segunda-feira, 27 de setembro de 2021

Entrevista com Ilda Pinto Almeida, autora de "As travessuras do Nino"

 Terminamos aqui o ciclo das entrevistas com as autoras dos novos livros da colecção "Petizes Felizes!", desta vez com Ilda Pinto Almeida, autora do livro "As travessuras do Nino", nº 4 da colecção.

Esta entrevista tem a particularidade de ser a duas vozes pois este livro é inspirado em factos reais e, sem dúvida, que a concepção e execução das travessuras do Nino são exclusivamente do gato Nino... Por isso mesmo, também teve direito a dizer de sua justiça.


Gato Nino, de repente tornou-se famoso, com livro publicado e tudo. Está contente com isso?

Claro que sim, especialmente quando o meu sonho era aparecer na televisão. Mesmo que se venha a falar do abandono da Delfina, eu estou pronto para a publicidade.

Fale-nos um pouco sobre o seu livro, pelo que percebo, é biográfico. Está correcto?

Podemos dizer que sim! Eu quero mostrar aos humanos que às vezes não é fácil ser um felino, apesar de viver em um lar muito carinhoso, onde tenho três camas forradas de pelos macios, janelas fantásticas para ver a rua e um quintal inspirador, é sempre difícil tomar algumas decisões, como ir à rua quando chove ou cai neve. Depois quero mostrar que também erro como os humanos. Eles não são tão perfeitos como nos querem fazer ver, a nós gatos. 

Indique as razões pelas quais aconselharia as pessoas a ler o seu livro? O que acha mais apelativo nele?
Bom aqui vou deixar a autora responder porque foi ela quem se meteu nessa alhada. 

(Ilda) Estas páginas foram escritas a pensar nos pequenos , mas também nos adultos. Desde criança tive e observei os animais. Os gatos normalmente são vistos com grande empatia, por serem excelentes companhias. São cúmplices perfeitos para quem procura um companheiro para descansar, quem gosta de passar momentos sossegados, o que não é o caso do Nino. Ele é um gato muito travesso e por esse motivo traz- me esta inspiração cheia de picardia. Quero mostrar ao leitor, que tenha lá por casa um parecido com o Nino, para não desesperar, veja-o como um ator mais atrevido. Depois para nos divertirmos um pouco com todas as suas façanhas tão próprias de um adolescente, neste caso gato. Muitos artistas afirmam ser a melhor companhia e às vezes uma grande inspiração.

Gato Nino, nem sempre se porta muito bem, não tem medo de ser um mau exemplo para os meninos que vão ler o livro? Se calhar, agora, já não seria tão teimoso e daria ouvidos à dona, certo? Se calhar já não há mais travessuras para contar…

(O Nino reagiu à nossa pergunta da forma como a fotografia ilustra, pelo que, sensatamente, optámos por deixar que fosse a Ilda a responder...)


O Nino está a viver a sua adolescência e como tal, também nele se verifica uma pequena rebeldia, umas vezes engraçada, outras vezes demasiada atrevida, assim como nos humanos. Eu creio que as suas travessuras são um acto próprio da idade, sejam pessoas ou animais. As crianças ao lerem ou ouvirem as histórias irão perceber o quanto é importante ter um felino por companhia pelas suas características e habilidades únicas, capazes de se domesticarem a si próprios. Serão por si só uma lição de aprendizagem e crescimento para todos. Quanto às travessuras já terem acabado?! Não me parece que seja possível nos próximos tempos, a sua rebeldia adolescente ainda está para ficar um pouco mais.

Ilda, no Prefácio faz uma comparação muito interessante entre as crianças e os animais. Quer falar um pouco mais sobre isso?

