sábado, 21 de dezembro de 2024

Um dia com... "Ilda Pinto Almeida e parte final das digressões promocionais 2024"

 "Um dia com..." é uma espécie de página de diário, real ou fictício, aqui cada autor pode fazer o relato de um episódio, fazer uma reflexão, colocar um pensamento, uma foto...

Estará disponível todo o ano, independentemente de outros projectos a correr aqui no Blogue. E está aberto a todos, se tiver algo que queira partilhar, pode enviar para geral@tecto-de-nuvens.pt ou tectodenuvens@hotmail.com indicando no assunto "Um dia com...". Podem enviar quantas participações quiserem.

Num ano marcado por várias novas publicações, havia ainda em agenda a entrega de livros em escolas americanas, o que finalmente aconteceu, encerrando o ciclo de 2024, neste caso, dedicado ao livro "O Segredo do Carvalhal". Os livros foram entregues no Centro Romeu Cascaes e no Centro Cultural Tarrytown.




Hoje, DIA DA FLORESTA AUTÓCTONE , tive a oportunidade de dar a conhecer a alunos lusodescendentes em New Jersey o livro, O Segredo do Carvalhal, que fala do carvalho- alvarinho uma espécie antiga em Portugal, que subsiste em especial no norte e centro, abundante por terras de Lafões e, tem por insecto preferido a vaca-loura, o maior escaravelho da Europa.
Obrigada ao senhor Coordenador Adjunto do Ensino Português nos Estados Unidos da América, do Camões I.P., José Carlos Adão, ao Centro Romeu Cascaes, às professoras e aos alunos pelo seu empenho em conhecer.

(Estes livros são oferta da CMV e da Coordenação do Ensino de Português nos Estados Unidos)




 


Obrigada ao senhor Coordenador Adjunto do Ensino Português nos Estados Unidos da América, do Camões I.P., José Carlos Adão, ao Centro Cultural  Tarrytown , às professoras e aos alunos pelo carinho.

(Estes livros são oferta da CMV e da Coordenação do Ensino de Português nos Estados Unidos)





quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

Novo livro de Laura Ramos, "A ditadura das árvores", em pré-venda

 


🌲Se ainda anda às voltas com as prendas de Natal ou à procura de um bom livro para ler no quentinho do lar, então, temos algo para si, que tanto pode ser a mais ecológica das prendas de Natal, como a oferta preferida para a sua árvore de Natal albergar: "A ditadura das árvores".
Este romance contemporâneo, que terá o seu lançamento no dia em que celebraremos mais um solstício de Inverno (21 de Dezembro), traz-nos uma inquietação muito actual: a natureza e o modo como a tratamos e, sobretudo, como a ignoramos. E se para além de um bom romance também aprecia um bom mistério, este livro deixa-lhe um bem pertinente: O que acontece quando as árvores se resolverem vingar?

A ditadura das árvores – romance contemporâneo -; Laura Ramos; 214 páginas, capa mole; Tecto de Nuvens, 2024, PVP: 16,00€

Para quase todos nós a natureza “simplesmente” está lá, algures no seu sítio, estática, presente; não reparamos nela enquanto andamos preocupados com os estudos, as profissões, os relacionamentos, o estatuto social, as frivolidades... Tal e qual como as personagens de “A ditadura das árvores”, que nem mesmo com os avisos refletiram sobre a natureza, os seus problemas, os abusos que sofre… E não foi por falta de alertas fossem da própria natureza, de uma criança que afirma que as árvores e os elementos falam com ela; de um jovem pastor que lê a natureza como se fosse um livro; ou de um jovem sacerdote, de uma aldeia do interior, que tenta alertar os seus paroquianos para os muitos atentados contra a natureza e contra a humanidade. Tudo foi ignorado, tudo foi alvo de chacota e divertimento. Até ao dia em que as árvores se resolveram vingar...

Até ao dia 20 de Dezembro* pode adquirir este livro com 25% de desconto.16€ = 12€ + portes.

Para aqueles que ainda querem o livro para este Natal, aconselhamos o envio por Correio Azul ou por Correio Expresso. Seja qual for a sua opção ou o número de endereços para onde pretende enviar o livro, acautele que tem tempo suficiente para entrega.

Mas o Natal será sempre quando alguém o quiser...
Contacte-nos para saber mais pormenores - basta responder a este email.


*Limitado, nesta fase aos livros em stock. Haverá mais livros a partir de 21 de Dezembro.







domingo, 1 de dezembro de 2024

Calendário de Advento - Desafio de Dezembro

 E já em contagem decrescente para o Natal, mais um clássico...





Calendário de Advento


Muito populares, em vários formatos, com diferentes ofertas, são daquelas tradições universais e intemporais.
O que propomos de 1 de Dezembro até ao dia 23 é ter prendinhas para os leitores do blogue. Em qualquer dia podem enviar-nos um texto (poesia ou prosa); um pensamento, um desenho, uma fotografia, etc., alusiva ao Natal. Os trabalhos serão colocados à medida que chegarem e as participações são ilimitadas. A vossa criatividade e espírito natalício serão o limite: se acabaram de decorar a casa e acham que esta merece uma foto, pode ser essa a vossa contribuição do dia. Também podem fotografar os vossos doces de Natal; partilhar um pensamento, uma ideia daquele dia...
Se conseguirem fazê-lo com qualidade para partilhar também podem fazer participações em vídeo e áudio.
Podem participar quantas vezes vos apetecer.
De um modo completamente aleatório, vamos escolher uma participação para receber uma prenda. Se houver comentários, usando o mesmo método que para as participações, escolheremos também um para uma prenda, desde que o autor do comentário nos forneça um endereço de email válido.

Colocaremos os trabalhos a partir do dia 1 de Dezembro, sempre que houver trabalhos novos.
Os trabalhos serão colocados por ordem de chegada, independentemente do dia, do autor ou do número de participações do mesmo.

Agora as prendas...


Os comentários vão estar abertos, nos termos habituais (são moderados, pelo que têm que ser aprovados antes de serem visíveis, o que pode demorar algum tempo, não vale a pena repetir o comentário, aguardem por um horário mais consentâneo com o expediente para verem se está publicado - por favor, alguma pena pelos humanos que vão ter de validar comentários entre compras, cozinhados e, esperemos, comer rabanadas e afins com a família...-), podem expressar a vossa predilecção por algum dos trabalhos ou fazer um comentário que vos pareça pertinente. De 10 em 10 dias: 10, 20 e 30 sortearemos um dos comentários para receber uma prenda (só entram no sorteio os comentários entrados nesse intervalo de tempo e devidamente identificados). Por esse motivo é pertinente deixarem ficar um endereço de email para poderem ser contactados (se não desejarem que ele seja visível, basta escreverem isso no vosso comentário, guardaremos o endereço para contactar em caso de prémio, mas apagaremos o endereço na postagem do comentário) - terão depois de estar atentos ao vosso email para nos fornecerem a morada para onde enviar a prenda.
Fechamos a recepção de trabalhos no dia 23, ao meio-dia, e os comentários no dia 31 de Dezembro, 2024. Tanto os trabalhos como os comentários serão numerados e vamos usar o número da sorte do totoloto do dia 4 de Janeiro de 2025 para atribuir o prémio entre todos os participantes e um outro prémio a sortear entre todos os comentários (ao sorteio, habitualmente, irão os números iguais ao sorteado e todos aqueles que tiverem a mesma terminação).

