Este ano tivemo-lo em dose dupla. Fale-nos
um pouco sobre os seus livros.
O “águas agitadas porque turvas”, é um
livro de crónicas escritas para o jornal “O Primeiro de Janeiro”, enquanto era
jornal em papel, é, por assim dizer, uma coletânea que escrevi com duas
crónicas semanais: uma ao domingo, chamada Água Viva, na últimas página e outra
à terça-feira, coluna “Moscadeiro”, sobre a Maia, quando fui deputado da
Assembleia Municipal da Maia, durante 8 anos, e deputado à Assembleia de
Freguesia de Moreira – Maia, durante 12 anos, e deputado à Assembleia
Metropolitana do Porto, durante 4 anos.
O outro livro é de poesia o “neste livro
onde falamos de ti”, dedicado aos meus netos James e Lucas. Poesia que foi
redigida em longo dos anos e outra de 2025.
Indique as razões pelas quais aconselharia
as pessoas a ler (ou dar a ler) os seus livros?
Costumo dizer a cada pessoa que me interroga
sobre estes meus livros: “Se não tem sono, comece a ler o meu livro, é melhor
que um Valium, começa a ler e adormece.” É este conselho que dou, não me parece
que aquilo que escrevo tenha significado para alguém, por isso não leia. Mas se
quiser ficar contrariado leia.*
Começando pelas crónicas… Voltou a reunir
crónicas, desta vez as publicadas no já extinto “O Primeiro de Janeiro”, o
facto de o jornal já não existir resultou em alguma dose extra de nostalgia?
Não tenho
nostalgia, colaborei com o jornal durante vários anos, a convite do próprio
jornal. Cada coisa nasce e morre. Nem sequer era um leitor assíduo do PJ, foi
uma experiência gratificante. Tenho pena que tenha sido convertido em digital e
não continuar a escrever, diga-se, graciosamente. Entretanto apareceram outros
jornais e uma rádio, para os quais ainda escrevo.
E ainda relacionado com a pergunta anterior:
depois do preparar dos livros “Caminhar”, “Caminhar II” e “Caminhar III”,
também coletâneas das suas crónicas nos jornais, que são posteriores às
crónicas desta coletânea, e agora revendo as suas opiniões durante o período em
que colaborou com o “O Primeiro de Janeiro”, qual o sentimento que domina? Há
diferença e distanciamento, não só de quem escreveu, mas também do mundo e das
suas circunstâncias? Ou autor e mundo mantém-se consistentes? E, seja qual for
a resposta, isso parece-lhe positivo ou negativo?
Não existe distanciamento nenhum, é um tempo
preciso. Claro que existe um “tempo” que é maior que o “espaço”, como dizia o Papa
Francisco. Contudo não deixo de ser eu, em papéis diferentes, mas sou a mesma
pessoa como pensa e age.
E passando para a Poesia…. Há também aqui
um trajeto, é bom reviver?
Há sempre um trajeto, mesmo na poesia. Não
para “reviver” mas para sentir.
Fez algumas escolhas interessantes na
recolha para este livro. Nem tudo é poesia pura. Como justifica?
Não sei ao que chama poesia. Tantos os poemas como os textos são poesia,
nem sei o que será poesia pura…enfim manias, como de escrever tudo em letra
minúscula. É uma forma de escrever e sentir os nossos quotidianos.
Nestes dois livros (e não só) conta com a
parceria da Isabel Ribas para as ilustrações. Como é ver essa passagem das
palavras a imagem?
Vamos fazer, eu e a Isabel, 50 anos de casados
para o princípio do próximo ano, eu não sei ilustrar nada, a Isabel é uma
pintora, temos as paredes de casa cheia de quadros dela. Seria muito mau não
contar com ela para elaborar a capa e outras pinturas. É um trabalho de
parceria.
Tem mais projetos para estes géneros
literários? Livros? Actividades?
Sim, como disse, continuo a escrever, os
livros que estou a preparar, um contém as minhas crónicas no jornal “Primeira
Mão”, que já não se publica em papel e não recebe “opinião” de colunistas em
formato digital, o outro são crónicas publicadas no jornal 7 Margens. Ainda poderá existir no meio um de
poesia. Veremos.


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