LOL!! lembrei-me agora mesmo das minhas netas Emma e Sofia, que têm doze anos... ao ficarem a passar o fim de semana connosco... Era fim-de-semana e também dia dos avós. Logo pela manhã perguntei-lhes se elas queriam ir ao Centro Comercial, que fica a trinta minutos de casa e é considerado o maior nos Estados Unidos - The American Dream Mall . Assim fomos as três contentes às compras. O objetivo era fazer compras para as duas e comermos alguma coisa por lá, e assim sucedeu. Dentro das lojas elas vestiam tudo o que lhes aparecia pela frente e que não fazia o género delas, incluindo as famosas “Ugly christmas shirts” desfilando pela loja inteira, e eu, sem saber se me havia de rir ou preocupar em sermos postas fora, olhava os seus rostos radiantes de quem andava a fazer show felicíssimas. Em certo momento, cheias de si e de vida nas suas travessuras de adolescentes, ao mesmo tempo de costas quentes pela presença da vovó...  gritam do meio da loja, e em modos de passagem de modelo, dizem: - Vamos lá vovó, diverte-te pois é dia dos avós. Vivam os avós! Rindo-se às gargalhadas com um brilho nos olhos de felicidade extraordinário, acabando eu por me render e fazer parte das suas travessuras, ao mesmo tempo que esperava uma chamada de atenção da segurança. Mas pouco importava naquele momento de cumplicidade. São momentos como estes que me agarram o imaginário e o levam mais além, numa forma comparativa entre as duas inocências, o animal e a criança, e tentar afigurar como será o prazer de uma fantástica travessura nos seus conscientes .

(Pedimos ao Gato Nino para tapar as orelhas. Bufou mais um bocado, mas fez-nos a vontade. É que ele já tem fama de ser bastante vaidoso…). Ilda, é certo que às vezes o Nino a faz perder a paciência, mas a verdade é que aproveitou as travessuras dele, fantasiando um pouco o pensar dele, para ensinar a importância da tolerância. Se preferir, que devemos considerar os sentimentos alheios, mesmo que sejam de um gato. É a tal reflexão que queria que também fosse interessante para os adultos que estivessem a ler?

É certo! Como se costuma dizer, às vezes o Nino tira-me do sério. Ainda esta semana ele fez uma grande safadeza ao saber que eu tinha descoberto as malandrices da sua falta de apetite. Nesse dia eu sentei-me ao computador sem lhe passar cartão todo o dia e ao mesmo tempo castigá-lo. Assim que me levantei e fui para a cozinha tratar do jantar, o senhor gato Nino dirigiu-se ao meu escritório e marcou o ecrã do computador com a sua marca territorial! Não imaginam o que isso significou! Quando o encaro com o sucedido ele olha para mim com aqueles olhos vivos de marotice e pareceu-me ouvi-lo dizer: -Isso não é nada... a culpa é tua, é tua... abre-me a porta, abre-me a portaaa tenho que ir à rua...
É claro que estas malandrices do gato Nino, contadas de uma forma divertida trazem gozo e uma boa gargalhada. Tudo na vida depende de como encaramos as situações. Podemos ter sempre duas visões diferentes da mesma realidade. Podemos olhar em sentido de terror ou como uma comédia. Talvez se chame a isso paciência ou será que é ela uma virtude que devemos usar e abusar dela. A vida será sempre o reflexo das nossas ações. A tolerância será sempre o caminho para o entendimento.

Ilda, tem mais projectos para estes género literário? Livros? Actividades...

Sim , parar é morrer como dizia o meu pai. Não sei se consigo concretizar todos os projectos que escrevo no meu caderno, e todas as histórias que escrevo, mas os sonhos existem e enquanto eles existirem haverá uma pintura em construção na minha alma, que faz almejar prosseguir com os livros por fazer, todos os dias.




As travessuras do Nino - coletânea -, Ilda Pinto Almeida; 66 páginas, Tecto de Nuvens, 2021

"É um livro que tem por figura principal um gato, que não fala, pois os gatos não têm essa capacidade, mas as suas atitudes levam-me a pensar nas palavras que ele diria se lhe fosse possível, humanamente, falar."

PVP 7,00€ 

Pode ler, ou reler, a entrevista de Ilda Pinto Almeida nos deu em Outubro de 2020 aqui:

Pode ler, ou reler, a entrevista que Ilda Pinto Almeida nos deu Dezembro de 2018 aqui: https://tectonuvens.blogspot.com/2018/12/ilda-pinto-almeida-em-entrevista.html


quinta-feira, 23 de setembro de 2021

Regressam os Desafios: " Caem as folhas" (Outono)


Estão de regresso os desafios e este é o da estação que ontem começou. Foi pedida a reedição do desafio do ano passado, com alguns ajustes. Sendo assim, "Caem as folhas" continua a ser o nome do desafio que andará à volta destas folhas, sejam as das árvores ou outras, que caem e se renovam. Podem trabalhar o Outono, a inspiração, os ciclos da vida, etc. "Folhas" deve fazer parte do título. Desta vez, o desafio será apenas para verso. Podem participar com mais do que um trabalho.
Do dia 1 a dia 15 de Outubro colocaremos online todos os poemas que nos chegarem até às 19 horas do dia 15/10/2021. Do dia 16 até ao dia 31 de Outubro estarão abertas as votações para o poema favorito. O vencedor receberá um prémio (a divulgar aquando do início do desafio). Os votantes que se identificarem entrarão num sorteio para receberem uma lembrança.
E assim, abrimos oficialmente o regresso à rotina e à escrita.
Bom trabalho!




