1º O Segredo da bisavó Beatriz; Marta Graça VENCEDOR
Quando João e Carolina despertaram do sono, já os raios
de sol mais atrevidos invadiam os seus quartos. Lá fora, o chilrear dos passarinhos
anunciavam a chegada de um novo dia e o sopro do vento trazia consigo um toque
de alegria!
Era o primeiro dia de férias dos dois irmãos. João e
Carolina mal podiam conter a sua animação, sentiam um arrepio na espinha e o
seu coração batia com emoção. Havia tantas aventuras lá fora à sua espera! Num
impulso, deram um salto da cama, vestiram-se e correram a tomar o
pequeno-almoço.
Como já era costume, os meninos iriam passar a maior
parte das suas férias em casa dos avós, pois os seus pais trabalhavam bastante
para sustentar a família. Por isso, depois de comerem, prepararam as suas mochilas
e puseram-se a caminho, sempre acompanhados dos seus melhores amigos, o cão Traquina,
a gata Tareca e o passarito Pipo.
O bom de se morar numa aldeia, é que tudo fica perto, e
bastou atravessarem um pequeno carreiro de terra batida, cercado com lindos
arbustos de alecrim, para chegarem a uma casa de pedra pequenina e aconchegante
no cimo do monte: a casa dos avós! Os meninos mal podiam esperar por ouvir as
histórias de outrora que o avô sempre lhes contava, cheias de aventuras e mistérios,
e comer as deliciosas bolachinhas que a avó sempre lhes fazia.
Ora coisas para fazer ali não faltavam: jogar à bola, saltar
à corda ou até refrescarem-se na ribeira. Naquele momento, os meninos
preparavam-se para fazer um teatro improvisado com histórias que inventavam.
- Precisamos de acessórios. – dizia Carolina – precisamos
de um chapéu para o Traquina e um laço para a Tareca. Vão ser os atores principais
e precisam de estar janotas!
- Ó avô, não tens por aí uns trapinhos velhos que nos
possas emprestar? – pedia João.
- Bem, alguma coisa se há de arranjar. – respondeu o avó com um sorriso – procurem lá
em cima no sótão, dentro da arca que era da vossa bisavó Beatriz, acho que a avó
tem lá uns tecidos e roupas velhas.
O sótão da casa dos avós parecia mágico. Sempre que lá iam,
os dois irmãos descobriam coisas novas que nunca tinham visto. Além disso, através
da sua janelinha redonda, conseguia-se ver toda a aldeia. Era como se estivessem
em cima da muralha mais alta de um castelo, e tivessem o controlo de tudo o que
acontecia no reino.
Para abrir a arca velha da bisavó Beatriz foi preciso a
ajuda dos braços fortes do avô, pois como a mesma era toda construída em
madeira, tornava-se muito pesada. Mas depois do esforço, veio a recompensa. O
que não faltava lá dentro eram belas fatiotas, que encaixavam na perfeição no
que os meninos procuravam. Estavam quase a terminar a procura, quando ouviram um
ranger estranho, seguido de um enorme estrondo.
- Oh não! – exclamou João – A tampa da arca estragou-se e
caiu no chão!
De facto, as dobradiças velhas que seguravam a tampa não
aguentaram o peso e o grande pedaço de madeira estatelou-se no chão. E para
maior azar, quando o avô e a avó iam a tentar levantá-la de volta, uma das
peças soltou-se.
- E agora? – perguntava o João preocupado.
- Não se preocupem meninos, isto já é velho, mas tem
conserto. Só precisa de umas belas horas na minha oficina, e fica como novo.
- Mas… olhem ali! – exclamou Carolina pasmada com o que
os seus olhos viam – Aquele pedaço de papel saiu de dentro da tampa!
João aproximou-se do papel amarelado caído no chão, e
desdobrou-o com jeitinho.
- Isto é…
- Um mapa do
tesouro! – exclamaram os dois irmãos em coro. (...)
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