capa mole; Tecto de Nuvens, 2018
PVP 9,00€
A leitura deste livro de contos transporta-nos para mundos onde reina a magia. Acompanhamos personagens fantásticas e nós passamos a querer ser como elas, ou a querer viver com elas! Ler estes contos também é viver alegrias, ou partilhar as aflições do nosso herói ou da nossa heroína, é a descoberta de um segredo fabuloso ou a amizade improvável entre duas pessoas de estratos sociais opostos, e isso vai-nos fazer repensar muitas das certezas que temos da vida!...




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Encomendas ou pedidos de informação em loja@tecto-de-nuvens.pt


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