terça-feira, 21 de setembro de 2021

Entrevista com Maria Saraiva de Menezes , autora de "ANAMENTIROSA" e "Inês e a Árvore Aurora"

 

 Maria Saraiva de Menezes tem vasta obra publicada, dividida por vários géneros. Contribui para a colecção "Petizes Felizes!" com dois títulos (o nº 3 e o nº 5), um mais virado para os adolescentes ("ANAMENTIROSA ...") e um infantil ("Inês e a Árvore Aurora"). Assim, numa espécie de "leve 2 pague 1", temos a autora a falar connosco sobre estes seus dois livros.

Fale-nos um pouco sobre os seus livros.

Um é para crianças, ‘Inês e a árvore Aurora’, e outro é para adolescentes, ‘Anamentirosa’. O primeiro é uma aventura de uma heroína típica investindo de coragem e dinâmica toda essa faixa etária. Inspira-se na energia das crianças e na sua vontade de fazerem coisas e de mudarem o mundo e transforma-se numa fábula moderna.
‘’Anamentirosa’ é a apologia de uma anti-heroína e, na verdade, acabamos a simpatizar com ela depois do carrossel de emoções em que embarcamos, num crescendo de conflitos. O tema da mentira é um despique moral e tentamos compreender todo aquele processo até que nos deixamos embalar por um ritmo que é criado para hipnotizar, como uma lengalenga. A história dá-nos a própria vida com todas as suas imperfeições e desafios.

Cada livro destina-se a um público ligeiramente diferente (não se excluem, contudo) mas a mensagem de cada livro é universal. Quer falar um pouco sobre isso, destacar a motivação ou um objectivo a atingir?

Os livros são para crianças e adolescentes, logo, são também para adultos. Quer isto dizer que o adulto pode seguir a linguagem e a mensagem veiculada para abordar as crianças e interagir no seu imaginário e sistema de valores. São, por isso, um veículo para a comunicação parental e escolar. Tratam de temas que são nevrálgicos na educação da criança e na reflexão com o adolescente; na primeira, a auto-confianca e o activismo; na segunda, a formação do carácter. ‘Inês e a árvore Aurora’ serve para debater as questões ambientais que tanto agitam a sociedade e a mente infantis, nos dias de hoje. Eles são o futuro e olham para estas questões de forma mais consciente do que nós o fizemos. Esta história reflecte sobre a importância da natureza mas dá armas à heroína para a defender. É um empoderamento da geração Z para a questão ambiental e os meios a usar, sendo o principal, a própria voz.
‘Anamentirosa’ pode suscitar várias questões do foro moral e ético e aposta num vocabulário que desafia o adolescente a querer cultivar-se e aprofundar as referências culturais. No entanto, tem um ritmo dinâmico e convida ao ‘non sense’, que pode ser uma forma de comunicação original com os adolescentes. A ideia é surpreendê-los e fazê-los reagir.

Indique as razões pelas quais aconselharia as pessoas a ler cada um dos seus livros? O que acha mais apelativo em cada um?

Uma história é sempre aquilo que se pode fazer com ela, para além do que vem nas páginas do livro. Imagino-a sempre a ganhar vida própria ao ser contada às crianças. Por isso, Anamentirosa é interessante pelo crescendo de mentiras e asneiras que se tornam quase confrangedoras. O final é apoteótico e desconcertante. Não aconselho a cardíacos (brincadeira).
Quanto ao ‘Inês e a árvore Aurora’, é uma aventura que envolve perigo e grande tensão mas a harmonia que resulta da coragem da heroína é redentora. Penso que ambas as personagens são arrebatadoras à sua maneira. A literatura salva, é sabido. E por isso, ler é sempre uma boa razão.

Duas personagens femininas, aparentemente muito diferentes, o que é que destacaria de cada uma? E serão mesmo muito diferentes?