E as prendas são:

SURPRESA!!! - (na melhor tradição dos calendários de advento) para os sorteios aos comentários dos dias 10, 20 e 30 de Dezembro.

O prémio a sortear em Janeiro será igual tanto para o autor como para o votante: um exemplar de capa dura do livro "Memórias de Natal".




A participação, com trabalhos e/ou comentários, está aberta a todos. Participe, divulgue, divirta-se e tenha um muito feliz Natal!

Em caso de dúvida pode enviar email para o endereço de onde recebeu este email ou, caso esteja a ver no blogue, pode contactar-nos pelo email informacoes@tecto-de-nuvens.pt

Atenção que, contrariamente ao habitual, os novos trabalhos estão a ser colocados abaixo dos mais antigos, terá que ir descendo na postagem para os ler.

E passou a primeira data para atribuir um prémio, 10 de Dezembro sem qualquer votação, não foi possível premiar ninguém...

E passou também a segunda data para atribuir um prémio, 20 de Dezembro sem qualquer votação, não foi possível premiar ninguém... Por favor, os muitos leitores que passam por aqui e os autores que contribuem com trabalhos, tirem uns momentos e votem...



(1) O meu Presépio pequenino

Muito aconchegadinhos no tabuleiro,
Presépio, anjinho, luzes, pinhas e pinheiro;
Meu trabalho inspiram o ano inteiro,
Quando à noite acendo o candeeiro.


Ana Ferreira da Silva


(2) A Casa do Advento


Longe vai o tempo em que viajava
Pagava na mochila e ia ao sabor do vento
A pensar no vinho quente que já marchava
E a 30 de Novembro olhar para a Casa do Advento
O que será que vai aparecer na janela do dia 1?
É isso que hoje me interrogo
Pois já não apanho voo nenhum
Por isso a Deus eu rogo
Que algum tempo me possa arranjar
Para voltar novamente a viajar
E quando essa janela abrir
Eu volte novamente a sorrir



Aníbal Seraphim


(3) Cantiguinha de Natal

Dorme, dorme, meu Menino

Nos braços da Virgem Mãe;

Já lá vem um pastorinho

A caminho de Belém.

Dorme, dorme, lindo Menino,

Ao colo de S. José;

Quem diria, Verbo Divino,

Pastorinho da nossa fé.

Sonha, Menino, com a Paz,

No teu bercinho de palha quente;

Que já uma estrela de longe traz

Três reis magos do oriente.

Vê, Menino, que te ofertam

Ouro, mirra e incenso;

Foi pelos anjos que souberam,

Serás Príncipe de Amor imenso.

Ana Ferreira da Silva

(4) Postal




Ana Ferreira da Silva


(5) É Natal nasce o menino


É Natal nasce o menino
por aí tão pobrezinho
presépio, natureza
o menino está sozinho

fraternidade vamos lá
tu outrem olha o espaço
pro universo um abraço
terra-mãe o alimento

Manuel José

(6) O PAI NATAL DA FAMÍLIA SILVA


Nós nunca acreditámos no Menino Jesus.
Rectifico: como crianças, nunca acreditámos que o Menino Jesus, acabadinho de nascer, a tentar conciliar um bom soninho no seu confortável leito de palhinhas sob o bafo caridoso da vaquinha e do burrinho, vigiado pelo olhar embevecido (e simultaneamente apreensivo) de S. José e da Virgem, rodeado de dezenas de pastores e respectivos rebanhos balindo aqui e ali, com a estrela a brilhar como um grande sol acima do estábulo e os anjos a cantar loas, e ainda a perspectiva da visita dos reis magos com as suas majestosas caravanas bem apetrechadas, dizia eu que nós, que nos considerávamos miúdos inteligentes, nunca acreditámos que alguém pudesse ser cruel a ponto de incumbir a pobre Criança de andar a distribuir presentes pelos meninos bem comportados do mundo inteiro. E isto a despeito da opinião dos nossos coleguinhas da escola, que nos enchiam os ouvidos com os sapatinhos na chaminé e o doce Menino atarefadíssimo de um lado para outro, a entregar bonecas, carrinhos, meias de lã e gorros, além de outras prendas mais originais e volumosas, como triciclos ou trotinetas.
Não! Nós acreditávamos piamente que o Menino devia dormir como compete a qualquer recém-nascido, e que a tarefa hercúlea de recompensar as crianças bem comportadas – e quem não era bem comportado nas últimas semanas de Dezembro?... – ficava mais bem entregue a alguém mais velho, com a experiência de vida de um avô, dotado de um bom par de óculos para decifrar as caligrafias mais complicadas, uma oficina cheia de ajudantes dedicados, e acima de tudo um trenó mágico puxado por renas voadoras, onde cabiam todas as prendas com que todos sonhávamos: o Pai Natal, pois claro!
E era ao Pai Natal que escrevíamos as cartas, na nossa letra mais redondinha, que líamos e relíamos e dávamos à mãe a ler, para ver se não levavam erros, já que os erros significavam que não éramos lá muito bons alunos, e portanto, não haveríamos de merecer metade do que pedíamos. As cartas eram metidas em envelopes com o endereço muito certinho, e depositadas num marco de correio especial que havia à porta de uma loja de brinquedos. Perfeito! Ou quase...
Em nossa casa não havia lareira. Havia chaminé, sim, mas logo por baixo ficava o fogão... Assim, quando nos apresentámos diante da mãe, cada qual com um sapato novo (sapatos velhos, sujos e amolgados haviam de denunciar-nos como crianças traquinas, dificilmente cabendo no estatuto de bem comportados), vimos de imediato as nossas pretensões recusadas.
- Mas, Mamã, se não deixarmos os sapatos na pedra do fogão, como irá o Pai Natal...
- Não se preocupem, já está tudo combinado!
- Então...?
- O Pai Natal há-de bater à porta. O vosso pai explicou-lhe que não temos lareira e a nossa chaminé é muito estreita para a barriguinha dele; além disso, imaginem o que aconteceria se o fogão ainda estivesse quente das rabanadas, e o forno do assado!
- Oooh!...
- Podem deixar os sapatos junto da árvore de Natal; é lá que vamos deixar os nossos sapatos e as pantufas dos avós.
Perfeito! E a cereja no topo do bolo seria a presença dos avós do Porto, que se encarregariam de garantir que nada seria deixado ao acaso!
Vivíamos a noite da consoada presos de uma impaciência que mal conseguíamos dominar. De mãos bem lavadas, penteados e vestidos a propósito, suportávamos com estoicismo de mártires o interminável bacalhau com todos e as conversas dos adultos, lançando de vez em quando uma espreitadela ao pinheiro para nos certificarmos de que os nossos sapatos eram os mais visíveis da família, e outra ao relógio da sala, cujos ponteiros tardavam em atingir a gloriosa meta das onze da noite, hora que o pai costumava combinar com o Pai Natal, que de tanto trabalho que tinha, nunca podia demorar muito tempo em cada casa: apenas o suficiente para trocar meia dúzia de palavras e tomar um cálice de Porto e comer uma broinha. Além disso, a avó insistia em assistir à missa do galo, o que não nos deixava mais do que uma meia horita para abrir as prendas.
E assim que soavam as onze badaladas, tínhamos autorização para nos levantarmos. Seguindo a nossa rotina mágica, a avó fechava-se connosco na sala de estar – a primeira divisão à esquerda da entrada – e nós apurávamos o ouvido. Não podíamos falar, pois o Pai Natal haveria de gostar de saber que estávamos a dormir.
Com o coração na boca escutávamos o toque da campainha, a porta abrir, as ruidosas saudações dos pais, a resposta abafada do querido velhote (decerto bem agasalhado com um belo cachecol), conversa alegre e risos vindos da sala de jantar, e pouco depois, a despedida, com a porta a bater. Sabíamos que o Pai Natal estacionava o trenó no telhado da casa, mas a euforia das prendas era tal, que nunca nos dispusemos a espreitar pela janela para o ver partir.
- Já lá vai o Pai Natal! – anunciava o pai, desviando a cortina; e nós ter-nos-íamos encolhido debaixo da árvore, se ali pudéssemos caber!
Veio um ano em que a avó apenas encostou a porta da sala de estar, e eu, gatinhando, consegui, por uma nesga, entrever as botas do Pai Natal, quando este se preparava para sair! Fiquei maravilhada! Senti-me especial, criatura privilegiada, e não me cansei de divulgar a façanha ao longo dos dias seguintes, prometendo a mim mesma que, assim que as aulas recomeçassem, haveria de contar aos meus amiguinhos que era, efectivamente, o Pai Natal quem trazia as prendas, e que decerto reservava a última e mais preciosa oferta para o Menino mais bem comportado de todos.
Conforme expectável cresci. Fiquei a saber que o Pai Natal era o meu querido avô, que adorava participar na mágica encenação; e que as botas que eu julgara ver, eram as pernas das calças pretas que ele costumava usar...

