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terça-feira, 11 de novembro de 2025

"Caem as folhas" e "S. Martinho" - Desafios de Novembro -

 


 Estão de volta os Desafios...

 "Caem as folhas" continua a ser o nome do desafio que anda à volta destas folhas, sejam as das árvores ou outras, que caem e se renovam: Outono, a inspiração, os ciclos da vida, etc.
O desafio voltou a incluir as opções conto (pequeno), fotografia/desenho e a poesia. 
E sendo hoje dia de S. Martinho, também fica uma homenagem ao santo e às tradições deste dia.

Do dia 11  até ao dia 30 de Novembro 2025 estarão abertas as votações para o trabalho favorito. O vencedor receberá um prémio.
Só contaremos os votos dos votantes que se identificarem, podem votar como anónimos mas depois deverão enviar um email para um dos endereços fornecidos e indicando o número que lhes foi atribuído. Os votantes entrarão num sorteio para receberem uma lembrança.

E os prémios...
Vamos oferecer livros! As nossas folhas favoritas...


O autor premiado e o votante sorteado poderão escolher a partir de uma lista que vamos fornecer o título que mais lhe agradar.


(9) Festejando o S. Martinho

C'um caneco
  
Afogado na pinga

TRIpulação de transbordo



Dá cá um beijinho! Não é a mim pá!

Trio que @demira

Aníbal Seraphim


(8) O maior São Martinho de todos os tempos



Já passaram 12 anos, mas não esquecerei o maior São Martinho de todos os tempos.
O crepitar das castanhas e o tinto a pingar das pipas foram um excelente tónico que
aconchegaram o estômago e fizeram o sangue girar mais rápido nas veias.
A boa disposição foi tanta, que às páginas tantas e sem conhecer ninguém estava já
rodeado de amigos a fazer brindes, poses para as fotos, a cantar e dançar numa perfeita harmonia do espírito de São Martinho.
Foi em Penafiel, já nos idos de 2013. Daí para cá tanta coisa mudou e o bicho papão
do tempo faz acelerar na nossa mente que agora as estações do ano mudam mais rapidamente do que outrora, mas, pura ilusão! A vida frenética é que leva a esse estado de alma, e em vez de mantermos a calma, a vida ao redor leva-nos ao frenesim do quotidiano.
Meu rico São Martinho, faz com que respire fundo e volte a saborear tranquilamente as castanhas e degustar harmoniosamente um bom vinho.

Aníbal Seraphim (texto e foto)