Bem, a personagem de ‘Anamentirosa’ é quase um delírio, não é uma heroína no sentido tradicional mas cativa-nos à sua maneira. É disruptiva e desconcertante, incarna vícios de personalidade que pretendemos sejam erradicados para uma vida vertical e irrepreensível. Pretende deixar-nos sobressaltados. Também precisamos desse desconforto que uma personagem nos proporciona para nos recentrarmos. Um adolescente saberá melhor do que ninguém fazer essas sínteses. A personagem sofre as consequências dos seus actos e da própria vida.
Quanto à Inês é uma verdadeira heroína, está focada na questão ambiental e age de acordo com um amor universal contagiante. A par disso, vive uma aventura empolgante com elementos mágicos e impressiona pelo seu papel na comunidade. Inês até conhece a linguagem das árvores e das nuvens. Penso que todas as crianças a conhecem, também. Na verdade, a linguagem das árvores, dos elementos e dos animais é a linguagem do amor. Esta é uma história sobre tudo isso. Em ambas as histórias, o papel da família e da comunidade é determinante porque como diz o provérbio africano, ‘é preciso uma aldeia para educar uma criança’.

“Inês e a Árvore Aurora” já esteve num palco. Pode falar-nos sobre essa experiência? Acha que há possibilidade de a repetir?

No âmbito das Leituras Encenadas, foi alvo dessa actividade no Teatro Nacional D. Maria II, com os actores residentes da companhia. Mas eu própria vou às escolas e bibliotecas fazer uma leitura animada das histórias. Por vezes, sou surpreendida pelos alunos e professores e são eles próprios quem me apresentam uma leitura encenada das minhas histórias. O último momento desse género até foi com o meu livro de histórias curtas para adultos, ‘História numa Garrafa’, da qual uma das histórias foi encenada pelos alunos do Estabelecimento Prisional do Montijo (adultos). Foi um momento emotivo e gratificante. Outras escolas com crianças o fizeram, em Viana do Castelo, por exemplo. É nessas alturas que sei que o meu papel se cumpriu e que a história encontrou os seus leitores.

Tem mais projectos para estes géneros literários? Livros? Actividades?

Sim, tenho sempre novas histórias a serem escritas ou velhas histórias a serem reeditadas. Durante esta pandemia concorri a 16 concursos literários, o que me obrigou a reescrever e publiquei 8 livros, o que me levou a editar. Tenho um livro infantil, contudo, que talvez esteja na linha desta colecção. É sobre a diversidade, a diferença perante um cenário de imigração e de contacto com novas culturas. ‘Miguel e o Avião de Papel’ encerra um enredo intenso e leva as crianças à experiência da estranheza de chegar a um novo país e conhecer outras raças e culturas. É um veículo contra o preconceito e um hino à diferença. Também aborda a saudade e os ciclos da vida. Penso que as crianças integram melhor as diferenças e portanto nós é que temos de aprender através do seu olhar. Esta história é o olhar infantil perante um mundo cheio de imprevistos e desconhecidos. Mas tenho vários livros infantis prontos à espera da melhor oportunidade para publicação.



"ANAMENTIROSA; MATA HARI; FRANKESTEINICA; SARAMÁGICA; KAFKIANA; HOLLYWOODESCA; STRESSADA; MELODRAMÁTICA; INSUSTENTÁVEL; CROCODILA; OVÍPARA - Uma história para adolescentes -", de Maria Saraiva de Menezes
44 páginas; Tecto de Nuvens, 2021 (Julho), PVP 5€

"Este é um conto para adolescentes, porque parece que muitos se esquecem deles na literatura. Resolvi dedicar-lhes uma história culta, como são ou querem tornar-se muitos adolescentes. (…)
Mas os adolescentes não acreditam em histórias para criancinhas. Como em tudo, eles farão dela o que quiserem, pois não há história tão boa que não se possa comer."


Inês e a Árvore Aurora; Maria Saraiva de Menezes
48 páginas, capa mole; Tecto de Nuvens, 2021 (Setembro). PVP 6€

A verdade é que sem árvores não conseguiríamos viver. Inês, a protagonista, preocupa-se com os incêndios e sente respeito e amor pela floresta. Com ela aprendemos que as árvores proporcionam oxigénio para respirarmos, sombra, madeira, habitat de pássaros e insectos, flores, frutos e belas paisagens. Esta história é uma aventura que envolve e sensibiliza para a cidadania ambiental.