Ana Ferreira da Silva

(7) O tempo do Advento


  

 
 

O tempo do Advento é um farol de esperança e alegria!
O Dia de Ação de Graças prepara todo cenário que começa a chegar, com uma mesa lindamente posta, um momento de introspeção e gratidão por mais um ano de bênçãos. O nosso desejo colectivo pela tranquilidade e prosperidade entre família, torna-se a fragrância da alma e o espelho da nossa satisfação. Este ano, novos rostos familiares, vindos eles de longe, juntaram-se a esta cultura que nos acompanha , à nossa tradição do corte da árvore! Sabem o que isso significou?! Consequentemente, a experiência foi mais extensa, mas agradável.
O almoço marcado para as dezasseis horas, resultou num almoço mais demorado, divertido e mais delicioso. Embora o projeto de lei fosse um lembrete da extravagância da época..., o natal significa criar memórias duradouras!
A nossa celebração festiva continuou, inaugurando os vinte e quatro dias de maravilhas natalícias, e, revisitar a Times Square era uma opção aliciante. Este destino icónico incorpora a essência da estação, amplificando a nossa ligação ao seu espírito.
No meio desta atmosfera cativante, sentimo-nos inspirados a valorizar as nossas bênçãos e a apreciar os prazeres simples da vida. O dia foi repleto de família, felicidade, gastronomia requintada nova iorquina de sabores italianos e gargalhadas. Finalizamos ao chegar a casa com o erguer da árvore na sala, decorada a rigor para o dia que se aproxima e nos traz á memória o nascimento do menino-homem que veio ao mundo para nos trazer a salvação através de sua crucificação e Ressurreição na cruz.
Já o cheiro da magia natalina se faz sentir em cada canto.
Uma feliz época natalícia!

Ilda Pinto Almeida



(8) Paz na Terra

Glória a Deus nas alturas
Paz na terra aos homens!


Assim cantavam os anjos
Num coro celestial
Trazendo a bela notícia
Nessa noite de Natal

Tudo era paz, tudo era luz
Tudo era belo, tudo era simples
Na humildade daquela cabana
Onde nascera Jesus

Mas os homens não quiseram
A Sua paz aceitar
Preferiram guerras e morte
Pois não souberam amar

Mandai de novo teus anjos
Neste Natal, meu Senhor
Espalhar a Tua paz
Neste mundo tão sofrido
Tão necessitado de amor!

Maria do Rosário Cunha,
in "Na noite de Natal", Tecto de Nuvens, 2024


(9) Presente de Natal


Tecido à mão com paciência,
Comprado na loja de conveniência,
Embrulhado em papéis lustrosos
Ou enfiado em sacos jocosos
Sou o presente de Natal
E, como tal, sou especial!

Sou parte da decoração
Sou objecto de atenção
Por vezes, sou só obrigação…
Mas, quase sempre, parto do coração.
Sou é mesmo especial
Porque faço parte do Natal!

Acusam-me, alguns, de ser só comercial!...
Não sei porque pensam tal!
Sou parte de algo maior e melhor,
Iniciado por Baltazar, Gaspar e Melchior,
Pertenço ao aniversário do Salvador!
Sou o presente de Natal
E, insisto, sou especial!

Como podem não gostar de mim?
Como posso algum dia ser ruim?
Sou um símbolo especial
E devo ser visto como tal!
Sirvo de lembrança:
Da necessidade de manter a esperança.
Seja para não esquecer a caridade,
Seja para lembrar a amizade.

Sou um símbolo do Amor
No aniversário do Senhor!
Sou mais do que tradição,
Sou mensagem do coração:
“Neste mais um ano que vivi,
Eu nunca me esqueci de ti!”.

Portanto, neste Natal
Lembra-te que eu sou especial
Não é precisa grande ostentação
Basta que haja dedicação.
Serei o teu mensageiro
Mais valioso do que o dinheiro,
Para que em mais um Natal
Lembres ao próximo que ele é especial!