(7) HÁ SEMPRE UM AMIGO... OU DOIS

O esquilinho abriu os olhitos negros à luz pardacenta da manhã. Já não era cedo, mas os primeiros frios do Outono, e o calor da toca, não o animavam a sair; no entanto, os seus afazeres – entre os quais a busca de alimentos – convenceram-no a espreguiçar-se e espreitar para fora do tronco aconchegante do seu pinheiro. Uma aragem suave e fresca trouxe-lhe o aroma da terra ainda húmida da chuva tímida da noite – a primeira chuva desse Outono até então demasiado seco.
O esquilito inspirou a plenos pulmões e apressou-se a descer: o chão fofo de erva tenra estava já semeado de cogumelos de variados tamanhos e cores, e dos castanheiros começavam a cair preciosos ouriços maduros com o seu delicioso tesouro de castanhas novas, o que vinha mesmo a calhar, para desenjoar da ementa de pinhas do dia-a-dia. Quando, porém, chegou junto dos castanheiros, deparou com uma meia dúzia de esquilos madrugadores.
- Enfim chegaste! Julgávamos que não querias castanhas este ano!
- Naturalmente quero!
- Então, vai lá acima buscá-las!
O esquilito olhou para cima e suspirou: como eram altos, os castanheiros! Os outros
esquilos desataram a rir e puseram-se a andar com os respectivos carregamentos de castanhas embrulhadas em grandes folhas que o vento espalhara pelo chão.
“Tenho medo das alturas”, disse para consigo o esquilito, sentindo-se desamparado. “Eles sabem disso, e não quiseram acordar-me para poderem ficar com todas as castanhas caídas... Tenho fome! Vou procurar alguma pinha mais ou menos seca, ou talvez prove um cogumelo...”
- Pára! Pára! – uma rabanada de vento empurrou-o para trás. – Esses cogumelos não se podem comer! São venenosos!
- Então...?
- Eu e o castanheiro, vamos ajudar-te. Agarra-te bem ao tronco e começa a trepar. Não tenhas medo, eu vou-te segurando! E não olhes para baixo...
Receoso, o esquilito lá foi trepando, fincando bem as unhas no tronco rugoso.
- Não tenhas medo! – reforçou o castanheiro. – Os meus ramos são muito fortes, e tu és leve como uma pena! Vamos! Hoje hás-de aprender a correr e a saltar de ramo em ramo como os outros esquilos! Não te deixaremos cair!
Pouco a pouco, o esquilito foi-se tornando mais ágil e destemido, e ao cabo de algum
tempo já nem se lembrava de que alguma vez tivera medo das alturas. Como era divertido saltar e voar de ramo em ramo, de árvore em árvore! E como era engraçado ver o bosque de um perspectiva tão diferente! O esquilito trepou, correu e saltou até se cansar, sempre vigiado de perto pelo vento, a postos para o segurar caso escorregasse.
Quando, por fim, desceu do castanheiro, o esquilito deparou com um montinho de ouriços já abertos, que ele próprio fizera cair nas suas andanças e saltitanços lá pelo alto. Muito contente, abraçou o castanheiro e acenou ao vento, agradecendo-lhes pela ajuda preciosa que lhe haviam dado, ensinando-o a ultrapassar os seus receios e a colher o seu próprio alimento.
Ana Ferreira da Silva

(6) Caem as folhas no outono


Os dias cinzentos regressam ao nosso quotidiano para nos fazer lembrar que num passado não muito longínquo os tons verdes exuberantes fizeram as delícias dos passeios ao ar livre. Quantas vezes os fizemos com quem amamos? Como os fazemos agora que essas pessoas já partiram?
Claro que os podemos voltar a fazer na estação do outono, deixando-nos envolver no misticismo de que mesmo sozinhos podemos fazer essa viagem carregados de uma nostalgia de sorriso nos lábios, lembrando-nos desses doces momentos.
As estações do ano servem-nos para lembrar que o Divino, através na Natureza,
mostrar-nos a beleza da vida seja em que estação for.



Aníbal Seraphim (texto e foto)

(5) Caem as folhas


Enquanto as folhas caem, estas cantam:
Volto à terra para renascer!

Julieta

(4) QUADRINHA DE PÉ QUEBRADO

Fresca manhã de S. Martinho,
Estalam castanhas no assador;
Pelo pão e pelo vinho,
Damos graças ao Senhor.
Ana Ferreira da Silva

(3) Caem as folhas - uma mão cheia de folhas

naquela estrada. ou melhor na avenida. por onde passo. quotidianamente. ouço as vozes de suaves folhas. de todas as cores. já sei que estamos no outono. não é pela chuva. mas por estas folhas que nas ruas se vêm. e também nas quelhas. e nas avenidas. soltam-se e pronto. temos o outono. as pedras das ruas. assim como o alcatrão. conhecem-nas. estão habituadas e sensibilizadas para as verem. nascer. e cair. os bebés. e os meninos mais pequenos acham o ouro quando apanham as folhas. de tão coloridas. tão velhas. elas são os caprichos da natureza. da criação. nós também somos criação. por isso elas dão voz à vida. e melodia. sabem que existe um vento que as solta das árvores. como nós sabemos que há um vento que um dia também nos arrasta.
tantas cores. que o nosso alfabeto não conhece. as nossas mãos quando as apanham ficam na liberdade. é que as folhas são livres. contam com o vento. nós não. não contamos com a melodia dos ventos. que sopram. em cada dia da nossa vida. mas estamos a falar do outono. e o outono não é morte. mas vida. trabalhada no nosso dia a dia. por isso o cair das folhas vão ao encontro das nossas mãos. mãos que são acorrentadas. pelo querer dos nossos negócios. as folhas caídas não inventaram os negócios. são libertas.
melodiosas. cantam e dançam. ao som duma música. daquela que vem de dentro. cantam a vida. são concertos de graça. onde não entram entradas. tudo é gratuito. como dizemos ele é de graça. a liberdade passa por aqui. consiste num espetáculo. silencioso. sim. e mais. é repetido todos os anos. encanto e melodia. são renovados todos os caminhos. são autênticos tapetes de folhas. mais que uma mão de folhas. as folhas regressam à terra. dando-lhe vida. alimentam a vida que vem na primavera. 
caem as folhas no outono. como se de uma música se tratasse. o vento compõe as notas. as árvores são instrumentos que lançam os seus acordes coloridos pelo chão. cada folha que toca a terra é um compasso. uma parte desta sinfonia sazonal. onde o silêncio e o movimento se misturam. criam harmonia.
essa harmonia é exemplar. para cada um. ou uma. de nós.
joaquim armindo

