A mais recente edição do Prémio de Conto Infanto/Juvenil Tecto de Nuvens produziu não um, mas dois segundos classificados. Ambos com a particularidade de se passarem em florestas com figuras "míticas" e magia (da boa) e também, posteriormente, com ambos a serem ilustrados pelas próprias autoras. Conte-nos como e porquê começou a escrever,
por paixão ou por necessidade?
As histórias
estiveram sempre presentes. Desde muito pequena escrevia, ilustrava e "editava" os meus ‘livros’ que oferecia aos amigos, à família, às professoras. A estória
mais antiga que recordo, porque a minha professora primária, a D. Ilda, quis
ficar com ela, foi a aventura de um patinho que se atreveu a entrar numa
‘grota’ escura, onde vivia um monstro que lhe gritou, com uma voz de fazer cair
as penas: sai daqui patinho bisbilhoteiro!
Qual o papel que a escrita ocupa na sua
vida?
Faz parte intrínseca do que sou. As histórias
estão por toda a parte e chamam-me. Desde os pássaros, pousados no cabo
elétrico que atravessa a estrada, no caminho para o trabalho; o velho frágil,
de olhar perdido, sentado numa cadeira, junto à porta que abre direto para a
rua…
Sempre sonhou publicar um livro?
Em criança,
sim. Quando entrei na adolescência e durante boa parte da vida adulta, a
escrita tornou-se necessidade primária, como comer ou dormir. Era algo que
tinha de fazer, que gostava de fazer, mas não sentia vontade de expor, ou
partilhar. Mesmo quando participava em concursos literários, o que me motivava
era o desafio, o pretexto para criar.
Qual é a sensação que tem ao ver, agora, o
seu livro nas mãos? E em relação às ilustrações da capa e do miolo, que são
suas?
A sensação de voltar aos seis anos e ter, finalmente, conseguido concretizar aquele desejo de transformar as ideias em palavras e imagens que se podem partilhar com os outros. Muito bom!
Tem algum projecto a ser desenvolvido,
actualmente? Pensa publicar mais algum livro? Continua a sentir vontade de
escrever?
Neste momento está em fase de edição um texto
que venceu, este ano, o prémio literário Mariano Gago, de ficção científica e
será publicado em breve. Estou ainda a escrever um conjunto de contos pensados
para aplicar a sessões de Filosofia para Crianças.
Fale-nos um pouco sobre o seu livro.
Sebe, o Gnomo é um jovem centenário cheio de
personalidade e certezas. Descobre, da pior forma, que as ações têm
consequências e que nem mesmo os gnomos podem viver sem os outros.
Existe alguma parte do livro, em
particular, que goste mais. Porquê?
Gosto sobretudo da relação
entre a sílfide, Nectarina, e Sebe. Estabelece-se entre eles uma amizade
verdadeira que podemos apreciar nos pequenos gestos e nos diálogos.
Indique as razões pelas quais aconselharia
as pessoas a ler o seu livro? O que acha mais apelativo no seu livro?
A história é
simples, fácil de ler que toca questões fundamentais: a resiliência, a amizade,
a empatia, o respeito pelos outros e pela natureza.
Qual é o seu estilo de escrita ou que tipo
de mensagem gosta de passar no que escreve?
Por estranho
que pareça, ou não, sinto que a minha escrita se bifurca, consoante mergulho no
universo infantil, ou escrevo para adultos. Quando escrevo para o público
infantil assumo o espanto, a curiosidade, a esperança nas soluções loucas,
inesperadas e sempre divertidas. Há
sempre uma forma de resolver os desafios, com a ajuda dos outros, boa
disposição, alguma magia e vontade de aprender.
Qual o papel das redes sociais na vida e na
divulgação da obra de um autor? E na sua?
Confesso que não sou grande apreciadora das redes sociais, o que certamente não é boa estratégia, enquanto autora.
Gosta de ler? Que tipo de leitor é que é?
Adoro ler. Já fui uma leitora voraz, capaz de
ler em qualquer lugar e não deixar o livro a meio. Hoje, a disponibilidade de
tempo já não é tanta e necessito de um espaço calmo, em confusão, para poder
apreciar a leitura. Continuo incapaz de deixar a leitura a meio.
Pode saber mais informações sobre o livro aqui.

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