Teresa Cunha,
in "Na noite de Natal", Tecto de Nuvens, 2024

(10) natal uma vida do advento

vivemos e sonhamos,

numa vida de cores brancas,

num sol marinho

                        de asas ao vento,

tu natal não viestes só,

mas, dizem, numa manjedoura,

do advento,

                        se me levares contigo,

advento,

provo o natal com a força

                        das bolinhas de cores,

hei-de enfeitar a árvore de natal

com os sabores do advento,

em cada domingo

                         da vida sonhada.

joaquim armindo
10/12/2024

(11) Fotos do Natal do outro lado do Atlântico


 

Ilda Pinto Almeida juntou ao talento para fabricar estas prendas a criatividade de botões personalizados com a sua marca IPA.


E sempre a artista, convenceu estes guardanapos a serem árvores que enfeitarão a sua mesa da Consoada.


E partilha a primeira neve da temporada...

Ilda Pinto Almeida



(12) A Cláudia e os doces





A Cláudia é muito lambareira
E como criança que é só pensa em brincadeira
Brinca com as bonecas e deixa-as de qualquer maneira
Quando a mãe entra no seu quarto parece uma feira.
Pela altura do Natal anda sempre a rondar a cozinha
Enquanto a mãe confeciona os doces de gengibre
O cheiro é tão bom que os devora quando se apanha sozinha
Quando a mãe entra na cozinha grita: “Ai Deus me livre!”
Assim, vai para o quarto de castigo
Fechada na divisão só com um postigo
De onde consegue avistar as luzes de Natal
Tudo porque comeu todos os doces e se portou mal.
Quando termina o castigo fica amuada
Mas a mãe enche-a de abraços e de carinho
Sentindo-se imensamente amada
Vai logo à cozinha comer um gengibrezinho.

Aníbal Seraphim


domingo, 24 de novembro de 2024

Vaidosicezinhas XXI

 



Esta é uma vaidosicezinha circular e quase comunitária.
Nina Pianini, a recente vencedora do texto favorito do público na colectânea "Uma viagem de férias", deixou-nos muito vaidosos com a sua vitória. Por seu turno, a autora está encantada com a vitória e ela própria muito vaidosa. Enviou-nos um texto de agradecimento que nos deixou extra vaidosos...



É com muita humildade que confesso a minha admiração pela escolha do meu texto, pois admiro imenso todos os textos dos outros Vossos autores que participaram na iniciativa desta Coletânea.
Foi muito inesperado e fiquei tão emocionada que nem posso acreditar....estou sem palavras. Ainda nem acredito que seja verdade. Costumo ler no site e nas coletâneas tudo o que os outros Vossos autores escrevem e gosto muito de todos eles. Por tal, para mim, foi uma imensa honra ter sido escolhida por eles.
Sinto que Vos devo tudo e estou imensamente agradecida pela enorme amabilidade e generosidade de todos os outros autores que votaram e principalmente, à Vossa editora pela iniciativa.
Parabéns também a todos os vencedores desejando a todos uma carreira longa e cheia de sucesso a fazer felizes os leitores.
Pela minha parte, gostaria de dedicar um "Muito obrigada a todos do fundo do coração" pelo carinho e apoio a uma humilde autora de literatura infantil.


Nota: Não são apenas autores a votar, também temos votos dos leitores.

quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Desafios de autores para autores: Calendário de Advento

 E já na segunda quinzena de  Novembro reciclamos um clássico...





Calendário de Advento


Muito populares, em vários formatos, com diferentes ofertas, são daquelas tradições universais e intemporais.
O que propomos de 1 de Dezembro até ao dia 23 é ter prendinhas para os leitores do blogue. Em qualquer dia podem enviar-nos um texto (poesia ou prosa); um pensamento, um desenho, uma fotografia, etc., alusiva ao Natal. Os trabalhos serão colocados à medida que chegarem e as participações são ilimitadas. A vossa criatividade e espírito natalício serão o limite: se acabaram de decorar a casa e acham que esta merece uma foto, pode ser essa a vossa contribuição do dia. Também podem fotografar os vossos doces de Natal; partilhar um pensamento, uma ideia daquele dia...
Se conseguirem fazê-lo com qualidade para partilhar também podem fazer participações em vídeo e áudio.
Podem participar quantas vezes vos apetecer.
De um modo completamente aleatório, vamos escolher uma participação para receber uma prenda. Se houver comentários, usando o mesmo método que para as participações, escolheremos também um para uma prenda, desde que o autor do comentário nos forneça um endereço de email válido.

Colocaremos os trabalhos a partir do dia 1 de Dezembro, sempre que houver trabalhos novos.
Os trabalhos serão colocados por ordem de chegada, independentemente do dia, do autor ou do número de participações do mesmo.

Agora as prendas...


Os comentários vão estar abertos, nos termos habituais (são moderados, pelo que têm que ser aprovados antes de serem visíveis, o que pode demorar algum tempo, não vale a pena repetir o comentário, aguardem por um horário mais consentâneo com o expediente para verem se está publicado - por favor, alguma pena pelos humanos que vão ter de validar comentários entre compras, cozinhados e, esperemos, comer rabanadas e afins com a família...-), podem expressar a vossa predilecção por algum dos trabalhos ou fazer um comentário que vos pareça pertinente. De 10 em 10 dias: 10, 20 e 30 sortearemos um dos comentários para receber uma prenda (só entram no sorteio os comentários entrados nesse intervalo de tempo e devidamente identificados). Por esse motivo é pertinente deixarem ficar um endereço de email para poderem ser contactados (se não desejarem que ele seja visível, basta escreverem isso no vosso comentário, guardaremos o endereço para contactar em caso de prémio, mas apagaremos o endereço na postagem do comentário) - terão depois de estar atentos ao vosso email para nos fornecerem a morada para onde enviar a prenda.
Fechamos a recepção de trabalhos no dia 23, ao meio-dia, e os comentários no dia 31 de Dezembro, 2024. Tanto os trabalhos como os comentários serão numerados e vamos usar o número da sorte do totoloto do dia 4 de Janeiro de 2025 para atribuir o prémio entre todos os participantes e um outro prémio a sortear entre todos os comentários (ao sorteio, habitualmente, irão os números iguais ao sorteado e todos aqueles que tiverem a mesma terminação).

E as prendas são:

SURPRESA!!! - (na melhor tradição dos calendários de advento) para os sorteios aos comentários dos dias 10, 20 e 30 de Dezembro.

O prémio a sortear em Janeiro será igual tanto para o autor como para o votante e também será anunciado quando começarmos a ter participações.

A participação, com trabalhos e/ou comentários, está aberta a todos. Participe, divulgue, divirta-se e tenha um muito feliz Natal!