(2) JOÃO E ROMEU

Sentado em frente ao lago, parecendo observar os volteios dos patos que descreviam na água círculos graciosos como a agradecer-lhe as migalhas de pão, inclinado para diante com a gola do velho casaco levantada, os cotovelos apoiados nos joelhos e os dedos das mãos entrelaçados, João não observava nem meditava, nem ainda se ocupava de deitar contas à vida. Tinha o olhar fixado num além só de si conhecido, num mundo que já só lhe pertencia na memória, num tempo que guardava como tesouro na arca inexpugnável do coração.
Deitado a seus pés, o fiel Romeu apoiava o focinho ora numa, ora na outra pata, suspirando de longe a longe, ansioso por regressar a casa e ao conforto da sua cesta e da sua manta coçada, que João talhara a partir de um cobertor em fim de vida.
A tarde avançava; o céu límpido adensava-se, reclamando os matizes suaves do crepúsculo. A aragem refrescava e fazia cantar os plátanos do jardim público. Uma a uma soltavam-se folhas de tons outonais quentes, folhas pequenas e grandes, semelhantes a mãos espalmadas.
Para grande aflição do Romeu, João não parecia ter pressa nem vontade de voltar para casa, onde o aguardava o silêncio, um silêncio de ramos nus que nem o vento fazia cantar. Viúvo, com os filhos para longe, nunca a casa lhe parecera tão fria; nem as cortinas de renda, os cortinados de veludo, o cadeirão que lhe conhecia o corpo, ou mesmo a braseira, nada disso o aquecia já. Por isso se deixava ficar por ali, naquele banco que todos os dias o esperava junto ao lago, na vã esperança de que o bulício das vidas alheias o animasse: as crianças a correr, os casalinhos apaixonados, o sussurro dos plátanos, o cantar da fonte do lago, os patos, as rolas... Nada! Nada conseguia devolver-lhe a vontade de viver; nada!...
O Romeu levantou-se e enfiou o focinho gelado entre os joelhos do dono, ganindo baixinho. João despertou da sua letargia e reparou nos olhos húmidos do cãozito, que tremia de frio. À entrada do parque uma matriarca aconchegada num xaile grosso apregoava as qualidades das suas castanhas assadas...
- Tens razão, Romeu. Começa a pôr-se frio... Vamos! Vou comprar castanhas para dividirmos quando chegarmos a casa. Depois instalamo-nos no sofá e dormimos uma sesta a ver televisão antes do jantar. Parece-te bem, amiguinho?

Ana Ferreira da Silva

(1) Caem as folhas - Folhas Bailarinas

Folhas esvoaçantes bailam no ar,
na varanda aberta vão-se abrigar.
Beijam outras, manuscritas,
e fogem ligeiras — sonhos a roubar.
Dançam versos, folhas, rimas,
num rodopio de almas finas.
A escritora sorri, encantada,
vendo o outono em valsa dourada.
Novembro chega em pranto e trovoada,
com ventos de alma apaixonada.
Ela entrega-se ao vento e ao pensar,
deixa-se, leve, no tempo vogar.
E o céu rasga-se em luz e rumor,
raios combatem trovões sem pudor.
As folhas descem, tapete final,
de palavras e cores em tom outonal.

