Mas vamos deixar que seja ela a prosseguir com essa visita guiada.
Ana Ferreira da Silva, por voz própria e na primeira pessoa...
Fale-nos um pouco sobre o seu novo livro.
O Dragão Rebolão é um conto que celebra a inocência e a amizade sem distinção de raças e condições sociais (ou neste caso específico, sem distinção de espécies animais, incluindo o “bicho homem”). O Rebolão representa, de certo modo, a alegoria do “Bom Selvagem”. Inserida numa floresta mágica onde todos se dão bem, pretendi insinuar a mensagem no subconsciente dos pequenos leitores de uma forma apelativa, recusando-me a recorrer à agressividade da dicotomia dos “bons /maus” do mundo adulto que os rodeia (e de alguns clássicos infantis também). É uma historinha amorosa com uma mensagem bonita e um final feliz, como compete a um conto infantil.
Qual é a sensação que tem ao ver, agora, o seu livro nas mãos? E em relação às
ilustrações da capa e do miolo, que são suas?
É uma bela sensação de realização! Adoro o formato de bolso (ou de saco da mãe ou de mochila da escola), que lhe permite acompanhar a criança para onde ela desejar, e isso é muito importante, porque para alguns pequenos, o livro é um companheiro equiparado a um brinquedo favorito. E o facto de me terem permitido ilustrar o conto, torna a simbiose escrita – ilustração mais forte, pois pude transmitir às personagens o aspecto e as expressões imaginadas. Muito obrigada, Tecto de Nuvens!
Existe alguma parte do livro, em particular, que goste mais. Porquê?
Na verdade, parece-me que gosto imenso do livro, de uma ponta à outra! Deu-me imenso prazer imaginar e concretizar a narrativa e as ilustrações...
Indique as razões pelas quais aconselharia as pessoas a ler o seu livro? O que acha
mais apelativo no seu livro?
A mensagem, transmitida de uma forma ligeira e bem-humorada, é válida para miúdos e graúdos; mas parece-me que, em termos de primeiro impacto, o mais apelativo são realmente as ilustrações, que a Tecto de Nuvens trabalhou de forma magnífica (como a “polaroid” da contracapa).
Tem algum projecto a ser desenvolvido, actualmente? Pensa publicar mais algum livro? Continua a sentir vontade de escrever?
Observar e escrever fazem parte de mim, pelo que penso que, enquanto tiver dois neurónios a funcionar, continuarei a imaginar e desenvolver projectos, de maior ou menor fôlego. O conto infantil é para mim uma modalidade relaxante, já que não implica investigação, para além das minhas próprias memórias. Nesse sentido, tenho na calha e na gaveta mais historinhas que tenciono partilhar convosco.
Tenho mesmo que provocar… Um dragão e um gnomo partilham um segundo lugar de um prémio literário destinado a leitores mais jovens. Não parece a moralidade a retirar de um qualquer conto escrito para estas mesmas idades? E o seu Rebolão aceitou bem partilhar o prémio com o Sebe, o Gnomo?
Parece-me que é muito importante, para o desenvolvimento equilibrado das novas gerações, o regresso ao maravilhoso, à simplicidade da floresta mágica onde tudo pode acontecer sem estranhos artifícios ou efeitos especiais (exceptuam-se aqui as fadas e as bruxas, naturalmente). Na minha opinião, as crianças precisam de espaço para sonhar, para inventar, para criar, em vez de serem bombardeadas com jogos tecnológicos mastigados que as vão limitando e insensivelmente incutindo um certo tipo de agressividade reactiva e isolamento em relação ao “outro” (até mesmo dentro da família). Felicito a Tecto de Nuvens por me compreender...
Quanto ao Rebolão, posso dizer que não ficou nada melindrado, e que nem se importaria de ter ficado fora da classificação, desde que a sua história pudesse ser contada. Até já pediu à bruxa Flora que o levasse a visitar a floresta do Sebe, onde fará decerto mais uma mão cheia de amigos!
Pode obter mais informações sobre o livro aqui.
Leia ou releia a outra entrevista da autora aqui.

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