Em caso de dúvida pode enviar email para o endereço de onde recebeu este email ou, caso esteja a ver no blogue, pode contactar-nos pelo email informacoes@tecto-de-nuvens.pt

"Uma viagem de férias" - votante vencedor

Tínhamos previsto, como habitualmente, usar o número da sorte do Totoloto para fazer o nosso próprio sorteio entre os votantes; no entanto, foram tão poucos aqueles que se deram ao trabalho de participar que resolvemos que o mais justo era fazer um sorteio directo entre todos os votantes.
O número sorteado foi o 10 e pertence a Fernanda Morais. Muitos parabéns!
Muito em breve vai receber os seus prémios:  um conjunto de duas canecas com a ilustração da capa e um conjunto de 10 postais iguais à capa do livro… 







domingo, 17 de novembro de 2024

Julieta, ilustradora do livro "Amigo meu, meu amigo é?", em entrevista

 


Se uma imagem vale mais do que mil palavras, quando se conjugam imagens e palavras estamos perante uma grande riqueza.
Nem sempre é fácil coordenar o texto e a imagem, são dois espíritos criadores que as produzem e idealizam, mas quando o casamento é perfeito, todos saem beneficiados, e é por isso que os ilustradores são também coautores das obras. 
É o que sucede em "Amigo meu, meu amigo é?", Nina Pianini e Julieta conseguem que miúdos e graúdos se debrucem sobre o tema da amizade.

E é sobre este trabalho e o seu gosto pela arte que nos fala Julieta (pseudónimo), 36 anos, por voz própria e na primeira pessoa.


Conte-nos quando é que começou a desenhar e quando é que começou a usar o desenho para ilustrar algo?


Antes de mais gostaria de agradecer pela oportunidade que me estão a dar ao puder participar nesta entrevista.
Desenho desde criança, desde que tenho consciência da minha existência para dizer a verdade.
Observava a minha irmã que desenhava já muito bem com tenra idade e como irmã mais nova punha-me ao seu lado tentando obter o mesmo resultado.
Recordo-me que nos meus desenhos havia várias janelas, luas, prendas, estrelas e sois.
Era e continua a ser mágico.

 Qual o papel do desenho (e da arte em geral) na sua vida?

A arte tem toda a importância para mim e na minha opinião para o mundo.
De uma forma geral, para mim, é uma fonte de inspiração, tem vida e, às vezes, nem sei de onde provém. Neste caso, o desenho é uma forma de transmitir o que vai no meu pensamento, o que vai dentro do meu mundo interno e que gostaria cada vez mais de exteriorizá-lo para a nossa realidade “terrestre “assim como partilhar com quem aprecia também o que eu considero belo.

 Como é que faz a ilustração de um livro? É um processo “técnico” (no sentido de regras, equilíbrios...) ou mais intuitivo/emocional (do género “consigo visualizar esta cena”)?

Tento visualizar uma parte da ilustração recorrendo a músicas e do que consigo visualizar passo para o papel ou anoto as ideias a seguir para não me esquecer.
Eu diria que é mais intuitivo pois procuro ter inspiração para o que faço. A seguir posso vir a colocar algumas técnicas nas ilustrações embora dê mais ouvidos ao que é intuitivo.

 Falando especificamente das duas versões do livro “Amigo meu, meu amigo é?”, qual é a sensação que tem ao ver, agora, os livros, já prontos, nas mãos?

É uma sensação muito boa, não pensava que teria esta oportunidade para ser franca embora no meu íntimo sentisse que um dia, seria o dia. Estou realmente muito grata por esta oportunidade pois após a conclusão do livro o sentimento de realização é gratificante e de uma verdadeira gratidão para com a escritora Nina Pianini e todos a quem me deram força para avançar.

 Fale-nos um pouco sobre o ilustrar deste livro. Foi fácil, intuitivo?

Se dissesse que fosse fácil não estaria a ser sincera.
Foi um desafio para mim, embora consiga imaginar as cenas e por vezes serem tão claras na minha mente, passar as mesmas para uma ilustração é sempre um desafio.

 Existe alguma parte de cada um deste livro, em particular, que a toque mais. Porquê? Influenciou o estilo/escolha do traço?

Sim, na minha opinião a mensagem do livro é profunda e no entanto pode ser interpretada de várias maneiras entre várias pessoas, contudo, fala sobre algo precioso e que tantos nós necessitamos neste mundo, o amor de uma amizade sincera, uma amizade que se encontra sempre por perto e dentro de nós como a do “lápis” que nos acompanha vá para onde formos.
Uma amizade que todos nós deveríamos estar prontos a receber, assim como também oferecer a nossa amizade a quem precisa.
Isto é algo de muito puro num mundo como o nosso porque vamos refletir, o que define uma verdadeira amizade? Na verdade acredito que a resposta está em cada um de nós e que podemos tentar escutar essa resposta.

 Indique as razões pelas quais aconselharia as pessoas a ler este livro? O que acha mais apelativo no livro?

É importante sensibilizar as crianças a importância da amizade. É importante a criança ganhar mais esta noção, de ser amigo e na escolha dos bons amigos que o acompanham no decorrer da sua vida. Este livro mostra que a amizade não é oferecida por qualquer pessoa que encontramos ou colega da escola mas mostra que a amizade é oferecida por quem é nosso Amigo.

 Considera a arte, neste caso não apenas na perspetiva de um apreciador, mas de alguém que “produz” algo, seja um bordado, uma colagem, pintura, desenho, tocar um instrumento, etc, como sendo sempre uma atividade (até na perspetiva de “escape”) recomendável e positiva? Ou é apenas se a pessoa for boa na sua realização? Ou pode ser benéfico mesmo que o resultado final não seja digno de ir para o Museu? Acha que há  mérito no processo por si só?

Na minha opinião, considero que a arte esteja em vários lugares e em várias ocasiões da nossa vida. Vejo arte de quem dança, vejo arte num fotógrafo quando fotógrafa uma fotografia ou um quadro pintado, a arte está numa flor, nos veios de uma planta, numa gota de água resistente pendurada, na fé das pessoas, no que é divino, vejo arte na água e nas cores da chama de uma vela.
Um bordado, trabalhos manuais, cerâmica a música, tudo isto faz parte do mundo artístico e tudo se conjuga. É uma forma de expressão e enaltece o sentido da vida.
Sou da opinião que toda as pessoas deveriam ser encorajadas a expressar a sua criatividade, seja por escrita, por escultura, por bordar ou tocar um instrumento musical. Não é só no museu que é bonito ou necessário expor a arte, a expressão artística de cada um é válida e pode conduzir a novas ideias e emoções, desenvolve a parte criativa do ser humano, pode ser terapêutico e trabalhar a autoestima da pessoa, é refrescante e ajuda a não esquecermos as crianças que todos temos dentro de nós. Não temos que ser iguais, cada um pode desenvolver a sua criatividade à sua maneira. Com isto tudo acredito que a arte tenha influência para um mundo melhor.

 Tem mais projetos em mãos? Ilustrar livros é algo que gostaria de continuar a fazer?

Para já, o que posso dizer é que pretendo melhorar. Estou longe da onde quero chegar e com isto quero dizer que sim, pretendo continuar e de obter mais projetos daqui para a frente. Espero realmente um dia perceber este mundo que está em mim e de tentar perceber como poderei mostrar o mesmo através das minhas ilustrações assim como perceber o mundo de quem escreve e dar formas às suas histórias.