Teresa Portal 


sábado, 8 de novembro de 2025

Novo livro de Ilda Pinto Almeida: "Leonor e o robô Topap"

E para festejarmos tão importante, e pertinente, data como o Dia Mundial da Ciência pela Paz e pelo Desenvolvimento, 10 de Novembro...

Lançamos o novo livro de Ilda Pinto Almeida:




LEONOR E O ROBÔ TOPAP -Heróis locais – ; Ilda Pinto Almeida

PVP: 9,00€
64 páginas; capa mole; Tecto de Nuvens, 2025


"Esta história promove a amizade e a colaboração.
Mostra como as pessoas e os robôs, a tecnologia, podem trabalhar juntos e alcançar objetivos comuns, abordando a responsabilidade e a ética."

Ilustração de Mariana Manaia.



Leia, ou releia, a entrevista que a autora deu, também a propósito deste livro.


Livro disponível na nossa loja online e nas principais plataformas nacionais e internacionais.







quarta-feira, 5 de novembro de 2025

Novo livro de Joaquim Armindo: "neste livro onde falamos de ti - poesia -"


Joaquim Armindo está de volta, depois das Crónicas publicadas no início do ano, agora oferece-nos uma selecção (de originais e inéditos) de poemas e textos poéticos.



neste livro onde falamos de ti – poesia - ; Joaquim Armindo
120 páginas, capa mole, Tecto de Nuvens 2025 (Novembro) PVP: 12€

Conjunto de poemas e textos em prosa poética, inéditos e já publicados em obras avulsas, das mais variadas temáticas.
Pintura da capa de Isabel Ribas.



Disponível nas principais plataformas nacionais e internacionais. Encomenda para loja@tecto-de-nuvens.pt

segunda-feira, 3 de novembro de 2025

Votação para o texto favorito do livro "Mergulhei no teu mar " - VOTANTE VENCEDORA-

No passado sábado, dia 1, o sorteio do Totoloto teve como número da sorte o número 6. Não havendo votantes suficientes para o número se repetir, o número 6 foi o premiado.

Parabéns à Ana Carvalho! Muito em breve vai receber o conjunto de duas canecas com a ilustração da capa e 1 conjunto de 10 postais iguais à capa do livro…





Aos poucos, mas bons votantes que votaram, o nosso muito obrigada pela vossa participação.


E começou a contagem decrescente para o Natal!

 

E já cá está ela, já dar conta de que o Natal vem aí...
Pode consultar o nosso folheto de Natal e ver todas as novidades agendadas para este Natal, já para não referir clássicos (livros, canetas, cadernos, canetas, etc., dedicados ao Natal) e muitos livros a preço muito, muito especial.
Para ir estudando e comprando com calma...


Pode encomendar directamente na loja online (terá que aguardar pelo email de confirmação antes de fazer o pagamento - não recebendo contacte-nos por email, por favor) ou enviando email para loja@tecto-de-nuvens.pt.

sábado, 1 de novembro de 2025

Regressam os Desafios: " Caem as folhas" (Outono) + S. Martinho

 



Estão de regresso os desafios e, muito apropriadamente, retomamos com um que fala da mudança de estação. Este é um desafio reciclado (ou renovado, se quiserem considerar o Outono) do anos anteriores. "Caem as folhas" continua a ser o nome do desafio que andará à volta destas folhas, sejam as das árvores ou outras, que caem e se renovam. Podem trabalhar o Outono, a inspiração, os ciclos da vida, etc.