Pode seguir a autora em:
http://educacaoliteraturaecultura.blogspot.com.
https://www.facebook.com/maria.saraivademenezes,
https://www.facebook.com/Historianumagarrafa,
https://www.facebook.com/História-num-copo-dágua https://www.facebook.com/LivrosInfantoJuvenisHorasDoContoETeatro

Pode ver os outros títulos da autora em:

https://cld.pt/dl/download/28cd9bb0-d43e-472e-9c60-faff57e81635/Biografia%20e%20Bibliografia%20de%20Maria%20Saraiva%20de%20Menezes.pdf?download=true

Pode reler outra entrevista da autora em:

 https://tectonuvens.blogspot.com/2019/01/maria-saraiva-de-menezes-em-entrevista.html

terça-feira, 14 de setembro de 2021

Entrevista com Ana Pão Trigo, autora de "Sonhos de Helicóptero, Cara de Pato".

 Depois de em 2008 termos dado início à colecção infantil "Petizes Felizes!" com o livro Dani e os Amigos, fomos publicando outros livros infantis e infanto-juvenis, mas o nosso Dani andava um bocadinho sem a companhia de novos amigos. Felizmente, neste ano de 2021 arranjamos-lhe merecida e honrosa companhia, com 4 novos livros. 

Hoje estamos à conversa com a autora do primeiro desses livros, Ana Pão Trigo, que nos vai falar do seu Sonhos de Helicóptero, Cara de Pato, que escreveu e ilustrou sempre com a preciosa colaboração do seu filho Zé, primeiro recipiente deste conjunto de histórias.



Esta colecção de contos chama-se: “Sonhos de Helicóptero, Cara de Pato”, qual a importância do sonho na vida das crianças?

O sonho é onde tudo acontece. No mundo dos sonhos não temos limites, regras, impedimentos de sermos o que queremos e como queremos. O mundo dos sonhos é um mundo no qual os elefantes são cor-de-rosa e as crianças têm a oportunidade de viajar, sem pressa de chegar à meta, levando apenas na bagagem a sua imaginação sem limites.

O título tem um significado especial para si e para o seu filho. Qual é?

O seu significado é muito difícil de explicar, mas muito fácil de sentir, se lerem todas estas histórias que escrevi com o coração. Mas pormenores não poderei dar. Esse é um exercício que deve ser feito pelos leitores. “O artista cria a obra, o leitor recria”. Certamente, os meus sonhos de Helicóptero, Cara de Pato não são os mesmo do meu filho, de outras crianças, de outros pais. Cada um tem os seus.  

De onde veio a ideia para estas histórias?

Estas histórias surgiram naturalmente e de improviso, na hora de deitar, quando ia adormecer o meu filho. Inicialmente, a intenção era apenas contar uma história bonita que lhe proporcionasse um bom momento, de tranquilidade e descontração, antes de dormir. Depois, conforme foi crescendo, achei que deveria usar as histórias para inspirá-lo, para ensinar valores humanos. E, a partir daí, passei do mundo colorido e mágico,  ao mundo menos bonito mas que se poderia explicar de forma, um pouco mais leve. 

Mas não as contava apenas ao seu filho, pois não?

Não. Contava e conto algumas das minhas histórias aos meus pacientes. Como psicóloga clínica, uso, muitas vezes, a biblioterapia para trabalhar algumas questões. Para além das histórias que já contava ao meu filho, comecei a contar histórias que escrevi, propositadamente, para os meus pacientes, para ajudá-los a ultrapassarem os seus problemas.  

Fala, portanto, da “biblioterapia”. Fale-nos um pouco mais sobre o conceito.

A Biblioterapia é uma estratégia terapêutica artística e criativa que permite, através da leitura de poemas, histórias e outros textos partir para a reflexão, tão essencial em determinadas problemáticas, como por exemplo a Depressão e/ou Perturbação de Ansiedade Generalizada. A Ana Psicóloga utiliza as suas histórias, também, com crianças com Perturbação do Espectro do Autismo, Hiperatividade com Défice de Atenção e outras problemáticas. Aliada à escrita criativa, a leitura de histórias que educam para os valores humanos (solidariedade, tolerância, honestidade, humildade…) constitui-se como uma valiosa e deliciosa ferramenta de trabalho.

A biblioterapia não tem uso exclusivo nas crianças, ou tem? Recordo que um dos motivos mais apontados para o sucesso dos livros a que chamamos genericamente romances ou novelas tinha a ver com o leitor se identificar com todos os problemas e peripécias que as personagens enfrentavam, sofria com elas e alegrava-se no final com a resolução dos problemas, sentindo-se depois revigorado (e até inspirado “Eu também poderia fazer assim.” “Se ela conseguiu resolver os problemas, eu também vou conseguir”). É algo similar? 