Para saber mais informações sobre o livro clique aqui.
Se quer contactar a ilustradora, envie-nos um email para informacoes@tecto-de-nuvens.pt


sábado, 16 de novembro de 2024

"Uma viagem de férias" - TEXTO VENCEDOR

 


E numa votação que, também ela, pareceu ter ido em viagem de férias, lá se conseguiu, no desfazer das malas, encontrar votos para os textos com a vitória a sorrir ao conto "O ritual de «Um dia na praia»". Muitos parabéns à autora, Nina Pianini.

Os nossos parabéns também para aos autores classificados em segundo e terceiro lugar, respectivamente: Alexandra Carneiro e, ex-aequo, Alexandra Carneiro e Joaquim Armindo.
E o nosso obrigada a quem votou, estejam atentos ao sorteio do prémio.
Quanto aos autores, brevemente receberão os seus souvenirs/recuerdos desta viagem de férias...


1º  O ritual de “ Um dia na praia…”  VENCEDOR


  Mareusia
  Férias do emigrante que fica  e à luz do candeeiro

E para aguçar o apetite de quem ainda não leu o conto vencedor, fica um excerto.


A névoa cobria o horizonte.
O frio trespassava os ossos e os meus passinhos pequenininhos faziam mais longa a caminhada. De braço esticado e de mão dada à minha mãe, lá seguia para o pequenino comboio que nos levaria à praia. Ansiosa por chegar esse dia, mal tinha dormido. Animada, passei dos braços da minha mãe para os do meu pai. Sentaram-me num banco de madeira rija e o comboio partiu ao grito do chefe da estação:
- Partida!...
Com a bandeirinha no ar, rematava a saída do comboio apitando prolongadamente: piuiii!...
Por sua vez, bufando como um animal de forte pujança, o comboiozinho insuflou uma enorme nuvem branca que, saindo debaixo das rodas, cobriu toda a gare em volta.
- Este comboio é muito antigo, é movido a vapor!- Explicou meu pai.- Lá à frente, o maquinista deita lenha na fornalha que aquece a água. É a força do seu vapor que faz mover o comboio…
E meu pai lá ia contando os factos, esmiuçando tudo para saciar a minha curiosidade. Mas, hoje era diferente. Eu nem o ouvia, nem sequer prestava atenção. Estava tão ansiosa que não parava de perguntar:
- Já chegamos à praia?... ainda falta muito?...
Torcendo-se sempre a assoprar “u-uuu…”, o comboiozinho nomeado pelos populares de “o Poveiro” desengonçava-se pela estreita via, abanando todos os que iam lá dentro num constante trepidar. De tão leve que eu era, ia escorregando no vidrado lustre do banco, ora para lá, ora para cá, conforme as curvas. Sem conseguir agarrar-me a lado nenhum, meu corpo só parava quando batia nas pontas do banco.
Largando incessantemente o intenso vapor que aumentava a névoa fresca matinal, pelo esforço exigido à máquina a puxar as três carruagens de madeira completamente cheias de dezenas de pessoas. Porém, o despachado comboiozinho “Poveiro” de madeira lá seguia o estreito trilho desbravando ramos e folhagem que, intrometidamente, se enfiava pelas janelas ao atravessar a densa floresta verdejante.
Subitamente, da janelinha de madeira fina algo começou a surgir que arrebitou os meus sentidos e dos restantes passageiros: uma linha azul começou-se a perfilar ao longe.
- Já se avista o mar! – Gritaram os passageiros em contagiosa alegria.
Todos se elevaram dos lugares esticando seus pescoços e focando seus olhos naquele ponto.
Lá se avistou o mar azul intenso, e da boca soltou-se em coro:
- “Deslumbrante!…”
E a sua maresia entrou pelas janelinhas abertas, banhando-nos com seu fresco aroma.
Quando o comboiozinho “Poveiro” parou, uma avalanche de gente não perdeu tempo a saltar do comboio, seguindo pelo estreito carreiro de madeira atravessando os mil carris cruzados da estação até à estrada, por onde todos caminharam enfileirados munidos de chapéus, bancos, baldinhos, lancheiras, boias e todo o tipo de artífices necessários para passar um belo dia na praia.
A pressa de chegar à praia, era intensa, todos concentrados em passo acelerado, ninguém perdia tempo, nem energia a falar. Em silêncio compenetrado de chegar à meta, prosseguiam em fila indiana pelos passeios atravessando toda a cidade. Nada os distraía da sua missão de chegar ao destino, por isso nem perdiam tempo a olhar as vitrines das lojas ou as dezenas de tendas dos vendedores ambulantes espalhados pela rota que todos sabiam de cor: o caminho traçado seguido à décadas pelos veraneantes.
Ao chegar à famosa rua central da conhecida praia da Póvoa de Varzim, a praia mais afamada das redondezas, todos pararam em harmoniosa sintonia.
Em
 frente de todos, mesmo ao fundo, deslumbrava-se agora a fonte da nossa alegria: o mar!... Aquela espetacular imagem fez-nos parar para contemplar! Especados nos passeios, todos esticavam o nariz para cheirar aquele típico cheirinho a mar! Sem exceção, todos abriram um largo sorriso incontido. Era nessa altura que lançavam um olhar em redor e abanavam a cabeça uns para os outros, em concordância plena sem nada dizer. Unidos na confirmação silenciosa geral de que tinham chegado à meta: o mar que todos nós aspirávamos!
Espalharam-se como carreiros de formigas pelo extenso areal doirado que amortecia nosso andar, largando as roupas e tudo o que se trazia.
Derramando o protetor pelo corpo, correram para a água.
Estivesse a temperatura que estivesse, ninguém se importava com isso. Salpicavam seu corpo com a abençoada água enquanto as crianças saltitavam alegremente nela: “splasch”!
Tal como eles, divertida na água, eu chapinhava nas poças e pocinhas que abundavam, observando atenta para onde ia o caranguejo que fugia correndo de lado, em que buraco da pedra rochosa o polvo enfiava seus tentáculos escondendo-se, como as conchas se abriam para beber a fresca água que a onda trazia, o movimento do mar para entender porque a onda espumava...
Incansável nas minhas descobertas de criança, lá ia tudo coscuvilhando e revirando…
E revirando o baldinho cheio de areia molhada, construía (...)

Para mais informações sobre a colectânea, clique aqui.
E se é fã da escrita da vencedora, Nina Pianini, não perca este passatempo aqui.





segunda-feira, 11 de novembro de 2024

"Caem as folhas" e "S. Martinho" - Desafios de Novembro - TEXTO VENCEDOR -

 



 Estão de volta os Desafios...