O desafio volta a incluir as opções conto (pequeno), fotografia/desenho e, claro continua a poesia. Podem participar com mais do que um trabalho.
Podem começar, de imediato, a enviar trabalhos. Os trabalhos serão publicados no blogue no dia 11 de Novembro.
E porque o tempo quente se prolongou e como tal só agora nos vamos dedicar ao Outono, escolhemos publicar o Desafio no dia de S. Martinho, um clássico de Outono/Inverno, uma festa com colorido e calor.
Como tal, abrimos também a possibilidade de participações com as populares quadras dedicadas à festividade, combinando assim dois Desafios habituais. No entanto, o Desafio não se fica pelas quadras, pois não é exclusivamente um desafio de S. Martinho. Simbolicamente, o S. Martinho marca uma última oportunidade para festas de exterior antes de entrar o frio e o Inverno. O desafio é, pois, escrever ou sobre os últimos dias de bom tempo ou sobre os primeiros dias de frio, ou sobre os dois, ou memórias de S. Martinho.
Prosa ou poesia, memórias ou ficção. Estilo livre.
Concluindo, a 11 de Novembro 2024 publicaremos textos ou imagens sobre a mudança da estação (simbólica ou literal) em "Caem as folhas" e/ou mais especificamente escrever sobre os primeiros dias de frio ou os últimos de calor com o pretexto de festas como o S. Martinho que marcam a transição da vida do exterior para a do interior. Como bónus para os leitores também poderemos ter quadras de S. Martinho.
Os autores podem escrever/desenhar/fotografar sobre qualquer das temáticas e com quantas participações quiserem. Aceitamos trabalhos até ao final do dia 10 de Novembro.
Do dia 11  até ao dia 30 de Novembro 2025 estarão abertas as votações para o trabalho favorito. O vencedor receberá um prémio (a divulgar aquando da publicação do desafio).
Só contaremos os votos dos votantes que se identificarem, podem votar como anónimos mas depois deverão enviar um email para um dos endereços fornecidos e indicando o número que lhes foi atribuído. Os votantes entrarão num sorteio para receberem uma lembrança, também a divulgar.
E assim, abrimos oficialmente o regresso à rotina e à escrita.
Bom trabalho!

Envie os seus trabalhos para geral@tecto-de-nuvens.pt ou tectodenuvens@hotmail.com


Votação para o texto favorito do livro "Mergulhei no teu mar " - TEXTO VENCEDOR -

E numa votação que pareceu ter mergulhado no esquecimento, os textos nadaram cabeça com cabeça, chegando à meta bem coladinhos, a vitória foi para o poema "A Mãe".  Muitos parabéns à autora, Maria Lucília Teixeira Mendes.

Os nossos parabéns também para as autoras classificadas em segundo e terceiro lugar, respectivamente: Ana Ferreira da Silva e Maria do Rosário Cunha.
E o nosso obrigada a quem votou, estejam atentos ao sorteio do prémio.
Quanto às autoras, brevemente receberão as suas prendas.

1º A Mãe VENCEDOR


2º Rio do Esquecimento                
Os teus lindos olhos

E para ler ou reler, aqui fica o poema vencedor:

A Mãe

 

O mundo era escuro, tão triste, medonho,
As flores sem cor.
E aos seres da terra faltava o sustento,
Força p’ra viver
E então, Deus disse: - “Faça-se a luz!

E a luz brilhou em todo o esplendor.
As flores sorriram em mil tons coloridos
E os animais, livres pelos campos,
De cada iguaria sorviam o sabor

Na terra sem água, dura, ressequida,

A vida murchava ao morrer a seiva
Que a alimentava e a tinha de pé.
Então, disse Deus: - Que se abre o céu!

E a chuva caiu das nuvens fecundas
Em pingas tão longas que se derramaram
Nos campos, nos montes e em cada jardim
Trazendo a vida à morte temida.

Andavam na rua meninos chorosos,

Tão feridos, tão sujos, famintos, medrosos,
Sem calor, abrigo,
Sem qualquer refúgio para repousar.
Então, disse Deus: - Faça-se o amor!

E o amor brotou, tão lindo, tão puro,
Sorridente, terno.
Em jeito perfeito de uma mulher.
A ela correram os meninos do mundo
Pedindo colinho, carícias, ternura,
Seguros p’ra sempre do amor de mãe.

Deus olhou feliz a obra criada

E desceu à terra em corpo de menino
Por querer p’ra si uma mãe também!