Não tão literal e simples assim. A Biblioterapia também pode ser uma estratégia, uma ferramenta, utilizada com adultos. No entanto, sou um pouco avessa a livros de auto-ajuda e coaching de cordel, levado a cabo por pessoas sem formação para tal. A transformação não vem das palavras bonitas. A transformação vem da auto-reflexão. E a literatura pode, efetivamente, ajudar a despertar essa auto-reflexão, auto-consciência. Pode ajudar a trazer ao de cima aquilo que está preso ou oculto na nossa psique. Muitas vezes, e tal como disse, através da identificação com personagens e/ou situações. Ou, apenas, pelo simples despertar do nosso eu através da arte. 



Sonhos de Helicóptero, Cara de Pato - e outros contos .; Ana Pão Trigo; 68 páginas, Tecto de Nuvens, 2021. PVP 7€
Nº 2 da Colecção "Petizes Felizes!"

Pode contactar a autora aqui: https://www.facebook.com/PoetisaDePeDescalco/
Pode recordar a anterior entrevista da autora aqui: https://tectonuvens.blogspot.com/2019/11/ana-pao-trigo-em-entrevista.html

domingo, 12 de setembro de 2021

Votação para o texto favorito do livro: "Na areia de uma praia qualquer"



  Vote no seu texto favorito (as fotografias, apesar de terem título, não estão a concurso) e ganhe um conjunto de duas canecas e 1 um conjunto de 10 postais com a ilustração da capa do livro.





Frente e verso da caneca

  Postal A6







Pode acompanhar as votações em:

Para votar recorte a página respectiva do livro e envie para a morada indicada.
Por sms (terá de incluir os seus dados completos para receber o prémio) para 960131916.
Por email para geral@tecto-de-nuvens.pt com o título: Melhor texto colectânea de Contos.
Aceitamos votações até 30 de Setembro de 2021 (data do email, sms ou carimbo do correio). A todas as participações será atribuído um número, por ordem de chegada. – Serão excluídas as participações que não tragam os dados necessários para o envio do prémio -.
O vencedor do melhor texto será anunciado no blogue “Notícias das Nuvens” e nas redes sociais de todos os autores participantes nesta colectânea.
O vencedor do passatempo será aquele cuja participação tiver o número (ou terminação de número) igual ao do número da sorte do sorteio do Totoloto do primeiro sábado de Outubro de 2021.
- A seguir ao sorteio do Totoloto será sorteado um participante de entre todos os que tiverem número ou terminação de número (caso haja mais do que um) igual ao sorteado para o Totoloto, e esse será o vencedor. -
A todos os participantes que nos facultarem o endereço de email comunicaremos o número atribuído à chegada. Tentaremos fazer o mesmo com os sms, mas é mais prático com endereços de email.
Também o vencedor deste passatempo será anunciado no nosso blogue e nas redes sociais dos autores, a partir da segunda-feira seguinte ao sorteio do Totoloto.
Obrigada pela sua participação.

quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Novo livro da colecção "Petizes Felizes!" : "Inês e a Árvore Aurora"


Aproveitando que o dia 8 de Setembro é o Dia Internacional da Literacia e que os livros continuam a ser um veículo privilegiado de aprendizagem, vamos juntar mais um título à colecção "Petizes Felizes!" e aprender algo sobre a cidadania ambiental.
Depois de "Dani e os Amigos", 2008 e de já este ano de 2021: "Sonhos de Helicóptero, Cara de Pato", "ANAMENTIROSA..." e "As travessuras do Nino", a Tecto de Nuvens apresenta "Inês e a Árvore Aurora", de Maria Saraiva de Menezes
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Inês e a Árvore Aurora; Maria Saraiva de Menezes
48 páginas, capa mole; Tecto de Nuvens, 2021 (Setembro). PVP 6€

A verdade é que sem árvores não conseguiríamos viver. Inês, a protagonista, preocupa-se com os incêndios e sente respeito e amor pela floresta. Com ela aprendemos que as árvores proporcionam oxigénio para respirarmos, sombra, madeira, habitat de pássaros e insectos, flores, frutos e belas paisagens. Esta história é uma aventura que envolve e sensibiliza para a cidadania ambiental.


Disponível na loja online da Tecto de Nuvens e em todas as principais lojas online nacionais e internacionais.