 "Caem as folhas" continua a ser o nome do desafio que anda à volta destas folhas, sejam as das árvores ou outras, que caem e se renovam: Outono, a inspiração, os ciclos da vida, etc.
O desafio voltou a incluir as opções conto (pequeno), fotografia/desenho e a poesia. 
E sendo hoje dia de S. Martinho, também fica uma homenagem ao santo e às tradições deste dia.

Do dia 11  até ao dia 30 de Novembro 2024 estarão abertas as votações para o trabalho favorito. O vencedor receberá um prémio.
Só contaremos os votos dos votantes que se identificarem, podem votar como anónimos mas depois deverão enviar um email para um dos endereços fornecidos e indicando o número que lhes foi atribuído. Os votantes entrarão num sorteio para receberem uma lembrança.

E os prémios...
Vamos oferecer livros! As nossas folhas favoritas...


O autor premiado e o votante sorteado poderão escolher a partir de uma lista que vamos fornecer o título que mais lhe agradar.

E o texto vencedor é : "O Esquilo e a Cigarra" da autora Ana Ferreira da Silva. Muitos Parabéns!
Em breve vai receber o nosso catálogo de onde poderá escolher um livro.
E por sorteio, a votante nº 3, também vai receber um livro à escolha. Parabéns!
E os nossos agradecimentos tanto aos autores participantes como aos leitores que tiraram um momento para votar.
Esperamos por todos um pouco mais acima no nosso Calendário de Advento.

9) As folhas nascem

As folhas nascem
E as folhas caem
Todos os anos na sua época
- O tempo passa, o tempo recua, o tempo para!?
A vida é como um barco quando navega no mar de ondas!
As folhas caem… a árvore fica de pé
Ontem andava vestida, amanhã está nua
As folhas caem-lhe!
Na próxima primavera há muitas folhas viçosas de esperança
Depois, depois, mudam de cor
E tudo volta ao mesmo


Ilda Pinto Almeida

8) no outono da vida das folhas a caírem

se virmos como se vestem as árvores,
de folhas verdejantes e encobridoras dos sóis,
somos bafejados pelo querer e ser
                     do cheiro primaveril,
                     da sua virilidade,
e lembramos,
                     oh, se lembramos,
das suas vidas, como se fossem nossas,
lembramos o crepúsculo lapidador
                        das suas folhas,
                        que caiem, como se mortas,
nas lembranças dos outonos passando por elas,
o vigor das suas querenças,
                   leva-as a florir,
logo a seguir, viçosas e lindas,
o outono é como a vida,
                  lindo que nos amarra,
                  ao som das cores imanando
as sinfonias dos grilos no verão,
e o renascer em cada primavera,
assim é o outono.

Joaquim Armindo


7) No dia de São Martinho vai à adega e prova o vinho


Sabia que faltam apenas 50 dias para o final do ano? Pois bem, a data que se assinala hoje tem vários significados e um deles é esse, que num pequeno salto, estamos a comer as 12 passas e a beber champanhe, ou branco de Lafões.
Mas daqui até lá ainda há imenso tempo para saborear, viver e reviver várias sensações festivas.
Uma delas é a que se realiza hoje um pouco por todo o lado e nas nossas casas: O dia de São Martinho, com os seus tradicionais magustos.
Em Portugal é feriado municipal em Alijó, Mêda, Penafiel, Pombal e Torres Vedras. Um dos mais afamados realiza-se em Penafiel e que abriu as festividades ontem, dia 10, e prolonga-se até ao dia 21 de Novembro. Já lá estivemos e a festa é de arromba.
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História do São Martinho

Reza a lenda, e as liturgias atestam, que São Martinho de Tours terá nascido na Hungria por
volta do ano 316 desta Era. Terá sido um soldado romano, que renunciou à milícia e recebeu
baptismo, tendo rumado a França e fundando um mosteiro.
O milagre que lhe é atribuído foi, segundo a lenda, que ao ver um mendigo ao frio num dia de tempestade de neve, cortou o seu manto ao meio e partilhou-o com o mendigo. Deste acto, diz-se que recebeu uma bênção de três dias de sol, advindo daí a expressão “verão de São Martinho”, que habitualmente nestes dias do ano o tempo fica soalheiro.
O etnógrafo português José Leite de Vasconcelos, afirmou que esta festividade representa um sacrifício em honra dos mortos, em que no passado a celebração era de forma diferente da que em Portugal se comemora a data, em que era usada a tradição de acender as fogueiras para que à meia-noite fosse preparada uma mesa com castanhas, que simbolicamente serviriam para oferendar aos familiares que já partiram deste mundo.
Talvez por este motivo alguns locais da Escandinávia é celebrado no dia de véspera, dia 10,
iniciando um período de recolhimento antes do Natal e fazendo desse jantar, o último grande jantar do ano. Na Suécia, esse jantar consiste em sopa, ganso assado e bolo de maçã.

O nosso magusto

Por cá já a história de comes e bebes é outra: Castanhas assadas e vinho. Vinho que pode
muito bem ser o vinho novo, a água-pé ou jeropiga.
Aliás, no caso do vinho já terá um outro significado a ter em conta, sendo o primeiro dia do qual deve ser degustado o vinho novo, já que a maturação do vinho do ano atinge o seu ponto ideal para ser provado.

Em todo o caso, temos sempre o provérbio popular: “No dia de São Martinho vai à adega e prova o vinho”.
Só nos resta desejar uma boa noite de São Martinho com castanhas assadas e boa prova do
novo vinho, água pé ou jeropiga.

Aníbal Seraphim
(Publicado originalmente em: Notícias de Lafões nº, 584 - Página 14 - 11/11/2021)

6) No dia de S. Martinho



Aníbal Seraphim

5) A peneira da vida


Ai outono outono
Porque me fazes sempre isto?
Passo o inverno a sonhar
Com os pássaros a chilrear
E com os dias à beira mar a passear
Finalmente a primavera regressa
Com os dias a crescer mais depressa
Sinto-me mais vigoroso
Deixando de ser preguiçoso
Aí vai chegando o verão
Mas que maravilhosa estação
Que ao ver as donzelas a passar
Fico logo com o coração a palpitar
Certo dia vi uma Deusa de cabelo doirado
Ficando imediatamente apaixonado
Voltando a sensação de me sentir amado
No meio da natureza desenhamos corações
Com juras de amor em todas as estações
Em Setembro vivemos um tórrido equinócio
Augurando um excelente início
O renascer da felicidade
Em tão tardia idade
Certo dia aconteceu o inesperado
Ela foi viver para outro lado
Dizendo que tudo estava terminado
Deixando-me completamente desolado
E logo no regresso da nova estação
Que traz melancolia e pouca fé
Em que árvores ficam em pé
Mas as folhas caem ao chão

Ai outono outono
Porque me fazes sempre isto?

Aníbal Seraphim

3) Outono sem se ralar...



Aníbal Seraphim



3) O ESQUILO E A CIGARRA


Andava a cigarra atarantada enterrando as patitas na terra amolecida pelas primeiras chuvas daquele Outono particularmente ameno. Tão ameno fora até então aquele Outono, que a cigarra nem se dera conta de que a azáfama das formigas – sempre tão rigorosas em questões de calendário – terminara havia duas boas semanas, e todos os formigueiros do bosque se encontravam já de portas fechadas na expectativa dos grandes frios. A cigarra foi, assim, apanhada desprevenida, sem comida em casa e, para dizer a verdade, sem casa, pois o buraquito onde costumava abrigar-se para dormir, escavado sob uma raiz de sobreiro, tinha sido alagado por essas mesmas inesperadas chuvas, obrigando-a a proteger-se do mau tempo sob o chapéu de um grande cogumelo branco que uma rabanada de vento acabara por arrancar.
Chorando a sua desdita, foi a cigarra batendo à porta de cada formigueiro conhecido; mas o resultado era sempre o mesmo...
- Formiga, amiga formiga, sou eu, a cigarra do bosque! – implorava, a voz cada vez mais enrouquecida – Todo o Verão cantei para a tua família! Terás por aí algumas migalhinhas que possas dispensar, que estou cheia de fome?
- Tenho muita pena, cigarra – respondia-lhe sem emoção a formiga, do outro lado da porta fechada. – Não te avisámos nós mil e uma vezes que te acautelasses, que a vida não pode ser passada só em cantorias? Não te aconselhámos nós mil e uma vezes a encher a despensa para o Inverno? Vocês, cigarras, não ganham emenda! Todos os anos é a mesma coisa! Passam o Verão a divertir-se, a troçar do nosso trabalho, e depois quando chega o frio, é aqui d’el-rei, que temos fome!
- Eu nunca trocei do vosso trabalho, formiga! – protestou a cigarra na sua voz lamuriosa – Apenas vos disse que devíeis aproveitar um pouquinho a beleza dos dias longos e a suavidade das noites de Verão, em vez de trabalhardes sem parar!
- Pois sim, cigarra; mas aqui não há nada para ti! A nossa comida está calculada para durar todo o Inverno! Somos muitas, e ao contrário de ti, que passaste o tempo a vadiar, temos crianças para alimentar! Além disso, as portas do formigueiro já estão todas trancadas, e só abrimos na Primavera! Vai andando!
E lá se ia arrastando a cigarra de formigueiro em formigueiro, cada vez mais faminta e cansada. A terra amolecida começava a ceder lugar à lama pegajosa à medida que a chuva fininha ia refrescando a terra, emprestando brilhos cristalinos à erva viçosa.
Quando chegou o crepúsculo, a cigarra enfiou o corpo dorido sob um monte de folhas húmidas que o vento arrancara às árvores do bosque, e desatou a chorar.
- Que se passa, cigarra?
A cigarra abriu os olhos, entre admirada e assustada. Tinha diante de si um enorme focinho ruivo que se havia insinuado sob o monte de folhas. Nem o calor da respiração daquele grande nariz escuro a reconfortou, julgando que ia ser comida.
- Por favor – implorou num fio de voz -, não me faças mal, deixa-me morrer em paz!
- E tu queres morrer?! Mas que ideia estranha!
O esquilo – pois de um belo esquilo ruivo se tratava – escavou o monte de folhas, deixando a descoberto o corpo definhado da pobre cigarra.
- Pois não eras tu que cantavas de manhã à noite aquelas intermináveis canções?
A cigarra endireitou as costas ao reconhecer um dos esquilos que moravam num buraco do seu sobreiro.
- Sim, era eu... Desculpa se não vos deixei dormir! Estou tão arrependida!...
- Ora essa! Fizeste aquilo para que Deus te criou, que é espalhar alegria pelo bosque! Mas agora não me parece que te sintas muito feliz! Diria que estás doente...
- É verdade, amigo esquilo, quase perdi a voz! Morro de frio e de fome!
- Porque não subiste a bater à nossa porta?
- Olha, não sei, acho que tive vergonha... Além disso, sempre julguei que as formigas não se importariam de me ajudar.
- As formigas lá têm as suas manias – descartou o esquilo. – Consegues trepar para as minhas costas?
- Para onde me levas?
- Para casa, naturalmente! A nossa toca é quentinha, vais recuperar num instante! Os miúdos vão adorar ouvir-te cantar de novo! Além disso, temos a despensa cheia de bolotas, e quando acabarem, sempre podemos descer a buscar mais algumas! Parece-te boa ideia, vires morar connosco durante o Inverno?
A cigarra desatou a soluçar, comovida.
- Não sei como te agradecer, amigo esquilo...
- Não quero que me agradeças. Deus inventou o Outono para nos ensinar a sermos previdentes, mas acima de tudo, para aprendermos a ser uns para os outros! Vamos! Tens de te por boa para nos cantares canções de Natal!
Dito e feito. E assim, ao longo de todo aquele Inverno, o bosque ressoou com o canto da cigarra, feliz no aconchego do lar da família Esquilo, vizinha do primeiro andar.

Ana Ferreira da Silva


2) caem as folhas, brotam as castanhas


no brilho constante do mar,
nasce uma nuvem de fumo
                       do castanheiro
                       assando as castanhas,
e brilhando no instante
                       de quentes e boas
aí vão os cartuchinhos a soprar a maré.

não muito longe,
amarelas ou avermelhadas
                        ou de outras cores,
                        (que até não existem, no nosso imaginário),
das suas proprietárias, as árvores
são abrasadas pelos ventos
deixando-as como nuas,
e sem que a moral interfira na sua nudez,
vão despejando folha a folha
                         no chão,
os pinheiros, não,

são necessários para o natal.

castanhas e folhas, são a correr
os nossos caminhares,
no outono, ao virar das avenidas,
                        paralelas e brilhantes,
encontramos o devir.

mas ficam as folhas das árvores
e as castanhas assadas, nos imemoriais
                         desta caminhada.
Joaquim Armindo


1) CHEGOU O OUTONO


É Outono.
De fulvas cores se veste a Natureza,
Tons quentes de lareira acesa;
Bailam ramos ao namoro do vento,
Mil delicadas folhas chovem num momento.

É Outono.
Regressam da escola os meninos,
Cortam a fresca aragem seus risos cristalinos;
Das folhinhas que volteiam colhem braçadas
Muitas e muitas, nas mochilas guardadas.

- Quem fará a maior grinalda,
E a mais bela, para a sala de aula?
- Grande surpresa faremos à mestra!
- Na escola amanhã, será dia de festa!

É Outono.
Já sobre o mar o Sol boceja,
E a Terra a adormecer preguiçoso beija;
E pelo bosque úmbrio, em cada cantinho,
Bolotas e cogumelos nos acenam, e castanhas para o S. Martinho.

Ana Ferreira da Silva